Garoto de Papel (Hiato) escrita por Risoto
Notas iniciais do capítulo
Hey! Essa história esta temporariamente em hiato, pois estou em fase final de outra fic minha que eu não posto nesse site. Mas, tenho já o prólogo e alguns capítulos prontos. Por enquanto, é isso. Bjinhos
– Mãe, sobre o que essa música fala? – perguntou a menininha de olhos e cabelos castanhos. Ela tinha apenas cinco anos e estava sentada na cadeirinha no banco de trás do carro, enquanto a mãe ouvia Primavera, de Cassiano.
– De amor, Alana.
– Por que quase todas as músicas falam sobre amor? – Ana Luisa sorriu. Sua filha fazia perguntas boas.
– Porque o amor é o sentimento mais forte e belo, e as pessoas sempre tentam entendê-lo. E eles expõem suas conclusões pintando, cantando, escrevendo...
Ela achou que a filha estava saciada, mas não. Alana nunca estava saciada.
– O que é amor?
Ana Luisa ponderou por um instante, inclinando a cabeça ligeiramente para o lado.
– É quando você se importa mais com uma pessoa do que com si mesmo. Quando a necessidade dela é mais importante do que a sua. Quando a felicidade dela é mais urgente que a sua.
O silêncio se instalou no carro, a não ser pela voz do cantor, entoando versos de amor.
– Isso não é ruim?
– Claro que é, mas vale a pena amar. Pelo menos, quando a pessoa também te ama.
– Você ama o papai?
– Sim, Alana, amo sim.
*
– Ela não vai ficar com você! Eu que comprei essa casa!
– Eu vou sim, William! Vou morar aqui porque quem cuida dessa casa sou eu!
– Você ficará com o carro e olhe lá!
– Quero ver esse topete na frente do juiz!
Willian e Ana Luisa discutiam quem ficaria com o que na separação. Estavam na sala, em pé, gritando um com o outro com os dedos estendidos. Ocupados demais para perceber a pequena filha de seis anos sentada na escada, chorando. Alana era muito discreta quando queria. Ela não sabia por que não levantava e ia embora.
Era uma cena muito dolorosa, principalmente para alguém tão novo.
*
– Filha, papai irá vir te ver todo final de semana. – William disse se ajoelhando na frente da filha, com as malas à porta. Ana Luisa olhava a cena com pena da filha.
– Só, papai? – ela disse tentando esconder o resto vermelho de choro, mas sua voz a denunciava.
Isso partiu o coração do pai.
– Sempre que eu puder, virei te ver, combinado? – ele estendeu a mão, que ela bateu, e depois deu um soquinho. Ele se levantou e Ana Luisa disse, sussurrando:
– Tente ligar antes, ok? – ele assentiu. No final, quem ficou com a casa e com o carro foi Ana Luisa. Ela estava trabalhando no Ensino Fundamental, mas com a separação voltaria a dar aulas de Literatura em faculdades, aumentando a carga horária. Quando William saiu, Alana virou-se para a mãe e disse:
– Por que você mentiu?
Ana olhou curiosa para ela.
– Sobre o quê?
– Sobre amar o papai.
– É, bem... Às vezes o amor... Não é forte o bastante. Por isso você tem que se casar quando tiver certeza.
Alana assentiu e subiu para o quarto. Fechou a porta atrás dela e disse baixinho:
– O amor não existe.
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