Eu olho ao meu redor

E quero que você esteja lá

Porque sinto falta das coisas que compartilhamos

Eu olho ao seu redor

Está vazio e você está triste

Porque você sente falta do amor que tínhamos

–Used To (Daughtry)

POV´S Violetta

Elas vieram até a sala de cabeça baixa e eu estava me segurando pra não rir daquelas criaturas paradas na minha frente. León, depois daquilo que disse, ficou apenas olhando nós, eu acho que ele ficou um pouco constrangido com tudo aquilo, eu até o entendo.

– Nós estávamos rindo do tombo que a tia Fran caiu- Alice disse com a maior inocência do mundo

– Aham...foi exatamente isso- Fran tentou ajudar na mentira

Eu sabia que elas estavam rindo do fato de que León pensava que eu era a mãe de Alice, ela talvez nem tinha entendido mas, foi na onda de Francesca, que já estava bem grandinha e tinha entendido perfeitamente.

– Eu vou indo, já tá tarde- León falou tentando achar uma forma de sair dali- Tchau Alice, tchau Fran- ele se aproximou de mim e beijou minha bochecha- Tchau Vilu

Não preciso nem dizer que fiquei feito uma boba vendo ele sair, fui despertada do meu transe quando Fran deu sua típica gargalhada e sentou no sofá tentando conter o riso.

– Ai Ai...coitado do León, ficou tão constrangido depois do que disse- a tarefa de parar de rir era quase impossível pra ela.

– Tia Fran, se acalma...respira! – minha irmã parecia uma pessoa adulta falando

Depois daquele ocorrido um tanto que constrangedor, nós jantamos, assistimos filme comendo pipoca e acabamos dormindo na sala. Como de costume, Francesca já estava dormindo antes de dar a metade do filme, Alice dormiu logo depois de o filme terminar e eu, acabei não dormindo e me peguei pensando em algumas coisas, que infelizmente ou não, envolviam León.

– Você tem mesmo que ir? – falei fungando, eu odiava despedidas

– Infelizmente, sim. Mas, me escuta Vilu, você sabe que só estou indo porque fui obrigado e sabe que eu nunca deixaria minha melhor amiga pra trás dessa forma. E saiba também que eu te amo muito e que tentarei te ligar todos os dias para te irritar, okay? - ele sorri tentando me passar segurança, era meio que um dom dele- Ah...mais uma coisa, não chore, porque a última lembrança que quero ter de você é com um sorriso no rosto, o seu lindo sorriso ta? - ele me abraça e eu simplesmente ignoro o pedido dele e começo a chorar novamente.

Minha mente é uma bagunça, lembranças ocupam toda ela, desde os primeiros passos de Alice até a ida de León para os Estados Unidos, há 6 anos atrás. Por algum motivo, lembrar de León me fazia querer mais que tudo que aquilo simplesmente não fosse verdade, que do nada eu tivesse minha mãe e meu pai, tivesse uma família feliz mas, isso não podia ser algo concreto, não mais. Estava sentada no sofá, tudo estava escuro, só havia a luz da lua que entrava pela janela e iluminava o rosto de Fran e Alice, que dormiam no colchão que havíamos colocado ali para assistir ao filme. Distraidamente, fiquei olhando para tudo o que eu conseguia enxergar na escuridão onde a luz da lua não batia e percebi que em cada canto daquela casa tinha lembranças de meus pais, meus irmãos, León... de todos que já fizeram, de alguma forma, parte da minha vida.

– Violetta não pega ninguém só no ano...- León desceu as escadas correndo até que tropeçou e caiu

– Rá! Rá!! Bem feito...você disse que eu não ia te alcançar- comecei a rir da careta que ele fez- Peguei! – falei encostando em seu ombro

– Ai meu deus, eu caio, quase me mato e você ainda está preocupada com o pega- pega?

– Com certeza! Quando alguém diz que eu não consigo fazer algo, eu mostro que ela está errada. E você sabe perfeitamente disso, León Vargas- sentei do seu lado no degrau da escada

– Você é a menina de 11 anos mais competitiva que eu já conheci- ele diz e ri brincando comigo

Eu gostaria que aqueles bons momentos voltassem mas, infelizmente, não havia maneiras de isso acontecer. Como uma vez ouvi por aí,"e" e "se"são duas palavras como qualquer outra palavra não ameaçadora pode ser, mas as coloque juntas lado a lado e elas terão o poder de te assombrar, pelo resto de sua vida. Isso acontece comigo, pois as vezes me pego pensando: E se eu pudesse voltar no tempo e pelo menos tentasse mudar as coisas? E se aqueles momentos bons nunca terminassem? Essas palavras me assombravam cada vez mais...

POV´S León

Depois da minha burrada na casa de Vilu, vim direto pra casa e sem falar com ninguém subi pro quarto. Realmente, havia sido um pouco confuso e constrangedor pra mim aquilo tudo, eu não sabia mesmo sobre Angie ter tido outra filha depois que fui para outro país. Parte de mim, não sei porque, estava feliz e aliviada por Alice não ser filha de Violetta pois se fosse, significaria que ela havia seguido em frente, achado alguém que a “completasse” e eles tivessem formado a família feliz que eu sempre soube que Vilu desejava mais que tudo no mundo. Lembro que quando fui me despedir, falei coisas que a acalmaram, pelo menos eu acho que sim, e eu esperava que um dia eu pudesse falar mais do que aquilo, falar o que eu sentia naquela época e o que eu sinto agora, que não mudou em nada.

Olhando pro meu quarto naquela noite, lembrei de vezes que ela veio pra cá e de como nós dávamos trabalho pra minha mãe, bagunçando o quarto todo. Vilu sempre foi minha melhor amiga, claro que sempre havia pessoas que diziam que havia mais do que amizade, Diego e Fran eram uns dessas pessoas mas, como eram nossos amigos, falavam brincando. Para falar bem a verdade, eu sinto falta de como a nossa amizade era há alguns anos, era apenas eu, Vilu, Fran e Diego. Claro que com o tempo, mais pessoas chegaram e com o jeito delas, nos conquistaram e o grupo aumentou com Ludmila, Federico, Naty, Maxi, Camila e Broduey. Infelizmente, por alguns motivos pessoais, todos seguiram seu próprio caminho e acabamos nos distanciando um pouco, de vez em quando alguém ligava e passávamos alguns minutos conversando mas, nada igual a antes.

– Gente, esse trabalho não vai sair nunca desse jeito! – Vilu disse estressada por causa da nossa bagunça

– Ai Vilu! Você não cansa de ser assim... Tão certinha? - Ludmila disse brincando, o que resultou em um travesseiro voando em sua direção- Eii não faça mais isso!

Estávamos em meu quarto, contando todos, éramos em seis pessoas: Eu, Diego, Federico, Vilu, Ludmila e Francesca. Ainda bem que meu quarto era grande o suficiente para todos nós. Tínhamos que fazer um trabalho em grupos que, infelizmente, não podia ser com dez integrantes e, assim, Naty, Cami, Maxi e Broduey caíram em outro grupo. Violetta, como costumava fazer todos os trabalhos uma semana antes da entrega, estava em uma pilha de nervos só porque Diego e Federico começaram a brincar e bagunçar o quarto inteiro e é claro que eu os ajudei a fazer isso também. Francesca e Ludmila apenas riam da expressão no rosto de Violetta olhando pra nós, que realmente era engraçada.

Até que em um certo momento ela se irritou mais ainda e veio onde eu estava e tirou a bolinha de papel que eu estava brincando com os meninos da minha mão, para provoca-la, levantei e fiquei cara a cara com ela:

– Só isso que consegue fazer Vilu? – eu disse e isso foi a deixa para o restante começar com as típicas provocações.

Despertei de meus devaneios quando o meu celular tocou, levantei da cama e olhei pro celular, eu não queria atender aquela pessoa que estava ligando. Infelizmente, ela não era alguém que me dava vontade de sair dando pulinhos de alegria por aí só pelo fato de estar me ligando.