Death Note: Resurgence escrita por NanaKiryuu


Capítulo 9
Death Note - Vingança




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"O humano proprietário do Death Note poderá ouvir e ver o shinigami que foi o dono original do caderno"

(Death Note - How to Use It - Rule 8)

 

 

 

 

Aquelas mortes... salvar a vida... viver... viver...

 

"Tu-tum" (Onomatopéia de batimentos cardíacos)

 

Viver... porque viver?

 

Para quê viver, afinal? Está ótimo morto...

 

"... Tu-Tum............tum"

 

Morrer... apenas... morrer... já está... bom...

 

"... Tum............ tum........... tum.........."

 

Não. Quero viver... Eu quero acabar com os desgraçados...!

  "... Tum............ Tu-tum"

 

Viver! VIVER! VIVER!!

 

"... Tum.... tum.... tum.... tum... tum..."

 

Vida à mim! Morte à todos que se oporem! JUSTIÇA!!

 

"... TUM-TUM-TUM-TU-TUM-TU-TUM-TU-TUM-TU-TUM..."

 

O vermelho cobriu sua vista. Seu corpo ergueu-se do chão inesperadamente. Não podia sentir o solo. Ele estava sendo erguido. Seus olhos dilatados, não de medo, mas de exitação, visualizava os próprios pés. Não eram pés; eram ossos ligados uns aos outros. Ele procurou sua uma camisa social escura. Ele continuava sendo afastado do chão. Continuou a analisar aquele corpo. Todos os membros estavam isentos de pele e de músculos. Subia, subia... Para onde estava sendo levado...? De repente, ele parou no ar. Alguma coisa o prendia no tornozelo esquelético. Eram correntes.

Conseguia ver uma larga extenção do território do Reino Shinigami. Virou a cabeça para trás. Estava parado no ar, mas não havia nada o puxando ou o segurando. Mirou aquelas correntes. Aquilo estava o impedindo de continuar. Então, ele fez uma força absurda para rompê-las. Rapidamente elas se quebraram. Um solavanco forte e ele foi solto no ar. Ultrapassou o chão como se fosse apenas uma camada líquida de água. Descia velozmente contra um vazio, que o fez recordar daquele vazio onde fora depois de sua morte. O vento uivava em sua audição. Não sentia medo por cair de uma altura tão grande; não havia aquela sensação de quando estamos despencando, aquele frio na barriga. O iluminar vermelho se intensificou, até que uma lâmina de vidro aproximava-se rapidamente de sua visão. Então ultrapassou aquele vidro, mas, diferente da vez em que ultrapassara o chão, agora ele despedaçara o material, produzindo o som característico.

 

 

Sentiu o chão duro contra seu corpo sólido, espatifado em um piso. Um som de alarme. Reconhecia aquilo... parecia... muito com o som de sirenes de polícia. As mãos foram pro chão, ajudando-o a se erguer. Ergueu os olhos - que pareciam duas rubis encaixadas num crânio - para frente.

Quando finalmente conseguiu se pôr em pé, seu corpo desengonçado sentiu a gravidade toda. Aquele peso em seu corpo, a roupa caindo-lhe em sua silhueta... Ele estava na Terra. Pôde sentir a vida. Pôde sentir o sangue das pessoas correndo nas veias humanas... sentiu o oxigênio, sentiu... a certeza. Sentiu a certeza das pessoas, a única certeza: A morte. Uma ansiedade enorme tomou conta de seu ser.

 - Huhuhu... então é isso, Rei Shinigami? Isso é viver?

  Sua voz rouca soou por aquele recinto. O sorriso fixo em seu rosto esquelético. Ele ergueu as próprias mãos em frente aos olhos. As sirenes amansaram sua gritaria, tornando-se apenas ecos longínquos em sua cabeça. O Shinigami deu o primeiro passo arriscado. E então, o segundo. Estes passos produziram sons que transpassaram seus ouvidos. Raito continuou a andar. Os olhos estavam fixos numa porta a frente.

De repente, luzes distintas adentraram as vidraças, invadindo sua vista sensível. As sirenes continuavam ecoando. O eterno sorriso. Palavras...

"VAMOS INVADIR! VAMOS INVADIR!"

"Todos, todos juntos! É perigoso!"

"VAMOS!, VAMOS!"

A porta irrompeu-se. Todos os homens que estavam do lado de fora adentraram furiosos.

 - PARADO, PARADO!

Raito parou seu caminhar. Havia algum ruído sobre aquele lugar, o que ele julgou serem helicópteros... ele ainda se lembrava dos sons característicos da morte. Os homens ficaram apontando suas armas à sua volta. Muitos deles avançaram para mais dentro, passando diretamente por Raito.

 - Senhor... onde está o intruso?!

 - Não há ninguém por aqui...!

 - Achei ter visto uma sombra por ali, senhor!

O Shinigami apenas fitou os humanos com indiferença. Então... eles não podiam vê-lo. Sabiam que alguém havia causado aquela ruptura na vidraça do alto, mas nenhum deles via Raito ali, parado entre eles.

 - Vamos, vamos, continuem! Ele ainda está no prédio! Rápido!

Humanos passaram velozes ao seu arredor. Os olhos de Raito permaneram olhando para frente neste momento. Um homem distinto daqueles que corriam entrou. Tudo parecia diminuir sua velocidade gradativamente. A cabeça de Matsuda virou-se para frente. Ele parou, dilatando as orbes. Sua arma estava parada no ar, para o lado oposto ao que o Shinigami estava, contudo, os olhos deste estavam dirigidos à Raito.

 - Gh... gh... Isso... é...

Toda a sua volta estava alheia e sem importância. Ele via... um homem. Este aproximava-se lentamente, cada passo mais próximo. Sabia muito bem quem era aquele homem... por isso sua expressão foi quase levada junto com sua alma.

 

 

 - Não... NÃO! SAIA DA MINHA VIDA! - Matsuda gritava em meio a confusão, vendo Raito de aproximar - SAIA DA MINHA FRENTE, RAITO!

Como Matsuda conseguia vê-lo? Raito sabia que via-o, mas não sabia como. Ele caminhava na direção do homem que corria de volta para fora em desespero. Iria correr atrás dele. Não ia deixá-lo fugir: ia matá-lo. Um par de membros alados irromperam suas costas e ele planou sobre a manada de humanos vestidos com roupas especiais. Matsuda fugia para longe.

 - Covarde... Você é e sempre foi um corvarde, Matsuda...!

 - NÃO CHEGUE PERTO DE MIM! - ele urrava em resposta.

Raito aproximava-se fácilmente à voo. Matsuda corria para um beco, que não sabia estar sem-saída. Logo o Shinigami conseguiu alcançar o humano.

 - NÃO... SAIA DAQUI... VOCÊ... ESTÁ... MORTO...!

Raito parou. Manteve imóvel aquele corpo mortífero. Matsuda agora via este corpo esquelético. Contudo, sabia que se tratava de Raito. Colocava a mão em frente ao rosto, como se quisesse se proteger de um leão pronto para devorá-lo. Seu coração batia tão forte que ele teve medo de morrer naturalmente de temor.

- Me deixe em paz...

 - Me dê o caderno.

Matsuda abriu os olhos ainda mais. Caderno...? Uma cena se fez presente em suas retinas. A visão de algo despencando no céu depois da explosão. Ele caminhava para perto do objeto, pegando-o em mãos. Um caderno negro...

 - Que caderno...?

 - Você me ouviu - resmungou Raito, ficando impaciente. Sabia que ele havia tocado em seu Death Note, pois conseguia vê-lo agora, além de não conseguir visualizar nada escrito sobre sua cabeça com seus Olhos de Shinigami. Ele havia se tornado o proprietário do caderno - O Death Note.

 - Eu... não sei de caderno nenhum... - murmurou Matsuda entre os dentes.

O vermelho que os olhos do Shinigami possuiam intensificaram de tal forma que ele pôde sentir todo o medo de Matsuda vazando pelos poros de sua pele. O homem bateu as costas na parede do beco, transpirando e suando. Ele sabia que ia morrer naquele momento.

 - Você o tocou. Onde ele está? - insistiu Raito, intensificando sua voz para persuadí-lo a responder.

 - E-eu... - balbulciou Matsuda, abaixando os olhos. Sabia onde o caderno estava. O levou, mesmo sabendo que teria problemas depois...

 

 

 - Sayu!

 - Matsu! Eu tive medo...! Por favor, não volte para lá...!

 - Não, está tudo bem comigo...!

 - Não está ferido?

 - Alguns ferimentos bem leves, mas nada de preocupante... estou aqui agora

.   O rapaz abraçou a mulher, chiando com os lábios como se quisesse amansar uma criançinha. Dentro da blusa, o caderno estava escondido. Ele não ia deixá-lo lá, queria analisá-lo ou levá-lo para os policiais. Eles saberiam o que fazer para aquilo não cair em mãos erradas mais uma vez. Não iria mostrá-lo para Sayu. No momento, iria deixar o Death Note longe da vista de outros a não ser dos companheiros oficiais...

 

 

 

Ele nem tivera tempo de pensar no que fazer ao certo com o Death Note.

 - ... eu já disse que não sei, Raito!

O Shinigami, sem hesitar depois da resposta firme, deu um passo para frente, erguendo sua mão ossuda na direção de Matsuda. O homem gemeu de dor enquanto era erguido do chão por algum tipo de força desferida pelo Shinigami. Raito tinha extremo ódio dele e não hesitaria em matá-lo naquele exato momento, esmagando cada molécula presente naquele covarde.

 - Idiota! Se vai esconder o Death Note de mim, vai pagar muito caro! Já tem uma dívida comigo, por ter me tirado a vida quando eu poderia sobreviver. Você e Sayu vão morrer.

 - Você... n-não vai matar sua própria irmã... - proferiu Matsuda sufocado pela dor. Tentava sensibilizá-lo, mas notou no instante seguinte que seria em vão:

 - Eu não tenho irmã desde que encontrei o Death Note.

Raito foi fechando sua mão. Neste movimento, a dor de Matsuda se intensificava, fazendo-o aumentar seus grunhidos e gritos.

 - Primeiro você vai sofrer, aí então eu te deixo aqui e vou matar Sayu e seu filho.

Ele disse 'filho'. Isso fez Matsuda dar um solavanco forte no estômago involuntáriamente. O humano despencou no chão naquele momento, tossindo e se contorcendo pelos reflexos da dor. Teve força para perguntar:

 - F-filho...?

Raito não sabia que filho algum. Apenas dissera isso como uma forma de persuadí-lo a sentir mais medo pelo que o Shinigami queria fazer. Sabia que eles dois estavam juntos, pois o interesse nele pela ex-irmã era incontestável; claro que eles já deveriam ter dormido na mesma cama.

 A criatura já sabia o que deveria fazer, já que Matsuda não queria revelar a verdade. Sabia muito bem que ele havia tocado no Death Note, mas não tinha ideia de como o caderno fora parar em suas mãos. Portanto, nada melhor que ter unido o útil ao agradável.

 - Você vai escrever os nomes no Death Note.

 Matsuda puxou o ar e empurrou seu corpo para trás. O que ele estava pensando, que iria ter o mesmo fim deprimente que Raito?

 - JAMAIS! - exaltou o rapaz, demonstrando voracidade.

 - Então considere sua família morta. Inclusive a família de sua amada.

 - Gh... Você não presta! Vai matar sua própria mãe!

O homem ficou revoltado com a afirmação do Shinigami. Contudo, este apenas virou de costas para ele, parecendo decidido a fazer o que falava. Matsuda apertou os dentes e pegou a arma que estava jogada ao seu lado, mirando para a criatura e desferindo múltiplos disparos, até esvaziar a carga. Já havia feito isso uma vez contra aquele mesmo homem, então, não fora difícil ganhar coragem para realizar uma segunda vez. O Shinigami parou de andar após o fim dos tiros. Matsuda olhou melhor por trás da fumaça que subia pelo cano, haviam furos onde as balas tinham sido atingidas, mas nada daquilo parecia afetar o corpo desengonçado do ser. O Shinigami virou a cabeça para trás, sorrindo sombriamente. Sim, ele pôde ver Raito claramente naquele sorriso.

 

 

 Matsuda estremeceu em se lembrar daquele sorriso insano de Raito, além da risada que escutara na última vez, antes de saber de sua morte. Estava escutando-a mais uma vez.  

- Huhu... Huhuhuhu.... Heheh... HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Aahh...

Raito se virou completamente para ele de novo.

 - É tão bom sentir sua decepção emanando tão intensamente! Você é mesmo um completo otário... mas eu não tenho escolha a não ser você no momento.

O Shinigami voltou para o homem no chão. Parou a sua frente, com sua sombra cobrindo-o inteiro. Apenas os olhos de rubis vermelhas estavam visíveis naquela escuridão. Matsuda abaixou a cabeça, apertando os lábios. Estava encurralado.  

- Já viu que não tem como fugir dessa - disse Raito, esperando uma resposta diferente da dita anteriormente. Aprendeu que uma das melhores formas de manipular uma mente fraca a fazer o que queria era implantando nela uma verdade talvez falsa, como a ilusão de 'você não tem saída'.

Matsuda ponderou. Não sabia o que tinha que fazer. Sua vida estava acabada. Preferia morrer. Poderia pedir à ele, por compaixão, para matá-lo. No entanto, não confiava nele se pedisse para poupar a vida de sua família e de Sayu. A única e restante opção que lhe sobrou...

 - E-eu escreverei os nomes no caderno...

Como ele era otário. Todos diziam isso, mas ele era mesmo um otário, aquele Matsuda. Fazê-lo aceitar foi mais fácil que Raito imaginava. Apenas um nome que Matsuda escrevesse no Death Note para Raito sentir todo o fervor da vingança.  

- Você vai para casa agora. Vai pegar o seu caderno. Eu o encontrarei em um lugar seguro e sozinho às duas da manhã, com o Death Note. Não pense em fugir, pois eu saberei onde você está.

Então, Raito finalmente lhe deu as costas. Os membros alados voltaram a rasgar sua carne e brotarem. Ele largou o homem para trás à voo, deixando uma ordem nas mãos de Matsuda. Este, por sua vez, apenas deixou seu corpo despencar no chão, porém mantinha-se ainda acordado e consciênte.

 - Eu.. não quero virar... um assassino... assim... - grunhiu, antes de ouvir gritos dos companheiros policiais chamando por seu nome pelas redondezas.

 

Raito ria demasiadamente, enquanto deslizava gostosamente pelo céu. A sonoridade daqueles risos se mesclava assustadoramente à uma voz humana, aquela que tinha quando era vivo, ressoante pelo ar junto à trovões que enchiam os céus que delatava a vinda de uma tempestade.

 - Huhuhuhu.... GAHAHAHAHAHAHAHAHA! Matsuda! Você vai pagar por cada gota de sangue e pela chance de viver que me tirou! GAAAHAHAHAHAHAHAHA!

 


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