Invisível escrita por Dama do Caos


Capítulo 11
Se fosse eu, eu fugia...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617058/chapter/11

 

Next

No momento que encontrou os olhos de Jace, Clary percebeu que tinha alguma coisa errada. O rapaz loiro estava tenso no chão perto dos armários, o corpo arfante e as mãos trêmulas. 

— Sr Herondale? – Ela chamou incerta. A risada baixa se ergueu da figura sentada no chão depois de algum tempo em silêncio.

— Será que eu não vou ter um segundo de paz hoje? – Jace se recriminou ao perceber que sua voz beirava o sarcasmo. Mas agora era tarde demais pra tentar se controlar, e continuou. – O que você quer de mim? – A menor arregalou os olhos e deu dois passos para trás ao ver Jace vindo em sua direção com um brilho insano nos olhos cor de ouro.

Sentiu as costas se encostando nos armários atrás de si fazendo um calafrio lhe percorrer a espinha. O loiro agora estava muito próximo da Fairchild que arfou quando sentiu seu toque em suas madeixas ruivas.

— Todos querem alguma coisa de mim Clary. – E havia frustração em suas palavras. – Clary. Clary..— Ele sussurrou com os lábios contra o seu pescoço e subiu beijando-lhe o queixo alvo. O coração da ruiva batia descontrolado e ela jurou que ele podia sentir isso.

— J-jonathan.. – ele nem se importou de parar o que estava fazendo antes de respondê-la, apenas afundou o rosto nos cabelos ruivos aspirando o cheiro que tanto lhe perturbara na primeira vez que a viu.

— O que foi Clary? – E ele pronunciava seu nome sempre sussurrando, como se fosse um mantra sagrado. Como que saindo de um transe Jace se afastou assustando-se com o controle que Clary exercia sobre ele unicamente por dizer-lhe o nome. Onde estava toda raiva? Toda frustração e desconfiança? Ao vê-la ali tão quente ele não deixou de pensar que queria ver aquilo para sempre.

— Vem comigo. – E segurou-lhe as mãos não dando chance da menor se recuperar da respiração descompassada. Enquanto passava pelos alunos, Clary baixou os olhos corada e constrangida até as pontas de seus cabelos vermelhos ao passo que Jace caminhava com seu costumeiro porte altivo sem ligar para os olhares que despertavam. –

Izzi comentou que você iria lá em casa hoje, não é? – O loiro recebeu um menear afirmativo em resposta. – Eu te levo. – concluiu. E rodeou a cintura de Clary com uma das mãos colocando-a sobre a moto, subindo logo em seguida. – Jonathan.. E-eu não gosto muito de velocidade. – A voz angelical dela quase comoveu o coração do rapaz.

— E a palavrinha mágica? – Ela corou as bochechas enquanto sussurrava incerta – Por favor? – Ele riu baixo enquanto colocava o capacete nela. – Errado boneca. A palavrinha mágica era Jace.— ela não teve tempo de protestar pois num solavanco da moto instintivamente abraçou a cintura de jace com ambos os braços, ao ouvir a risada alta dele escondeu o rosto na curvatura de seus ombros implorando aos céus para chegar viva.

E ambos perceberam a familiaridade com que seus corpos reagiram a esse toque.

Se eu tiver coragem de dizer que eu meio gosto de você

Você vai fugir a pé?

E se eu falar que você é tudo que eu sempre quis pra ser feliz

Você vai pro lado oposto ao que eu estiver?

 

Eu queria tanto que você não fugisse de mim

Mas se fosse eu, eu fugia

Jace abriu a porta dando espaço para Clary entrar segurando um sorvete pela metade e um sorriso distraído nos lábios. Andava quase flutuando nas pontinhas dos pés inconscientemente e Jace conteve o impulso de verificar o peso real da garota. Ela subia as escadas de dois em dois degraus cantarolando alguma coisa e Jace só conseguiu se escorar na bancada da cozinha e admirar ela no seu mini-desfile instintivo. Ela parou no topo da escadaria e virou-se para trás procurando os olhos de Jace assustada por de repente se encontrar sozinha.

— Eu já subo boneca. Izzy continua morando no mesmo quarto. – Ele viu ela franzir o cenho emburrada com o novo apelido, mas virou as costas e continuou seu caminho.

Foi quando Jace começou a ligar os pontos.. Tinha carros diferentes na garagem quando chegaram, as amigas de Izzy estavam aqui. As amigas de Izzy que odiavam Clary Fairchild.

O sorriso de Clary sumiu quando abriu a porta do quarto e viu uma garota abraçando as próprias pernas com o rosto escondido sem conseguir disfarçar os soluços. E naquele instante Clary pensou em como já esteve assim tantas vezes. Mas naquela situação tinha algo diferente em questão, Clary notou a mão de forma protetora sobre a barriga, o olhar assustado e acuado. Perdida.

Se não fossem as minhas malas cheias de memórias

Ou aquela história que faz mais de um ano

Não fossem os danos

Não seria eu.

[...]

Se não fossem os ais

E não fosse a dor

E essa mania de lembrar de tudo feito um gravador.

E Grávida. Como um sexto sentido a Fairchild entendeu imediatamente a situação. E Clary não percebeu as outras pessoas no recinto, não percebeu Izzy contendo uma das meninas que levantou-se furiosa para tirar Clary dali, nem notou quando Jace entrou rápido no quarto para levar Clary para outro lugar. Ela não viu nada disso. Apenas se abaixou ao lado de Maia e abriu um de seus mais luminosos sorrisos enquanto dizia.

— Está de quantas semanas seu bebê? – Maia olhou-a por um instante tenso, todos na sala esperavam que ela começasse a chorar ou a gritar todo seu ódio pela ruiva. Mas Maia estava incapacitada de ter qualquer reação a não ser sorrir surpresa pois Clary era a primeira pessoa que tratou desse fato algo normal. Não uma aberração.Sentiu a garganta se apertar com as lembranças. Irresponsável. Aberração. Vergonha.

— 12 semanas – Ela disse firme. Clary sorriu e se sentou do lado dela. – Minha mãe disse que grávidas têm desejos estranhos. É verdade? – E os olhos da esverdeados brilhavam curiosos. Maia riu dessa vez espantando os pensamentos ruins.

— Eu sempre tenho vontade de comer brigadeiro.. Mas isso não é nada estranho. – E toda a tensão lentamente deixou a sala enquanto as meninas se agrupavam em volta da nova visitante ruiva e da amiga morena, começando a conversar animadamente sobre como pareceria a criança que estava por vir, quem seria a tia preferida, quando fariam o chá de bebê e tantas outras coisas que fizeram Jace fechar a porta se encostando nela do lado de fora por alguns minutos. Apenas um pensamento lhe cruzava a mente:

Quem você não consegue conquistar Clary Fairchild?

 

 

Se eu tiver coragem de dizer que eu meio gosto de você

Você vai fugir a pé?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!