A reconstituição estava feita, mas não completa, os depoimentos sempre contavam a mesma história e todos apontavam para Damon como o principal suspeito, já que ele havia ficado por último no andar de cima no exato momento em que tudo aconteceu. Além disso, a discussão era outro ponto desfavorável para ele, já que este era o único motivo que alguém tinha apresentado contra Robert.

Elena encarou Damon que depois daquelas quatro horas ainda estava sentado no mesmo lugar. Ele passou as mãos pelo rosto e cabelos em sinal de frustração e depois levantou indo ao encontro de Elena.

_ Eu já posso ir embora? – ele questionou. – Eu tenho mais o que fazer do que ficar ouvindo estas asneiras a respeito da minha família.

_ Você pode continuar onde está. A reconstituição já acabou, mas agora nós temos que finalizar as análises para fazer um relatório. – ela respondeu.

_ Eu terei que ficar aqui até a conclusão disso tudo? Este é o seu trabalho, não o meu. – ele disse em tom áspero.

_ Eu estou fazendo o meu trabalho que é analisar crime e descobrir os culpados e até que se prove o contrário, você é um dos principais suspeitos. – ela disse encarando-o firmemente.

Damon sentou-se novamente na poltrona onde estava e permaneceu em silêncio até fosse autorizado a ir embora.

_ O relatório da reconstituição está encerrado. Vocês estão dispensados. – Richard afirmou ao passo que Damon já estava descendo as escadas e Carmen seguia logo atrás dele.

Quando Elena desceu as escadas encontrou Margareth sentada ainda no sofá com os olhos vermelhos pelas lágrimas. Elena se aproximou e tocou o ombro daquela mulher a fim de confortá-la, ela segurou sobre a mão da garota e a puxou para frente.

_ Eu sei que ele não se suicidou, ele não tinha motivos, ele estava tão feliz. – ela disse a Elena.

_ Nós estamos investigando, sra. Salvatore, vamos descobrir quem é o culpado. – Elena engoliu em seco ao pensar que o possível culpado poderia ser o próprio filho e um calafrio passou por sua espinha quando notou que Damon a encarava firmemente.

_ Eu sei que você vai descobrir a verdade, por isso chamei você. – ela cochichou a última frase. – Eu confio em você, Elena.

_ Você vai ficar, mãe? – Damon perguntou colocando as duas mãos nos bolsos da calça.

_ Não, já estou indo. – ela disse se levantando. – Elena, não quer almoçar conosco? – ela perguntou e deixou Damon surpreso e Elena constrangida em ter que recusar.

_ Obrigada sra. Margareth, mas eu não posso, é contra os princípios do meu trabalho. – ela desculpou-se.

_ Tudo bem querida, eu entendo.

Margareth despediu-se de Elena e Damon acenou com a cabeça para a garota. Elena aceitou a carona de Diana e Richard para o almoço, estava faminta demais para esperar o táxi.

_ O que acha disso tudo? – Richard perguntou.

_ Tudo o que? – Elena perguntou confusa.

_ Essa ceninha que Damon faz, esse jeito prepotente, querer mandar em tudo.

_ Richard, não leve problemas pessoais para a investigação. – Diana avisou apertando a mão de Richard.

_ O que aconteceu entre vocês? – Elena quis saber.

_ Richard e Damon tiveram uns contratempos na adolescência. – Diana contou.

_ Espere, por causa de garotas? – Elena riu.

_ Por causa de um jogo de futebol. Eles brigaram na escola e depois começaram a se provocar em outras ocasiões. Foi virando uma bola de neve e depois um amigo de Damon estava interessado em mim na mesma época que eu e Richard nos conhecemos, Damon incentivava o amigo dele e Richard não ficou muito contente. Sabe, coisas de adolescentes. – Diana riu e Richard a puxou para perto.

_ Homens são patéticos. – a morena debochou.

Dia de interrogatório. Elena despertou tarde naquele dia, tomou apenas café da manhã e foi para a delegacia da cidade. Encontrou com Richard e Diana já a esperando na sala principal.

_ Elena, surgiu uma ocorrência ao norte da cidade e eu vou ter que verificar, deixei Damon com você enquanto Richard está com Carmen, ok? – ela avisou já com as chaves da viatura em mãos.

_ Ok. Bom trabalho! – Elena falou vendo a outra ir. – Então Richard, vamos lá.

Elena entrou na sala de interrogatório e encontrou Damon já sentado atrás de uma mesa com os braços cruzados. Ela fez menção com a cabeça para cumprimenta-lo e ele lhe respondeu da mesma maneira. Apertou o botão do gravador e deu início à conversa.

_ Sr. Damon Salvatore, considerando os fatos até aqui apontados, o senhor se constitui como um dos principais suspeitos pela morte do senhor Robert Salvatore, seu pai, na noite do dia 01 de maio de 2014, na festa da mansão da família Harbridge. O senhor esteve na mansão entre as vinte horas e à meia noite e quarenta minutos do dia seguinte, ficando afastado da festa no salão principal por boa parte deste horário. O que eu pergunto, Salvatore, é se o senhor confirma estas informações?

_ Confirmo que estive na festa e que me ausentei por algumas horas, mas não sou o culpado pela morte do meu pai. – ele se defendeu.

_ Ninguém aqui lhe apontou como culpado, estamos ainda em processo de investigação e eu preciso que colabore para que possamos descobrir o verdadeiro culpado.

_ Eu confirmo todas as informações. – ele disse.

_ Senhor Salvatore, o que esteve fazendo durante estas horas no andar superior da festa? – Elena questionou.

_ Estive fazendo coisas de meu interesse pessoal. – afirmou.

_ Seu interesse pessoal também é levado em conta para esta investigação.

_ Estive com uma mulher, conhecida, influente e... Casada. – ele disse.

_ E como é o nome desta mulher? – ela perguntou.

_ Laura Herbert Boult. – Damon disse deixando Elena surpresa.

_ Laura? A filha do sócio do seu pai? – a garota perguntou.

_ Conhece alguma outra Laura Herbert Boult? – questionou. – Mas isto não pode sair daqui, está entendendo?

_ O seu depoimento não é público. – Elena afirmou. – Por que demorou a descer?

_ Você quer mesmo saber? – Damon a encarou com um sorriso travesso nos lábios.

_ Dispenso. – avisou. – Como era a relação com seu pai?

_ Normal. Eu quase nunca estive na cidade durante os últimos quatro anos, faz seis meses que estou morando com meus pais novamente. – contou.

_ Costumavam brigar?

_ Raramente.

_ Quais eram os motivos que levavam vocês a discutir?

_ Seus negócios. Ele queria que eu me envolvesse com os assuntos da empresa para administrá-la, mas eu tenho outros interesses.

_ Por que discutiram no dia da festa? – Elena continuou questionando.

_ Pelo mesmo motivo. Eu não queria ter ido àquela festa. Só haveria gente falando sobre negócios, eu odeio isto. – afirmou.

_ E por que acabou indo?

_ Porque ele insistiu, e porque Laura insistiu também.

_ Elena? – Richard disse entrando na sala. – O laudo do IML está pronto.

_ E o que afirma? – ela perguntou.

_ Envenenamento.