Clary era o tipo de garota que poucas vezes as pessoas voltavam o olhar. Os cabelos ruivos ás vezes presos em um coque desleixado, as roupas largas escondendo as curvas suaves e o corpo magro. Sempre perdida entre seus cadernos e pincéis, os dedos costumeiramente sujos com tinta. A pele alva pouco tinha contato com o sol, e contrastava com o verde vivo de seus olhos sempre escondidos por um par de óculos absurdamente desnecessário. Apesar da aparência doce, evitava as pessoas o máximo que podia. Desviava de possíveis desafios sempre que possível, tremia só de pensar em sair de sua zona de conforto. Sempre sozinha, e por vezes invisível. No entanto nada escapava de seus olhos delicados. Inclusive o todo poderoso Jace Herondale. Um dos garotos mais bonitos que ela já tinha visto. O mais apaixonante. Todas o idolatravam, e mesmo os garotos o olhavam com admiração. Era o capitão do time de vôlei na grande escola em que estudavam. O garoto prodígio. Sua aura cheirava a perigo, e seu modo de andar intimidava as pessoas. Ele não aceitava alguém que não desse tudo de si, tinha raiva de gente medrosa. E olhe como é a vida, fez cruzar esses caminhos tão distintos e improváveis.

“Se for pra desistir, faz o favor de sumir da minha frente. “ – Jace.

"Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?"– Clary*

Um delito foi cometido. Alguém seria punido. Alguém inocente.

“-Jace Herondale, todas as provas apontam para você. Tem 48 hrs para se justificar, do contrário há de arcar com as conseqüências. – A voz da diretora reverberava em alto e bom som. “

Algo novo nasce dentro dela. Uma coragem idiota. Dessas que fazem você acreditar que pode fazer coisas impossíveis.

“Eu sei que não foi você, Sr Herondale.”

“Por quê? – A voz rouca dele o fez soar indiferente. Ela engoliu em seco. Não tinha resposta para uma pergunta tão complexa. Praguejou mentalmente. Sempre fora alguém tão calculada, e agora não tinha nada pra dizer. – Eu não sei. Eu só. Eu.. Queria te ajudar.– Ele levantou os olhos para ela pela primeira vez desde a conversação. E só anos de auto-controle evitaram que uma expressão de surpresa lhe surgisse no rosto. Ela ali tão linda. Tão ruiva, tão.. Clary. Os dedos finos ainda guardavam vestígios de seu vício pelas pinturas, o corpo se balançava nervosamente se equilibrando nos all stars surrados. Ele sorriu minimamente murmurando. – Obrigado. – E ela saiu em disparada pelos corredores no momento seguinte. Ele balançou a cabeça anuviado. Achando graça do modos desajeitados da garota. Sua mente voltou ao problema inicial. Ele seria expulso da escola, porque determinada quantidade de dinheiro sumiu. A acusação seria totalmente injusta, não fosse por um detalhe. Ele era o responsável pelo depósito. Cerrou os punhos em irritação, alguém queria ferrar com ele. E estava começando a irritar.”

Ás vezes ele tinha vontade de sumir. Ela de vez em quando pensava em ser notada. A vida ia surpreender ambos, e talvez até você.

"Você pode me chamar de problema se quiser."– Clary

"Você costuma ser uma pessoa insuportável. Mas hoje, hoje você está de parabéns."– Jace