Ruin escrita por Cabbie


Capítulo 4
Three


Notas iniciais do capítulo

Depois de receber algumas ameaças nos comentários por ter interrompido o capítulo daquele jeito, aqui estou eu, postando mais um dos capítulos



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Capítulo Três

Eu pisquei; Uma, duas, três vezes. Eu estava confusa. Quando me dei conta, eu e a pessoa da máscara estávamos três passos de distância. E, com um ele um pouco longe, a culpa começou a me atingir.

Eu não deveria estar beijando um desconhecido. Aquilo era errado. Lentamente, eu balancei minha cabeça, como se pudesse apagar os últimos momentos de minha cabeça, de minha memória.

A música continuava a tocar, mas agora eu olhava atentamente para a pessoa a nossa frente. De longe, pude ver a silhueta de Al e, dando um alto suspiro, saí correndo para o mais longe dele, não antes de, é claro, puxar o desconhecido pela mão, mesmo que cada parte de meu corpo ficasse me alertando de que seria melhor se eu o tivesse largado e corrido dali.

Eu deixei que um fluxo de pessoas me guiasse, sem fazer nenhum protesto. Quanto mais longe de Al, melhor.

– Onde você está indo? – ele me perguntou, agora seguindo-me quando soltei sua mão da minha.

Nunca quis ver tanto o rosto de alguém, como naquele momento. Seus olhos eram tão familiares, tão familiares, mas eu não conseguia decifrar quem era. E a iluminação não facilitava em nada.

Derrotada, eu suspirei.

Eu não respondi, mas ele me seguiu, e eu me amaldiçoei internamente.

– Vou com você – ele disse. Senti minhas pernas bambas.

Se eu tivesse a coragem que eu mesma esperava de mim, talvez conseguisse dizer para ele não me seguir. Mas eu não conseguia; as palavras haviam sumido, uma por uma, e agora eu não conseguia tirar a lembrança de minha memória de quando quase nos beijamos.

– Certo – eu respondi, minha voz fraca.

Seu olhar queimava em minha nuca, como se me alertasse, com todas as letras, que ele continuava ali, observando cada movimento meu. Minhas pernas se moviam por conta própria, e eu não deixei de me sentir estúpida pela ansiedade que crescia dentro de mim.

Quando chegamos até onde a multidão de pessoas estava, eu e ele esperamos. Todos estavam ao redor de uma pessoa qualquer, que sorriu, dando um passo à frente.

– É muito bom ver vocês, e eu agradeço imensamente pela presença – e ele sorriu verdadeiramente.

Ah, ótimo.

Agora, eu sabia que a sorte não estava colaborando comigo. Como se não bastasse, fiquei presa em uma daquelas típicas brincadeiras de festas. Isso era possível de perceber pelo tanto de pessoas que estavam aglomeradas ali, esperando alguma coisa de entretenimento começar. Ainda por cima, não só me vi presa nesse grupo de pessoas, como também.... Não conseguia encontrar uma desculpa boa o bastante para tirar o desconhecido da minha cola.

– Certo, acho que todos vocês podem entrar – disse, fazendo uma indicação para nós – Para aqueles que não quiserem participar, devo lhes aconselhar que voltem para a festa e aproveitem o resto da noite.

Fiquei tentada em fazer o que a pessoa à minha frente havia dito, mas eu sabia que, assim que eu saísse dali, o desconhecido continuaria a me seguir. Naquele momento, eu podia senti-lo realmente próximo de mim, e me perguntei se eu não ficaria mais satisfeita se eu tivesse, de fato, o beijado naquela hora, durante a música que dançávamos.

– Ei, Tris, Tris?! – Eu ainda podia ouvir a voz de Al. Apressando o passo, seguimos a pessoa que tinha nos chamado até ali, parando em uma outra sala, bem próxima de onde estava ocorrendo a festa.

Passagens interessantes, eu pensei, admirada.

O grupo de pessoas sentou-se no chão, esperando. Pelo canto do olho, pude ver Christina, não muito longe de nós, mantendo o olhar fixo no meu. Quando o desconhecido parou ao meu lado, seu braço havia encostado no meu, fazendo-me ficar arrepiada pelo contato de sua pele com a minha.

Nesse momento, eu quase implorei para que ele me beijasse ali, no meio de todas aquelas pessoas.

– Antes, uma pergunta – a pessoa que nos trouxe ali havia dito, e eu o encarei, esperando – O que acham de uma brincadeira?

Fiquei tentada em revirar os olhos, já sabendo que esse era o principal intuito de trazer as pessoas naquela sala. No entanto, eu não disse nada; se eu dissesse, acabaria optando por ter permanecido quieta.

– Não estou falando dessas brincadeiras de criança – ele continuou, fazendo algumas pessoas riram – Estou falando de coisas do tipo Verdade ou Desafio, essas coisas –como de costume, ninguém falou nada – Bom, de qualquer jeito, estou aqui para propor à vocês uma coisa tanto quanto diferente, ou não, dependendo do ponto de vista.

– Então, diga – resmungou Christina, um pouco longe de mim.

– Estão vendo aquele armário ali? – Todos assentiram, enquanto eu notava a pessoa de máscara tensa ao meu lado – Vocês terão de permanecer sete minutos nele, com, é claro, uma das pessoas que eu escolher. O que acontecer ali, durante esse tempo, é por conta de vocês – acrescentou, em tom de brincadeira.

– Então, basicamente, você quer que brinquemos de Sete Minutos no Paraíso? – Disse Christina, mudando o peso de um pé ao outro. Imaginei que, por trás da máscara, ela revirasse os olhos.

– Exatamente, fico feliz por ter percebido – respondeu, com ironia.

Christina parecia querer matá-lo, mas a pessoa não se importou. Eu só esperava que ele suportasse o meu acesso de raiva.

Ninguém pareceu fazer quaisquer objeções quanto à brincadeira.

Aguardei pelo pior, pensando que seria melhorar encarar o Al do que aquilo.

– Então, começamos com você – ele apontou para Christina, que parecia não acreditar no que estava prestes a fazer – E você – e apontou para outra pessoa da qual eu não reconheci, mas que tinha algo estranhamente familiar para mim.

– Qual o objetivo disso? – ela perguntou, desafiando-o.

A pessoa não respondeu e ficamos nessa brincadeira por uma hora, antes de começar a minha vez. Christina não havia dito nada quando saiu dali, e eu não queria nem imaginar o que aquelas pessoas haviam feito naquele armário. Na realidade, eu estava com raiva e cansada, principalmente, por estar perdendo uma festa ótima por culpa do Al, que eu havia feito a promessa de ver na festa.

– Você – ele apontou para mim, fazendo meu coração disparar, já imaginando o que aconteceria - E você – completou, chamando o garoto da máscara ao meu lado, que, até algum tempinho atrás, eu quase havia beijado.

Eu xinguei uma, duas ou três vezes. Eu não me lembrava. Contra minha vontade, fui até o armário, a pessoa da máscara atrás de mim.

Quando a porta do armário se fechou, eu me senti claustrofóbica. Os olhos da pessoa de máscara, seus lábios, mais uma vez, tão, tão próximos.

– Olha – eu comecei a contragosto -, podemos passar os sete minutos sem fazer nada, está bem? Apenas dois estranhos... Dividindo o mesmo espaço.

– Você parece me odiar muito rápido para quem acabou de me conhecer – ele observou, sua voz ressoando próxima de meus ouvidos, exatamente como antes.

– Eu fico feliz que você tenha reparado – eu resmunguei.

Passamos os dois minutos em silêncio. Depois, senti como se não soubesse como respirar. Seus olhos, observando-me, testando-me; tudo isso.

E confesso que não me importei quando suas mãos foram até minha cintura, puxando-me para ele. E confesso que não me importei quando ele pressionou seu corpo tão próximo ao meu, que era quase impossível não pedir para que ele nunca fosse embora. E, principalmente, confesso que não me importei... Quando ele tocou em minha bochecha tão delicadamente, como se eu não fosse real.

E, então, ele me beijou, tão desesperado... Como se quisesse memorizar aquele momento, aquele exato momento. Eu sentia como se estivesse caindo, embora ele me segurasse firmemente, impedindo que eu escapasse dali, de seus braços.

Não podíamos nos dar ao luxo de ir devagar. Ele não permitiria, e eu não fiz esforço nenhum para protestar. Ele estava beijando meu pescoço, meu lóbulo. E era tão bom, tão bom.

E, ah, Deus, suas mãos deslizaram de meu pescoço até para baixo de meu corpo, minhas pernas, minhas coxas e...

Eu o puxei de volta, beijando-o com mais força, com mais vontade. Precisava beijá-lo. E ele estava completamente desarmado com meu toque, refletindo, desse modo, o jeito como eu mesma me encontrava.

Sua testa estava prensada contra a minha, suas mãos, brincando com meu vestido, empurrando mais para o lado, para que ele pudesse beijar qualquer pedaço de pele que pudesse encontrar.

Droga droga droga droga droga.

Seu olhar carregava a emoção que eu nunca havia sentindo antes. Experimentado antes. E lá estava eu, permitindo que ele fizesse com que eu esquecesse meu próprio nome, beijando-me como se sua vida dependesse disso. Do meu toque, do meu corpo prensado ao seu contra o armário, e, então, eu me senti desarmada.

Não me importava que ele retirasse minha máscara, não mais. Eu queria que ele o fizesse, queria descobrir quem ele era, mesmo que estivesse confusa com aquilo tudo, com o que eu estava sentindo.

Por favor, faça isso.

Ele me beijou de novo, tão ávido quanto antes. Suas mãos foram até minha máscara, e eu gemi, implorando e suplicando para que ele o fizesse. Assim, ele permitiu que eu retirasse a dele. Mas, o que aconteceu a seguir, fora completamente diferente do que eu esperava.

Senti como se eu tivesse levado um tapa, um soco em minha barriga. Como se eu tivesse levado um balde de água fria por todo meu corpo, afastando-me para longe da possibilidade de querer mais dele, tudo dele.

Seus olhos fitavam-me. Tão arregalados quanto aos meus. Ele xingou, tão alto, que eu não tive dúvidas que as pessoas do lado de fora pudessem ouvir.

Careta? – ele gritou, tão tão tão alto.

Tobias Eaton?!

Ah, droga, tinha como ficar pior?

Era como se eu tivesse perdido minha voz. E, pela primeira vez, eu não sabia o que pensar, ou o que fazer. Tudo havia fugido do controle, de uma maneira que eu nunca poderia prever – ou resolver. Aquilo era a pior sensação do mundo, e eu não deixei de perceber que Tobias não estava muito diferente de como eu me encontrava.

O quê?!– Eu disse, ainda em estado de choque.

– Isso só pode ser brincadeira – grunhiu Tobias, irritado – Eu não acredito que, de todas as pessoas, eu beijei a Careta.

Me irritei.

– Bem, a situação não é muito diferente para mim! Você... Você é Tobias Eaton. E, droga, eu deixei que... Droga, eu te beijei.

Pela primeira vez, no meio daquela situação, ele sorriu. Por uma fração de segundos, seus olhos brilharam em divertimento. Depois, ele voltou a ficar sério novamente, encarando-me do mesmo jeito idiota de antes.

– Essa parte... Eu sei – ele disse, seu semblante mais sério do que nunca – E essa situação é ridícula.

– É – eu concordei – É.

Ficamos em silêncio. Lentamente, esperei que minha respiração voltasse ao normal. Meus olhos viajaram sua atenção em Tobias e em seus braços, que estavam ao redor de minha cintura, antes de tirarmos as máscaras. Com isso, fiquei extremamente irritada ao notar que, mesmo sabendo que eu havia beijado Tobias, eu queria novamente seus lábios nos meus, repetindo tudo o que havíamos feito antes.

Estava com raiva de mim mesma.

Ótimo – sibilei – Acho que eu deveria ir.

Meu tom era cortante. Ele não me impediu, então procurei não me importar. Eu me sentia fraca, com as pernas bambas. Coloquei minha máscara e saí daquele armário e da sala, correndo até o banheiro, ainda não conseguindo acreditar no que aconteceu.

Isso só pode ser brincadeira, eu concluí, ainda em estado de choque.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo domingo, gente!
Obrigada a todos que leram até o final.
xx~



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