Save me escrita por Vany Myuki


Capítulo 7
Agarre-se a esperança


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, minhas leitoras incrivelmente magníficas!
Enfim, esse capítulo ficou meio parado, talvez não tão bem descrito, mas, como o prometido, cá está ele ;)
Quero agradecer novamente por tudo e, principalmente á Laura, por suas sugestões incríveis, a Jeh, por sempre me incentivar, e a Lau, por me rendar novos tópicos aos quais pensar (Lexa têm sentimentos? kkk) ♥
Meninas, muito obrigadas à todas vocês, devo muitíssimo a cada uma *-*
Espero que gostem, beijos!



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P.O.V Autora

A noite estava fria, Raven saiu de dentro da Arca e percebeu a figura de Octavia sentada perto dos resquícios do que horas antes havia sido uma grande fogueira.

O frio e o cansaço haviam feito a maioria das pessoas se dispersarem para dentro, deixando o lado de fora do acampamento deserto, com exceção dos guardas e dois ou três casais que namoravam a luz do luar.

_Não me diga que Lincoln já se cansou de você._brincou Raven, sentando ao lado da amiga.

Octavia riu, se aconchegando mais ainda em seu casado.

_Por um milagre ele ainda me ama.

Raven sorriu enquanto encarava as faíscas do que restara das labaredas.

_Tudo parece tão estranho, você não acha?_questionou a morena.

Octavia suspirou pesadamente, um mini filme dos recentes acontecimentos se desenrolando em sua mente.

_Acho. É quase espantoso o quanto as coisas mudaram._assentiu, um sorriso triste se estabelecendo em seu rosto.

_Não só as mudanças ao nosso redor, mas em nós mesmos._desabafou Raven, como se aquilo a perturbasse profundamente.

_Acho que não tivemos muita escolha: ou atingíamos a maturidade, ou morreríamos como os outros._argumentou Octavia dando de ombros.

A justificativa de Octavia pairou por um longo momento entre as duas.

_Lamento pelo Finn._declarou Octavia com um olhar tristonho, seus lábios retesados.

Raven fez uma careta, enquanto puxava o coberto que trouxera consigo para perto de seu rosto.

_Todos lamentamos. Mas acredito que não mais do que Clarke lamenta.

A afirmação fez Octavia se retrair.

_Não sei se posso concordar com você._desabafou a Blake engolindo em seco.

Raven a olhou confusa.

_Do que você está falando?

Octavia pensou em todas as pessoas mortas na aldeia.

Pensou na expressão lívida de Clarke, sem arrependimentos.

_Não consigo imaginar Clarke como a mesma garota que pisou há meses na Terra. Ela, entre nós, foi a que mais mudou.

Raven pensou a respeito, constatando uma pontada de mágoa na voz da Blake.

_Eu concordo com você. Clarke mudou mais rápido que todos. Isso é fato. Mas isso aconteceu só porque um peso de liderança muito grande foi colocado sobre ela.

Octavia encarou os olhos negros de Raven com firmeza.

_Não. Não acredito na história de que com grande poder ver grandes responsabilidades. Acredito em caráter e, definitivamente, o do Clarke se mostrou bastante inconstante para mim, Raven.

O fogo que restava foi engolido pelo vento, enquanto Raven olhava para Octavia sem acreditar nas palavras que a mesma proferira.

_Octavia, Clarke é nossa amiga._a justificativa saiu fina, um sopro que o vento levou consigo.

_Não consigo confiar mais em alguém que matou tantos inocentes, Raven._ a voz de Octavia estava abafada, escondida por baixo de um oceano de lágrimas contidas.

Raven sabia que não era tão próxima de Octavia para lhe confortar ou oferecer um ombro amigo, mas sabia as palavras que deveriam ser ditas.

Sabia que a dor e a mágoa presentes na irmã de Bellamy deveriam se dissipar, antes que aquilo a corroesse por dentro.

_Também sinto falta dela, Octavia.

As palavras foram o suficiente para fazerem Octavia fungar alto, antes que seus grandes olhos azuis irrompessem em lágrimas abundantes.

_Eu a culpei, não confio mais nela como confiava. Então por quê sinto um aperto tão forte e significante ao pensar onde ela está? Se está correndo perigo ou, pior, se está morta?_as lágrimas continuaram seu caminho ininterruptamente, enquanto as palavras escorriam dos lábios da Blake em desespero visível.

Raven passou o braço por sobre o ombro de Octavia, confortando-a como se fosse uma garotinha de cinco anos novamente.

_Porque você a ama. Clarke pode ter errado. Pode ter traído sua confiança, mas, ainda assim, ela continua em seu coração._explicou Raven, deixando que algumas lágrimas irrompessem de seus olhos e se misturassem as de Octavia.

_Eu me sinto terrível, Raven._confessou Octavia, seu corpo tremendo por conta dos soluços.

_Não se sinta. Ela vai voltar para nós. E tudo isso, todo esse pesadelo, vai acabar._garantiu, fazendo com que Octavia encarasse-a.

_Acredita mesmo que nossas cicatrizes podem deixar de sangrar?_questionou Octavia, os olhos esperançosos.

Raven sorriu com determinação.

A morena percebera, naquele exato momento, que não era a única a se sentir corroída por dentro.

Ao entorno de si haviam pessoas cujas vidas haviam sido modificadas de forma drástica.

Octavia era um exemplo da dor da traição, da perda e da desesperança. Mas Raven sabia que para tudo havia uma nova chance. Finn havia ensinado isso para ela: a esperar sempre pelo amanhã. E aquele lição, em especial, deveria ser passada para frente, sempre. Um sinal claro que Finn sempre estaria com eles, não importava o que acontecesse.

_Acredito no melhor do ser humano. Acredito no amor, mesmo tendo perdido o meu. Acredito na paz, mesmo estando em uma guerra sem fim. E acredito no perdão, por mais que ele pareça inalcançável. Então sim, um dia nossas lágrimas secarão e nossas cicatrizes fecharão. E então, tudo o que passamos terá valido a pena. Porque estaremos todos juntos e felizes, prontos para enfrentar um novo capítulo da nossa história.

A determinação na voz de Raven não surpreendeu apenas Octavia, mas, principalmente, teve impacto muito grande dentro da própria Raven que, finalmente, visualizou uma nova vida cercada por um mar de esperança.

***

Os olhos de Clarke se abriram devagar, pesados e inconstantes, se esforçando ao máximo para recuperar o foco.

A garota percebeu o retumbar constante em sua cabeça, um doloroso sinal de que havia levado uma pancada forte na mesma.

Clarke tentou levar as mãos ao rosto, no intuito de massagear o lado da têmpora direita, mas foi impedida quando percebera que as mesmas estavam presas às suas costas.

A garota forçou sua visão a encarar o ambiente em seu entorno.

As paredes eram de finos carvalhos de árvores, deixando que a luz do dia invadisse algumas frestas da pequena cabana.

O teto, percebera, era coberto por palha, um trabalho bem feito e trançado miraculosamente.

Clarke estava sob um colchão feito de palha, as costas posicionadas na parede, enquanto os braços e pernas estavam presos, assim como a boca amordaçada.

O coração da garota bateu perigosamente contra o peito.

Ela tentou se recordar do que havia acontecido, mas não foi preciso forçar seu cérebro a repensar os fatos, pois, repentinamente, a figura de um terra-firme entrou em seu campo de visão.

Seus olhos se arregalaram com reconhecimento.

Ele estava vivo!

Uma bandagem cobria o lado esquerdo de seu ombro nu, mas, ainda assim, acertara longe demais para causar um dano mortal.

A garota sentiu a confusão lhe invadir.

Quando a arma estava apontada para o terra-firme ela se certificara de ficar a menos de um metro de distância, no intuito de não errar o alvo.

Como aquilo havia ocorrido então?!

_A resposta para a sua pergunta sou eu: o efeito surpresa do momento!

Clarke levou um susto ao perceber que ao seu lado, com o recuo de alguns metros, um homem musculoso, de cabelos longos e loiros presos perfeitamente em um coque, a encarava. Seu rosto uma máscara de escárnio.

_Tristan sente muito pelo corte na sua cabeça._o outro terra-firme falou, com um olhar de repreensão para o rosto de Tristan.

_Isso é a sua opinião, aparentemente estou bastante satisfeito com o resultado._falou com um sorriso irônico, seus olhos queimando a figura de Clarke com raiva.

_Pare de agir como um imbecil, Tristan.

O loiro levantou do chão e foi até a frente do outro, sua postura amedrontadora congelando os sentidos de Clarke.

_Pare você de agir como se tudo isso fosse normal! Caso você não tenha percebido, eu salvei sua vida, enquanto ela estava prestes a matá-lo!_grunhiu incrédulo.

Clarke encarava o diálogo com os olhos esbugalhados, tentando fazer com que tudo aquilo fizesse sentido.

_Era uma possibilidade, eu não contesto._disse o outro rindo.

O rapaz se aproximou de Clarke que, instintivamente, se afastou, recuando para perto da parede o quanto podia.

Ele se abaixo devagar, tentando transmitir confiança em seus movimentos.

_Sou Lars. Acredito que você se lembre de mim._falou apontando para a ferida em seu ombro.

Clarke, mesmo se quisesse falar, não podia. A mordaça em seus lábios era tanto incomodo como um alívio, pois ela não saberia como ou o que falar para os dois terra-firmes que a encaravam com atenção.

_Acho que ela não esqueceria o último homem o qual tentou matar._ironizou Tristan, a barba por fazer lhe dando uma aparência sinistra.

Lars o ignorou, ainda encarando o mar azul dos olhos de Clarke.

_Não queria machucá-la, de verdade. Só estava tentando ajudar você._falou e, por mais estranho que parecesse, Clarke sentiu certa confiança nas palavras daquele estranho terra-firme.

_Vamos, por favor, da próxima vez ser menos sensíveis e partir para a razão. Ainda acho que trazer a cabeça dela para a aldeia nos renderia, no mínimo, respeitabilidade.

Lars revirou os olhos ao comentário de Tristan.

Quando voltou a se concentrar na expressão de Clarke ele percebera que a mesma estava analisando-o, os olhos estreitos tentando acompanhar o que se passava em sua cabeça, em sua feições...

_Eu a reconheci enquanto andava pela floresta há algumas semanas._confessou, percebendo Clarke assentir em entendimento, enquanto Tristan se posicionava atrás de si, sua atenção apurada nas palavras do amigo.

_Estávamos na batalha de Mount Weather, se é que aquilo pode ser chamada de batalha._falou com pesar.

Clarke se remexeu, inquieta.

O assunto parecia muito delicado, percebera Lars.

_Eu apenas estava tentando ajudá-la. Minha intenção era evitar que você fosse morta, apenas._esclareceu, ouvindo Tristan suspirar atônito.

Os olhos de Clarke carregavam uma pergunta muda, a qual Lars decifrou sem maiores problemas.

_Não sou a favor do que nossa líder fez com seu povo. Debandar como abutres não é algo praticado aqui na aldeia Condor. Apenas quis garantir que uma líder como você não morresse de desnutrição ou ataque injustificado. Apenas isso.

Os olhos de Clarke continuaram estudar Lars com cuidado, certificando-se que ali não era território perigoso.

Percebera, mortificada, que Lars lhe transmitia confiança.

Percebera que seus olhos, castanhos amendoados, lhe asseguravam de todo e qualquer perigoso.

Percebera, com os nervos a flor da pele, que Lars era a imagem e semelhança de Finn: em sua postura protetora, em seus olhos sinceros e em seus movimentos cuidadosos. Tudo nele a transportava até Finn.

O terra-firme percebeu o terror correr pelos olhos de Clarke e a segurou, antes que sua cabeça batesse contra o chão de pedra.

Tristan suspirou mais uma vez, enquanto Clarke caia desmaiada nos braços de Lars.

_Ótimo! Simplesmente magnífico! Agora temos que lidar com uma donzela! Fantástico!_exclamou Tristan irritado, enquanto se jogava no chão e massageava as têmporas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Um grande beijo e um abraço super apertado.
Não deixem de comentar!
Até o próximo capítulo ;*



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