- Lizzie, que bom que já está aqui. Preciso falar com você. - Kris Hanggi falou, ele é o Diretor da maioria das peças da Broadway. Já trabalhei com ele duas vezes e ele faz

um ótimo trabalho.

- Pode falar, Kris. - Me sentei na cadeira que havia a sua frente.

- É o seguinte, eu adoraria que você estrelasse no meu novo musical. Rock of Ages.

- Eu adoraria! Quer dizer, isso é incrível mesmo. Com certeza fará sucesso, pode contar comigo. - Eu estaria em mais um espetáculo dele e isso é inacreditável! Mal posso esperar para contar a Brian sobre isto. Ele ficará muito feliz por mim, tenho certeza.

- Ótimo. - Ele deu um sorriso de satisfação. - Você ficará com o papel de Sherrie, é o papel principal e tenho certeza que você dá conta.

- Obrigada, Kris. Mesmo. - Sorri. - Fico muito feliz com a oportunidade.

- Não tem que me agradecer e ah, mais uma coisa. - A expressão dele se tornou séria. - Tenho uma coisa muito importante que só você pode me ajudar.

- Qualquer coisa.

- Sabe que Brian, obviamente, não poderá atuar com você como todas as outras vezes, certo?

Eu assenti.

- Pois então. - Ele continuou. - Já tenho seu substituto e mais três atores para você treinar. Ou melhor, cantores.

- Quem são?

- Os meninos da banda Tokio Hotel, não sei se já ouviu falar deles mas é uma banda muito famosa. Eles são jovens, acho que praticamente a mesma idade que você e por isso, gostaria que você os treinasse. Eu até aumento o seu cachê.

- Hum, não conheço. Mas prometo que vou dar uma pesquisada logo que sair daqui. Eles já fizeram musicais alguma vez?

- Não. É a primeira vez deles e por isso te peço ajuda. Posso contar com você?

- Claro! Pode deixar comigo.

- Que bom. - Ele apoiou os cotovelos na mesa. - Espero que consiga, Lizzie. Caso contrário terei que te substituir, desculpe.

- Eu vou conseguir. - Me levantei, indo até a porta. - Com licença.

- Ótimo. - Ele sorriu. - Tenha uma boa tarde, qualquer coisa me ligue. E ah, vocês começam depois de amanhã.

Eu assenti com a cabeça e saí, rumo a sala do coreógrafo Jason. Lá ele tinha seu computador e sempre que eu preciso ele me deixa usar, a verdade é que ele tem uma quedinha por mim. Ele é lindo, tenho que admiti. Mas sou muito ocupada com o Brian e os musicais que não tenho tempo se quer para pensar em achar um dia um namorado mais bonito do que eu tenho. E mais inteligente também. Ah, beleza conta sim. Todos sabemos disso.

- Tokio Hotel. - Falei para mim mesma enquanto eu digitava no Google. - Ah, não! É brincadeira? Só pode.

Não estava acreditando no que eu tinha acabado de ver. A peça é sobre rock, ROCK! Não sobre emocore ou esquisitisse, de coisas esquisitas já bastava a Lady Gaga. Não estava acreditando mesmo, ou pelo menos não posso acreditar, não quero. Até o Brian é mais bonito e menos gay que essas coisas. Não, o Brian não é gay. Só que digamos que como ele também fez teatro e ballet desde pequeno, é meio afeminado até no modo de andar. Mas gay não é! Já sobre esses daí eu não sei. Procurei um pouco mais e só me frustrei mais ainda. O vocal está procurando um amor? Okay, mais um ponto para ser gay. Ele era estranho! Ele tinha um moicano e umas orelhas meio estranhas, usava mais maquiagem que eu e ainda parecia ser extremamente magro. Acho que o braço dele dá a grossura do meu dedo mindinho. Exagerei, eu sei. Mas estou completamente chocada, entende? E é alto demais! Eu tenho 1,63 e ele é um gigante. Vai ficar super desproporcional eu atuando com ele, assim não dá. Esse era Bill. O guitarrista e irmão gêmeo oposto de Bill, o Tom se não me engano. Bom, era melhor que o Bill mas parecia um mendigo! Usava roupas mais largas, acho que cabe uns quatro dele lá dentro. Já vejo problemas com o figurino, ele não vai querer usar roupas de rock. E aqui diz que ele é mulherengo. Como uma coisa dessas consegue pegar tantas meninas? O dinheiro? A fama? Os dreads, ou melhor.. as atuais tranças é que não são.

Os outros parece que não são tão destacados assim, mas foram os que gostei mais! O Gustav é a coisinha mais fofa que tem, mas tem cara de lerdo e mongo. Vai ser difícil para ensiná-lo os passos de dança e principalmente a cantar, já que ele toca bateria. E o Georg é praticamente perfeito para o espetáculo! Tem um cabelo bom, usa as melhores roupas e também parece o Axl Rose. Voto nele, pode demitir os outros por favor?

Não acredito que concordei com isso antes de ter visto com quem eu trabalharia, com quem eu perderia minhas maravilhosas tardes e noites enquanto eu poderia estar com o Brian. O que eu não faço por um cachê mais alto? O que eu não faço para aumentar minha fama no meio dos músicais e conseguir até melhores propostas? É, espero que o profissionalismo baixe em mim porque eu não sei se isso vai ser decente. Não gosto de pessoas mimadas e eles parecem ser assim, bom, só vendo e convivendo pra saber.

- Lizzie! - Jason me pegou de surpresa, me dando um beijo no rosto. - Por que tá vendo foto desses caras? - Ele riu.

- Ah, Jay! - Girei a cadeira de modo que eu ficasse de frente para ele. - Você não sabe.

- O que houve?

- Eles vão tra-ba-lhar conosco. - Revirei o olhar. - E o Kris ainda me pediu para treiná-los.

- Tá brincando, né? Minha irmã ama isso daí! Eu não consigo nem ouvir mais eles ou fico louco, te juro. Vai precisar de sorte. - Ele riu. - E eu também.

- Nem me fale, eu acho que ouvi no máximo umas duas músicas deles e eram bem estranhas, não sabia se o vocalista era homem ou mulher quando vi a foto.

- Ele será seu par? - Jason ria. Claro que ria! Não é com ele a desgraça, não é?

- Sim, infelizmente. - Fechei os sites que estavam abertos e me levantei.

- Vai parecer um beijo lésbico então!

- Jay, cala a boca, tá? - Dei um beijo em seu rosto. - Te vejo depois, vou encontrar com o Brian.

- Okay, mande abraços pra ele.

- Mandarei.

Eu precisava de uma noite com o meu namorado, uma boa noite de preferência. Precisava relaxar antes de encarar aqueles quatro aliens, antes de ah.. sei lá! Só sei que eu precisarei de sorte e não é pouca não. Peguei meu carro e dirigi até a casa de Brian.

- Oi, meu amor. - Falei, o dando um breve beijo e entrando em sua casa.

- Lizzie! O que faz aqui tão cedo? - Ele correspondeu o beijo.

- Ah, eu estava conversando com o Kris mais cedo e então decidi vir direto pra cá. - Me sentei no sofá.

- Conversando o quê? - Ele se sentou ao meu lado. - Conseguiu o convencer? Poderei voltar? - Ele logo se animou, mas voltou a ficar sério ao ver minha expressão.

- Não, Brian. Isso não vai ter jeito. Tudo isso porque você insistiu em transar com a bendita faxineira.

- Nós já conversamos sobre isso, Lizzie! Eu já pedi desculpas. Eu não tenho culpa que..

- Ela é gostosa, já sei. Mas bem, deixe isso pra lá. Kris me chamou para me fazer um convite.

- Nova peça? - Ele sorriu, me abraçando. - Você vai se dar muito bem, tenho certeza. Estarei lá para ver você todos os dias.

- Sim, mas tem mais coisa. - Expliquei. - Os atores novos e inclusive o que fará o protagonista junto comigo, nunca fizeram teatro.

- Ah, isso não tem problema. A Broadway é cheia de professores ótimos, eles pegam o jeito rápido.

- Brian, você não tá me entendendo. Eu terei que treiná-los.

- Ah, Lizzie! Você se dará bem, quantos novatos você já não treinou? Inclusive eu. Você no começo achou que seria insuportável mas acabou até se apaixonando por mim. - Ele me abraçou. - Vamos lá, você consegue.

- Mas é diferente. E eu não vou me apaixonar por eles! - Fiz uma cara de nojo. - Definitivamente não! - Exclamei.

- Mas quem são eles?

- Já ouviu falar na banda Tokio Hotel?

- Como? Tá de brincadeira, não é? - Ele riu.

- Não, Brian. Não estou brincando.

- Quando começa?

- Depois de amanhã. - Respirei fundo. - Não quero nem ver, de verdade.

- É, você precisará de sorte..

- Brian, dá pra você me ajudar? Presta pra algo, me beija logo!