Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 19
O Luto.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas, que já devem ter esquecido de tudo o que está acontecendo aqui depois dessa minha demora. Mas eu estava um pouco bloqueada, acho que essa nem é a palavra, por que sei o que vou escrever em cada momento até o fim, mas esse capítulo estava particularmente difícil de ser escrito. Mas por outro lado, o que foram os comentários do ultimo capítulo? Eu nem posso dizer como tudo aquilo me fez bem, descobri que cada um de vocês tem sua própria Clair, e isso uau, foi indescritível. Agradeço por cada um que partilhou sua história pessoal comigo, me sinto honrada, e aquele vazio que sempre descrevo aqui, então, vocês me ajudaram bastante com ele. Obrigada queridos!
Para quem me acompanha a mais tempo, meio que já é familiarizado com minha dinâmica, costumo colocar capítulos calmos e mais leves, que desenvolvem a trama, antes dos mais pesados e cheios de ação. Bom, curtam o capitulo relativamente calmo de hoje!



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FELICITY

As pessoas tem diferentes formas de enfrentar o luto, algumas se calam, se revoltam com tudo e todos, tem aqueles que procuram alguém para descontar ou culpar por seu sofrimento, outras buscam algum tipo de suporte. No meu caso, eu me fechei para tudo o que me lembrava meu pai, fiz vários cursos para ficar mais tempo fora de casa e passar o menor tempo possível com minha mãe. Cortei laços com Oliver e Thea, falei o mínimo que podia com Diggle. Aos poucos me livrei das marcas do luto, voltei a buscar suporte, e não seria quem sou hoje se as pessoas que amo não estivessem prontos a me amparar.

Sete anos atrás...

—Já fazem duas semanas John, e ela não disse nenhuma palavra.

Era noite, estava a caminho da cozinha em busca de um copo de água, quando vejo minha mãe sentada na bancada com o telefone em mãos. Sua voz era baixa, repleta de dor, não aguentava mais tudo aquilo, então me escondo no corredor para que não me veja.

—Não sei mais o que fazer. –parece estar chorando baixinho, enquanto escuta o que for que John falava em respostas. –Não! Não quero que largue tudo por nossa causa, você é o sucessor de Alfred, tem muito que fazer antes de concluir seu treinamento. –mais silencio.

Os dias seguintes se passam, e me sinto aliviada por não ter ninguém aparecendo em minha porta. Em breve minhas aulas começariam, e sei que em algum momento deveria voltar a falar alguma coisa, mas me sinto seca, vazia por dentro. Queria apenas um momento de paz, passar alguns dias sem que precisasse ver outra pessoa em minha frente, não é pedir muito.

—Estou de saída. –Minha mãe estava com o uniforme da lanchonete onde estava trabalhando. A cada dia que se passava ela parecia estar mais abatida, em parte sei que é minha culpa, mas simplesmente não consigo fazer nada. Olho em sua direção, como uma forma de me despedir e a vejo abrir a porta. –É toda sua! –a escuto dizer.

Me surpreendo quando toda a luz me é tampada, tornando impossível continuar a ler meu livro, e quando levanto meus olhos vejo John, de braços cruzados sobre o peito, me encarando como se eu fosse uma criança levada. Me sento direito no sofá e coloco o livro na mesinha de centro. Dig se senta a meu lado, mas não diz nada, apenas fica ali, em silencio, por horas. Quando me canso de esperar que ele diga algo, recomeço minha leitura, o que não parece o incomodar.

No fim da tarde, minha mãe volta do trabalho, ele a abraça antes de sair, em silencio, assim como chegou. O engraçado, é que me senti aliviada quando minha mãe chegou, tinha esperanças que os dois conversassem que eu pudesse ouvir a voz dele, mas isso não aconteceu. Diggle voltou no dia seguinte, e no outro, sempre fazendo a mesma coisa, nenhuma palavra era trocada, apenas assistíamos televisão, eu lia, ou mexia no computador, enquanto ele permanecia em silencio.

Mas no fim da semana foi diferente. John chegou com um DVD em mãos, ele o colocou e nos sentamos em frente à TV. Era “Meu Primeiro Amor”, o filme que assistia praticamente todos os dias com Thea no palácio, sinto o ar escapar de meus pulmões, antes de me levantar e desligar a televisão. Paro o encarando por um segundo, meus olhos cheios de lágrimas, que não derramaria, o rosto dele repleto de tristeza.

Diggle espera que me sente e se levanta religando a televisão, eu o olho entre a revolta e a confusão. Mas ele permanece em pé, de braços cruzados, me olhando, como se me desafiasse a desobedecê-lo. O que me faz murchar imediatamente.

—Por favor. –suplico baixinho, olhando para meus próprios pés. –Não posso.

—Está tudo bem. –escuto sua voz, então a TV é desligada e sou tomada por seus braços fraternais. –Está tudo bem, querida. –murmura acariciando meus cabelos. –Eu estou aqui, vou sempre estar aqui.

—Meu pai morreu... –digo em meio ao choro.

—Eu sei, sinto muito. –uma parte minha se sente melhor, mais leve, segura nos braços dele. –Andy também.

—Oh John. –me afasto um pouco para o olhar nos olhos. –Me desculpe. –peço olhando em seus olhos marejados.

—Você tem feito o melhor que pode, posso ver isso. –responde limpando minhas lágrimas. –Mas agora, chega de tentar sozinha, okay? –confirmo, balançando a cabeça. –Ótimo! –diz firme, antes de voltar a me abraçar.

Agora...

O luto de Oliver tem sido diferente do meu, muito diferente do meu. Ele caiu de cabeça no trabalho durante o dia, acho que se não sabia antes, agora conhece cada lei da província de cor, e seria capaz de recitá-las a perfeição. E a noite, bom à noite é isso o que acontece:

Ele passa pela porta de acesso entre nossos quartos, e mal tenho tempo de reagir, ou iniciar alguma conversa. Não me entenda mal, adoro o sexo por luto, é quente, e intenso ao mesmo tempo, sem deixar de ser algo romântico e importante entre nós. Mas em algum momento ele precisará lidar com a morte da amiga, e prefiro que isso aconteça comigo por perto. E Deus, como estou cansada, todo meu corpo dói, só queria deitar e dormir por uma noite inteira!

—Thea! –grito quando a vejo no fim do corredor que levaria a seu quarto, andando ao lado de Roy.

Era uma bela noite estrelada, dessas em que a temperatura não é quente ou fria demais, perfeita para dormir... E como eu quero dormir! Thea se vira em minha direção, e posso ver que ela sorria, mas não para mim, claro...

—Fel, por que não foi dormir ainda? –questiona me olhando intrigada. –Amanhã não é a véspera da tal conferencia com Gotham?

—É sim. –respondo apressada. –Mas preciso de um favor.

—Claro. –diz imediatamente ao sentir a urgência em minha voz.

—Quero a chave da porta de acesso entre meu quarto e o de Oliver!

—Não entendo...

—Não vai querer entender. –interrompo antes que a traumatize. –Acredite em mim!

—Oh não! –faz cara de nojo, tarde demais Felicity, ela já entendeu. –Não pensei que Ollie era desses!

—E eu adoro... Quer dizer, em circunstancias normais. –corrijo, ou tento corrigir. –Mas estou dolorida e com sono. –sussurro e Thea solta uma gargalhada divertida. –Pare de rir!

—Me desculpe Fel. –se recompõe. –Já conversou com ele?

—Se conseguisse chegar a ponto de falar, eu tento, mas assim que ele encosta em mim, eu esqueço meu nome e só quero...

—Okay. –interrompe ainda rindo. –Não preciso saber de tudo!

—Thea, só me consiga essa chave. –imploro.

—Vou tentar, mas você está no quarto da... –ela se interrompe como se estivesse prestes a dizer algo que não deveria saber.

—No quarto de quem? –semicerro meus olhos a encarando, e a vejo olhar na direção de seu guarda, se eles se conhecessem a tempo suficiente, diria que estava conversando de uma forma só deles, mas não acho que seja isso.

—É um par. –diz com cara de dor.

—E eu deveria entender isso?

—Ollie vai me matar Fel... -ela respira fundo, cedendo quando percebe que eu não recuaria. –Seu quarto e o dele, não existe uma chave para suas portas de acesso, bom, ao menos não do seu lado da porta.

—Como assim não existe uma tranca do meu lado! –me contenho para não gritar.

—Por que você está no quarto da esposa do príncipe...

—Brincou! –grito por impulso, e Thea se assusta.

—Felicity, calma. –pede alarmada, tocando meu braço.

—Estou bem Thea. –murmuro, com mil coisas em mente, e me inclino para lhe dar um beijo no rosto. –Obrigada.

Dou as costas e volto para meu quarto de “esposa real”, tento não pensar em como as antigas leis eram arcaicas, e essa porta a prova de esposas enciumadas, teria que sofrer alguns ajustes, ah se teria. Estamos no século vinte e um, não existem mais concubinas, não que eu saiba, mas não estou me achando a mais esperta do mundo nesse momento. A parte boa, é que agora, nem preciso mais da chave!

THEA

—Ela vai arrancar o couro do Ollie. –comento entrando em meu quarto, sendo seguida por Roy que já se joga no sofá, que acabou se tornando sua “cama”.

—Não vai nada. –murmura fazendo pouco caso. –Ela o ama Thea, você mesma estava preocupada com a forma que seu irmão tem lidado com a morte de Clair, bom, uma briga de casal deve ser uma boa nessas horas. –eu o olho intrigada, mas a carinha de anjo que fazia, não me ajudava em nada a minha compreensão.

—O que quer dizer com isso Roy? –empurro suas pernas para fora e me sento a seu lado.

—Homens e mulheres são diferentes. –filosofa. –Nós não enfrentamos nossos demônios de frente, ao menos não se não precisarmos fazer. Seu irmão tem resolvido o que ele pode, ele cuidou dos problemas do reino, ajudou pessoalmente na organização da conferência, tem treinado feito um louco. Mas Clair não vai voltar, e ele sabe disso, só não está pronto para assumir.

—Quando foi que o senhor ficou assim tão sábio Harper? –brinco deitando minha cabeça em seu ombro, e Roy me envolve com seu braço, como que por reflexo, me puxando para mais perto.

—Ao que parece, Clair deixou uma vaga em aberto, pensei que o Diggle que iria preencher, mas com a quantidade de trabalho que ele anda tendo, vou ser o temporário! –debocha, e sinto seus lábios sendo pressionados no alto de minha cabeça, aquilo me acalma de uma forma estranha.

—Roy? –chamo baixinho, com meu rosto escondido em seu peito.

—Sim?

—Você não tem uma família, ou alguém que precise ver, sabe? –me afasto para o olhar nos olhos, e vejo seu rosto adquirir um leve rubor. –Tenho te monopolizado desde que te contei sobre meus pais, você não me deixou nem por um segundo. –ele sorri fraco afastando uma mexa de cabelo do meu rosto, cada gesto dele, fazia com que meu coração batesse em ritmos diferentes.

—E não pretendo deixar. –sua mão acaricia minha face, e não consigo deixar de olhar para seus olhos azuis, intensos a me observar. –Precisa de alguém que cuide de você, te proteja. E minha agenda tem andado vazia ultimamente. –brinca para diminuir o poso do que acabou de me contar.

—Nenhum compromisso inadiável? –não era o que queria saber de verdade, mas precisava preparar o terreno. Roy sorri de lado.

—Não.

—Família, uma irmã, ou um gato? –tento mais uma vez.

—Estou te sufocando, princesa? –ele franze a face, estudando minha expressão.

—Oh Deus, não! –respondo um pouco apavorada demais. –Tenho medo de que eu, esteja te sufocando! –aponto para meu próprio peito, para enfatizar o argumento. –Você sabe, eu sou seu trabalho, e trabalhos são estressantes...

—Eu ganhei na loteria quando passei a ser seu guarda. –me interrompe com a voz baixinha, e só então percebo como estávamos próximos um do outro, me inclino mais em sua direção e Roy faz o mesmo, a essa distância era capaz de sentir o calor de sua respiração.

—Uma... Namorada? –sussurro, e a expressão na face de Roy muda, para algo que não conheço, e ele se afasta de repente.

—Thea, vou precisar de você, parece que o príncipe... –escutamos a voz enérgica de Ollie, que entrava em meu quarto, e quando percebo, Roy já estava em pé em frente à janela, com sua postura profissional. –Desculpe, o rei Bruce. –se corrige. –Trará a noiva e seria bom se a fizesse companhia, pediria isso a Felicity... –balanço minha cabeça, colocando meus pensamentos em ordem.

—Mas você não tem conversado com a Felicity direito ultimamente, tem? –provoco me levantando e caminho em sua direção.

—Do que está falando? –questiona intrigado, homens... –Não posso a pedir por que ela já está saturada de afazeres.

—Ollie, esse não é seu trabalho. –olho para sua face com cuidado. –É o trabalho da rainha, por que está fazendo o trabalho dela?

—Não estou, estou o revisando. –ele me encara de forma significativa, não confiava em nossa mãe, com razão, claro.

—Okay, estarei onde você quiser, aliás, estou aqui pra você, sabe disso?

—Thea, é só uma conferência... –dá de ombros desviando seus olhos dos meus, mas eu envolvo meus braços ao redor de sua cintura, o abraçando com força. –Por que isso? –posso ouvir o sorriso em sua voz, quando ele retribui o gesto.

—Por que eu te amo, você é um bom irmão, um bom príncipe, e uma das melhores pessoas que conheço. –olho para Roy que sorria observando a cena.

—Tudo bem, posso viver com isso! –Ollie beija meu rosto, antes de sair. Então, de repente, não sei mais onde colocar minhas mãos, ou para onde olhar.

—Eu vou, tomar um banho. –justifico para Roy, sem graça depois do que quase aconteceu.

—É, claro. –ele coça a nuca, tão desconfortável quanto eu. –Vou... Você sabe, ficar por aqui.

—Claro. –esboço um sorriso sem graça antes de me esconder no banheiro.

OLIVER

Restavam poucas coisas a serem acertadas nesse momento, coisas como lugares a mesa, e quartos para hospedagem, coisas que Sara pode resolver sem a minha ajuda. Não era isso que me preocupava nesse momento, o que me preocupa é uma série de atentados que vem acontecendo em Metrópoles. A cidade mais pacífica de todas, está à beira de uma guerra civil, algo que Bruce prometeu dar conta, mas Bruce não parece ser do tipo que trabalha bem em equipe, ele tem uma mania irritante de delegar apenas parte do trabalho, sobrecarregando a si mesmo, e nos contando apenas o que é necessário. Não tenho andado com saco, ou paciência para ele.

Paro na porta do quarto de Felicity, mas quando estou prestes a bater escuto o barulho de algo pesado sendo arrastado, ou tentando ser arrastado, ao que parece minha namorada estava perdendo a luta para o armário em madeira branca de quase oitenta anos, aquilo deve pesar uns cinquenta quilos. Paro na porta com meu tablete em mãos a vendo sofrer com todo o esforço, intrigado por seu interesse em mudar a decoração.

—O que está fazendo? –questiono depois de poucos minutos em que percebi que minha presença não seria notada, e o armário havia se movido apenas um metro. Felicity pula de susto com o som da minha voz, acho que desde que nos conhecemos essa é a primeira vez que ela não me nota em um lugar.

—Como entrou aqui? –devolve a pergunta, ela parecia estar brava, e eu era claramente o alvo de sua fúria, tento revirar minha mente, em busca de algo que tenha feito de errado, ou que não tenha feito.

—Pela porta. –apondo em direção a porta.

—Claro! –ela dá um tapinha na testa. –Não adianta bloquear uma, se não trancar a outra Felicity. –pensa alto secando o suor do rosto com uma toalha.

—O que está acontecendo aqui?

—O que você vê? –coloca as mãos na cintura em uma postura agressiva.

—Desculpe, eu te fiz alguma coisa? –olho confuso em volta, parando com meus olhos nos dela, que bufa impaciente.

—Posso fazer uma pergunta?

—Claro, o que quiser.

—Você pode ter concubinas? –preciso segurar o riso enquanto ela tinha um olhar furioso sobre mim. –Quero dizer, depois que se casar, você pode ter outras mulheres além de sua esposa? –ela caminha em minha direção, ainda com as mãos na cintura. –Por que vai saber, quais os privilégios ocultos de um futuro rei!

—Não sei do que está falando. –me limito a dizer receoso, sabendo que estava pisando em ovos.

—Da tranca da porta de acesso Oliver, do fato desse quarto ser o quarto da sua futura esposa, e ser a prova de invasão a SUA privacidade, mas deixar essa “futura esposa” em questão sem o mesmo benefício! –ela diz em voz baixa, mas vejo o esforço para não gritar que estava fazendo.

—Okay... –pondero a observando. –Estou começando a entender.

—Ótimo. –exclama impaciente.

—Quem te contou sobre o quarto ser um par?

—Nunca revele suas fontes, é a primeira regra. –rebate, desviando os olhos dos meus.

—Para jornalistas, você é especialista em TI. –acrescento confuso.

—Não importa Oliver!

—Tudo bem. –digo com a voz mansa, o que faz com que ela olhe para mim. –Qual o verdadeiro problema?

—Quando iria me contar?

—Sobre o quarto?

—Não! Sobre a crise econômica mundial. –responde sarcástica revirando os olhos. –Claro que é sobre o quarto! –não era esse o problema, era sim, um dos problemas, mas não o motivo dela tentar redecorar o quarto.

—Não achei que precisaria. –confesso. –Pensei que minhas intenções fossem claras desde o início. –dou de ombros, e isso parece quebrar um pouco de sua marra. –Estou com você, mesmo antes de estar realmente com você, é uma das poucas coisas que ainda tenho certeza em toda essa bagunça. –ela me olha com carinho e desvio meu olhar.

—Concubinas? –isso me faz sorrir um pouco.

—Esse quarto foi construído quando isso ainda ERA permitido. –esclareço, mas vou mandar trocarem a fechadura, e você também vai ter uma tranca. –asseguro, e a vejo sorrir com ar vencedor.

—Por que não me falou? –insiste mais uma vez. –De verdade.

—Não é uma boa hora, precisamos estar bem para a conferencia. –resisto olhando em outra direção.

—Oliver. –chama meu nome baixinho. –Meu amor. –respiro fundo, me contendo, mas sinto sua mão em meu peito, sobre meu coração. –Pare de fazer isso.

—Eu estou bem. –sai por reflexo.

—Não, não está.

—Estou. –seguro sua mão, e a levo a meus lábios, dando um beijo nela. –E preciso de você com a Barbara no dia da conferencia, ela virá como assistente de Bruce, mas na verdade, vocês irão trabalhar juntas. –me esquivo.

—Claro. –Felicity se afasta, mas não antes que possa ver a decepção em sua face, não tenho tempo para pensar nisso no momento, o futuro de nós dois depende de que tudo seja perfeito. –Como quiser.

—Obrigado. –digo formal, antes de me virar em direção a porta.

—Oliver! –chama quando já estava com a mão na maçaneta.

—Quer um escape, precisa de uma fuga no momento. –não era uma pergunta, mas balanço a cabeça respondendo. –O que faria no meu lugar? Se fosse a situação inversa?

—Seria o que você precisa. –não preciso pensar na resposta, ela é óbvia.

—Tudo bem. –diz tirando a blusa do seu pijama de flanela que usava, e vejo sua pele branca em contraste com o sutiã vermelho que usava. –Eu te amo, Oliver.

Dou dois passos cobrindo a distância entre nós, e a tomo em meus braços, beijando seus lábios, seu pescoço, seus ombros, mas algo me chama atenção quando a viro, para ter acesso a sua nuca, haviam três manchas esverdeadas em suas costas, na distância exata dos meus dedos. Aquilo me traz a memória da noite anterior, quando fizemos amor, escorados no batente da porta que separa nossos quartos, a porta que ela estava tentando fechar agora a pouco. Eu a levantei segurando-a pela cintura, mas não sei em que momento perdi o controle de minha própria força enquanto a possuía.

—Você está machucada. –murmuro me afastando, olhando horrorizado para minhas próprias mãos.

—Isso nem mesmo dói Oliver, é só uma marquinha. –sussurra tentando voltar a me beijar, mas seguro suas mãos e a afasto.

—Não posso fazer isso, não nesse estado. –penso alto dando um passo para trás. –O que eu estou fazendo? –olho em volta, levando minhas mãos à cabeça.

—Está tudo bem, eu estou bem. –ela repete, mas tento lembrar das outras noites.

O sexo era cada vez melhor, nenhum de nós parecia pensar, era apenas nossos instintos, nossos corpos reagindo um ao outro. Mas por não pensar, eu acabei me excedendo, por mais que Felicity pareça apreciar, não precisava dessas marcas, elas não existiriam se não estivesse usando o sexo para liberar minha... Olho para a penteadeira, e lembro de a ter colocado sobre ela, caminho em direção a Felicity e desço suas calças com cuidado, ela me permite fazer isso, mais duas marcas em suas nádegas, e uma pequena no início de sua coxa onde sua pele, muito branca ficou pressionada contra o móvel.

—Como eu pude? –sussurro sentindo meu coração se apertar.

—Oliver, o sexo desses últimos dias, foram os melhores de toda a minha vida. –solta, mas não parece envergonhada quando a encaro. –Não é esse o problema, sexo selvagem é legal, o que não é legal é ver você se tornando o Zordon... –olho sem entender. –A questão é que, vou sempre ser o que você precisa, e agora você precisa de uma amiga, e um ombro para chorar, chorar por Clair. –prendo o ar ao escutar o nome. –Chorar por sua amiga que morreu, eu sinto muito.

Permito que ela me abrace, e sinto as lágrimas escorrerem por minha face, junto ao desespero de nunca mais ouvir a voz de Clair, ser amparado por seus conselhos, ou sua perspicácia fora do comum. O vazio infernal de perder mais alguém que amo, e que nem mesmo é da minha família. Felicity acaricia meus cabelos, e quando percebo estamos sentados no chão, escorados no maldito armário, enquanto o quarto é preenchido pelo som ocasional dela me dizendo que tudo melhoraria depois de algum tempo, que eu aprenderia a conviver com a dor. Sinto meu rosto molhado, meus olhos arderem enquanto as lágrimas escorriam por minha face, simplesmente por saber que minha amiga se foi, para nunca mais voltar.

—Ela morreu. –digo depois de muito tempo, pela primeira vez em voz alta.

—É... Isso é uma droga.

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Notas finais do capítulo

Então amores, não me deixem no vácuo, conversem comigo, me contem o que acharam digam o que esperam dessa conferencia, e parece que até Metropóles está sofrendo no momento, no proximo capítulo teremos visitas!
Bjnhos