Abri meus olhos, ouvindo os gritos em volta, desviei meu olhar para Santana, ela estava sentada ao meu lado, sorrindo para mim.

— Rachel! - o treinador gritou.

— É a sua vez. - Santana disse, beijando minha bochecha. - Boa sorte.

Me levantei hesitante, fui diretamente para o campo, com o taco de baseball nas mãos. Era nosso primeiro jogo do campeonato, meu coração pulava para fora, minhas mãos e pernas tremiam, estávamos ganhando. Vi o lançador me encarando, respirei fundo e me posicionei.

— Olhe para a bola... - murmurei para mim mesma. - Olhe para a bola. Olhe para a bola. Olhe para a bola.

Vi a bola se aproximar de mim, a acertei com o taco, a mesma voou para longe, um dos garotos do outro time correu para pegá-la. Corri para a primeira base.

“Rachel.”

Corri para a segunda base.

“Rachel, pare...”

Parei um segundo para olhar em volta, vi Santana franzir sua testa. Os garotos do outro time estavam com a bola.

— Corra Rachel! - ouvi Quinn gritar.

Minhas mãos tremeram, tentei dar um passo, mas não saí do lugar.

“Olá, Rachel.”

Tampei meus ouvidos, os gritos soavam altos demais.

— O que você está fazendo? - ouvi um dos garotos perguntarem.

Algumas pessoas gritaram, olhei em volta, o outro time havia feito o ponto.

— Rachel! - o treinador gritou. - Venha aqui!

“Não vá, Rachel. Ele vai gritar com você.”

— Rachel, saia desse campo!

— Não grite com ela! - ouvi Brittany gritar.

“Eu estou aqui para lhe ajudar.”

— Não, por favor, não... - murmurei, fechando meus olhos.

— Rachel, qual é o seu problema?

— Não...

“Você pode não querer dizer, mas sentiu minha falta.”

— Não. - subi meus dedos até meus cabelos, os mesmos estavam presos. - Saia daqui.

— Com quem está falando, Rachel?

“Você não pode se livrar de mim, você me criou.”

— Sai! - me ajoelhei no chão, já chorando.

Ouvi os passos rápidos se aproximando, abaixei minha cabeça, envergonhada. Eu podia ouvir as vozes e os chamados, mas não conseguia focar nos mesmos.

“Abra os olhos. Eu gosto de ver os rostos curiosos.”

Neguei com minha cabeça, me encolhendo ao máximo.

— Saia de mim!

Soquei minha cabeça, logo senti duas mãos segurarem as minhas, abri meus olhos rapidamente, Santana me encarava preocupada. Gritei o máximo que pude, o mais alto possível, fazendo Santana se afastar de mim.

“Esse grito... Esse rosto da Santana... Eu estava com saudade.”

— Por favor... - choraminguei, me afastando de Santana. - Saia daqui...

Ela franziu sua testa, confusa, me arrastei para longe, sentindo minha cabeça doer.

— Rachel...

— Eu não... - me sentei no chão, frustrada. - Eu vou explodir.

— Vamos sair daqui, eu vou cuidar de você.

Desviei meu olhar dela, todos em volta me encaravam, eu tinha a atenção de todos. Me levantei rapidamente, Santana se preparou para me abraçar, mas eu me afastei mais, correndo para fora do campo.

“Não há do que correr, apenas de si mesma.”

Eu podia ouvir a voz de Santana, os passos dela atrás de mim, eu queria poder parar e deixá-la me abraçar, mas não podia.

— Rachel! - ouvi sua voz de longe. - Querida, volte aqui!

“Devia fazer o que ela diz. Eu não irei embora, de qualquer forma.”

Me joguei no chão e senti meu joelho doer, agarrei alguns fios do meu cabelo e gritei. Queria sumir, queria fazê-lo sumir. Queria minha mãe.

— Querida... - Santana se ajoelhou a minha frente, já olhando para o meu joelho. - Oh, céus! Você está bem?

— Santana... - choraminguei, não conseguindo controlar meu choro. - Faz parar...

— Vai ficar tudo bem, Rae. Eu estou aqui...

Senti seus braços me envolverem, soltei meus cabelos para agarrar sua camisa. Eu não me importava com a dor no joelho, só conseguia pensar em me proteger ali, nos braços de Santana.

***

Abri meus olhos rapidamente, o quarto estava escuro, Santana dormia ao meu lado, finalmente. Ela havia passado quase a noite inteira acordada, tentando me fazer dormir. Olhei para o relógio, já passava das quatro da manhã. Me levantei da cama silenciosamente, sentindo Ratinho se esfregar em minhas pernas, caminhei para fora do quarto, Andy dormia no sofá.

“Não acha lindo?”

Olhei em volta, caminhei até a cozinha e vi o telefone em cima da bancada.

“Elas não querem cuidar de você, sabia? Santana quer lhe tirar totalmente de sua mãe. Ela vai fazê-lo voltar.”

— Eu não acredito nisso. - sussurrei, pegando o telefone. - Santana me ama. Todas elas me amam.

“Você não sabe o que é amor, Rachel. A quem quer enganar? Você não a ama, ela não lhe ama. Ninguém lhe ama.”

Ouvi Ratinho começar a miar, saí da cozinha rapidamente, passei por Andy e abri a porta da frente, o sol começava a nascer. Que horas eram afinal? Disquei o número rapidamente, me sentei na grama seca e suspirei.

“Ela não virá. Ela não liga mais para você, desde que você a mandou embora.”

— Mamãe... - sussurrei, ao ouvir sua voz do outro lado. - Mamãe, eu te amo.

— Rachel, você está bem? - ela perguntou, a voz rouca de sono. - Eu também te amo, querida.

— Mamãe, eu não consigo. - choraminguei. - Eu achei que conseguiria, mas não consigo.

— Filha... - olhei para a aliança em meu dedo, logo pensei em Santana. - Mamãe vai ir te ver.

— Mamãe. - me levantei rapidamente. - Eu quero voltar para casa.