Estava acordado a dias, e mesmo assim não ganhava sono. Sua cabeça estava ocupada demais com sua empresa e sua faculdade, além de muitas outras coisas, e por isso não tinha tempo para descansar. Aquela era a primeira vez em que ele se deitava em dias.

Seu nome era Trunks. Cabelos de um tom roxo-claro que ele havia puxado de seu avô, o fundador da grandiosa empresa Corporação Cápsula, que hoje pertencia ao garoto e à sua mãe. Sobrancelhas grossas e da mesma coloração que os cabelos, estatura média e músculos bem-definidos graças ao árduo treinamento que fazia, obrigado por seu pai. Belos olhos azuis que herdo de sua mãe, Bulma, e uma expressão fechada que havia herdado de seu pai, Vegeta.

Ele já fora um garoto alegre e brincalhão, que costumava se aventurar por aí junto de seus amigos e que adorava pregar peças nos outros. Hoje, era um jovem atormentado pelo estresse de uma vida movimentada e cheio de escolhas difíceis, pois além de estar cursando a faculdade, ele ajudava sua mãe a dirigir uma das maiores empresas do mundo, a Corporação Cápsula, que era mundialmente conhecida por seus projetos inovadores e treinava quase todos os dias com seu pai. Ele estava ficando sobrecarregado, e logo poderia explodir.

Ter uma noite de descanso como aquela era um milagre: geralmente, depois de voltar das aulas, deixava suas coisas no quarto e ia direto para a sede da corporação, ou ter alguma reunião ou administrar as produções de cápsulas. Mas, assim ele esperava, sua mãe percebeu seu estresse (depois dele brigar com um dos funcionários e quase o espancar) e o deixou ir descansar.

Depois de algum tempo sem nenhum barulho ou movimentação, apenas o garoto e seus pensamentos, algo mudou. Um barulho, vindo da sala ao lado, que era onde sua mãe monitorava alguns dos satélites da fábrica, chamou sua atenção. Era um conhecido “bip”, usado como som padrão para mensagens de sistema na empresa. Como sua mãe não estava por perto, ele decidiu ir ver o que era aquilo. Levantou-se calmamente, saiu do quarto e caminhou pelo corredor escuro até chegar ao lugar de onde o tal barulho.

Ao entrar no local, acendeu a luz e viu o painel cheio de botões e os monitores de computador que estavam pendurados na parede. Uma pequena luz vermelha piscava em um dos painéis, e em um dos monitores havia algo escrito:

“MENSAGEM ESTRANHA CAPTADA. DIGITE O CÓDIGO PARA ABRIR O ARQUIVO”.

Trunks digitou o código e vários números começaram a surgir na tela. Depois de alguns segundos, tudo parou e apenas apareceu:

“ARQUIVO DESCODIFICADO. INFORMAÇÕES:

ORIGEM: PLANETÓIDE NÃO IDENTIFICADO, COORDENADAS A-16.14.21.

MENSAGEM DE VOZ

DESEJA ABRIR O ARQUIVO?”

O garoto, nervoso, apertou o botão “enter” e um chiado saiu de algumas caixas de som que foram colocadas em pontos específicos da sala, para a pessoa que estivesse ali escutar o som em alta qualidade.

— Socorro... Precisamos de guerreiros poderosos... Estamos passando por uma crise que logo poderá atingir outros planetas, por isso precisamos de muita ajuda... Venham logo... – A voz parecia nervosa com medo. Alguém estava pedindo socorro e precisava de guerreiros poderosos. E Trunks conhecia muitos guerreiros assim.

“TRANSMISSÃO ENCERRADA.”

Se levantou sem desligar nada e foi direto para o seu quarto. Colocou um casaco de couro preto e saiu para falar com sua mãe.

Era hora de contatar os seus velhos amigos, pois um grande perigo se aproximava.

Muitos anos-luz de distância do Planeta Terra, uma nave pairava solta no espaço. Dentro dela, um ser corcunda, baixinho e encapuzado andava apressadamente por um corredor não muito extenso. Nele, as portas que ficavam dos dois lados eram protegidas por três guardas, que usavam armaduras brancas. Tinham um visor preto, e alguns detalhes da mesma cor espalhados por toda a peça, que lembravam veias.

O corcunda entrou em uma das portas, que logo em seguida foi fechada por um dos guardas. Agora, ele se encontrava em uma grande sala redonda com janelas para se enxergar o exterior da nave. Em uma delas, dava para ver um pequeno planeta. O teto do local era completamente branco e o chão cheio de pisos brancos com detalhes negros em volta. No meio do lugar, que era protegido por muitos guardas, havia uma espécie de mesa de vidro, que na verdade era um tela de computador grande e arredondada deitada na horizontal. Em frente à ela, sentado em uma cadeira giratória branca e bastante detalhada, com duas pontas em cima e alguns detalhes pretos, estava sentado um estranho ser, virado para as janelas e observando o pequeno planeta com olhos maliciosos.

— Senhor White, os preparativos estão quase prontos. Logo, você terá força o suficiente para destruir este planeta apenas com um dedo – disse o baixinho, com uma voz rouca e meio abafada pelo seu capuz.

— Você sabe que não é isso que quero fazer, Zipper. Eu tenho um objetivo, e você sabe muito bem qual é. Preciso juntar informações... Só assim terei minha vingança – a voz do estranho era falhada e não saia muito bem, como se ele estivesse com algum problema.

— Sim, meu mestre... Você conseguirá se vingar de Son Goku, isso eu tenho certeza! – e o encapuzado começou a gargalhar, mas logo parou e se retirou da sala. O estranho continuou a observar o tal planeta.