Katherine não cabia em si de felicidade, as palavras de sua irmã fizeram com que a esperança renascesse em seu coração.

– Maravilhoso! – Ela exclamou com alegria e de repente ficou pensativa - Mas como ? De que forma seria apresentada em Londres sem mamãe? Ela sempre dizia que os parentes de papai ou estavam mortos ou velhos demais, e o que sobrou da família morava muito longe.

– Sei disso - Anastásia declarou – Mas se você deseja ser apresentada, precisará ter alguém para leva-la ao palácio em Londres.

– Mas quem poderá fazer isso? – Katherine indagou, curiosa.

Os olhos de Katherine brilhavam em expectativa, mas em pouco tempo esse brilho foi ofuscado pela incerteza, imaginou que já sabia o final da história e que as ideias de Anastásia não passavam de fantasia.

– Vamos para Londres – Anastásia começou a explicar – E você terá uma dama de companhia, tanto nos bailes a que deverá comparecer, como no palácio.

– Mas quem? – Katherine indagou- Você mesma sabe que não há ninguém.

– Eu vou ser sua dama de companhia! – Anastásia falou.

Kate encarou a irmã antes de falar:

– Você deve estar brincando comigo, pois fique sabendo que isso só torna as coisas piores do que já estão. Posso não ser tão inteligente quanto você, mas sei que uma dama de companhia não pode ser solteira. Não acredito que tenha um esposo escondido em alguma parte da fazenda.

Quem prestasse atenção nas palavras da moça naquele momento, podia perceber uma ponta de angústia na sua voz e um pouco de desapontamento em seu rosto. Por alguns momentos cultivou a esperança de que Anastásia tivesse a solução para o seu problema.

Sem preocupação Anastásia disse:

– Pois saiba que não pretendo ser sua dama de companhia como uma mulher solteira, mas sim como a Sra. Steele.

Kate olhou para a irmã com os olhos arregalados.

Sra. Steele? Mas você não pode fingir que é mamãe. Nem mesmo a pessoa mais estúpida e cega do mundo poderia confundi-la com mamãe.

– Não pretendo fingir que sou mamãe – Anastásia começou explicar – Mas sim, sua madrasta.

Kate engoliu em seco.

– Vai fingir que é Consuelo?

Anastásia balançou a cabeça negativamente.

– É Claro que não. Consuelo era uma espanhola vulgar. Apesar de ter se casado com papai, pouquíssimas pessoas na Inglaterra chegaram a conhecê-la e ninguém a viu em Londres.

Katherine continuou assustada com a revelação da irmã.

– O que está dizendo? Eu não entendi , por favor, explique-me.

– Vou explicar – Anastásia falou animada - Papai era casado com Consuelo, mas como tudo ocorreu distante daqui e papai levava uma vida reclusa, com certeza pelos modos de Consuelo, as pessoas vão levar um tempo para saberem de sua morte... é tempo suficiente para irmos para Londres e você ter o seu baile.

Ela fez uma pausa e respirou profundamente.

– Não há motivos para que alguém saiba que eles morreram recentemente.

– E o que isso tudo significa?- Katherine indagou completamente confusa.

– Significa que papai se casou há sete meses e que morreu imediatamente após o casamento, portanto Sra. Steele está de luto, mas cumprindo a obrigação de levar a filha de Sr. Steele ao palácio, já que a menina tem quase dezoito anos.

Kate ouvia com atenção, sem acreditar nas palavras da irmã.

De repente ela perguntou:

– Acha que alguém vai acreditar nisso?

– E por que haveriam de duvidar? Fomos enterradas vivas neste lugar e ninguém demonstrou interesse por nós depois que mamãe morreu e papai viajou. Só os funcionários da casa sabiam quando ele voltava para casa.

– Não acha que farão comentários?

– Em Londres?

– Sei o que que dizer com isso – Kate respondeu – mas, Ana, não acho que você tenha idade suficiente para passar por viúva.

– Mas Consuelo também não parecia... sei que vamos conseguir.

Anastásia cruzou a sala algumas , como se achasse impossível ficar calma.

– Vou providenciar algumas roupas para que eu pareça bem mais velha e ajeitar meu cabelo como mamãe fazia. O que acha de eu usar um pouco da maquiagem que Consuelo deixou aqui?

– Você nunca me disse que ela havia deixado algo aqui!.

– Bem, mas deixou. Não achei que isso tivesse alguma importância . Há , ainda os dois vestidos que papai a deu de presente, mas ela odiou. Consuelo costumava dizer que eles eram simples demais, mas sei que papai comprou em uma loja bastante cara.

Ela sorriu.

– Acredito que papai queria torna-la mais elegante. Talvez ele pensou que se ela usasse os vestidos, ela poderia ser apresentada a seus amigos. Mas quando os vestidos chegaram, ela os jogou em um canto e me disse: “ Nunca pretendo usar esses vestidos apagados e simples, vou parecer uma velha.”

– Mas você não me contou nada disso. - Kate afirmou.

– E por que deveria? Na época pensei que o comportamento de Consuelo era bastante vulgar, mas não quis comentar para não criar problemas com papai.

– Não sei o que papai viu nela!

Anastásia lembrou-se de quando seu pai havia entrado no quarto, Consuelo levantara-se da cama e atirou-se nos braços do esposo. Ela costumava usar pouca roupa, usava o espartilho bem apertado na altura do busto, que colocava em evidência os seios fartos e belos. Ela passou os braços em torno do pescoço de Sr. Steele e puxou o rosto dele de encontro ao seu sem pudor algum por estar na frente de Anastásia. Beijou-o por um tempo até que Anastásia, sentindo-se desconfortável com a situação, deixou o quarto, com a certeza de que seu pai jamais abandonaria Consuelo.

Agora ao lembrara dos vestidos, concluiu que era exatamente deles que que precisava, pelo menos até que pudesse comprar alguns em Londres.

– Acho que não conseguiremos!- Katherine exclamou – Seremos descobertas.

– Você vai participar desse baile em Londres, custe o que custar – Anastásia declarou – e, se tivermos sorte, você vai encontrar um marido que a ame.

Anastásia viu a irmã observando-a com os olhos arregalados e explicou:

– Essa é a ideia principal. Haverá muitas dificuldades em escolher o homem certo, mas estarei aqui para ajuda-la.