Pov. Jazmyn

Fazem três dias que James e eu estamos na Dinamarca. Nossas provas seriam semana que vem, então decidimos estudar aqui mesmo, e depois voltar para fazer as provas finais. E isto seria ótimo, se Dominique e minha mãe não estivessem completamente me ignorando. E se eu estivesse me sentindo bem.

Sim, eu estava mal, muito mal para falar a verdade. Estava tonta o tempo todo, e acordava vomitando. Era simplesmente maravilhoso, como você pode pensar. Graças a Deus, ninguém viu ainda o jeito que eu estava. Quando ficava desse jeito, estava sempre sozinha, então pedia para um dos guardas me buscar água e remédios.

Hoje, por mais incrível que pareça, minha mãe decidiu fazer um chá da tarde nos jardins reais, reunindo toda família. Essa vai ser a primeira vez que verei Dominique, e também minha mãe, desde que nós brigamos. Seria uma tarde memorável.

Arrumei um vestido leve e calcei um par de sapatilhas. Não aguentaria usar saltos hoje, de nenhum jeito. Escuto então, batidas na minha porta.

– Entre. – respondo suavemente, terminando de aplicar o blush.

– Olha, ela se maquia. – uma voz muito familiar falou e eu me virei rapidamente.

– Ally e Abby! – berro correndo em direção as duas, que fazem o mesmo.

Nos abraçamos quase caindo e começamos a rir. Fazia muito tempo desde que eu havia visto as duas. Estava simplesmente morrendo de saudades. Ally estava linda com seu vestido rodado azul e seu cabelo preso em um rabo-de-cavalo. Abby também estava linda, com seu estilo meiga, seu vestido rosa bebê e seu cabelo em um coque.

– Senti tanta falta dessa ‘ruivísse toda! – Ally comenta rindo.

Sentamos na cama e logo começamos a colocar a conversa em dia. Ally estava namorando uma pessoa, só que ela queria manter em segredo por enquanto, para dar mais suspense, segundo ela. Abby estava apaixonada, isto eu poderia ter afirmado sem ela me falar, só pelo olhar extra carinhoso e romântico dela.

– E ao que parece a senhorita também está apaixonadinha... – Ally fala, cutucando minha bochecha.

– Ahm, ele é meu marido, então... – falo dando de ombros rindo.

– Então ela tem que me amar incondicionalmente. – James fala, parado na porta de meu quarto.

– Jay. – exclamo sorrindo e me levanto, caminhando em sua direção.

Fico na ponta do pé e ele se inclina em minha direção. Seus lábios estavam quentes e doces, então imaginava que o chá já havia começado, e eu estava atrasada.

– Eu falo com vocês depois, meninas. – falo para elas que sorriem e concordam.

Caminho em direção aos jardins, com James ao meu lado. Eu estava feliz por Ally e Abby estarem de volta. Elas eram minhas melhores amigas, e eu queria que elas estivessem na minha vida, nessa parte tão importante dela, a parte em que eu era feliz. Logo James e eu chegamos ao local, onde todos estavam nos esperando.

Minha mãe não estava com a cara mais amigável, mas Dominique estava ainda mais emburrada. Kath, por outro lado, estava feliz, rindo junto a papai. E os pais de James sorriam para os dois. Sentei-me entre Kath e James, em frente a minha mãe.

– Abigail e Allison chegaram, então. – minha mãe fala.

– Sim, senhora. – falo pegando um bolinho de doce de leite.

Meu pai começou uma conversa com James e Kath passou a conversar com Lorelai. Calmamente, comi meu bolinho, observando o que era minha família agora. Ela era confusa, mas eu gostava dela. De repente, sinto um gosto ruim na boca. Olho para o bolinho, e ele parecia normal. Sempre foi um dos meus bolinhos favoritos, não tinha por que estar ruim.

– Kath, de que é esse bolinho? – sussurro para a pequena, que me olha confusa.

– De doce de leite, seu preferido. – ela responde franzindo a testa.

– Obrigada. – murmuro e largo o bolinho.

Eu não estava bem. Levantei-me e todos me olharam. Imediatamente, fiquei tonta. Arregalei os olhos, tentando me estabilizar, pedi licença e sai da mesa.

– Jazmyn, tudo bem? – minha mãe pergunta enquanto eu andava em direção ao palácio.

– O bolinho não me fez bem. – respondi virando-me.

– Mas é seu favorito. – ela responde confusa.

E então, tudo desmorona. Eu sinto o gosto da bile subindo pela minha garganta, e me ajoelho, de costas para a mesa. Tudo o que eu ouvi foi a mim mesma, e as cadeiras de arrastando. Logo sinto mãos segurando meus cabelos para trás. Foi reconfortante descobrir que eram as de James. Sentei-me no chão, longe do meu vômito, apoiada em James. Minha mãe veio correndo com um pano molhado e limpou minha boca. Logo depois, ela pega outro e começa a passar em meu rosto. Não entendo o que eles dizem, mas ouço algumas frases como ''ela está muito pálida'' e ''será que ela comeu?''.

–Jaz... Jaz, fala comigo. – James pede, e todos ficam em silêncio.

– Eu não sei o que aconteceu. – falo e começo a chorar.

– Lovebird, por que você está chorando? – ele pergunta acariciando meus cabelos.

– Porque eu vomitei.

– Você está chorando porque vomitou? – ele pergunta confuso.

– Sim.

– Depois eu que sou o louco. – ele murmura tentando me fazer rir, mas acaba levando um soco. – Autch!

– Não fala assim comigo. – respondo o olhando.

– Lovebird, eu estava brincando. – ele fala, incrédulo com a minha inocência. – Você quer ir para o quarto?

Eu concordo com a cabeça, e então ele me pega no colo. Subimos os lances de escada e ele me deita em minha cama. Abby e Ally estão ali preocupadas, e eu ouço minha mãe ligando para a médica de nossa família.

– Estou bem. – murmuro, rouca pelo meu choro, mas fui ignorada.

Pouco tempo depois, a médica chega. Ela trabalha para nós há muito tempo, tanto que foi ela que realizou meu parto. Seu nome era Roxanne, mas nós a chamamos de Roxy, ela tem cinquenta e cinco anos e nos trata como família. Roxy chegou expulsando James do quarto, independente dele dizer que era meu marido. Ficamos apenas ela, Abby, Ally e minha mãe.

– Vamos ver então o que você tem, pequena Jazzy. – ela fala sorrindo para mim.

Roxy faz diversos exames e me aperta em vários lugares. Faz inúmeras perguntas e por fim, sorri.

– E sua menstruação, Jazzy?

– O que tem? – pergunto confusa.

– Quando foi a última vez?

– Bom foi... Foi na... – e então eu congelo. Não. Não é possível.

– Jazzy? – minhas amigas perguntam assustadas.

– Eu deveria ter tido... Mas eu não notei... – eu comecei a murmurar para mim mesma, tentando fazer as contas. Então apontei para minha bolsa. – Meu celular.

Assim que Ally o alcançou, fui direto para as notas do aparelho. Eu anotava toda santa menstruação, para saber mais ou menos quando seria a próxima. Olhei a última data anotada, isso foi... Há dois meses.

– Eu estou dois meses atrasada. – falo encarando meu celular. – Mas eu não notei, porque foi a época das provas parciais, e também eu e Jay brigamos e...

– Isabella. – Roxy fala, se virando para minha mãe. – Você vai ser avó.

Minha mãe fica estática, e então abre um grande sorriso. Abby e Ally me parabenizam, e então prometem não contar nada a James. Elas saem junto com Roxy, e só sobra eu e minha mãe.

– Mãe... – começo, mas ela me impede, me puxando para um abraço.

Seu abraço era reconfortante, e eu sabia que significava mais do que só ''eu vou ser avó''. Significava ''me desculpa'' e também ''eu estou orgulhosa de você''. Nossa família é famosa por demonstrarmos o que queremos em nossos abraços. Começo a chorar, e minha mãe também.

Ela se afasta de mim sorrindo, e fala que eu preciso descansar. Ela me dá um último beijo na testa antes de sair do meu quarto. Eu conseguia ouvir James discutindo com Ally e Abby, e as duas não deixando ele entrar, por eu precisar descansar. Mas eu sabia que isso não era a verdadeira razão. Elas queriam que eu tivesse uma chance de absorver a notícia. Eu seria mãe.

Passei minha mão pela minha barriga, que eu não achei que tivesse nada a não ser aqueles camarões gigantescos que eu havia comido na Austrália. Eu seria mãe. Eu teria alguém para cuidar além de mim mesma. Eu era irresponsável, mas isso teria de mudar. Eu mudaria. Me tornaria uma pessoa melhor pelo bebê.

Uma mamãe ruiva, isto é algo que eu gosto de imaginar.