Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 32
Amo


Notas iniciais do capítulo

...

QUARTA RECOMENDAÇÃO

P O R R A
O capítulo ficou curtinho, mas eu prometo postar logo ^^

*Capítulo em terceira pessoa*



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Todos jantaram pouco, sem muitos alardes e nem reclamações. Tudo havia sido dito minutos antes e apesar do clima de tristeza, o coração de Nicolas e Sara estava mais leve. Tanto que quando Roxy sugeriu que ela dormisse lá Sara recusou. Queria ver como as coisas ficariam agora e apesar de tudo não conseguia conter a curiosidade sobre o que aconteceu enquanto os dois caminhavam pelos arredores.

Uma inquietação chata estava ali, no cantinho da sua mente, e ela estava tentando empurrar aquilo com todas suas forças, mas sabia que reprimir mais emoções do que já reprimia não ia acabar bem.

Dizendo a si mesma que devia se conter e não deixar mostrar seus sentimentos, ficou a sós com Nicolas na cozinha. Seus pais se acabaram em lágrimas antes, claro. Foi desconfortável e após ficar com tanta raiva, ela já estava quase sentindo pena deles. Tanto Beto como Flávia estava arrependidos e subiram para seu quarto quando viram que as coisas não iriam progredir a partir dali.

Os dois irmãos resolveram cuidar da cozinha. Algo no modo em que Nicolas estava tirando os pratos e ela lavando a deixava feliz, talvez fosse como nos filmes, um momento de riso entre cenas de ação que tiram sua respiração.

– Nicolas?

Ela o chamou depois de um tempo e suas mãos estariam suando frio se não estivessem debaixo da água morna da torneira.

– Como você... Soube?

– Eu pressionei a Roxy. – Tinha um quê de orgulho na voz dele e isso não irritou Sara, mas outro sentimento estranho floresceu. – Na verdade, ela não queria me dizer... Acho que estava planejando para que você falasse comigo. Não fique brava com ela por causa disso.

– Não vou ficar brava com ela. – Admitiu para si mesmo então que ficou um pouco chateada ao ver que Roxy que tinha falado com ele, mas era besteira. – Eu só...

– Você...?

Mordeu sua bochecha levemente e pensou direito no que estava prestes a dizer. Era idiotice e mesmo assim...

– O que você acha da Rexy?

Nicolas colocou a toalha de mesa dentro da gaveta e franziu um pouco a testa diante daquela pergunta totalmente inesperada. Sara somente continuou enxaguando os talheres e sentiu seu coração afundar com o tom dele.

– Não sei direito. Ela é alguém que eu sinto que dá para passar uma vida inteira, sabe? Ela escuta, mas também não aceita merda de ninguém. Acho que você fez um ótimo trabalho se tornando amiga dela.

Não desviou o olhar da água, mas conseguia sentir o leve sorriso na voz dele e apesar do “elogio” ela parou de escutar na primeira parte. Isso não poderia acontecer, entretanto, afinal era impossível que Nicolas por algum acaso achasse Roxy mais do que apenas uma pessoa legal.

– Sara? Você está bem?

– Sim.

Percebeu que sua resposta foi rápida demais e suspirou tentando concertar sua fala.

– Só foi um dia cheio.

Um momento se silêncio se seguiu e Nicolas começou a secar a louça que ela estava deixando no escorredor. Há quanto tempo não faziam algo assim? Talvez nem quando tudo estava bem eles faziam coisas simples assim e ao mesmo tempo em que isso era reconfortante, uma dúvida martelava na cabeça de Sara.

– Eu também acho que Rexy é alguém que dá para passar a vida inteira.

A dúvida era: admitir aquilo para alguém que amava ou simplesmente continuar escondendo? Continuar escondendo o que sentia durante tanto tempo talvez fosse a melhor opção, mas após tudo o que passaram.

Não foram apenas uns abraços ou filmes assistidos que fizeram Sara olhar para Roxy de um jeito diferente. Com certeza não. Foi algo muito maior e muito mais demorado. Por isso, tentar conversar com ele sobre isso não era fácil. Levou tempo demais para admitir para si mesma, para Nicolas então...

– Eu fico feliz que tenha a encontrado, Sara. Não sei como estaríamos agora sem ela.

O verbo na primeira pessoa do plural a fez recuar. Havia algo na voz dele que dizia claramente que outra coisa tinha ali ou talvez fosse pura paranoia dela.

– Eu a amo - seu tom saiu baixo, mas claro.

– Tem como não amar?

Suas mãos escorregaram e a faca que estava segurando a cortou levemente. Praguejando baixinho ela focou sua visão na água descendo pelo ralo tentando entender o que tinha acabado de escutar.

– Você a ama?

Silêncio. Podia sentir seu coração praticamente lutar contra suas costelas. Ele soltou um riso nervoso que morreu de repente. Não sabia o que esperava de resposta, mas a que recebeu não a acalmou.

– Ela é a melhor amiga da minha irmã, claro que gosto dela.

Isso não respondia sua pergunta. Ela havia perguntado sobre amor e tinha certeza de que ele tinha entendido, mas com medo de ir mais afundo nisso, Sara lavou o corte minúsculo no dedo até a água e terminou de lavar o último prato. Com um sorriso forçado no rosto se virou para ele.

– Rexy é praticamente tudo para mim. Tipo, ela esteve comigo o tempo inteiro e eu literalmente não sei o que seria de mim sem ela.

O que encontrou nos olhos dele não foi diversão nem estranheza e sim apreensão. Como conseguia lê-lo tão bem? Por incrível que pareça, o jeito dele de esconder as coisas era parecido com o de Roxy.

Nicolas assentiu como se entendesse e a conversa se deu por terminada. Implorou para que aquilo não tivesse consequências e o ajudou a guardar toda a louça.

Não dava para adivinhar o que estava se passando pela cabeça dele naquele momento, mas imaginava que ele tivesse entendido o que tinha dito. Sentiu-se mal então por ter falado com ele daquele jeito, mas sua impulsividade - apesar de ser pouca comparada a de Roxy – falou mais alto e um sentimento estranho tomou conta de suas ações.

Talvez “sentimento estranho” seja muita idiotice, sabia o que era aquele sentimento muito bem e não se sentia confortável com ele. Roxy sempre foi fechada e, por tanto, não dava motivos para Sara sentir-se insegura ou qualquer outra coisa, mas as coisas estavam mudando.

Nuno. Apenas um amigo, certo? Certo.

Nicolas. Apenas um amigo, certo? Certo.

Repetia isso como um mantra em sua cabeça. Roxy ainda era a mesma e ela era apenas sua melhor amiga. Sara sabia que ciúmes era algo irracional numa relação com aquela.

Ai que está o problema, ela não queria uma relação assim há muito tempo.

Depois que guardaram tudo, foram para a sala e disfarçando qualquer pensamento estranho eles assistiram um filme nem bom nem ruim, mas que arrancou algumas risadas. Devia ser dez horas quando terminaram e trocaram um abraço.

– Desculpe.

Os dois falaram quase ao mesmo tempo e sorriram assentindo um para o outro. Nicolas disse que ficaria mais um pouco ali e depois iria dormir. Sara subiu para seu quarto acenando levemente para ele.

Quanto mais Sara sentia-se feliz pelas coisas estarem se encaixando nos trilhos, menos ela aguentava ficar quieta sobre seus próprios sentimentos.

– Eu vou acabar ferrando com tudo desse jeito.

Suspirou e entrou em seu quarto gritando um boa noite para os pais por puro hábito. Trocou-se e quando deu por si, já estava mandando mensagem para Roxy puxando assunto sobre qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

The treta has been planted pessoal.

Sério, as coisas vão começar a andar finalmente. Já deu para perceber que Sara está com ciuminhos e bem... Próximo capítulo Roxy vai conhecer Ravena e bem....
No spoilers ;D

Muuuito obrigada pelos comentários, pelo incentivo e pelas recomendações gente! Eu morro cada vez mais de felicidade! Fico relendo os comentários e as recomendações quando tenho tempo livre