Como eu fui capaz de fechar os olhos a noite e dormir? Não fui. Depois de ter beijado Lydia na festa Scott voltou ao lugar com Kira e simplesmente não conseguimos conversar sobre. Não me importo de não ter dormido, uma vez que venho tendo esses pesadelos estranhíssimos ao qual eu não entendo nada do que acontece.

Estou ansioso e animado para ir a aula hoje, ela não teria para onde fugir e teríamos que conversar sobre. Termino de me arrumar e pego qualquer coisa para comer, nem mesmo apetite eu estava tendo de tanta ansiedade. Corro até o jipe, jogando a mochila no banco ao lado.

Franzo o cenho ao observar um homem parado do outro lado da rua me olhando. Não um olhando normal, mas um olhar fixado. Reviro os olhos, só faltava ser outro lobisomem vindo dar problema, ou talvez só um maníaco mesmo. Resolvo ignorá-lo por hora e ligo o carro, voltando a me focar apenas em Lydia.

(...)

—Eu não acredito! – Scott diz incrédulo depois de eu lhe contar toda a historia.

—Você não acredita? Eu que não acredito.

—E então? Como vai ser entre vocês agora?

—Eu não sei. Vou tentar falar com ela agora. – empurro a porta de entrada, entrando no grande corredor de armários.

—Então ta ai sua chance. – responde, batendo em meu ombro e se afastando. Olho para frente e vejo Lydia mexendo em seu armário, falando ao telefone.

Me permito ficar um segundo ali apenas observando-a. Até que percebo seu semblante pesado e me preocupo, resolvo esperar que ela desligue o celular para enfim me aproximar.

—Hey, Martin.

Ela se assusta, virando abruptamente para trás com a mão no peito e a respiração acelerada.

—Stiles!

—Desculpe. – rio de sua expressão ainda assustada. Ela fecha o armário e então resolvo perguntar.

—Está tudo bem? Você parecia preocupada falando no celular.

—Está tudo bem. – percebo que mentiu e respiro fundo resolvendo não insistir por hora, quando ela quisesse me contaria.

—Podemos conversar?

—Bem, pensei que era o que estávamos fazendo agora.

—Quis dizer... em um lugar mais sossegado.

—Estamos na escola Stiles, acho meio difícil acharmos um lugar sossegado.

—Qual é, você deve saber algum lugar!

Ela devia sim saber, vivia sumindo quando namorava alguém o que sempre presumíamos que ela tinha encontrado um lugar sossegado suficiente.

—Tudo bem. – segura em minha mão me puxando para segui-la e eu o faço, vamos até uma porta que ela empurra.

—Que sala é essa? Nunca entrei aqui.

—Achados e perdidos, e então?

Ela parecia nervosa. Só faltava ela resolver que iria fingir que não tinha sido nada.

—Bem... Queria falar sobre ontem.

—Ontem?

—Sim, quando nós... Nos beijamos.

—Bem, quando você me beijou.

O que?

—O que? Não, nós os beijamos.

—Stiles!

—Lydia! Você não vai negar isso.

Ela suspira pesadamente e desvia o olhar do meu. Realmente tinha algo errado ali.

—O que esta acontecendo?

—Nada Stiles, eu só...

—O que?

—Aquilo não devia ter acontecido.

—Como?

—Não devia.

—Você... Se arrepende?

Morde o lábio inferior me olhando apreensiva.

—Não é isso é só...

—Lyds... – diminuo o tom de voz ao perceber que ela segura o choro. O que estava acontecendo?

—Desculpe, eu só... Stiles não podemos.

—O que?

—Não podemos... Nos envolver dessa forma, sabe, a mais.

Aquilo foi um soco no estomago, quase que literalmente.

—Lydia...

—Stiles, vamos esquecer aquilo, por favor.

Eu estava definitivamente sem reação, sem saber o que fazer. Simplesmente não entendia sua atitude e estava de mãos atadas. O que eu faria? Não podia abrigá-la a nada.

—Lydia...

—Vamos ser só amigos, é melhor assim. – diz, se aproximando rapidamente e beijando minha bochecha, se virando e saindo da pequena sala. Continuo ali até ouvir o sinal bater, estava torcendo para acordar no minuto seguinte e ver que tudo não passava de um pesadelo e que eu acordaria animado em um quarto e quando fosse falar com Lydia tudo seria diferente do pesadelo.

Mas isso não aconteceu.

O resto do dia não teve a menor graça, nós mal nos falamos e minha cabeça parecia que ia explodir.

—Stiles, você tem que falar com ela. – aconselhou Scott.

—Hey, eu tentei okay, o quer que eu faça?

—Exija uma explicação melhor.

Pensei um pouco, imaginando se não devia realmente insistir mais. Alias nem conversamos direito, ela falou e eu escutei. Tomo uma decisão e sei que é a correta. Não desistira disso, não deixaria simplesmente pra lá eu insistiria mais um pouco.

Corro até o corredor inicial e procuro a mesma porta por onde Lydia havia me puxado mais cedo e entro, deixando uma pequena fresta aberta para espiar, esperando-a. Não demora muito até eu ver ela surgir no inicio do corredor, estava quieta e pensativa. Evito que ela me veja e assim que percebo que ela ira passar para frente da porta eu abro e a puxo para dentro, fechando a porta em seguida.

Coloco a mão sobre sua boca para abafar seu grito assustado.

—Stiles! – bate em mim depois de perceber que sou apenas eu.

—Desculpe, não pude evitar. Preciso conversar com você.

—De novo? Stiles, sinto muito, eu realmente sinto, mas...

Levo minha mão ao seu rosto e calo seus lábios com meu polegar.

—Eu sei, mas na verdade você só falou e eu escutei completamente confuso, mas agora... Agora eu pensei.

—Pensou?

—Sim, e quero uma explicação melhor.

—Explicação do que?

—Explicação do porque não podemos? Porque não podemos ser mais que amigos?

—Stiles...

—Não, Lydia, eu realmente não te entendo. Nós somos amigos já há um bom tempo agora, passamos por tanto e já nos beijamos. Porque quer negar que sentimos algo um pelo outro?

—Não estou negando nada, nunca disse a você que sentia algo, Stiles.

Ignorei novamente a dor interior com isso, mas eu podia ver, seus olhos estavam marejados e os olhos não se fixavam nos meus. Ela escondia algo.

—Eu te conheço bem demais, Lydia Martin, mais do que você pensa que conheço. Eu sei que está escondendo algo, que está mentindo pra mim. Não digo que sei que você sente algo por mim, não estou te exigindo isso no momento, mas sei que não esta sendo completamente sincera com algo. O que é?

—Não é nada, você está imaginando.

—Não, eu não estou imaginando.

—Lydia!

—Stiles, olha, sinto muito ta? O que aconteceu ontem não era pra ter acontecido, foi um... Impulso. Não podemos ser mais que amigos porque não quero... Eu não quero estragar tudo, não quero estragar nossa amizade com algo bobo.

—Bobo? Nós assumirmos um relacionamento não seria bobo.

—Seria uma vez que não sabemos realmente como nos sentimos e...

—Não, isso não é problema, eu sei.

—Como?

—Eu sei como me sinto.

—Stiles...

Interrompo novamente sua fala e me aproximo, capturando seus lábios nos meus. Era inacreditável o que estava acontecendo, eu precisava fazer algo pra ela voltar a pensar como antes. Pensei que ela fosse tentar me afastar, mas suas mãos rapidamente escorregam por meus ombros, subindo até meu pescoço e brincando com os fios do meu cabelo. Um arrepio se distribui por todo meu corpo. Lydia entreabre os lábios e escorrego a língua por meio de sua boca e reprimo um gemido ao sentir o gosto se desfazer ainda mais. Ela era perfeita e eu realmente poderia passar toda a eternidade beijando-a. Mas, tão logo como começou, o beijo termina quando Lydia espalma as mãos em meu peito e me afasta. Abrindo os olhos lentamente.

—Eu te am...

—Não! – Lydia me interrompe, levando os dedos até minha boca, me calando. –Você não pode me dizer isso.

Observo as lágrimas começarem a escorrer por seu rosto e isso me deixa ainda mais confuso. Tinha realmente algo acontecendo ali.

—Lydia, você...

—Não, Stiles. Eu não quero ouvir, por favor... Eu... preciso de espaço.

Ela se afasta, se virando e abrindo a porta. Tento segurar seu braço, mas ela se esquiva, saindo pela porta e me deixando ali. O que estava acontecendo? Porque ela estava me afastando dessa forma? Porque tanto medo de sermos mais que amigos? O que ela tanto estava escondendo?