Mais uma chance escrita por Carcata


Capítulo 4
O som do seu coração


Notas iniciais do capítulo

HEEEY olha eu aqui, eu voltei! *desvia das facas e dos tiros de revólver* eu sei, eu sei, vcs estão bravos pq eu demorei tanto, desculpem e.e'
POR FAVOR LEIAM AS NOTAS DA AUTORA EM BAIXO DO CAPITULO!!



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Depois de fazer uma careta de dor quando foi chutado na barriga pela quinta vez, Hiro tentou conter as lágrimas. Ele não queria chorar de dor, queria chorar de frustração. Era tão inútil que nem conseguia se por de pé. Hiro não era capaz nem de ter coragem de fugir ou encarar aqueles valentões.

Ele salvou seu irmão da morte uma vez, mas foi por pura sorte. E o que aconteceu depois? O garoto foi parar no hospital por ser muito estúpido. Sinceramente, o que ele pensava que aconteceria? Callaghan pararia o fogo? Simplesmente estúpido. Hiro era estúpido.

E logo depois a briga com Tadashi aconteceu. Uma discussão tão feia que Hiro saiu chorando como um bebê. Ou talvez ele fosse fraco demais. Qualquer coisa que Hiro tentasse fazer para consertar os erros que aconteceram no passado não funcionaria. Seria tudo inútil, mesmo que Tadashi acreditasse nele.

Pare de pensar besteiras, Hiro pensou para si mesmo, Tadashi nunca vai acreditar em mim.

Se nem Hiro tem fé em si mesmo, para que tentar?

Um dos homens agarrou o menino pelo pescoço e o empurrou contra a parede. Hiro tentou pegar a mão que o estava sufocando, mas não teve forças para levantar o braço. Seu pulso esquerdo estava provavelmente quebrado, então não importava mais.

Hiro se preparava para outro golpe, entretanto foi surpreendido quando seus olhos avistaram uma faca afiada na mão do homem. O garoto nem se importou em esconder o medo nos olhos e seu coração disparou.

– Agora você vai ver, pirralho! – O outro rugiu e antes que pudesse erguer a faca, um vulto escuro passou e derrubou o homem. Foi tão rápido que Hiro mal conseguiu ver, porém ele tinha uma ideia do que podia ser.

Os microbôs derrubaram um outro homem que estava mais perto e o restante dos valentões, ao se darem conta do que tinha acontecido, fugiram assustados.

Com os olhos arregalados, o garoto tentava se recompor, ainda absorvendo o que tinha acontecido.

– Hiro. – A voz rígida fez o adolescente tremer, mas não tentou mostrar medo. Ele podia admitir submissão aos valentões ou chorar o quanto quisesse, porém não poderia tentar mostrar fraqueza para ele.

– Callaghan. – Hiro respondeu e encarou o homem de casaco negro que o tinha salvado.

– O que está fazendo aqui? – O professor amenizou a voz e, até no escuro da noite, seus olhos verdes brilhavam.

– Não é da sua conta. – Ele murmurou rabugento e passou a palma da mão na boca para tirar o sangue. Entretanto ele congelou quando ouviu Callaghan sussurrar para si mesmo.

– Não era para isso acontecer...

Hiro virou-se subitamente para o homem.

– O que quer dizer com isso? – O professor suspirou.

– O que fez você ir naquele incêndio, Hiro? – Ele olhou o garoto com simpatia nos olhos.

– Foi você quem me salvou... Não foi? – Ele perguntou incerto. Callaghan assentiu. – Por que... Por que você não salvou Tadashi, então?! Qual a diferença entre nós?!

Hiro estava tão incrédulo que nem percebeu que haveria a possibilidade de Callaghan não ter a mínima ideia do que o garoto estivesse falando. Porém o homem sabia muito bem.

– Você... – Callaghan não conseguia acreditar. Hiro conseguia se lembrar...? – Como você... Sabe disso?

Os dois então se encararam por um tempo até o menor quebrar o silêncio.

– Então você sabe? Do que aconteceu com Tadashi? – O professor ainda estava com os olhos arregalados, mas conseguiu responder.

– Sim! Fui eu que... – Callaghan engoliu em seco. – Fui eu que fiz tudo isso.

Uma pausa, depois:

– Desculpa, como é que é?! – Hiro gritou, porém depois se arrependeu quando sua garganta começou a doer. Na verdade, seu corpo inteiro estava doendo, e ele nem sabia como ainda estava de pé.

– É uma longa história... – Ele cruzou os braços, pensativo – Vamos dizer que eu arranjei uma oportunidade de poder voltar no tempo, mas... Não foi o suficiente para salvar Abigail, não podia voltar tão atrás assim...

– A Abigail já foi salva. – O garoto interrompeu – Para quê salvá-la de novo? – Ele tentava calcular inúmeras e possíveis hipóteses porque aquilo não podia ser verdade. Era impossível.

– Eu queria... Consertar as coisas. – Callaghan falava devagar como se estivesse medindo as próximas palavras – Tudo estava tão errado. A destruição que eu causei, o sofrimento... – Ele fitou Hiro nos olhos – Eu queria fazer tudo ficar bem novamente, mas eu preciso da sua ajuda.

– Você quer dar uma de herói agora, mas ainda causou aquele incêndio e pôs muitas pessoas em perigo. – O menino rangiu os dentes quando começou a sentir uma tontura, mas isso não amenizou sua raiva – E você já não fez o bastante? Por que precisa da minha ajuda?

O professor pareceu decidido e consertou sua postura.

– Me encontre amanhã a noite no mesmo prédio abandonado que você foi hoje com Tadashi, mas vá sozinho. – Ele explicou. – Não há tempo para explicar. E além do mais, creio que seu irmão vai aparecer daqui a pouco super preocupado com você. – Callaghan deu um pequeno sorriso honesto e, sem despedidas, desapareceu na escuridão, levando os microbôs consigo.

Hiro fitou por alguns segundos o lugar onde Callaghan tinha saído, e então se encostou à parede e deslizou até o chão, seu corpo não aguentando tanta adrenalina em tão pouco tempo. Ele deixou escapar um suspiro e passou a mão pelo rosto, gemendo de dor quando finalmente começou a sentir todos os machucados que foram infringidos em seu corpo, principalmente seu pulso.

Felizmente ele não havia sido quebrado, mas estava inteiramente roxo e Tadashi provavelmente teria um ataque quando visse seu estado. Hiro deu uma risadinha quando imaginou a reação do seu irmão. Ele iria surtar.

Alguns minutos se passaram com Hiro olhando para as estrelas, lutando para não ficar inconsciente e pensando na proposta de Callaghan. Desde o que aconteceu entre eles, o garoto decidiu nunca mais confiar no professor, mesmo que um milhão de perguntas estivessem coçando a cabeça do mais novo implorando por respostas.

E então Hiro pensou que finalmente poderia ser útil, afinal. Ele não tinha a mínima ideia do que faria de agora em diante com tudo o que tinha acontecido. Quer dizer, quando você sabe exatamente o que vai acontecer durante os próximos oito meses, você não fica parado. Você toma uma atitude para consertar seus erros e fazer de tudo para que tudo fique bem de novo. E era isso que Callaghan estava tentando fazer. Pelo menos fora o que ele disse.

Perdido em pensamentos, Hiro nem percebeu quando começou a pegar no sono.

–-

Tadashi ficou louco quando viu seu irmãozinho deitado em uma das calçadas de San Fransokyo todo machucado e pensou por um momento que seu coração iria explodir de preocupação. Ele entrou em desespero quando notou que Hiro não estava consciente e pensou o pior, mas logo o viu respirando e percebeu que estava dormindo calmamente.

Ele ficou com pena por ter que acordar seu irmão, porque ele parecia tão cansado e sozinho e é tudo culpa minha ele está assim por minha causa eu sou um irmão horrível ele deve me odiar tanto-

– Tadashi...? – Hiro abriu os olhos sonolentos e deixou escapar um grande sorriso quando reconheceu o irmão. Ele não hesitou em abraçar Tadashi, que ficou surpreso pelo gesto, mas depois sentiu um alívio imenso por perceber que Hiro não o odiava, afinal.

Ele tinha feito tanta coisa errada, e ainda assim seu irmãozinho tinha um coração grande o suficiente para perdoá-lo, não importa o crime que o outro cometesse.

– Ei, Hiro! – Tadashi tentava acordar o menor – Tem algum ferimento grave? Você bateu a cabeça em algum lugar? – Ele verificava todos os arranhões e machucados possíveis marcados no frágil corpo de Hiro e tentava se conter para não pensar nos covardes que tinham feito aquilo.

– Pulso... – Hiro murmurou e soltou um bocejo, ainda com a cabeça no peito de Tadashi. – Dói...

– Não se preocupe, irmãozinho... – O mais velho se concentrava para sua voz não falhar, pois se falhasse, ele não aguentaria e começaria a chorar. – Vamos voltar pra casa, e eu vou cuidar de você e tudo vai ficar bem.

–-

Ele se odiava por ter feito seu irmão sofrer assim, ele se odiava por não ter chegado a tempo e, acima de tudo, ele se odiava por ser um irmão mais velho tão ruim assim. Era para ele ser o guardião se Hiro, seu protetor e seu amigo, e naquela noite tudo deu errado.

Não, que se ferre, aquele mês inteiro deu errado.

Desde o incêndio no Instituto, Tadashi prometeu que protegeria Hiro de tudo. Porque ele tinha ficado com tanto medo, e por uma semana inteira o maior não desgrudava os olhos de Hiro, seguindo cada passo seu. Ele nunca queria presenciar o desespero e angústia que sentiu naquele dia, então ele abraçava e beijava o rosto do seu irmãozinho sempre que podia, mesmo que esse protestasse sem parar.

Aquele medo tinha voltado hoje à noite, e Tadashi não sabia o que fazer. Tudo o que ele queria era ficar com Hiro o dia inteiro e chorar até não poder mais, mas ele sabia que as coisas não funcionavam assim.

Tadashi limpou um corte na testa de Hiro com o algodão e este fez uma careta. Ele podia chamar Baymax a qualquer hora, mas ele se recusava. Aquilo tudo era culpa de Tadashi, então ele teria que cuidar do seu irmão. E aliás, é seu trabalho de irmão mais velho.

Porém havia alguns ferimentos que Tadashi não conseguia cuidar, portanto Baymax teve que ser chamado. Não muito tempo depois o trabalho foi feito sem muito sofrimento e o irmão mais velho decidiu acertar as contas com o mais novo.

– Eu decidi acreditar na sua história... – Ele coçou a nuca. – Por enquanto.

Hiro abriu a boca e os brilhos dos seus olhos ficaram mais aparentes.

– Sério? – Tadashi assentiu, mas decidiu não contar nada sobre Baymax e o vídeo ainda.

– Desculpa... Pelo que eu disse. – O mais velho murmurou e passou a mão no rosto de Hiro no lugar onde tinha batido. O garoto aceitou o toque, aquilo nem doía mais.

– Tudo bem. – Hiro tentou forçar um sorriso e olhou para o chão, não sabendo mais o que dizer.

– Bom, - Tadashi quebrou o silêncio com um tom bem humorado – Vamos dormir, aposto que você tá bem cansado por tudo o que aconteceu hoje. – Ele bagunçou o cabelo do menor delicadamente para não machucar os ferimentos.

Hiro não podia concordar mais.

–-

O fogo já havia dominado boa parte do Instituto, e o calor estava quase insuportável. Tadashi lutava para conseguir fazer com que ar suficiente entrasse em seus pulmões, e sua visão começava a embaçar. Mas não era isso o que o preocupava, não era o maior de seus problemas.

Hiro ainda estava lá dentro. Ele podia ouvir seus gritos desesperados na esperança de que alguém o viesse ajudar, ou talvez aquela seria a própria voz de Tadashi. Não importava, o desespero era muito.

Tadashi não conseguia encontrá-lo, e o medo só estava aumentando, fazendo com que ele pensasse no pior. Ele então ouviu os berros de agonia de seu irmãozinho, chamando o mais velho, pois ele era sua única esperança.

– Tadashi!!

O maior ia perdendo as forças, os sons ficando mais distantes.

– T...ashi! Tadashi!

– TADASHI! – O jovem deu um pulo e abriu os olhos, revelando Hiro à sua frente agarrando os seus ombros. – Tadashi, se acalma!

O garoto colocou sua mão no rosto de Tadashi, o que fez sua respiração se acalmar e o mais velho conseguiu relaxar um pouco. Quando percebeu que seu irmãozinho estava ao seu lado e que não iria à lugar algum, Tadashi envolveu os braços em volta da Hiro em um abraço apertado, deixando as lágrimas fluírem.

– Graças a deus, graças a deus... – Ele sussurrava essas palavras para si mesmo como se fossem um mantra, extremamente aliviado que tudo foi apenas um sonho.

– Tá tudo bem. – Hiro devolveu o abraço e afagava a cabeça do irmão. – Foi só um pesadelo, ta tudo bem.

Normalmente aquilo era o contrário. Tadashi sempre tranquilizava o menor quando este estava aflito ou tinha um pesadelo, entretanto ninguém é de ferro. Hiro não sabia disso, mas Tadashi precisava muito mais de Hiro do que o garoto precisava de seu irmão mais velho.

Tadashi era o guardião de Hiro, sim, e ele sempre estava lá nas horas difíceis. Porém Hiro era a única coisa que o maior tinha, e ele sabia como era perder alguém importante, pois ele era o único que se lembrava de seus pais. Se Hiro algum dia fosse embora para sempre, Tadashi não saberia o que fazer e isso o quebraria por dentro.

Com Tadashi um pouco mais calmo, o menino quebrou o abraço e olhou nos olhos do irmão.

– Você quer falar sobre o sonho? – Tadashi estremeceu só de ter que lembrar do pesadelo, então balançou a cabeça em negação. Hiro não sabia mais o que fazer, então decidiu voltar a dormir em sua cama. Isso é, até Tadashi puxá-lo de volta.

– Não. – Ele falou firmemente com medo estampado nos olhos. – Não vai. Fica comigo.

Ao ouvir a voz quebrada de Tadashi, Hiro decidiu deitar na cama junto a Tadashi e os dois ficaram abraçados por um tempo.

Tadashi se concentrava na respiração de Hiro, se assegurando que estava tudo bem, e seu irmãozinho estava vivo e seguro em seus braços. O som do coração de Hiro batendo contra o peito de Tadashi foi o suficiente para acalmá-lo a ponto de conseguir voltar a dormir.

–-

– Garotos~! – Tia Cass subia as escadas com duas bandejas com o café da manhã na mão. – Eu cheguei mais cedo!

Ela avistou a cama de Hiro vazia e franziu as sobrancelhas. O menino não costumava acordar tão cedo.

– Meninos? – Ela virou para o lado do quarto de Tadashi e suas seguintes palavras desapareceram da sua boca quando viu os dois irmãos dormindo juntos calmamente.

Hiro estava encolhido nos braços do mais velho, que abraçava o menor protetoramente. Sorrindo, Cass deixou as bandejas na escrivaninha ao lado e correu para pegar sua câmera fotográfica.


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Notas finais do capítulo

AVISANDO QUE: é muito provável q eu NÃO poste essa semana, pois vai ser a minha semana de prova (três provas por dia, q dlç), mas vou tentar postar na semana q vem
Queria agradecer todos os comentários e favoritos lindos e divos! Fiquem sabendo que eles fazem o meu dia e que responderei vcs com muito amor e sempre que puder. EU APRECIO CADA UM DE VCS, MEUS AMORES *BEIJO NA BUNDA*
São vcs que me animam e me motivam para escrever cada capítulo, e isso significa mt pra mim!
E com o microfone na mão eu tenho o orgulho (e vergonha) de apresentar a vcs o quarto capitulo!!!
(n acontece mta coisa nesse cap mas pelo menos é alguma coisa né '-')