Save me escrita por Vany Myuki


Capítulo 2
Nossas estrelas


Notas iniciais do capítulo

Ressaca Bellarke tá complicada gente.
O que fazer até Outubro???
Torcer por Bellarke dar certo como nos livros ♥
Beijos!



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P.O.V Bellamy

A noite havia caído a poucas horas, mas ninguém parecia querer ir dormir, todos estavam absortos demais numa paz momentânea.

_Você deveria comer alguma.

Percebi Octavia se sentar ao meu lado no chão, o rosto, aparentemente de uma terra-firme, ainda registrava os indícios da mesma menina que ficara dezesseis anos escondida num buraco apertado e claustrofóbico.

_Eu estou bem.

Octavia desviou os olhos da carne em sua mão e me olhou, não de forma superficial, mas como costumava me avaliar antigamente.

_Algo de errado?_seus grandes olhos azuis demonstravam preocupação.

O que eu poderia dizer?

Eu não estava bem, isso era certo.

Muita coisa havia acontecido nos últimos dias.

Havíamos perdido Finn, fizemos aliança com os terra-firme, me aventurei em entrar em Mount Weather e acabamos sendo obrigados a cometer um grande massacre para sairmos vivos de lá.

E havia Clarke.

Não pude evitar sentir um suspiro longo sair de dentro de mim.

Clarke sempre foi, desde nossa chegada na Terra, a garota a qual eu faria qualquer coisa para amordaçar, apenas no intuito de evitar suas opiniões fortes e seu gênio indestrutível.

Mas, depois de conviver tantas coisas ao lado dela, como verdadeiros aliados, eu não podia deixar de sentir um peso incomum sobre meu peito.

Clarke se tornou uma parte importante na vida de todos no grupo, ela era nossa líder e, ainda que fosse muitas vezes irritante, era a pessoa que me fazia sentir mais forte e esperançoso quando tudo parecia prestes a ruir sobre nossas cabeças.

_Bellamy? Você está me ouvindo?

A voz de Octavia trouxe-me para a vida real, arrancou-me de meus pensamentos.

_Sim.

_O que há de errado com você?_Octavia estava com o cenho franzido, enquanto acariciava meu braço com preocupação visível._Sabe que pode me contar tudo, sempre.

Tentei sorrir, mas pela expressão de Octavia eu havia falhado ridiculamente no ato.

_Precisa me contar se quer ser ajudado._disse categórica.

Sorri internamente.

Sim, eu estava psicologicamente vulnerável.

Tantas mortes ofuscavam minha visão que era quase impossível me manter impassível, mas não era comigo que eu estava preocupado.

_Eu estou bem, O. Talvez só um pouco cansado._admiti, tentando tranquiliza-la.

Octavia não parecia acreditar em minhas palavras. Seus grandes olhos azuis continuavam a me avaliar.

_Vai ficar tudo bem, de verdade. Vamos recomeçar junto do nosso povo. Temos que nos permitir uma segunda chance.

Meus pensamentos voaram para Clarke automaticamente, incontroláveis.

Ela também merecia uma segunda chance.

Suspirei exasperado, levando a mão aos cabelos.

_Nem todos conseguimos seguir em frente.

As palavras eram cruéis e machucavam meu peito, enquanto meus pensamentos se perdiam nos olhos marejados de Clarke, na sua vulnerabilidade quase sempre inexistente. Ela era tão delicada, tão machucada pelo mundo e pelas consequências de seu dever que as pessoas pareciam não perceber o quanto ela precisava ser protegida, principalmente de si mesma.

_Nós dois vamos conseguir. Eu prometo._garantiu Octavia me abraçando de lado.

_Espero que sim.

Minha cabeça repousou no topo da de Octavia e por longos segundos me permiti encarar as estrelas acima de nós.

Que possamos nos encontrar novamente.

As palavras ecoaram em minha cabeça como uma promessa.

Um aviso que não era um adeus definitivo.

P.O.V Autora

Clarke estava tão desorientada quando se foi do Acampamento Jaha que nem se lembrou de pegar sua bolsa com alguns suprimentos ou, ao menos, um cobertor para amenizar o inverno que se iniciava.

Ela estava empoleirada ao lado de um tronco de árvore, seus cabelos faziam uma cortina contra um vento irritante, enquanto seu corpo estremecia com as lufadas do mesmo.

Mesmo com o frio contra sua pele, ela não permitiu-se se incomodar com o mesmo, seus pensamentos continuavam a borbulhar como larva, abafando tudo a sua volta e sufocando-a por dentro.

Clarke levantou os olhos e a imensidão de estrelas tomou sua visão.

Os pontinhos do infinito eram a única coisa bela que sobrou dentro dela.

A lembrança a golpeou gradativamente e então ela estava ao lado de Finn novamente, encarando o céu coberto de centenas de milhões de pontos luminosos, enquanto seus corpos estavam suficientemente próximos, capazes de sentir emoções diversas.

_Você me mandou embora, porquê continua a insistir em se prender?

Clarke olhou ao seu lado e percebeu, com tranquilidade, a forma de Finn sentada ao céu lado, as penas comprimidas contra o peito, numa postura tranquila, enquanto observava as mesmas estrelas que outrora Clarke olhava.

_Porque eu te amo._as palavras saíram fracas, um sussurro na imensidão da floresta.

Finn olhou-a nos olhos, seus olhos demonstravam carinho, o que fez o coração de Clarke se partir ainda mais no peito.

_Eu também te amo, nunca duvide disso, princesa._uma sombra de sorriso apareceu em seu belo rosto.

Clarke não percebeu que chorava até seus soluços ficariam auditivos.

_Você não pode me amar. Eu sou um monstro. Destruo tudo o que está perto de mim._sua voz estava esganiçada, desesperada até.

A compaixão invadiu o rosto de Finn.

_Como pode falar isso? Você é a melhor coisa que aconteceu para os Cem. A melhor coisa que aconteceu na vida de todos na Arca. Sem sua liderança todos estariam mortos._Finn suspirou, sua mão se aproximou do rosto de Clarke e repousou ali._Não se permita sucumbir a tanta dor, Clarke. Você fez o que deveria ser feito.

_Eu matei você.

Mais lágrimas desceram como cachoeira por entre as bochechas de Clarke, deixando um rastro devastador sob seu rosto vulnerável.

_Você fez o necessário. Não a culpo por isso. Você salvou minha vida, de qualquer forma._um sorriso triste estampou o rosto de Finn.

_Como?_sussurrou a voz abafada de Clarke.

_Você me amou. E isso é mais do que eu podia pedir.

As palavras de Finn puseram fim no resto de auto-controle de Clarke. Ela levou os joelhos ao rosto e os abraçou, chorando toda a dor e raiva contidas em seu ser. Dor que nunca poderia ser libertada, raiva que permaneceria marcada em sua pele até o fim de seus dias.

_Tudo ficará bem, princesa. Estou com você. Sempre.

Clarke levantou os olhos, mas ele já havia ido embora.

Seus olhos voltaram-se para o céu, as estrelas pareciam confortar seu coração estilhaçado e, por um momento, Clarke respirou o ar puro e pensou apenas naqueles pontos acima da sua cabeça. Esperando que, em algum lugar, alguém estivesse observando os mesmos com toda sua alma.


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Notas finais do capítulo

Beijos e volto já, já com capítulos novinhos em folha.
Comentem!
;)



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