Save me escrita por Vany Myuki


Capítulo 5
Condor


Notas iniciais do capítulo

Sabe aquela vontade de escrever mais um capítulo?Então!
Essa vontade é algo constante em mim desde que comecei a escrever a fanfic.
Cheguei agora da faculdade e percebi que durante toda a aula a única coisa que eu ficava imaginando era no próximo capítulo, no que ocorreria a seguir e que personagens narrariam.
Aí, com toda essa animação crescente, eu liguei o pc e lá estava ela: linda, magnífica, estonteante e tão fofa que me levou as lágrimas;
Luh Roseblack, você não sabe o quanto me surpreendeu e me emocionou ao recomendar Save me. Foi o mais lindo e brilhante presente que eu poderia ter ganhado e, com todo o meu coração, eu lhe agradeço imensamente.
Esse ato apenas me fez ver que Save me é tão importante para vocês quanto para mim, por isso muito, muito, mais muito obrigada mesmo, de coração ♥
Esse capítulo vai especialmente para você e para as demais leitoras que vem acompanhado a história e adotado ela com tanto carinho.
Espero que vocês gostem desse capítulo (e não queiram me matar depois dele kkk) e dos novos personagens que criei ;)



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P.O.V Autora

A aldeia trabalhava no mesmo ritmo constante: homens cortavam lenha, mulheres cuidavam das crianças, enquanto os guerreiros e guerreiras se encontravam em pé de igualdade em disputas.

O grupo era parte de um dos doze clãs dos terra-firmes, clã esse que, ao saber da guerra contra Mount Weather, se unira a Lexa e os demais clãs, buscando vingar seus mortos e derrotar seus maiores inimigos.

Lars, um dos guerreiros da aldeia, foi o primeiro a se alistar para partir para guerra. Ele havia perdido o pai em um dos ataques de névoa de Mount Weather, assim como vários amigos que haviam sido sacrificados.

Seu único desejo era a vingança, mas percebeu, assim que se deparou com dezenas de humanos vindos do céu, que a missão que estavam prestes a executar ia muito além de pagar com sangue a morte de seu povo, era uma ideia muito mais brilhante e esperançosa, a qual poderia reconstruir o que um dia havia sido uma civilização unida.

Com a aliança, Lars acreditara cegamente que poderia haver ajuda mútua a qual resultaria na aculturação entre diferentes clãs.

Mas, ao ser empurrado contra a multidão que seguia as ordens de sua líder, Lars não pode deixar de sentir repulsa de sua própria espécie.Sua aldeia era diferente das demais, reconhecia os aliados e a dívida que possuía com eles, mas Lars e seu povo eram apenas alguns no meio da multidão.

Agora, já em sua aldeia, ele mantinha-se disperso, censurando suas atitudes, quando deveria ter tomado decisões.

_Esqueça isso, Lars. Não há nada que uma meia dúzia de guerreiros poderia ter feito em meio a uma multidão. Teríamos sido mortos se contestássemos as ordens de Lexa._seu amigo Tristan, o qual tinha longos cabelos loiros presos num coque firme, sentou-se ao lado de Lars, sua respiração entrecortada por conta da última batalha que travara com um dos guerreiros.

_Seus discursos motivacionais não servirão para me fazer sentir-me melhor._declarou, os olhos analisando o treinamento que se desenrolava do outro lado do acampamento.

_Acho que você deveria aceitar que nossa aldeia é muito pequena comparada aos demais clãs. Não podemos nos arriscar, não por eles. Não por pessoas que caem milagrosamente sobre a Terra após anos de reclusão.

Lars olhou para Tristan, seus olhos claramente discordavam da afirmação do amigo. Para ele a moral era tudo. Abandonar um aliado e deixá-lo morrer em campo de batalha era uma atitude desprezível.

_Não vou mudar de opinião, Tristan._sua voz trazia um tom que finalizava a conversa.

Tristan ergueu as mãos em redenção e voltou ao campo de batalha, sua espada pronta para voltar a ativa.

_Posso saber o que tanto se passa nessa sua cabeça?

Lars não precisou olhar para saber que Selenia estava empoleirada atrás de suas costas, uma careta divertida brincando em seu rosto deslumbrante.

_Nada que, possivelmente, você deva saber.

A movimentação por detrás de seu corpo foi rápida.

Lars sorriu quando percebeu que, de forma prática, Selenia já estava sentada sob seu colo, os cabelos trançados dando-lhe uma aparência serena e arrebatadora.

_Saiba que sou boa em guardar segredos._falou com um sorriso, seus dedos brincando com algumas madeixas do cabelo de Lars.

O rapaz sorriu, visivelmente satisfeito por tê-la aconchegada à si.

_Você não deveria estar treinando? Não vai chegar a lugar algum se continuar infligindo as normas.

Selenia sorria abertamente, suas feições demonstravam uma rebeldia que, em outras aldeias, seria considerada um ultraje, mas que em Condor era apenas uma costumeira demonstração de afeição.

_Se eu estivesse decepando algumas cabeças, ainda assim não seria tão divertido quanto isso.

Lars arqueou uma sobrancelha, seus olhos convidando-a a demonstrar suas verdadeiras intenções.

Selenia, com seu cabelo negro e olhos amendoados, foi mesclando sua respiração com a de Lars, seus dedos passeando sob o couro cabeludo do rapaz, brincando com seus sentidos.

_Não seria inapropriado?_falou perto dos lábios de Lars, a voz aveludada ganhando um tom de flerte mais intenso do que anteriormente.

_E é por isso que as mulheres são consideradas mais fracas._falou Lars, antes de engolfá-la num beijo avassalador, de tirar o fôlego e o equilíbrio em instantes.

Lars separou os lábios de ambos, enquanto Selenia o encarava com um sorriso de satisfação.

A garota correu os dedos sob o pescoço de Lars, tentando incitá-lo a beijá-la novamente, mas Lars a surpreendeu quando a colocou de pé e se levantou num único movimento.

_Simples assim?_perguntou Selenia, o rosto uma máscara de perplexidade.

Lars ajeitou a espada sob sua cintura e se aprumou, encarando-a.

_Simples assim.

Antes que Lars pudesse sair e deixá-la falando sozinha, Selenia se adiantou e voltou a colar seu corpo ao de Lars, uma última tentativa de estagná-lo ao seu lado.

_Não negue a atração que sente por mim, Lars.

O rapaz a olhou sério, suas feições, antes brincalhonas, adquiriram um toque formal.

_Selenia, não deve me provocar e esperar que eu não revide. Sou homem, apesar de tudo._esclareceu se afastando um pouco_Porém não espere que eu me jogue aos seus pés. Não sou de criar raízes.

_Eu não me importo. Iria com você para qualquer lugar, você sabe disso._insistiu, sua voz beirando a histeria.

Lars engoliu em seco.

_Eu sei que sim. Mas você, mais do qualquer pessoa aqui, sabe que sou livre. Não posso prendê-la a promessa que serei seu. Espero que entenda.

Selenia grunhiu em resposta.

_Por quê você tem que sempre complicar as coisas, Lars?_seus grandes olhos o questionavam com severidade, algo que raramente ocorria.

_Porque a vida seria uma tolice se fosse fácil._falou com um sorriso de canto.

Selenia pensou que seria realmente incrível acertar um soco naquele sorriso irônico de Lars, mas não conseguiu deixar de sorrir a sua frase.

_Você não têm jeito mesmo._disse se afastando alguns passos.

_Essa é uma das poucas características que me fazem indiscutivelmente único.

Selenia ainda sorria quando Lars a deixou e partiu para a floresta, o arco em mãos e a espada presa à cintura.

Ela odiava amá-lo, mas, em sua perspectiva, era melhor ter um pouquinho de Lars, do que não ter um centímetro sequer dele.

***

P.O.V Lars

Voltei ao mesmo lugar que visitava há semanas.

Não foi difícil encontrar o mar de cabelos dourados.

Ela estava há poucos quilômetros à frente.

Eu me perguntava se ela percebera que estava andando em círculos há três dias, mas, ao que tudo indicava, ela estava tão absorta em seu próprio mundo de pensamentos que a realidade à sua volta parecia ser apenas um borrão.

Olhei mais atentamente de cima de um robusto galho de árvore.

Como os demais de nossa espécie, nós aprendemos a nos movimentar por entre às árvores, dessa forma ganhávamos tempo e cultivávamos o elemento surpresa para o inimigo.

Clarke, a líder do povo do céu, parecia ter se esquecido que poderia estar sendo observada de cima, ou talvez apenas não se importasse o suficiente para correr o risco de especular.

Tudo isso me intrigava.

Todas as pequenas coisas que ela fazia despertava uma curiosidade incessante dentro de mim.

Logo percebi que o povo dos céus poderia ser, fisicamente, despreparado para combate, mas eram muito geniosos quando se partia para a parte psicológica das coisas.

Sua tecnologia parecia muito avançada, enquanto seus modos de se mover, de se portar ou se alimentar eram tão meticulosos que deixavam nosso povo parecerem verdadeiros homens da caverna.

Eu havia visto Clarke durante a batalha contra Mount Weather.

Ela era tão majestosamente preparada para liderar quanto Lexa era.

Por vezes me vi questionando a moral de liderança de Lexa e a comparando com a de Clarke.

Segundo rumores vindo dos demais clãs, Tristan havia me informado que Mount Weather finalmente havia caído, derrotados pelo povo do céu e sua líder.

A notícia pareceu ridiculamente inventada, uma vez que há muito nossos ancestrais se empenhavam em derrubar seus maiores inimigos.

Mas a resposta ao boato veio por meio de Josephine, mãe de um de nossos guerreiros que vivia com o clã liderado por Lexa.

Ela confirmou a carnificina.

E, aparentemente, Clarke era considerada um inimigo perigoso e, automaticamente, um alvo para qualquer terra-firme.

Observei a garota dos céus se agachar perto de um pequeno riacho, suas mãos sujas tornarem-se alvas a medida que a água fazia seu trabalho.

Clarke encheu seu cantil de água e fechou a mão em concha levando um pouco do líquido até o rosto.

Seu cansaço era visível.

Suas feições estavam tão sobrecarregadas que ela parecia prestes a desmoronar no mesmo lugar.

Fiz, mentalmente, a conta de a quantos dias ajudei-a a caçar um coelho para o jantar.

A compreensão se abateu sobre mim num misto de censura.

Faziam três dias que Clarke caminhava e não colocava nada no estômago.

Isso não seria problema para mim e meu povo, mas Clarke era mais vulnerável do que nossa gente. Era visível que não estava acostumada a enfrentar fome, cansaço e sede por muito tempo.

Visualizando sua figura sentada, com a cabeça pendendo um pouco, os olhos tentando se manterem focados, logo constatei o inevitável: teria que ajudá-la novamente.

O problema era: até quando?

Uma hora ou outra Clarke perceberia que estava dando voltas no mesmo local e, quando isso ocorresse, ela encontraria um caminho novo, o qual a levaria para longe da aldeia Condor.

Uma hora ou outra nossos caminhos seguiriam trilhas distintas.

Pensei na garota enfrentando a floresta e os inimigos escondidos na mesma, pensei na fome e nas enfermidades que o tempo, a má alimentação e a desidratação causariam à ela.

E fiquei espantado ao perceber que não, que não desejava que esse fosse o fim de uma grande líder.

Coloquei minha mente a trabalhar.

Certamente Clarke não poderia seguir sozinha.

Dificilmente eu abandonaria minha tribo.

A opção restante era insanidade, se não para dizer uma sentença de morte clara.

Mas, olhando-a de cima da árvore, enquanto um rubor intrigante parecia se estabilizar sobre sua face, percebi que era a única oportunidade de mantê-la respirando.

De manter nossa maior inimiga viva.


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Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui nas notas finais o meu muito obrigada ♥
Um grande beijo e não deixem de comentar e recomendar *-*
Abraços e até o próximo ;*



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