Fique Comigo escrita por liza zanon


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui estou eu com o 6.
Não posso me prolongar muito, estou no meio das provas e entrei rapidinho para postar esse capítulo.
Perdão se ficou meio curto, mas dei preferência para ele ser menor ao invés de grande e nada proveitoso.
Boa leitura, qualquer dúvida só me mandarem uma mansagem.
Espero que gostem! ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/616215/chapter/6

Capítulo 6

– Edward, dá pra me explicar o exato motivo por ter me ligado três vezes enquanto eu estava em cirurgia?

– Rosalie chegou antes do previsto com o noivo aqui. Ela quer que você venha de qualquer jeito.

– Você só pode estar brincando. Eu fiz uma valvulopoastia de cinco horas de manhã e agora eu acabei de sair de uma cirurgia de nove horas onde reconstruí todo um lado de um coração de um recém nascido. Estou esgotada, Edward, sem chance.

– Alice, você conhece a Rosalie...

– São quase duas horas pra chegar até Forks... Eu não...

– Você tem cama aqui, sabia?

– Olha, se eu dormir no volante e sofrer um acidente no caminho, acho bom você ir atrás de um cirurgião cardíaco tão bom quanto eu pra me trazer de volta a vida.

– Larga de ser uma viciada e vem logo.

– Eu só queria paz e uma boa noite de sono. Só isso.

– Alice...

– Vou dormir na sua casa, se vira e me arruma um canto bem confortável.

Rosalie sempre fora o tipo de criança e adolescente em que todos faziam questão de seguir seus caprichos e acatá-los. Já era de se imaginar que na vida adulta as coisas não seriam muito diferentes.

Encarei o relógio na parede da sala do Staff e vi que já era tarde. Pensei mais uma vez se valia a pena dirigir quase duas horas apenas para conhecer o noivo de Rosalie, mas ao me lembrar de todas as vezes que minha irmã esteve ao meu lado, tentei ser menos egoísta e me esforçar para dar sorrisos hoje a noite.

Troco-me rapidamente e sigo para o estacionamento do hospital. Quando ligo o som, está tocando “A Horse With No Name”, minha música favorita que eu estava ouvindo antes de chegar ao hospital. Deixo o som tomar conta da minha mente, com o intuito de me manter acordada, e sigo em direção a estrada.

Emmett

– Então, acho que você vai adorar conhecê-la.Na verdade vocês são bastante parecidos.

– Conhecer quem?

Rosalie me encara furiosa, como sempre acontece quando não presto atenção nas coisas que ela fala.

– Minha irmã, Emm. Que está chegando a qualquer momento.

– Claro... Qual o nome dela mesmo?

– Sério? De novo?

Dou de ombros, mas não falo nada, estou impressionado demais com o quadro repleto de medalhas e condecorações que toma conta da sala da família da minha noiva, mas minha atenção é tomada quando Rosalie diz um nome. Diz aquele nome.

– Alice, seu idiota.

Alice? Alice? A minha Alice? Era preferível torcer que não. Que só fosse coincidência demais. Como ter um sonho em que tudo parecia tão real que quando acordou não sabia em que acreditar. O que você faria se o que você pensou fosse verdade e se o que você pensou não fosse verdade? Você iria se retirar dos seus sonhos com a esperança de encontrar uma realidade mais perfeita? Às vezes a vida é mais estranha do que um sonho. O único caminho é você acordar e enfrentar as mentiras ocultadas na sua alma e você só pode esperar que naqueles momentos de reflexão escura você não seja sozinho.

Alice

Ouçam: https://www.youtube.com/watch?v=WvydJBZ-zqU

Sabe aqueles momentos em que você sente exatamente o que te espera passos a frente, mas não faz ideia do que seja? Aqueles momentos em que você caminha em direção a algo tão importante que faz seu coração acelerar e ser escutado no mais puro silêncio, assim como faz seu estômago se contrair e se encolher de forma protetora, preparado para o soco. Agora, enquanto caminho em direção a porta da frente da casa de meus pais, observando as luzes acesas e risos animados, resolvo parar meus passos, tentar entender aquilo que está óbvio, mas que não reconheço.

A minha mãe me contava que a primeira vez que a pessoa se apaixona muda a vida dela pra sempre, e por mais que se tente, o sentimento nunca desaparece. Jasper não estava aqui essa noite, havia algum tempo que eu preferira ignorar suas ligações a enfrentar a verdade estampada em minha cara. Mas não é por ele que eu sou apaixonada.

Meu coração bate mais rápido, como cirurgiã cardíaca tento fazer a ligação de qual neurotransmissor pode estar me dando tais sensações. Não reconheço. Abro a porta, minhas mãos suam, meu peito dói, ouço as vozes de boas vindas, mas quando me viro e encaro todos na sala de estar, somente um olhar importa.

Talvez eu tenha escutado Rosalie se aproximar e me falar sobre o noivo que eu já sabia o nome. Talvez eu tenha dito algumas palavras que ninguém conseguiu entender. Talvez eu esteja tão assustada, tão desconcertada, tão sem saber o que fazer, que minha família pense que seja apenas uma crise, mas ele está como eu. Paralisado, chocado, assustado.

Somos estranhos em uma sala que se conheciam muito bem. Eu já amei e me recordei de sua risada, ele já foi apaixonado pelo meu sorriso. Hoje, agora, a gente tão estranhamente se estranha, mas fica óbvio que nada fora esquecido, que não deixamos de nos amar.

(...)

Ele ainda me encarava assustado e aquilo estava começando a chamar a atenção dos demais presentes na sala. Eu deveria estar pálida, enquanto ele parecia incapaz de piscar ou soltar um fio de voz. Depois de tudo que acontecera, achei que o destino nunca mais me deixaria rever Emmett, mas eu estava enganada. Neste momento estávamos sentados a mesa, havíamos acabado de apertar nossas mãos e fingirmos que nunca nos havíamos visto, ou tocado, mas sentir sua pele quente era como ter descargas elétrica sobre meu corpo.

– Então... Vocês não vão falar nada? – Rosalie chama a nossa atenção e percebo que Edward está mais atento do que eu esperava para as minhas expressões. Finjo cansaço, exaustão.

– Na verdade eu que não estou muito bem hoje, pergunte ao Edward – falo com a voz engasgada, sem ter coragem de olhar na direção da minha irmã, ou de Emmett – Fiz duas cirurgias bastante longas e não dormi muito bem noite passada, nada que um banho quente e uma boa noite de sono não resolvam.

– Está tarde, na verdade, acho que todos devemos nos deitar. – Edward diz, se levantando e pondo a mão no meu ombro – Espero que tenha uma boa estadia aqui, Emmett. É bom vê-lo novamente.

– Valeu, cara.

Ouço sua voz e me arrepio, disfarçando ao levantar e acompanhar meu irmão, Bella e Renesmee – que já dormia – até a porta. Respiro fundo, tomo coragem e encaro Emmett da forma mais impassível que posso.

– Foi bom te conhecer, Emmett. Desculpe-me pelo mal jeito, prometo que amanhã poderemos nos falar melhor.

– Claro que sim, Alice. – ele consegue sorrir, mesmo estando num nível mais desconcertado que o meu. Abaixo a cabeça e sigo meu irmão e sua família até os jardins e enfim a casa deles, e quanto Bella fecha a porta atrás de nós e põe Nessie na cama, sinto que serei bombardeada por perguntas.

– Então, o que foi aquilo? – Edward me questiona, fechando as cortinas da sala, enquanto Bella nos traz uma caneca de chá de hortelã.

Não respondo nada por um momento, apenas deixo que o líquido quente desça por minha garganta e relaxe meu corpo.

– Qual seria a chance do homem que eu amo estar naquela casa nesse momento?

Bella e Edward arregalam os olhos, sentando-se de frente para mim, suplicando para que eu seja mais clara, para que eu explique, para que eu negue aquilo que eles estão pensando.

– Está me dizendo que o cara com quem você se envolveu é o noivo da Rose? – Bella sussurra, provavelmente temendo que as paredes tenham ouvidos.

Afirmo que sim com a cabeça, sem ter coragem de falar em voz alta.

– Alice, você sabia que ele era noivo da Rosalie?

– Eu... Eu sabia que ele era noivo. Eu também falei pra ele que eu era. Não mentimos, só não havia necessidade de falarmos os nomes deles. Quando eu imaginaria que o noivo da minha irmã estava na mesma infantaria que eu? E pior, que eu me relacionaria com ele?

– É a terceira guerra mundial – Bella fala, com os olhos arregalados, tomando um gole do seu chá.

– O que você vai fazer?

– Não sei, Edward. Ignorar? Fingir que não é comigo e que não o conheço? É, talvez eu faça isso.

– Olha, eu não faço ideia do que isso vai dar, e nem vou me meter nas suas escolhas, mas eu e Bella estamos ao seu lado, independente da escolha que faça, seu segredo está seguro com a gente. Só pense bem, ok? Não vá fazer nenhuma burrada.

– Eu sei, irmão... Eu só preciso dormir.

Os dois me abraçam e seguem para seu quarto, enquanto eu me deito no sofá, exausta demais para criar forças e ir até o quarto. Não sei por quanto tempo fico deitada ali, com a luz acesa sobre meu rosto, encarando os cristais do lustre, com a mente cheia demais para conseguir descansar. Acho que se passaram horas, pois a noite está quieta, a mansão também está emergida em silêncio, e aproveito para me agasalhar e caminhar pela floresta que rondava a casa dos meus pais.

Não era bem uma floresta, na verdade, e sim um enorme quintal com parte de um bosque, onde Edward e eu costumávamos brincar quando crianças e chamávamos de a floresta encantada. Lembro-me de uma vez ter fugido e me escondido ali, obviamente, horas depois, Edward me encontrou, mesmo sempre sabendo onde eu estava. Meu irmão era assim, garantia minha segurança, me dava espaço, respeitava minha decisão e pensamentos.

Caminho até um tronco coberto de musgo e sento-me nele, envolvendo a manta do sofá de Bella em meu corpo. Quando algo começa, você geralmente não tem idéia de como vai terminar. A casa que não queria comprar torna-se seu lar. A “ficada da noite” que você estava determinada a esquecer torna-se o amor da sua vida. Se antes parecesse improvável que eu ficasse com Emmett, hoje parecia impossível.

Ouço galhos sendo esmagados por passos pesados, mas não preciso me alardear para saber quem se aproxima. De uma forma estranha e assustadora, Emmett me conhece. Me conhece sem ao menos ter precisado de dias a mais comigo. E quando ele aparece a minha frente, encostando-se em uma árvore, o seu sorriso era como um relâmpago na escuridão, ofuscante, admirável, misterioso, e eu o desejava com tanta intensidade que doía. E atualmente eu era uma pessoa propícia a dores.

– A vida sempre nos surpreendendo. – ele fala, dando de ombros, me encarando com olhos brilhantes.

– Quero que você saiba que eu não fazia a mínima ideia. Espero que fingir não te conhecer não tenha te chateado.

– Acho que fiquei mais chateado quando você anulou todas as formas de contato que poderíamos ter.

– Isso foi um erro estúpido.

Emmett fecha os olhos, mudando sua expressão pela primeira vez, aproximando-se de mim e sentando-se no tronco ao meu lado.

– Como sabia que eu estava aqui?

– Achei que não fosse conseguir dormir essa noite, como eu. Para onde mais iria?

Afirmo com a cabeça, e o sinto passar seus braços em volta dos meus ombros, puxando-me para um abraço.

– Eu adorei ficar com você. E quando saímos da Alemanha eu tinha certeza que seríamos algo, porque eu sentia que nós podíamos fazer coisas simples, como jogar estrelas-do-mar de volta na água, comer um hambúrger e conversar, e eu mal pude acreditar na minha sorte. Eu sabia que você me aceitaria do jeito que sou, e eu não fui homem suficiente para tomar a postura de te dizer o quanto te queria para mim. A culpa não é só sua. Você só tomaria qualquer atitude com segurança, e eu não te dei nada além daquela... Noite. Eu não planejei me apaixonar por você, e duvido que você também tenha planejado se apaixonar por mim. Mas aconteceu, Alice. E o que vamos fazer com isso?

– Você é apaixonado por mim?

– Cada célula do meu corpo é.

A gente se encara, rostos próximos demais. Não faremos nada, temos consciência dos nosso atos, já traímos, porém não somos definidamente traidores.

– Você a ama?

– Não.

– Você não a ama. Você só não quer ficar sozinho, ou talvez ela seja boa para o seu ego, ou talvez ela te faz sentir melhor sobre a sua vida, mas mesmo não amando-a, como pode pensar em destruir minha irmã assim? Eu não tenho essa coragem.

– Eu não quero destruir ninguém – Emmett suspira, mas suas mãos ainda ficam sobre meus ombros – Mas eu não sou tão altruísta a ponto de colocar a felicidade de todos na frente da minha.

– Vamos ter que lidar com isso – falo mais pra mim do que para ele, beijando seu rosto e me levantando em seguida – Foi uma pena que a vida tenha feito a gente se encontrar dessa forma, mas ela é minha irmã, Emmett, não tem como justificar isso.

Caminho de volta para o chalé, sem olhar para trás. Emmett também não faz questão de me impedir. Ele sabe que estou certa, muito mais agora do que antes.

Sigo para o quarto de hóspedes do chalé, pensando em amanhã acordar bem cedo, ir para minha casa, ligar para o hospital e dizer que estou doente. Para minha família eu estaria no trabalho, para mim mesma eu precisava de um tempo.

Deito a cabeça no travesseiro e demoro para dormir. Já me acostumei a me deitar e espantar o meu sono com as minhas lembranças. Impossível esquecer aquela troca de olhares, dos abraços que tanto me fizeram tão bem. Inexplicavelmente Emmett deixou um vazio dentro de mim que ninguém é capaz de preencher. Pela primeira vez, vejo que realmente devo seguir em frente. A madrugada traz lágrimas, sorrisos e uma só saudade, e é com ela que eu tento conviver todos os meus dias na esperança de que uma hora, quem sabe, as coisas passem a dar certo pra mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Att,

Liza!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fique Comigo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.