Eu vivia no paraíso e não sabia. Minha compreensão somente chegou clara a minha mente quando cheguei nesse lugar frio e estranho. As pessoas me olhavam do pé a cabeça, encaravam-me, mesmo que discretamente. Odeio esse tipo de coisas. Mas estou num lugar completamente diferente e sou a diferença dentro desse novo lugar, portanto tenho que suportar todo esse comportamento.

Eu sou a estranha no ninho. E não importe o quanto eu queira voltar e que deseje desesperadamente minha antiga vida, eu não terei. Simples e verdadeiro assim.

E nada ajuda com essa pessoa medonha ao meu lado, conhecido também como meu padrinho, melhor amigo dos meus pais, quem só vi duas vezes na minha vida. Uma delas, definitivamente nunca lembrarei, mas tem uma foto para comprovar, qual foi tirada no meu primeiro dia em casa, dois dias depois que nasci. E a outra vez foi quando completei doze anos, e embora não tenha a lembrança total daquele dia, tenho certeza que me sentia exatamente como agora. Estou ao lado de um completo estranho.

E tudo isso porque meus pais resolveram me deixar as vésperas do meu aniversário de dezesseis anos, e estando mortos meus avós paternos e maternos, a única pessoa que poderia ficar comigo com ligação sanguínea seria a minha tia, irmã da minha mãe, quem em hipótese alguma conseguira cuidar de mim, na verdade o mais fácil seria o contrário. Por isso meu tutor tornou-se esse estranho, quem conseguiu que eu deixasse meu lindo país para vim morar nesse lugar frio de habitantes curiosos.

Para de me olhar, homem estranho. Penso enquanto desfio o olhar do homem parado mais a frente, bem na estrada do aeroporto. Gostaria de saber o que há de tão estranho numa garota, alta, magra, olhos claros e ruiva.