Saí da festa e deixei que Tony e o amigo que se resolvessem. Minha paciência fora esgotada e só depois de um tempo na estrada que fui reparar que, no fim das contas, eu não fiz meu trabalho para Hammer e muito menos para Fury.

Pensei em ligar para Sophie e avisar que eu iria demorar na viagem para Miami. Ela não escondeu seu desapontamento quando avisei que iria viajar sozinha para Miami para rever alguns parentes e amigos antigos em uma reunião de família. Foi então que me toquei. Já havia passado de meia-noite. Ela deveria estar dormindo.

Mandei uma mensagem pelo meu novo celular e me encaminhei até meu hotel, onde teria uma boa noite de descanso, preparando-me para uma visita surpresa a Stark pela manhã.

✥✥✥

Acordei cedo, decidi tomar um bom banho antes de sair em direção a casa de Stark. Eu precisava estar bem disposta para averiguar os estragos da noite anterior.

Enquanto vestia um roupão após o banho, Hammer resolve me ligar.

─ Alicia. Meu anjo salvador! ─ sua voz soava através do fone de ouvido que eu pusera para atender a chamada ─ Gostaria de convidá-la para tomar café-da-manhã comigo nas Indústrias Hammer. Tenho uma surpresa para te mostrar.

Revirei os olhos.

─ Desculpe, Hammer, mas tenho compromisso para hoje cedo... então...

─ Eu posso afirmar que você irá se encantar com o que eu tenho para lhe mostrar. Irá além de toda a perspectiva de vida que você possui. ─ seu tom de voz era animado e ele parecia querer se gabar de alguma vitória.

─ Certo, certo. Dou uma passada aí rapidamente. Até porque quero rebeber meu meio milhão. ─ sorri frio.

Ouvi ele suspirar.

─ Ah, meu doce anjo... Quando você ver o que eu consegui, irá perceber que meio milhão de dólares será pouco para o que eu irei receber.

E a ligação caiu.

Estranho... O que será que ele conseguiu de tão valioso?

Sequei-me rápido, vesti uma regata branca e uma saia com estampa prateada, junto de uma sandália rosa chá. Pegue minha bolsa, adicionando entre meus acessórios o comunicador da S.H.I.E.L.D e uma pulseira de ouro. Saí apressada em direção a garagem do hotel onde meu Boxer Spyder estava estacionado. Era um conversível branco com estofamento de couro encantador. Meu Porsche favorito.

Chegando a indústrias Hammer, deparo-me com dois carros do exército estacionados ao lado de fora. Parei meu Spyder ao lado deles e segui em direção a entrada que Justin me informara para acessar.

Até que a empresa dele é bonitinha. Pensei. Mas é nada comparado a torre Stark em Nova York. Nada.

Entrando no prédio, passei pela recepção onde eu peguei um crachá escrito: A. Mars, e segui uma funcionária animada que disse que Justin Hammer já me esperava no galpão da fábrica.

─ Ah, minha nossa... ─ sussurrei quando deparei-me com uma armadura Stark exposta em uma maca de ferro no centro do galpão.

Hammer e vários homens do exército estavam em volta da armadura prateada desativada, conversando eufóricos sobre as possibilidades de um novo exército.

─ Ei, meu anjo. ─ Hammer se afastou do grupo quando me viu.

Franzi o cenho quando ele se aproximou, passou a mão em meus ombros e me puxou para perto do grupo. Um grupo onde James Rodhes ─ vulgo melhor amigo de Anthony Star (eu acho) ─ estava.

─ Pessoal quero que conheçam Alicia Mars, uma antiga amiga minha. ─ Amiga? Quem ele pensa que é? ─ Anjo, esses são os homens que te falei ontem no almoço. ─ eu não me lembrava de nada sobre o que ele tinha falado no almoço a não ser sobre suas aventuras com Tony Stark.

─ O que a armadura de Stark está fazendo aqui? ─ perguntei logo de imediato, ignorando os acenos e cumprimentos do grupo.

─ O Tenente-coronel Rodhes confiscou-a ontem a noite na mansão Stark. ─ Hammer falou, animado ─ A primeira coisa que ele fez, foi trazê-la a minha empresa, onde iremos montar um exército com armaduras ainda melhores que essa.

Eu realmente ficara curiosa sobre quem havia vencido a batalha da ultima noite. Pelo visto foi Rodhes.

─ O que Stark pensa sobre isso? ─ indaguei enquanto encarando firme Rodhes.

─ O senhor Stark não está mais em condições de dar opiniões sobre qual caminho essa armadura seguirá ─ rebateu Rodhes, parecendo irritado com minha pergunta.

Que se nade! Ele havia traído o melhor amigo!

─ Como eu estava dizendo a vocês, acho que seria promissor se construíssemos uma armadura de modelo feminino. Por isso, escolhi Alicia para servir de model- ─ Hammer começou a tagarelar, porém eu o cortei no meio da frase.

─ Merda nenhuma! ─ soltei-me de seu braço e encarei todos irritada ─ Não vou ser modelo de armadura nenhuma. ─ grunhi.

─ Alicia... ─ Hammer lançou-me um olhar repreensor, porém eu ignorei.

─ O que foi, Hammer? Sua garota é contra a construção das armaduras para nosso exército? ─ um homem, que tinha no uniforme escrito: General H. Swan perguntou, parecendo divertido com a situação.

─ Primeiro de tudo: Não sou a garota do Hammer. ─ encarei feio o homem. Dane-se se ele é um general. Eu sou uma agente da S.H.I.E.L.D. e não serei diminuída por um soldadinho de chumbo qualquer. ─ Em segundo lugar: Sim. Sou contra a construção e manipulação das armaduras. ─ revirei os olhos ─ Já pararam para pensar no que um russo poderia fazer com nosso país caso essa armadura caia em mãos erradas? O que Ivan Vanko poderia fazer com essa armadura se ainda estivesse vivo? ─ Ops.. eu havia falado demais.

─ Como sabe sobre Ivan Vanko? ─ Rodhes perguntou, surpreso com minha reação.

─ Eu... gosto de ler. E depois do que aconteceu com Stark em Monte Carlo, resolvi pesquisar sobre quem era aquele lunático. ─ Será que eles iam cair? Argh! Eu e minha boca grande.

─ Estou desapontado com sua escolha, Hammer. ─ um outro homem disse, seu nome era Hord. Coronel Hord. ─ Escolheu uma tiete de seu maior rival para ser sua modelo.

─ Ela não é tiete de Stark. ─ Hammer sorriu nervoso ─ Só está um pouco nervosa com a atenção que está recebendo. Alicia é uma mulher muito tímida.

Encarei Hammer, lançando meu olhar mais negro que consegui.

─ Não sou tiete de Stark. ─ grunhi, ainda mais ofendida ─ Espero, do fundo do meu coração que vocês consigam montar as armaduras só para que eu possa ter o prazer de vê-los falharem com essa nação. ─ dei meia volta e caminhei firme para longe daquele grupo.

Quando estava longe o suficiente da armadura e do grupo estranho, contatei Fury.

─ Agente Fury. ─ era a primeira vez que ele me chamava assim em anos, e pelo seu tom de voz, não estava nada contente.

─ Justin Hammer conseguiu a armadura de Stark. ─ falei, sem demora.

─ Já fui informado disso. ─ seu tom contragosto me colocou medo. Eu havia feito algo de errado. ─ Iremos pegá-la no hotel daqui a meia hora. Esteja preparada.

Apesar de ainda não compreender o motivo pelo qual Fury me tratava assim, concordei com a ordem de imediato e fui para o hotel esperá-lo usando meu uniforme da S.H.I.E.L.D.

Dentro do carro, nem Fury ou Natasha disseram se quer uma palavra.

Seguíamos caminho para uma área isolada de Miami, certamente estávamos indo para mais um esconderijo que a S.H.I.EL.D. providenciou. Percebi meu equívoco pensar nessa possibilidade, quando o carro parou em frente a uma lanchonete de Donuts. No terraço dessa lanchonete havia uma enorme rosquinha e, deitado no centro dela, Tony Stark e sua armadura vermelho e dourada.

Ainda dentro do carro, Fury entregou-me uma injeção e pediu que eu ficasse atenta ao momento de usá-la.

Eles iriam sedar Stark?

Fury saiu do carro rapidamente e eu o acompanhei, feito uma sombra. Natasha recebera ordens para proteger os perímetros dando ordens aos outros agentes que nos acompanharam.

─ Senhor. ─ Fury aproximou-se da rosquinha e ficou em uma posição visível para Stark e gritou: ─ Vou ter que pedir que saia da rosquinha.

Stark estava aproveitando um donut quando percebeu nossa presença ali. Abaixando seus óculos de sol, nos encarou um pouco surpreso.

Fury caminhou para dentro da lanchonete e eu tornei a segui-lo. Stark levantou-se, pulou do Donut gigante com precisão no chão e nos seguiu, mesmo que contragosto.

O que será que Fury queria com Stark agora?

Droga, eu me sentia totalmente por fora da situação.

Entramos na lanchonete e eu sentei-me em uma mesa ao fundo deixando a injeção fora de vista, a pedido de Fury enquanto os dois conversavam na mesa a frente.

Fury apresentou-se como diretor da S.H.I.E.L.D. e Stark já começou cortando-o.

─ Já disse que não quero entrar para seu grupo super-secreto (*).

Fury estava relaxado, tentando transparecer calma e tranquilidade a Stark. Ele riu e comentou:

─ Não, não, não. Olha... Eu já sei. Você faz tudo sozinho, certo? E aí, como é que está se virando? ─ Fury perguntou irônico.

─ É, tá... tá... ─ Stark encarou Fury novamente, abaixou o óculos e perguntou: ─ Vem cá, você está usando um tapa-olho, é? ─ Fury ficou em silêncio e ele comentou ─ Não sei se eu tô rilex, se você é um personagem de quadrinho ou se eu tô delirando...

Fury aproximou-se de Stark e disse:

─ Eu sou muito real.

─ Tá legal.... ─ Tony falou um pouco intimidado.

─ Eu sou a pessoa mais real que você já conheceu.

Stark desviou o rosto do olhar amedrontador de Fury e zombou.

─ Sorte a minha. Cadê o resto da equipe?

Fury aproximou a mão do pescoço de Stark e conferiu alguma coisa.

─ Isso não tá bom, não. ─ comentou sobre alguma coisa no pescoço de Stark.

─ Já estive pior. ─ Stark resmungou.

No mesmo instante, Natasha apareceu na lanchonete e seguiu caminho até Fury.

─ Protegemos o perímetro, mas acho que não devemos segurar por muito tempo. ─ Natasha disse e esperou as ordens de Fury.

Tony, logo de imediato reconheceu Romanoff e olhou para ela perplexo.

Fury sorriu, quando Stark soltou um suspiro de surpresa.

─ Você tá... demitida. ─ Tony soltou deixando transparecer uma leve pontada de descontentamento com a situação ali formada.

─ Você não é meu chefe. ─ Natasha rebateu e foi sentar-se ao lado de Fury.

Então ela pode sentar-se ao lado dele e eu não? Bufei totalmente irritada.

─ Tony ─ Fury falou enquanto passava o braço em torno de Natasha ─ Eu quero que conheça a agente Romanoff.

─ Oi. ─ Stark soltou uma saudação irônica.

─ Sou espiã da S.H.I.E.L.D.. Quando soubemos que estava doente eu fui enviada pra cuidar de você. ─ Espera! Stark estava doente?

─ Aproveita e me pede desculpa. ─ outro comentário irônico de Stark.

─ Você andou muito ocupado. ─ Fury interveio na troca de olhares entre Tony e Natasha ─ Sua namorada presidente, está doando todas as suas coisas... Você deixa seu amigo voar por aí com a sua armadura. Se eu não conhecesse você muito bem... ─ Tony o interrompeu, contrariado.

─ Você não sabe de nada. Não foi assim! Ele pegou a armadura.

Fury lançou-me um breve olhar zangado, porém voltou-se para Stark não muito tempo depois.

─ Opa, opa, opa. Pera aí! Ele pegou sua armadura?! ─ Fury zombou.

─ Mas que saco. ─ Stark deixou as palavras escaparem.

─ Você é o homem de ferro e ele foi lá e pegou? ─ Fury fingia desentendimento e encarava Tony perplexo. ─ O seu amigo Rodhes foi lá e pegou sua armadura?! ─ virou-se para Natasha e perguntou ─ Isso é possível?

─ De acordo com as diretrizes de segurança do banco de dados do senhor Stark, há redundâncias para evitar o uso não autorizado. ─ as palavras de Romanoff foram um tapa na cara de Stark.

Eles estavam brincando com o psicológico de Stark... mas para quê?

Olhei para a injeção e fitei-a melhor. Aquilo era dióxido dilítio. Eu reconheci pelo cheiro forte que emanava. Antes de sair do carro, ouvi Fury dizer a Natasha: "Isso não vai curá-lo, irá aliviar os sintomas por um curto tempo". O que será que isso significava? Curar o quê do Tony?

Stark suspirou e resolveu perguntar:

─ O que que vocês querem de mim?

─ O que queremos de você? ─ Fury perguntou abismado ─ Nãao... o que que você quer de mim? ─ Fury apontou para Stark e depois de volta para ele.

O que ele estava tramando? Eu roía as unhas que estavam com lascas de esmalte preto para tentar compreender melhor, porém Natasha levantou-se e indicou com a cabeça para Stark.

Suspirei, levantei e caminhei lentamente enquanto Fury discursava algo sobre Stark se achar o centro do universo deixando-o instável e irritado.

─ ... eu tenho problemas na região sudoeste para resolver. A injeção. ─ ele disse a ultima palavra rapidamente, fazendo com que eu, por instinto, aplicasse a injeção no pescoço de Tony no mesmo instante que ele falou.

Stark pareceu atordoado e sem reação com a picada da agulha. Afastou-se de imediato logo após eu injetá-la nele e começou a gemer em dor.

Pressionei onde eu havia inserido a agulha e virei seu rosto para mim, para verificar se seu organismo estava aceitando o soro ou não.

─ Essa doeu. ─ Stark se quer protestou quando eu puxei seu rosto de forma ar-rupta ─ O que foi isso que você me injetou?

Foi então que eu vi as veias negras que subiam pelo seu pescoço. E, segundos após eu injetar o soro, elas desapareceram.

─ Vocês vão pegar meus rins para vender? ─ dito isso, deixei escapar um sorriso de divertimento enquanto erguia minha postura e encarei-o brevemente.

Por um curto segundo, mesmo sabendo a pouco que ele estava doente, senti-me imensamente feliz por ter participado daquele momento. Não fazia ideia de que a S.H.I.E.L.D. havia planejado um tratamento adequado para ele.

Lembrei-me vagamente de ter desejado mal a Stark durante a corrida em Mônaco e repreendi-me de imediato. Ele era sim um tolo, egoísta, metido e exibido. Mas mesmo assim, não merecia morrer.

Agora eu acho que posso compreender o interesse da S.H.I.E.L.D. em Stark. Ele era hábil, tinha pensamentos lógicos de forma rápida e um humor impecável, preciso dizer. Fora que era bilionário e possuía a armadura do homem de ferro... quer dizer... ele era o homem de ferro.

─ O que ela fez comigo? ─ Stark perguntou para Fury, confuso.

─ O que nós fizemos por você, Tony?─ Fury ainda usava seu tom perplexo para falar com Stark ─ Isso é dióxido dilitio, vai aliviar os seus sintomas. Vai fazer você voltar ao trabalho.

Stark não encarava Nick, parecendo um pouco sem palavras pelo que havia recebido.

Encarei Fury deixando transparecer meu orgulho. Por um curto instante, deixei meu coração ser consumido pelo orgulho de fazer parte da S.H.I.E.L.D. e ser considerada filha daquele homem. Mas tudo se foi rapidamente, tranquei meu coração a sete chaves, para focar-me no que seria dito a seguir.

─ Tá. Me dá um engradado disso, que vou ficar novinho em folha. ─ Stark deixou sua ironia fluir pela frase, mas não conseguiu esconder a esperança de que aquilo funcionasse. Bebeu um pouco de café e parou para prestar atenção no que eu falava.

─ Não é a cura. Isso alivia os sintomas. ─ deixei escapar as palavras de Fury ditas momentos antes.

Nick encarou-me de relance e voltou a falar:

─ Parece que não vai ser fácil remediar ─ ele ainda estava com o corpo encurvado sobre a mesa, ficando bem próximo a Stark do outro lado da mesa.

─ Vai por mim, eu sei o que estou fazendo. ─ Tony rebateu deixando sua voz embriagada tomar forma. Ele ainda estava bêbado? ─ Eu tenho procurado um substituto para o paládio, pesquisei todas as combinações e as alterações de todos os elementos da tabela periódica.

─ Bom eu estou aqui para dizer que você não tentou tudo. ─ por outro instante, Fury olhou-me como se esperasse algo de mim, fitou Stark novamente e disse: ─ Eu possuo algo e alguém com disposição o suficiente para ajudá-lo a montar sua cura.