O Senhor dos Anéis - O Abismo dos Magos escrita por Nina


Capítulo 2
A Graça do Valar


Notas iniciais do capítulo

Faz um bom tempo desdes a minha última postagem. Peço desculpas pelo atraso.
Digitei meio rápido então podem haver alguns erros e se por ventura encontrarem algum por favor me avisem.
É só.
Obrigada pela presença.



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“Home is behind, the world ahead

And there are many paths to tread(…)”

Pippin's Song

Callya devia estar acordada, mas não tinha muita certeza. Sentia-se leve, como se seu corpo estivesse boiando num lago onde a água passava por ela sem molhá-la, apenas trazendo uma leve sensação de frio. Parecia ser um daqueles estranhos momentos em que há uma falta de sintonia do corpo e da mente, onde pairamos entre o sonho e realidade sem estarmos em nenhum dos dois realmente.

A jovem fez um esforço para abrir os olhos, mas estes pareciam tão pesados que não conseguiu. Tudo que podia fazer era escutar. O som de água caindo suave, o canto melodioso de algum pássaro, as duas vozes conversando...

—Tem certeza que é ela? — alguém com voz engraçada perguntou — ela parece muito pálida e doente, frágil demais.

Ela reconheceu imediatamente a voz de Gandalf quando este respondeu.

—Sim, é ela. E não me venha com essa, ora. Nós dois sabemos bem que as aparências podem enganar.

Do que eles estavam falando? Se perguntava Callya, lutando contra a sensação de torpor que as poucos começava a crescer.

—Eu sei mas... —insistiu a voz — ela não parece muito sábia. Olhe bem para ela! Tem o queixo dos teimosos e o nariz dos arrogantes.

O riso de Gandalf ecoou por todo o lugar.

—Ela tem mesmo, não é?

E Callya novamente perdeu a consciência.

—Callya! Callya!

A mulher de longos cabelos negros corria graciosamente por entre as inúmeras flores que pareciam desabrochar apenas pela presença dela. Sorria, mãos segurando seu vestido do mais puro branco.

Callya apenas observava encantada com tudo que via. Sua vontade era de sair correndo também e acompanhar aquela mulher em sua correria alegre, aproveitando assim o calor do sol e o cheiro das flores. Mas por alguma razão, ela não conseguia.

—Você não vem pequena Vána? —insistiu a mulher estendendo uma mão para Callya.

Mas antes que pudesse responder, o vento ficou mais forte. O sol, saudoso e brilhante foi ocultado por nuvens espessas e cinzentas, trazendo uma escuridão assustadora que murchou todas as flores, transformando-as em cinzas.

—Callya! — dessa vez, não era um convite prazenteiro, mas um pedido de socorro desesperado de alguém que lutava para viver.

Callya tentou se aproximar da mulher, porém seus pés estavam fixos no chão. Ela estava imóvel, impotente diante de alguém que era consumido pelas trevas incessantes que destruíam tudo a que tocavam.

No fim, as sombras levaram a mulher de sorriso cativante. E o jardim repleto de flores virou um deserto áspero e amargo. Tudo que restava era aquela sombra. Uma sombra que, aos poucos tomava forma. Uma forma humana.

—Você não pode impedir o que está por vir, Callya.

Callya despertou sobressaltada. Mesmo sabendo que aquilo era apenas um sonho ruim, ela não conseguia afastar o medo que aos poucos tomava o seu coração tanto quanto as trevas tomaram a vida do jardim. Só depois de alguns bons momentos se deu conta de que não sabia onde estava. Recordava-se apenas de ter caído no abismo.

Com um esforço quase hercúleo sentou-se e esfregou os olhos para que estes se acostumassem à claridade do local.

Era um amplo salão feito de rocha e árvores imensas. Não parecia ser uma obra humana, mas sim algo espontâneo, um santuário que a natureza simplesmente construiu para si. Seria aquele o lugar para onde iriam as pobres almas dos mortos? Se fosse, talvez ela pudesse reencontrar seu querido pai.

Haviam diversas saídas em todas as direções e a jovem se perguntou aonde elas levariam. No entanto, sua curiosidade sobre o assunto durou apenas alguns segundos. Logo sua atenção voltou-se para o jovem de pele pálida e cabelos escuros que andava apressado de um lado para o outro, como alguém que está muito atarefado.

—Com licença — chamou ela um pouco desconcertada — quem é você?

O jovem, que até então parecia não ter reparado sua presença, lhe lançou um olhar pouco amistoso antes de responder:

—Até que enfim! — segurou firmemente em seu braço e praticamente a arrastou pelos corredores iluminados enquanto resmungava — você tem que tirar aquele animal estúpido de pero do meu canteiro!

Callya ficou tão surpresa que simplesmente seguiu o rapaz sem contestar. Ela não fazia ideia do que ele estava falando. Sinceramente, ela sequer tinha prestado muita atenção as palavras dele, mas no som que elas produziam. Ele tinha uma voz engraçada, um pouco fina demais.

Depois de cruzarem um salão ainda maior do que aquele onde estavam os dois chegaram a um enorme canteiro repleto de diversas espécies distintas de plantas. A maioria delas Callya sequer já vira alguma vez. E era nesse canteiro que Haldir tranquilamente pastava, alheio a presença de qualquer um.

O rapaz apontou um dedo acusador para o cavalo.

—Lá! Está vendo! Faça alguma coisa!

Callya correu até o local onde estava o animal e, com dificuldade puxou-o para longe das plantas enquanto o jovem se aproximava averiguando o estrago.

—É por isso que eu detesto cavalos — resmungava o rapaz — sempre fazendo sujeira e destruindo tudo. Criaturas sem educação.

Haldir relinchou desgostoso e Callya o afagou acalmando-o.

—Então senhor...pode me dizer onde eu estou? — indagou a moça ainda acarinhando o animal.

Ele não olhou para ela, apenas continuou mexendo nas plantas.

—No abismo, ora essa! — e acrescentou para ele mesmo — eu disse que ela não era inteligente.

—Como? — Callya exigiu.

Ele se levantou limpando a terra de suas vestes.

—Nada, nada. Eu sou Saladim e eu cuido deste lugar — ele abriu os braços abrangendo todo o espaço.

—Eu sou... — antes que pudesse completar Saladim a interrompeu.

—Sei quem você é Callya. Agora venha Gandalf pediu para avisá-lo assim que despertasse.

Em passos ágeis ele foi até uma outra passagem sem sequer esperar por uma resposta.

—Que homem apressado! — reclamou Callya antes de segui-lo arrastando Haldir consigo.

Essa nova passagem levava até uma escadaria de carvalho retorcido onde um portal em formar de arco levava a uma sala repleta de pergaminhos onde, repousava um velho homem. Antes de subir as escadas ela amarrou Haldir num galho.

—Mithrandir, a moça acordou –Saladim avisou antes de se afastar, dando passagem a Callya que esperava do lado de fora.

Gandalf estava pensativo, mas ao ver a moça sorriu;

—Seja bem-vinda ao lar dos magos Vá...digo Callya — e virou-se para Saladim — obrigado, meu amigo. Pode ir agora.

Saladim fez uma mesura e retirou-se, resmungando algo ao passar por Haldir. Gandalf apontou uma cadeira para Callya e pegou uma para si.

—Porque eu não estou morta?— foi a primeira coisa que a jovem conseguiu pensar aqueles circunstancias — eu caí e...

—Eu lhe disse — respondeu Gandalf calmamente enquanto acendia um cachimbo — é desse modo que chegamos aqui.

Ela não disse mais nada, preocupada em assimilar tudo que acontecera. Então ela se recordou de algo.

—Você disse que estava me esperando.

Ele soltou uma longa baforada antes de falar.

—Sim. Isso foi acertado há muito tempo. Quando você nasceu soubemos que havia algo de especial. O Valar tinham um toque sobre você. Você foi escolhida.

—Escolhida para que? — perguntou a moça surpresa.

—Para me suceder — revelou o mago.


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Notas finais do capítulo

Aguardo suas impressões nos comentários.



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