O Senhor dos Anéis - O Abismo dos Magos escrita por Nina


Capítulo 3
A Discípula do Mago Branco


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores(as)!
Não tenho muito para dizer. Apenas me desculpar pela demora nas postagens e desejar que divirtam-se com a leitura. Comentário são bem vindos sempre.
NINA



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Um silêncio perturbador se seguiu depois que o mago fez sua revelação. A jovem simplesmente não compreendia o que o homem dizia. Porque uma simples camponesa órfã seria agraciada com tal honra? Callya não sabia como os magos eram escolhidos, mas com certeza eram pessoas importantes, dignas e não uma jovenzinha que não tinha nada além de um cavalo de modos questionáveis. Ela tentou explicar isso da melhor forma possível para Gandalf.

—Senhor, deve haver algum engano. Certamente eu não tenho as qualidades necessárias para merecer tal coisa.

Gandalf agitou as mãos dispensando as palavras da moça.

—Bobagens. Não são títulos e riquezas que definem um mago. E se eu lhe digo que és minha sucessora, essa é a verdade.

—Mas eu não sei nada sobre magos ou o que eles fazem. Tudo que eu sei são histórias de criança contadas ao pé da fogueira. Como eu faria tal coisa?

Ele sorriu, exibindo seus dentes perolados.

—Eu lhe ensinarei Callya. Tudo que precisar saber, se você concordar em ser minha discípula.

Callya avaliou suas opções com cautela. Ela não tinha dinheiro, abrigo, amigos ou alguém a quem pudesse recorrer. Estava completamente só no mundo. Ela não tinha opções, apenas uma opção.

—Se eu aceitar, irei viver aqui? — ela percorreu o ambiente com os olhos.

O mago acenou concordando.

—O abismo será sua casa. No entanto, quando eu for requisitado, você virá comigo aonde o dever nos chamar e acredite: ele o faz muitas vezes.

A jovem ficou em silêncio ainda hesitante.

—Se quiser um tempo para pensar no assunto...

—Eu aceito a oferta — Callya cortou rapidamente temendo que sua coragem lhe abandonasse — eu serei sua discípula.

O mago juntou as mãos completamente satisfeito. De qualquer modo ele parecia esperar que aquela fosse a resposta.

—Ótimo. Hoje mesmo começaremos com seus ensinamentos.

Callya não pode evitar um olhar perplexo na direção do velho.

—Hoje?

Ele se ergueu num movimento demasiado ágil para um homem que sua idade aparentava e caminhou em direção a porta.

—Claro, claro. Temos muito a fazer e o tempo é curto. Venha.

Quase tropeçando para acompanhar os passos largos do homem, Callya seguiu silenciosamente pelas passagens desabitadas e bem iluminadas apesar de serem atingidas apenas por raios fugazes de sol. O ambiente parecia ter uma luz própria.

—Callya — disse o mago desviando os pensamentos da moça — esse lugar é muito grande e até que esteja acostumada com ele, ande sempre comigo ou Saladim. Não vague por aí sozinha ou vai se perder.

Ela assentiu com a cabeça embora duvidasse da boa vontade de Saladim para com ela.

Gandalf parou em frente a uma portinha de um marrom escuro, empurrando-a com suavidade. Era uma salinha pequena, minúscula se comparada com as outras nas quais estive onde era necessário abaixar a cabeça para não bater no teto. O Mago então, vários centímetros mais alto que a moça, ficava numa posição muito ridícula.

Não havia nenhum móvel na sala, mas a parede do local era ornamentada com diversas armas; espadas, arcos, lanças... todos de diversos tamanhos e materiais.

—O que é tudo isso? — Callya indagou curiosa.

—Os magos desenvolvem inúmeras habilidades, mas inicialmente você deverá aprender a lutar.

—Lutar — a jovem repetiu a última palavra enquanto dava uma boa olhada em si mesma. Braços magros, uma constituição fina, mãos pequenas... como alguém assim poderia lutar? Ficou tensa só de pensar. Na vila em que vivia ocorriam competições no verão onde os mais bravos guerreiros lutavam por um prêmio de dez moedas de prata, um tesouro formidável para uma vila como Baldrain. Ela sempre ficara admirada e ao mesmo tempo assombrada com o destemor e a violência que os guerreiros demonstravam, lançando-se uns aos outros como feras raivosas.

—Sim, aprender a defender-se de armas físicas é importantíssimo — e depois emendou, percebendo a expressão preocupada da jovem — não se assuste. É apenas uma precaução, não significa que você será enviada para a guerra.

Ele sorriu tentando passar confiança e aos poucos Callya se acalmou. Não se preocupe, dizia para si mesma. Magos são criaturas pacíficas e, além disso saber como se defender numa luta poderia livrá-la de muitos problemas. Oh, que magnífico se ela tivesse aprendido isso antes...

—Eu entendo — afirmou por fim, embora no seu íntimo soubesse que esta seria uma tarefa complicada.

—Para isso — continuou a explicar o homem — deve escolher uma arma própria.

A moça olhou receosa para a parede vendo as enormes espadas e lanças, todas grandes demais para o seu manuseio. Gandalf acompanhou o olhar dela e sorriu.

—Sim, eu também acredito que estas sejam inapropriadas para alguém como você. No entanto...— parou pensativo — talvez uma arma que exija menos força e mais agilidade poderia ser muito útil. Talvez uma adaga? Ou adagas gêmeas?

Dizendo isso ele se aproximou da parede onde estavam as armas, empurrando-a com suavidade. Callya não pode deixar de fazer um ruído surpreso ao notar que a parede girou no seu próprio eixo revelando outras armas menores e arcos.

—Escolha uma —ordenou Gandalf.

Callya deu um passo a frente percorrendo com cautela cada uma das peças exibidas quando uma delas chamou sua atenção: um par de adagas de lâmina cintilante com um punho de carvalho branco ornamentado com entalhes numa língua desconhecida. A única coisa que a jovem reconheceu foi o símbolo na parte superior. Ela lançou um olhar interrogativo na direção do mago que não demonstrou surpresa com o fato.

—Sim, este é o mesmo símbolo do seu colar e ele está aí por diversas razões; nenhuma delas para ser discutida aqui e agora.

—Por quê? — indagou a jovem sem disfarçar o seu aborrecimento enquanto constatava o que todos diziam a respeito dos magos: eles adoram ser misteriosos e não perdem uma oportunidade de envolver os outros em seus enigmas.

—Isso é algo que deverá descobrir. Se que ser uma maga, tem que começar a pensar como tal. Então, essa é a sua escolha?

Ela olhou mais uma vez para as armas e assentiu levemente.

—Então venha. Saladim é ótimo com armas como essa. Ele ficará muito feliz em ajudá-la.

Callya soltou um bufo enquanto dizia sarcasticamente.

—Oh, eu tenho certeza que sim.

Encontraram o jovem de cabelos escuros ainda debruçado sobre as plantas, exercendo um trabalho extremamente meticuloso de reparo nas ervas que Haldir tinha comido alguma parte. Callya admirava o esforço do rapaz; também gostava muito de plantas e ficava feliz em saber que não era a única a se importar. Por outro lado, não achava normal um comportamento tão obcecado em sua tarefa. Conhecia algumas pessoas assim em sua curta e ignorante vida, porém o suficiente para saber que isso era prejudicial para o espírito e, algumas vezes para a sanidade.

—Saladim! — chamou o mago — a jovem Callya escolheu uma arma para o seu treinamento e necessita de um tutor. Pode fazer isso para mim?

O moreno ergueu-se desajeitado enquanto tentava tirar os fios de cabelo do rosto.

—Mas, mas... eu pensei que o senhor a ensinaria — o tom de voz de Saladim era calmo embora a irritação brilhasse em seus olhos — não é assim?

Gandalf apenas deu de ombros.

—No entanto essas armas não são as que uso geralmente. Você é muito mais habilidoso do que eu com elas. Sei que isso não será um problema, não é?

—Claro — concordou o jovem embora seu rosto emanasse desaprovação. Depois virou-se para a moça — venha Callya de Baldrain, o dia há muito começou e você não aproveitou nada ainda.

Callya estava começando a pensar que teria muitos problemas com seu “treinamento”.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês nos próximos capítulos...



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