Se o caminho do acampamento até a loja foi feito em silêncio, o de volta para o acampamento foi pior. Daryl deixando claro que não estava feliz, e Carl não queria falar com o pai. Mesmo Rick tentado descobri o que ele e Daryl tinham falado, Carl nada disse. Daryl ainda não podia acreditar no que tinha acontecido. Sofia era muito nova para namorar e ele tinha certeza que Carol já sabia dobre o namoro. Onde já se viu. A menina tinha apenas doze anos. Tudo bem que faria aniversario em duas semanas, não que Daryl estivesse anotando para saber quando seria, por que ele não estava. O caçador suspirou. Não ia adiantar de nada ficar tão nervoso com isso. Ele não queria ser outro Ed na vida de Sofia. Queria ser aquele pai amoroso que a menina via nele.

Eles chegaram ao acampamento no fim da manhã, mas o caçador não ficou muito tempo. Ele apenas pegou uma garrafa de água e saiu falando que ia caçar. Sofia tentou falar com ele, mas ele já tinha sumido. Daryl andou por horas. Conseguiu um coelho e dois esquilos. Ele teria conseguido mais, mas o frio estava começando a ficar pior, por isso ele decidiu volta para o acampamento. Ele andava calmamente. Sem pressa alguma. Assim que ele chegou onde eles estavam acampados, viu Sofia sentada ao lado de Carl de mãos dadas. O caipira suspirou e foi para o canto onde começou a limpa os animais.

– Oi. – Carol disse se sentando ao lado dele. Daryl nada disse, apenas balançou a cabeça. – Ela acha que está com raiva dela.

– Quem? – perguntou sem olhar para ela.

– Sofia. Você voltou da corrida e quando ela foi falar com você, você se afastou e entrou na floresta. – Carol olhava para ele tentando estudar sua expressão. – Você está com raiva?

– Sim.

– Dela?

– Não.

– Então de quem?

– De você. Como pode concorda tão fácil com isso? E por que não me disse que eles estavam namorando? Eu pensei em dá uma flechada nele assim que as palavras saíram da boca dele. – Daryl estava com tanta raiva que arrancava os pelos do coelho na metade do tempo que normalmente usaria. – Mas não. Deixa que o moleque fale comigo. O mesmo moleque que quer e está namorando com Sofia. Que está querendo tirar a pureza dela e...

Carol não aguentou e começou a rir. Ela simplesmente caiu na risada.

– O que foi? – Daryl perguntou se levantando e indo até ela. – O que é tão engraçado.

– Daryl, eles ainda são crianças. É um namoro inocente.

– Por Sofia, sim. Pelo moleque, nem pensar. – rosnou. – Eu sei o que se passa pela cabeça dele e vou arrancar as mãos dele se ele fizer o que está pesando.

– Você fica uma gracinha com ciúme. – ela disse passando a mão no cabelo dele para tirar um que estava na testa dele.

– Você está brincando comigo, mulher? – ele perguntou com as bochechas coradas.

– Não. Estou falando sério. Você fica ainda mais bonito com as bochechas vermelhas. Não sabia que era tímido, Daryl. – Ela disse sorrindo para ele. – Serio, você fica lindo com a bochechas vermelhas de vergonha.

Daryl abriu e fechou a boca algumas vezes, mas não conseguia pensar em nada para dizer. Carol estava dando em cima dele, ou era impressão sua? A mulher o beijou na bochecha e se afastou sorrindo. O caipira ainda ficou um tempo ali olhando para ela se afastando sem entender o que tinha acontecido.

– Louca. – ele murmurou antes de se senta e volta a limpar os animais. – Com ciúmes... Eu. Por que estaria com ciúmes? Sofia não é nada minha. Certo vejo ela como uma filha, mas nada que me faça ficar com ciúmes. Louca. É isso que ela é. Louca.

– Precisa de ajuda? – Rick perguntou parando ao lado dele.

– Não. – resmungou.

– O que aconteceu entre você e o Carl na loja. Desde que vocês se encontraram comigo estão estranhos.

– Seu filho queria ter uma conversa de homem para homem comigo. – ele disse abrindo a barriga do coelho e tirando as entranhas. – Disse que precisava me contar que ele e Sofia se gostam muito e estão namorando. Eu pensei seriamente em mata-lo, mas como pode ver não o fiz. E depois me vem a louca da mãe dela, que sabia de tudo e não me contou, que estou com ciúme. Do que teria ciúme?

– Da sua filha. – o xerife disse se abaixando ao lado dele. – Você a vê como filha e a ama como tal. Sei que é difícil acreditar que você pode amar uma menina que não é nada sua, mas você a vê como sua. Acho que pelo fato de você encontra ela, quase ter morrido por ela e depois encontra ela, viu que ela é sua filha, mesmo que não seja de sangue.

Daryl não disse nada por um tempo.

– Eu não estou com ciúme. – ele resmungou.

– Se você visse Carl e Sofia se beijando o que faria?

– Daria uma flechada na bunda dele. – respondeu sem nem ao mesmo pensar. – Droga, estou com ciúme.

– Está. – Rick disse rindo. – Isso é normal.

– Não pra mim.

Os dois ficaram em silêncio. Depois Rick voltou para a vigia. O caçador começou a limpar o esquilo. Ele estava quase terminando quando Sofia se sentou ao lado dele. Eles ficaram em silêncio. Daryl ainda não estava pronto para falar e Sofia estava nervosa.

– Pai? – ela chamou por fim.

– O que? – ele perguntou olhando para ela.

– Você tá com raiva? Sabe, por causa de mim e Carl? – ela perguntou olhando para ele. – Sei que você pode pensar que gosto mais dele do que de você. Mas não. Gosto dos dois igualmente, só que amores diferentes. Eu termino com Carl e fico só ao seu lado. Se eu termina com ele você vai ficar mais feliz? Não vai ficar com raiva? Não vai parar de me amar? Você ainda me ama?

– Sofia, primeiro respira. Um dia você morre sufocada. – ele disse cortando a barriga do esquilo. – Eu não estou com raiva, apenas com... ciúme. – ele disse a última palavra bem baixinho.

– O que? Não entendi.

– Ciúme. – ele disse um pouco mais alto.

– O que?

– Ciúmes, está bem? Eu estou com ciúme. – ele gritou respirando com dificuldade.

– Oh. – ela disse surpresa.

– Você ainda é muito nova para namorar e eu sou novo nesse negócio de ser pai. E eu tenho que e eu tenho que me acostumar com isso.

Sofia se levantou e abraçou Daryl com força.

– Você é melhor pai do mundo. – ela disse rindo.

Daryl rolou os olhos e a abraçou também.