Potter escrita por Alyssa


Capítulo 1
I - Lily


Notas iniciais do capítulo

Então, eu tinha essa história na cabeça há mais de um ano, literalmente. Mas para ser sincera, nunca tive lá grande paciência, até que a ideia cresceu e tornou-se absolutamente inevitável eu ter de a escrever. E adorar todos os bocadinhos dela :3Então se alguém ler e gostar dela nem que seja um bocadinho vai-me fazer infinitamente feliz :3



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Há certas coisas na vida que são impossíveis de ser ignoradas, como o facto de Lily ser uma Potter. Em contrapartida, há outras as quais se esquece facilmente, perdidas nos recônditos da memória, como, e a exemplo, Lily Potter também possuir sangue Weasley.

Era, na realidade, um conceito simples. O poder emanava de si quase tanto quanto do seu sobrenome à medida que andava pelos corredores gélidos do castelo num estado de quase permanente solidão. Tratava-se de uma característica que partilhava com o irmão, Albus, embora este certamente não possuísse a aura de frieza inquebrável que a rodeava.

Era o seu paradoxo pessoal, contava-lhe ele. Ela era distante, sombria e fria, e ainda assim tudo na sua aparência lembrava calor. Certamente, isto dever-se-ia à predominância do vermelho, dos tons laranjas e dos delicados raios de sol que adornavam a figura de Lily numa beleza incontestável: desde os cabelos que lhe serpenteavam graciosamente pelas costas até as bochechas leitosas, sempre pintalgadas no mais apetitoso tom de carmesim aos lábios volumosos ungidos de um vermelho natural. Até mesmo os seus olhos castanhos profundos poderiam ser comparados com chocolate amargo derretido sob as mais gentis chamas.

Inadvertidamente, Lily acabaria por rir disto e em nenhumas das vezes, enquanto permanecia sentada muito direita num dos divãs verdes, havia traço algum de calor na sua gargalhada contida, provando que Albus, uma vez mais, estava certo sobre a irmã.

Tratava-se de um conhecimento mútuo e certamente perfeito demais. Raro. Havia até quem murmurasse que a alma de cada um dos três irmãos Potter estaria dividida e espalhada entre eles. Baboseiras não fundamentadas, costumava resmungar o do meio, enquanto James ria tanto e tão fortemente naquele seu jeito cínico e sarcástico que as lágrimas acabavam sempre por lhe chegar aos olhos. A ignorância era, sem dúvida, uma coisa bela.

E oh, eles não se fartavam de observar! A mesma leveza de pés e expressão impenetrável da mais nova que jamais se dignaria a desviar os olhos do seu caminho para aqueles rostos latentes de curiosidade tentando encontrar um brecha… Apenas uma pequena brecha… Que nunca apareceria, obviamente. E então os rumores voavam livremente, numa tentativa vã de saciar o interesse que Lily despertava.

— Ouvi dizer que ela saiu com o McLaggen — sussurrou Susy Macdonald para uma septimanista. — Mas tentou arrancar-lhe um pedaço de cabelo para coisas… negras. E sabes que o pobre coitado não gosta dessas coisas, então ele disse-lhe que aquilo não ia resultar. Só sei que ele mal teve tempo para se desviar dos feitiços que ela lançou.

Ao ouvir tamanho disparate, Lily quase perdeu a compostura simplesmente para se pôr a gargalhar. Connor McLaggen era, sem dúvida, um rapaz alto e bem-parecido mas narcisista e detestável. Após meia hora de respostas sarcásticas e subtis insultos que o rapaz insistia em não perceber, Lily abandonara-o a ele e às suas gloriosas histórias (nem um pouco verdadeiras), sem uma única palavra.

Ao invés, continuou a caminhar com destreza pelos caminhos labirínticos que levava às masmorras, não alterando o ritmo do seu passo ao ver os cabelos pretos e despenteados de Albus, descontraidamente apoiado contra a parede de pedra. Tinha um sorriso a enfeitar-lhe o rosto, embora não mostrasse os dentes, e os braços cruzados em frente ao peito.

— Estava à tua espera — afirmou ele, de um modo tão calmo que até lhe chegava a ser característico. Juntou-se à irmã então, andando com as mãos enfiadas nos bolsos.

— Eu sei — disse. Apontou para a parede à esquerda deles, a cerca de três metros de distância. — Porque não entraste?

Para qualquer pessoa que olhasse Albus, a reposta seria óbvia; com as suas vestes impecáveis adornadas de vermelho e dourado, este era, muito claramente, um Gryffindor. Era impossível então ter acesso ao salão comunal que ficava nas masmorras, sendo que o seu próprio erguia-se muitos metros acima de onde eles estavam.

— Temo que um leão rodeado por cobras acabe por sucumbir.

— Não um Potter, Al. Jamais um Potter.

Com uma palavra, “Basilisco”, dita alta e claramente, a parede subitamente abriu-se, permitindo-lhes escorregar para o seu interior. A súbita explosão de verde que era o salão deu uma súbita sensação de náusea ao rapaz, que não conseguiu evitar enrugar o nariz à medida que avançava mais para o seu interior.

Lily sentou-se num dos cadeirões lustrosos de couro, num canto escondido e sob fraca iluminação, longe dos olhares e ouvidos indiscretos dos colegas.

— Slytherin maldita — murmurou Albus, ajeitando-se num divã à frente de Lily. — E por Merlin, não entra luz neste lugar?

Estava longe de ser a primeira vez que estava ali: por seis anos consecutivos, desde a primeira noite no castelo de Lily, que ele e James invadiam os dormitórios Slytherins. Era contra as regras, tratando-se que pertenciam a casas diferentes, mas nem uma única vez alguém ousou dizer uma palavra contra.

— Não gostas do ambiente de conspiração?

Albus ignorou-lhe a ironia na questão, permanecendo calado enquanto estudava a postura de Lily com olhos atentos, os lábios comprimidos numa linha reta. Suspirou então, abanando a cabeça num ato de descrença.

— Ainda não sabes, pois não?

— O quê? — O estado de confusão da jovem era quase compreensível: afinal, o que poderia ter acontecido? Os seus músculos retesaram com as infindas possibilidades, e Lily sentou-se um pouco mais direita.

— Terias recebido a carta, sabes. Aliás, esta deve estar provavelmente à espera na tua rica cama decorada de verde. Então já terias lido e sabido, caso não andasses…

— Não o digas — ela não alterou o tom de voz, quer para gritar quer para sibilar, mas foi cortante o suficiente para fazer o irmão se interromper. Segurou mais um suspirou na garganta, sabendo que seria interpretado como um julgamento por ela. Mas nunca o seria. Ele a compreendia.

— Devias vir mais vezes à torre da Gryffindor, é bem mais agradável.

— Eu limito o relacionamento com as pessoas da minha própria casa; com certeza não me vês a confraternizar com leõezinhos?

— Folgo em saber — ironizou ele. — Quanto amor.

— Al.

A paciência de Lily chegara finalmente ao limite. Sabia que as entranhas dela se reviravam devido à sua irritação pelo modo que rangia os dentes. Ele adorava fazer-lhe isso; não irritá-la propriamente mas testar-lhe os limites.

Abriu um sorriso perverso, com certeza bem mais apropriado à irmã do que a si próprio, antes de deixar as palavras saírem:

— James vêm para Hogwarts, maninha.


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Notas finais do capítulo

Então, se lerem, comentem por favor :3 faz bem à saúde e ego da autora! Juro que me contento com uma palavra se o problema for a preguiça :p Beijoos e até ao próximo!