O Coveiro de Santa Edwirges e outros contos. escrita por Luccius
Posso sentir, na menor nuance entre as sombras de meu quarto, sua presença. As ruas de Londres estão empesteadas do odor pútrido, de teu hálito de morte, e as casas, tomadas de mofo, possuídas pela sua impureza, inteiramente perdidas em loucura e sangue.
Putas, jogadas à luxúria de seus clientes, tuas gargantas cortadas em sacrifício aos prazeres mundanos, a cada charrete, a cada sombra de poste, ouço teus sussurros, ó escuridão. Pois teu nome é perdição, e tua coroa é insanidade, a perversidade dos justos é a putrefação dos ímpios. A verdade do mentiroso é a perdição do puro. Em sussurro me gritas, ó horror, em escárnio e escândalo me diz, ó beleza banhada no sangue, me desmembra e toma meu suor, espalhado no chão, potente de prazer e adrenalina, enquanto penetras o mundo e me impregna com tua semente.
Liberto-me das amarras a partir de hoje, pois homem já não sou. Seus olhos me observam de longe, ó lobo que profana a noite. Teus olhos vermelhos do sangue de Deus, defunto, morto e violado por teu poder! Minhas correntes não o prenderão, mas minhas palavras anunciarão ao mundo tua terrível presença.
Todo aquele são, se curve e arranque a própria cabeça, como o faço hoje. Todo aquele cujos olhos vislumbraram o vazio, e do vazio se preencheram, adorem-no! Sejam devorados como carne, violem-se como putas e sangrem como porcos ao abate! Matem-nos uns aos outros e vilipendiem os cadáveres de vossos ancestrais! Pois não há nem houve, nem nunca haverá. A única existência é o vazio, e o vazio não há.
MORRAM
==O texto foi achado junto ao corpo degolado do arqueólogo John V. Munster, o último sobrevivente do acidente na pirâmide de Gizé.==
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