Eu já estava acostumada com coisas estranhas!

Já não sei meus pais (Fergus e Elinor), que ainda vivem longe da tecnologia e de da modernidade. Minhas costas, especificamente a parte de traz do meu ombro esquerdo, doía e estava vermelha. Não foi pelo treino intensivo que eu me coloquei, mas eu também estava quebrada por causa dele. Eu estava na sala de treinamento. Chutando e socando um saco e observando Steve me observar. Por fim, parei e perguntei:

– O que foi? – ok… soou um pouco arrogante.

– Nada! Só estou pensando. Sua intenção é destruir isso?

– Não. É só distração. – dei de ombros e continuei socando o saco de pancadas.

– Olha, Meri, eu sei qual o seu objetivo com isso tudo. – ele falou se levantando. Estremeci, mas fingi ignorar. – Você quer provar para os seus pais que pode ser uma de nós.

Parei e disse: - É. Pode se dizer que sim. – pensei em completar com um “também”, mas ele poderia suspeitar.

– Você não precisa disso tudo. – ele coloca a mão no meu ombro e diz: - Eu acredito em você. No seu potencial. Na sua ousadia.

– Obrigada. É bom saber que o líder está me apoiando. – ele riu – Só fico decepcionada com meus pais superprotetores.

– Hey, não diga isso. Enquanto estiver como alvo para a H.I.D.R.A., eles tem todo o direito de serem superprotetores.

– Se você acha… - falei, um tanto decepcionada.

Sorrimos um para o outro e continuei a treinar. Há três dias que minha mãe supôs que eu estivesse apaixonada por Lion Mason e estou paranoica dês de então. Tento não pensar nele, mas acho que é a preocupação que me faz pensar nele dia, tarde, noite e até sonhar com ele, como havia acontecido na noite anterior. E como se não bastasse, minha mãe, Krystal e Jen apoiam! Eu mereço mesmo isso? Pepper entrou na sala:

– Merida, sua mãe me mandou te chamar. Ainda não sei a razão.

– Já vou, Peps. – digo, dando mais um soco. – Só vou terminar isso. – e dei outro.

– Quando você vai terminar?

– Quando eu cansar. – ok, admito, eu já estava cansada. Só não queria parar.

– Vamos. Há formas melhores de esquecer um garoto do que ficar socando um saco de pancadas até suas mãos sangrarem.

– Não é por isso! – falei.

– Conheço a cabeça das garotas, Meri. Aliás, sua mãe disse que ficou assim quando se viu completamente apaixonada por um certo arqueiro.

Parei e a encarei com uma sobrancelha erguida. Eu já estava cansada mesmo, então porque não parar? Fui procurar a minha mãe e ela disse que eu deveria tomar um banho e me vestir melhor. Não falou porque, mas eu obedeci. Tomei o banho, aproveitando e limpando os pequenos machucados nas dobras dos meus dedos. Me vesti melhor e fui encontrar minha mãe no meu quarto. Lá estava minha mãe, conversando com alguém pelo computador. Era uma videoconferência e eu conhecia aquela pessoa dês de… dês de sempre! Corri e elas disseram:

– Surpresa!

– Mãe, como…?! – tento perguntar, mas a morena na tela me impede.

– Qual de nós duas, meu amor?

– Não sei! Você mesmo! Como?! – eu estava histérica!

– Pedi a ajuda de uma pessoa conhecida. – explicou minha mãe (Nat) - Um dia você irá conhece-la.

– Ela trouxe essa máquina moderna aqui para eu poder falar com você. Ainda está aqui, se quiser conhece-la… - falou minha outra mãe (Elinor).

– É uma amiga muito próxima, Elie. Queria que se conhecessem pessoalmente primeiro. – falou Nat.

– “Elie”? – perguntei.

– Ou “Leni”, como diz Clint. – respondeu Nat.

– E você, filha? Como vai? – perguntou Elie.

– Bem! Como pode ver, estou bem diferente. Eu me descobri aqui.

– Fez amigos novos? – perguntou novamente.

– Sim! – respondi animada – Os próprios Vingadores são como a minha família, menos o Tony, que é insuportável as vezes. – Natasha riu e concordou – E tem a Pepper, que é maravilhosa! Logo que eu cheguei ela me deu presente e até hoje ela me trata como se eu fosse uma filha dela ou sei lá. É muito generosa.

– Espero um dia conhece-la.

– Também tem a Krystal, o Lion e a irmã dele, a Jenipher. Krys e Lion são meus melhores amigos, acho que posso dizer isso. E Jen está me dando aulas de ballet há dois meses. Me ofereceu e eu fui logo na primeira aula! Sabia que a Natasha era bailarina?

– Ela me contou. Seu cabelo está amarrado?! Que milagre é esse?!

– O milagre de “A Minha Blusa se Amarra Atrás e Não Dá se Meu Cabelo Estiver Souto e Enorme”.

Ela riu. – É, você está muito diferente. Tirando algumas coisas. Esse cachinho solto, por exemplo.

– É, não estou totalmente diferente. – falei, enrolando o dedo no cachinho ruivo caído no meu rosto. – Ainda sou sua arqueira valente.

– Mostra pra ela o que você fez hoje! – pediu Nat sorrindo.

– Mãe, acho que ela não vai gostar. – falei assustada.

– Não vou gostar do que? – perguntou Elinor.

Me virei e tirei o cabelo das costas, mostrando, nas costas do meu ombro esquerdo, minha tatuagem. Aquela já mencionada do meu arco e o do meu pai apontando uma flecha na direção do outro. Quando virei de volta, minha mãe (Elinor) estava com a boca do formato de um “O”.

– Tcharâ! – sorri amarelo.

– Filha, isso é… permanente?! – perguntou assustada.

– É! Gostou? – perguntei.

– É linda, mas e se você se arrepender?!

– Duvido que algum dia eu me arrependa. Não faria se eu não tivesse certeza de que não iria me arrepender.

– E você aprovou isso? – perguntou ela à minha mãe biológica.

– Eu e o pai dela. – respondeu sorrindo.

– O que falta pra você deixar de ser uma princesa? – perguntou minha mãe adotiva rindo.

– Não sei! Se tornar oficialmente uma Vingadora?

– Você não vai. – falou Nat séria.

– Por que não, Natasha? Me deixaria tão orgulhosa! – disse Elinor.

– Por enquanto não. – corrigi minha mãe (Nat). – Você me apoia em “investir” em um garoto que eu nem gosto desse jeito, mas não me apoia em ser uma heroína como você e papai?

– O que ela quis dizer com “investir”? – não sei exatamente se ela foi ignorada ou não.

– Ora, Merida, eu sei que ele gostou de você e você dele. – disse Nat.

– Não! Não gostei! Lion é meu amigo, não meu namorado!

– Espere um minuto, Natasha: você fez a minha filha Merida se apaixonar por um garoto?! – perguntou Elinor surpresa.

– Não, ela não fez. – respondi impaciente.

– Ela tem razão. Não cabia a mim fazer isso. Aconteceu! – disse minha mãe (Nat).

– Não! Não aconteceu! – reclamei.

– Então o problema era mesmo os filhos dos lordes! – falou Elinor rindo.

– Vamos mudar de assunto?! – foi basicamente uma ordem minha – E os gêmeos? Como estão?

– Se comportando bem. Isso é muito estranho.

– Até demais! Talvez sejam as recompensas que prometi a eles.

– Faz sentido.

– Filha, eu queria muito estar aí e falar com você pessoalmente, assim como queria que seu pai estivesse aqui. Infelizmente, ele teve de resolver alguns problemas fora. A viagem vai demorar algumas semanas. Mas infelizmente não posso estar aí com você.

– Não se preocupe, mamãe. Logo que eu puder, vou lhe visitar.

– Assim espero, filha. Que bom saber que ainda nos chama de família.

– Vocês sempre vão ser minha família. – acabo deixando as lágrimas saírem.

– Tenho que desligar agora. Tchau, amor.

– Até mais, mãe.

– Minha garotinha valente. – ela sorri.

Sua imagem some do computador e minha mãe (Nat) me abraça. Soltei algumas lágrimas, e ela as enxugou, também emocionada. “Minha garotinha valente”. Ela me chamou assim quando eu era pequena. Estava chovendo e eu me assustei e corri para seus braços. Ela disse que sempre estaria ali, para me proteger. Eu a amava como agora amava minha mãe. Amo as duas, na verdade e sempre vou amar. Voltei para o meu quarto e adormeci. Sonhei que Lion estava na competição entre os primogênitos dos lordes pela minha mão. Não deu tempo de vê-lo ganhar ou perder. Acordei horas depois com Thor voltando de Asgard e querendo me ver, já que eu havia lhe pedido informações sobre seu irmão.

Agora era oficial: eu queria voltar logo para aquele lugar mágico.