Pin Up escrita por Cannibal


Capítulo 7
Ellen


Notas iniciais do capítulo

ERWIN VOLTOU (O(



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Já era a terceira vez que Ellen batia a cabeça contra o guarda-roupa, desejando a todos os deuses que aquele barulho parasse, gritando internamente entre as lágrimas que deveria sair dali. Esse não é meu lugar, pensava encolhendo as pernas para junto do peito, eles se amam então o que estou fazendo aqui? Ouviu o farfalhar de roupas serem jogadas no chão, risadas baixas e o som dos lábios, e mais uma vez na tentativa de afastar as imagens Ellen fechou os olhos, na esperança de que fosse um sonho, queria poder respirar mais tranquilamente, poder sair de seu quarto sem fazer barulho, e acima de tudo sem ser vista por ninguém.

Desejou nunca ter aberto a porta. Afinal, uma das regras era jamais deixar um homem entrar sem a permissão adiantada de Rivaille, mas ele lhe parecia familiar. Teve a impressão de que aqueles olhos eram confiáveis, ainda mais sendo um oficial do exercito com um buque desnecessariamente grande nas mãos. Ele havia lhe cumprimentado gentilmente e de repente Ellen entendeu o porquê de Rivaille amá-lo tanto. Ele era diferente, especial de certa forma. Você se sentia amada apenas se ele te olhasse na rua. Esse era o marujo dos sonhos de Rivaille. Erwin Smith havia voltado. Ela se lembrava do som apressado dos passos de Rivaille correndo pelo hall de entrada, de quando ele pulou no colo de Erwin, se agarrando a ele com desespero, prendendo as pernas em sua cintura e passando os braços por seu pescoço beijando-o entre as lágrimas de felicidade; ficaram ali por quase cinco minutos, sussurrando juras de amor, carinho, saudade. Não se viam há quase um ano e ouvir Rivaille chorar nos braços de outro, mesmo que fosse Erwin fez o peito de Ellen murchar cada vez mais. Mas o que fez seus olhos marejarem foi ver Erwin carregando Rivaille até o quarto, a pequena mala de mão e o buque ficaram esquecidos.

Ela sabia o que ia acontecer.

E agora ali estava, ouvindo os dois fazendo sexo no quarto ao lado enquanto cobria com força as orelhas, mordendo os lábios enquanto tentava não chorar. Queria ir embora, mas não consegui se mover. Não sabia quando aqueles sentimentos confusos por Rivaille começaram a florescer, talvez no dia em que o viu entrando naquele bar com um glamoroso vestido vermelho cereja, ou quando esbarrou nele em frente a uma floricultura. Sempre o viu de longe, até cinco meses atrás achava que Rivaille era uma cantora noturna, mas nesse mesmo período ela criou coragem e entrou naquele bar. Nenhuma das mulheres lá dentro pertencia ao padrão de beleza que era obrigada a ver todos os dias na pequena loja de vestidos que sua mãe tinha; elas eram elas mesmas lá. Dançando com estranhos, bebendo seus martinis e rindo alto, as mais “altas” erguiam suas saias e algumas simplesmente sumiam em um corredor na lateral do palco. Ellen havia ficado no bar, apenas olhando. Jogando conversa fora com as pessoas que se sentavam ao seu lado, e fazendo perguntas sobre como as coisas funcionavam no lugar. Descobriu que o pianista havia ido embora, por isso a atração da noite estava do outro lado, na mesa de sempre tomando o de sempre. Ellen seguiu a indicação do rapaz e deixou o queixo cair levemente quando viu a figura a sua frente. Rindo alto com um grupo de homens da alta sociedade, deixando as mangas do vestido cair sobre os ombros, exibindo a pele pálida sob a luz amarelada do lugar. O coração parou quando aqueles olhos acinzentados a olharam de cima a baixo, ignorando-a a princípio e voltando a atenção para o filho de um político que reclamava da esposa que não “fazia do jeito que ele gostava”. Enquanto se afastava Ellen olhou umas duas ou três vezes para trás e em uma delas viu aqueles mesmos olhos a observando.

Apressou o passo quando viu a mulher se levantar graciosa e a seguir discretamente. De repente o encontro que sempre desejou se transformou em pânico. Começou a pensar mil coisas, ela havia se interessado? Ou apenas perguntaria por que ela não havia parado de encará-la desde que chegou? As mãos de Ellen começaram a tremer quando a mulher se aproximou, equilibrando-se no banco alto ela pediu uma bebida forte para a mesa onde estava, “não suporto mais ouvir a voz daquele homem” havia dito. Ellen corou quando a mulher cutucou de leve seus ombros, perguntando baixo em seu ouvido o que ela queria naquele lugar. Respondeu a tudo de maneira atropelada, gaguejando e corando entre as pausas apenas para olhar a mulher a sua frente. Ir escondida ao Sina se tornou uma rotina, falar com aquela pessoa era uma das mais novas alegrias de sua vida. Apesar de ter ficado em choque quando descobriu que Rivaille era homem, não se importou, parecia que aquele único fato a fez repensar em toda a sua vida.

Gostava dele porque era homem, ou porque era um homem que se vestia de mulher? O que eu realmente amo? Pensava ela em meio aos gemidos altos. Limpou as lágrimas e se levantou rápido do chão, procurando sua pequena bolsa e correndo para fora. Não se importava mais com o barulho, só queria afastar as imagens nubladas de sua cabeça e os sentimentos confusos de seu coração. Ao passar pela porta do quarto de Rivaille parou por cinco segundos. Pela fresta da porta viu Erwin sobre Rivaille, puxando as alças do sutiã e mordendo os ombros enquanto tentava não ler o movimento dos lábios de Rivaille enquanto a língua de Erwin entrava em sua orelha. Sentiu o coração bater mais rápido quando Rivaille ergueu os olhos em direção a porta, apoiando-se no pé da cama. Fracamente ergueu a mão e a levou até os lábios, encostando o indicador no batom já manchado e fazendo um “shii” enquanto tentava conter a expressão de prazer, Ellen engoliu em seco enquanto o via pender pra a frente, gemendo alto e vendo-o ser puxado com força para junto de Erwin.

Os ecos da voz de Rivaille gemendo por Erwin se tornaram mais altos enquanto ela saia de casa.


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Notas finais do capítulo

Vou fazer um lemon deles, relaxem... Eu acho



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