Pov. Jazmyn

Eu me sentia como uma bomba. Uma bomba que iria estourar a qualquer minuto. Hoje era o dia que eu teria de escolher tudo para meu casamento. Bom, pelo menos eu tentaria, mas tinha certeza que se minhas decisões não agradassem a minha mãe, eu não poderia realiza-las.
Estávamos eu, Abby, Ally, Katherine, Dominique e minha mãe caminhando pelas ruas de Roma (sim, Roma) indo em direção a uma boutique de vestidos para casamentos que pertencia a uma amiga de minha mãe. Eu vim com a finalidade de procurar um vestido e vazar, Abby e Ally vieram me dar suporte, e também ouvir sobre meu futuro marido, pois desde o dia que elas me ajudaram a me arrumar, não tinha visto elas. Dominique veio com a finalidade de me atormentar e denunciar todos os defeitos em meu corpo que ela conseguia localizar com seus olhos brilhantes, já Katherine veio para ajudar, segundo a mesma.
O caminho todo vim escutando minha mãe e Dominique reclamando e me dando conselhos como: o vestido tem que ser grande para não marcar suas coxas enormes, você vai precisar fazer dieta até o dia do casamento, e etc. Escutei também Abby e Ally sussurrando incentivos para eu sobreviver, mas a minha pessoa estava quase estourando de raiva.
Finalmente, chegamos a tão esperada loja. Era luxuosa, porém estava vazia. A dona deve ter sido avisada que iriamos vir. Falando na mesma, logo uma mulher absurdamente linda estava nos cumprimentando com uma reverência. Ela e minha mãe trocaram sorrisos e algumas palavras antes que seu olhar recaísse em mim. A dona nos leva para a parte de trás da loja, que é enorme, com pufes e espelhos espalhados pelo local, várias e várias araras com os mais diversos vestidos perto das paredes e algumas cabines para trocar de roupa.
Descobre-se que o nome da mulher era Isabel, porém preferia ser chamada de Izzie.
– Então, alguma preferencia? - Izzie pergunta sorrindo calorosamente para nós.
– Sem decote, sem colar no corpo, cauda pequena, alças grossas e de preferencia com renda. -- Minha mãe descreve sorrindo o vestido que seria o contrário do que eu realmente gostaria.
Porém, como Izzie não podia discutir com a rainha, correu pegar os vestidos sem nem ao menos perguntar nada a mim. Quando a mesma voltou com 29 vestidos, fui obrigada a provar todos. Não preciso nem mencionar que odiei cada peça de roupa, simplesmente inapropriado para alguém com 17 anos que ira se casar contra sua vontade; porém como, pelo menos para minha mãe, tudo que importava era a opinião da rainha, a mesma escolhia os seus prediletos e separava-os.
No final, encontrava-me com o vestido que havia posto para vir aqui, sentada em um dos pufes, e minha mãe quase tropeçando no seu vestido longo amarelo de tanta animação. Dos 29 vestidos, minha mãe havia gostado de três, e eu, de nenhum. Em minha cabeça, eu só conseguia visualizar diversas maneiras de arrebentar a cara de Dominique e rasgar todos aqueles vestidos.
– Jazmyn? Jazmyn! - minha mãe me chama e eu acordo dos meus pensamentos.
– Sim?
– Sim? Sim? Você é uma princesa, se comporte como uma. Não aja como qualquer pessoa, e tire essa cara emburrada. Vista esses vestidos de novo, porque acho que iremos levar esse com renda. - minha mãe fala mandona.
Eu me arrasto até os vestidos, porém antes de conseguir pega-los, minha mãe me repreende outra vez:
– Você é uma princesa! Aja como uma! E vá logo experimentar esses vestidos!
– E escolha logo, pois quero voltar para casa. E escolha um que não mostre muito sua gordura. Quero dizer... Se isso for possível, porque... -- Dominique foi falando, porém eu a cortei.
– Cala a boca! - falo colocando minhas mãos sobre minha cabeça.
– Jazmyn! - minha mãe exclama assustada.
– Não. Me deixe falar. Eu não queria me casar, está bem? Não queria! Eu tenho 17 anos! Eu tenho uma vida! E eu não quero gastar ela com um mauricinho de outro país! Mas eu vou fazer isso. Sabe porquê, mamãe? Porque eu não tenho escolha. Porque Dominique só atrai divorcio e Katherine é muito nova. Porque nosso país está com dívidas e problemas e eu sou obrigada a ajudar. Eu sou uma criança. Eu não deveria ter que ajudar com essas merdas que certamente não fui eu que fiz. E pela última vez Dominique, CALA A BOCA. E eu não sou gorda, eu sou gostosa, enquanto você tem esse corpo de tabua, então cale. Sua. Boca!
Ocorreu um silêncio depois do que eu falei que quase me fez ficar arrependida. Porém eu não fiquei. Não fiquei, porque sabia que não havia falado nada de errado. Eu teria que me mudar dentro de um mês, então nem teria que olhar na cara delas depois. Olhei de esgueira para Katherine, e ela me parecia um pouco assustada; porém quando olhei para minhas amigas, vi o olhar de orgulho nela, e me parecia que Ally estava se controlando muito para não bater palmas. Izzie estava em um canto com os olhos um pouco arregalados, e então percebeu que eu estava a olhando, e se recompôs.
– Eu quero um vestido tomara que caia que seja um pouco justo, tenha uma calda média e de preferencia sem renda. - eu falo sarcasticamente para a mulher, que dá um risinho e vai procurar algum vestido.
Minha mãe engole em seco e se senta em um dos pufes, sendo seguida pela minha irmã, que não está com a melhor das caras. Logo Izzie volta com 38 vestidos em baixo no braço e um sorriso no rosto; sorrio em resposta e começo a experimentar cada um. Finalmente consigo encontrar meu vestido dos sonhos: tomara que caia, colado no corpo até a cintura e depois caindo em camadas até o chão, deixando uma pequena cauda atrás, e ele ainda tinha detalhes prata no busto. As meninas aprovaram de primeira, porém quando olhei para minha família, vi decepção no rosto de minha mãe, raiva no de Dominique e, pelo menos, felicidade no de Katherine. Deixei ao menos minha mãe escolher o sapato, o que a deixou um pouco feliz.
Depois de comprarmos o vestido, viajamos de volta para Dinamarca. Desta vez, sem reclamações, apenas a animação de minha mãe quanto à arrumação do resto do casamento e perguntas ''como quais flores?'' e etc. Demorou um pouco, mas no fim minha mãe aceitou que eu levasse ao altar minhas flores preferidas, lírios, ao invés de rosas.
Quando chegamos à Dinamarca, eu e minhas amigas fomos direto para meu quarto, onde contei detalhadamente sobre o jantar com o príncipe; pois se eu deixasse de contar algum detalhe, Ally iria me envenenar. Logo que terminei, e enquanto Ally discursava sobre como eu não deveria odiar uma pessoa gostosa tal como o príncipe, alguém bate em minha porta. Gentilmente peço para entrarem, e um dos guardas abre a porta. Diz ter um presente para mim. Quando pego o mesmo e agradeço ao guarda, noto um bilhete ao topo:

'' Espero ansiosamente para vê-la caminhar até o altar. Esse é um pequeno presente que espero que goste e use-o em nosso casamento.
Assinado, James Materazzi. ''

Ao abrir a pequena caixinha que vinha junto com este bilhete, me deparo com um colar prata, com uma pequena asa de anjo como pingente; a asa era brilhosa, com pequenas pedrinhas em volta da mesma.
– ISSO É DIAMANTE? - Ally berra se jogando em cima de mim e mordendo cuidadosamente o pingente. - Sim! Isso é diamante! Que atencioso.
– Você é louca. - eu murmuro jogando ela no chão e passando por cima, indo em direção a minha penteadeira.
– Eu sei, você sabe, Abby sabe, então para que ficar espantada quando eu faço coisas assim? - ela pergunta se levantando e sentando em minha cama. Sabe, eu vou sentir falta de uma coisa só da Jaz.
– O que? - eu pergunto sorrindo para ela através do espelho.
– As confusões em que você nos metia quando a gente saia! ela fala rindo.
Como eu já havia comentado, Ally e Abby eram minhas confidentes. Isso significa também, que nós já aprontamos muito, como, por exemplo, sair do castelo de noite às escondidas. E eu não estou falando de sair uma noite, quero dizer sair todos os dias por meses, subornando os guardas para não nos denunciarem, fugindo da polícia na rua, etc.
– Eu vou sentir falta de vocês. - eu falo rindo, tentando não chorar.
– Nós vamos te visitar, já falamos isso. - Abby fala se levantando e se sentando na beirada de minha cadeira, abraçando-me.
– É, preciso ver como aquele James vai se comportar depois do casamento. - Ally fala, nos fazendo rir.
Elas nunca mudam.