O Amigo Invisível escrita por Jena_Swan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos e eu os espero nos comentrios depois, como sempre!

Jena.



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Já dizia o Pequeno Príncipe, livro que marcou minha infância, que o essencial é invisível aos olhos. Eu, talvez mais que ninguém, acredite nisso por um único e incontestável motivo: eu conheço aquilo que ninguém mais sabe sobre as outras pessoas. Cada uma delas, desde as desconhecidas que passam por mim na rua, aos meus amigos mais próximos e familiares. Ah e animais de estimação!

Vejo coisas invisíveis aos olhos o tempo todo e acredito que elas são essenciais. Me encantei por pessoas aparentemente ranzinzas mas que por dentro são extremamente amorosas, pessoas as vezes sofridas demais com pensamentos que fariam qualquer um chorar. Também conheci pessoas de rosto belo e pensamentos vazios, intenções ruins. Ouvi coisas que talvez não quisesse ter ouvido.

Perdi algumas amizades no decorrer do caminho. Ganhei outras inúmeras também. Acho que a vida, na maioria das vezes, tende a ser equilibrada... Somos nós quem a bagunçamos. Claro que posso estar errado.

Meu nome é Lucca. Lucca Cavaleiro, se for mais interessante para você saber meu sobrenome, não que signifique grande coisa ou que eu, ou que algum familiar meu, tenhamos algum tipo de cavaleiro no passado (pelo menos não que eu saiba. Porém, não faço ideia de onde surgiu o sobrenome). Idade: 23 anos. Profissão: Estudante de publicidade, escritor nas horas vagas, desenhista amador, ex-barman (acredite, não dá para trabalhar em uma boate com os dotes que adquiri no decorrer do tempo. Ou frequentá-la. E não estou falando de qualquer dote, como você verá).

Nós éramos em cinco desde os doze anos: Eu, meu melhor amigo; Ian, os gêmeos Túlio e Tales, e Hugo. Éramos uma turma inseparável (e as pessoas realmente nos chamavam de os "inseparáveis"). Passamos juntos pela época de jogar futebol na rua e brigar pela bola, de quebrar o vidro da janela da vizinha e ficar de castigo, passamos juntos pela fase das primeiras paixonites, o primeiro beijo, o primeiro fora, a primeira transa e a primeira bebedeira - não nessa ordem. Quase matamos Ian afogado na segunda grande bebedeira de nossas vidas. Demos risada quando Tales repetiu de ano e Túlio, como bom gêmeo, repetiu junto para poder acompanhá-lo. Consolamos Túlio quando ele quebrou a perna dois meses depois de tirar a carteira de motorista e cair da moto. Impedimos Hugo de bater no namorado de sua ex... para nós mesmos batermos no cara. Comemoramos juntos quando passamos no vestibular e fizemos uma grande festa em nossa primeira noite na cidade grande, na casa em que nós moraríamos. Eu tinha 18 anos. Foi o melhor ano da minha vida.

Mas então... coisas estranhas aconteceram. Como, acredito, sempre devem acontecer.

Eu trabalhava numa boate, como barman (como já disse) para ajudar nas despesas da casa. Meu turno acabava as 3 horas da madrugada. Ian geralmente ia me buscar já que ele passava as noites em claro e, devo confessar, apesar de me preocupar com a saúde dele, ficava grato que estivesse disposto a fazer isto por mim, pois a quantidade de assaltos nas redondezas da boate eram cada vez maiores.

Acredito que as coisas estranhas tenham começado exatamente quando o pai de Ian, o velho e poderoso senhor Thar, das empresas Thar, morreu. Foi como se uma nuvem escura parasse sobre nossa modesta república.

Assim como os meus pais tinham meio que "adotado" meus quatro amigos que não saíam de casa, principalmente Ian, os demais pais também tinham nos adotado. O que incluía Mateus Thar, praticamente um lorde inglês, com seus bons modos e sua mansão. Nós tirávamos sarro de Ian e o chamávamos de Bruce Wayne por causa do mordomo. Em quase todas as festas a fantasia ele ia vestido de Batman...Um humor interno, absolutamente só nosso. As vezes eu ia de Robin, acreditem. Vergonhoso aquilo. Bons tempos. Quando Mateus Thar e Melissa Bargan, se separaram fomos nós quem acolhemos Ian e mesmo que ele não demonstrasse o quão abalado ficou nós sempre estivemos ali. Sabíamos o quanto o pai e ele eram próximos e quanto tinham se separado quando as coisas com o casamento começaram a degringolar. Ian e eu tínhamos 14 anos.

Para falar a verdade, desde que o divórcio começou a vida de Ian com o pai virou uma montanha russa cheia de altos e baixos. Uns tempos separados, uns tempos unidos, afastados de novo, reconciliados... Mateus Thar que antes era um homem poderoso e influente mas que tinha tempo para o filho e os amigos dele, tornou-se uma sombra e nós mal o víamos. Nós soubemos, quando Ian tinha 16 anos, que seu pai estava saindo com uma mulher um pouco mais nova que ele, mas nunca chegamos a conhecê-la.

Ian passava as férias junto dela e do pai e a maior parte do tempo ficava mandando mensagens para mim dizendo o quanto a odiava. Deu graças a Deus quando fez 18 anos, mudou-se para a cidade grande e não dependeu mais do pai para tomar suas decisões. A primeira coisa que cancelou foram as férias forçadas, agora as passaria onde bem entendesse. Mas naquele ano novo, depois de um ano de complicadas relações com o pai e sua concubina, como Ian costumava chamá-la, ele decidiu dar uma trégua.

Enquanto eu trabalhava no bar da boate, ganhando um bom dinheiro extra que eu não podia me dar o luxo de perder, Ian foi a casa de seu pai. Lembro perfeitamente que eram onze horas da noite, o povo esperando pela meia noite. Eu fazia drinks, Ian provavelmente subia as escadas da mansão. Lembro dessa fatídica sequencia de acontecimentos como se minha vida dependesse deles, mas nada mudou com isso. O relógio bateu onze e meia, o segundo barman chegou para me substituir. Peguei meu dinheiro, mandei uma mensagem para Ian perguntando se ele poderia me pegar. Até aquele momento eu não sabia onde ele estava. Ele não respondeu, mas quando saí da boate seu carro já estava lá na frente. Suas mãos tremiam no volante e por mais que eu tentasse acalmá-lo nada o fez parar de dirigir. Parecia estar numa espécie de choque, dizendo que o pai estava morto. Eu não tive tempo de perguntar alguma coisa decente para ele, além de balbuciar incoerentemente que não entendia o que estava acontecendo. O tempo não iria parar independente do nervosismo dele ou da minha confusão, deu meia noite e os fogos cortaram o ar. Ano novo.

Não sei onde, contra quem ou o que, só sei que uma luz nos cegou e batemos. Lembro muito pouco desse momento em específico, além da forte luz que veio contra nós. Eu quase posso acreditar numa luz do além, pois quando as pessoas falam sobre nosso acidente nunca citam outro veículo colidindo conosco (apesar de raramente falarem sobre isso).

Na verdade, tirando o estranho acontecimento em minha vida particular, nada aconteceu. Pelo menos nada que alguém saiba. A morte de Mateus Thar ofuscou tudo e serviu como desculpa pelo acidente que envolvia seu filho: o motorista do carro que capotara e ficara esmagado contra o asfalto, miraculosamente não matando ninguém.

Nada deveria ter mudado em minha vida, mas tudo mudou.

E talvez, olhando para traz agora, eu esteja mais perto do que nunca de acreditar em milagres.

Ou talvez fosse o jeito do destino dizer que tinha algo mais planejado para mim... e para Ian.


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Notas finais do capítulo

Não que eu espere que Lucca seja o próximo Logan porque Logan é Logan e eu tenho plena consciência de que todos o amam (muito), mas espero que Lucca os cative também. Faço meus votos. E vocês me digam o que acharam dele, as primeiras impressões.



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