–HEY! Lilian! Quer carona?!

As aulas já haviam acabado quando Lilian ouviu o grito nada sutil de certo James Potter. Imediatamente, os olhares de todos os que passavam se voltaram para ela. Lilian corou como um pimentão e se encolheu perto da pilastra do ponto de ônibus. De dentro da limusine gigante e preta do outro lado da rua, James continuava esperando uma resposta.

Lilian se encolheu um pouco mais, tudo o que queria é que parassem de olhar para ela.

James disse algo para o motorista da limusine e saiu de dentro dela, seguindo em direção a moça de cabelos e bochechas vermelhas. Todos abriram caminho para tal estrela, e não apenas pela fama, ele era aquele tipo de pessoa que chama a atenção naturalmente, com seu andar relaxado e o sorriso brilhante ele se aproximou da ruiva.

Olhares de ódio de toda a população feminina ao redor atingiram a ruiva com força, o que a fez corar ainda mais.

–Tá tudo bem? Parece que vai pegar fogo de tão vermelha que está!- O Potter sorriu de lado, o que arrancou suspiros de todas as meninas ao redor, porém Lilian nem reparou, estava com vergonha demais para sequer olhar para os olhos do rapaz a sua frente

–T-tá tudo bem sim- ela olhou ao redor nervosamente, se dando conta que ele estava próximo demais, nenhum garoto esteve tão próximo assim dela. Nunca. E estar com o nariz quase colado ao peito de um recém-conhecido na frente de tanta gente fez com que a ruiva desejasse ser um grão de poeira para que parassem de prestar atenção nela.

–Okay então... Quer uma carona? Remo ficou na escola para tirar umas dúvidas e Sirius pediu que trouxessem a moto dele e provavelmente está explorando a cidade- James fez carinha de cachorro que caiu da mudança para a garota que ainda não o tinha encarado nos olhos, sempre parava em algum lugar entre o peito do rapaz e as maçãs de suas bochechas.

–A-cho que é melhor não...- Lilian continuou insegura. E se sua irmã visse? A tinha enfrentado pela manhã, mas sabia que ela se vingaria de um jeito bem cruel. Atrasar seu despertador seria fichinha perto do que Petúnia faria se a visse entrando na limusine de James Potter.

–Ei!- James segurou seu queixo, obrigando-a a olhar em seus olhos, Lilian bem que queria, mas não conseguiu desviar dos hipnotizantes olhos cor de avelã do moreno a sua frente- Eu não vou fazer nada okay? Não precisa ter medo. Eu nunca tentaria nada contra sua vontade.

"Contra minha vontade? Ele acha que estou com medo de entrar no carro porque tenho medo que ele tente algo?" Lilian pensou e corou com a preocupação dele.

–N-não! não é nada disso! Eu só... Não posso- Lilian voltou a olhar para o chão, finalmente se desvencilhando do olhar magnético de James Potter

Ficaram assim por alguns instantes, Lilian olhando para o chão e James olhando para Lilian.

A cabeça de Lilian estava em conflito um lado (provavelmente o consciente) implorava mentalmente para que o cantor fosse embora. O outro queria que ele ficasse, queria aceitar a proposta e entrar na limusine que ainda aguardava do outro lado da rua

Lilian se sentia naqueles desenhos animados aonde aparecem dois bonequinhos nos ombros dos personagens, um anjinho e um diabinho

"Que mau pode haver?" dizia o diabinho em seu ombro esquerdo

"A Petúnia pode ver" respondia o anjinho do lado direito

"E lá a cara-de-cavalo manda em alguma coisa?!"

"Não a chame assim. Sabe que ela não gosta"

"Foda-se a Petúnia! Entra logo na limusine!"

–Umm... Red?- James a chamou, mas a garota estava atenta demais a discussão mental para prestar atenção ao moreno

"Você sabe que é errado! Não pode sair entrando em carros de estranhos!"

–Lilian?- James a tocou suavemente no braço, mas foi novamente ignorado

"Ele não vai te fazer mau nenhum! Olha pra cara dele! É só uma carona! não vai machucar ninguém!"

–LILIAN!- James a segurou pelos ombros e chacoalhou, fazendo com que o anjinho e o diabinho sumissem de seus ombros- que susto! Achei que tivesse dormido em pé ou sei lá!- James coçou a nuca nervosamente e Lilian corou como um pimentão

–D-esculpe por isso... Eu... Eu viajei um pouco...

–Não tem importância- James sorriu para ela, tranquilizador- Só que você perdeu o ônibus

Lilian arregalou os olhos. Como assim perdeu o ônibus?! Olhou ao redor e obteve a confirmação. Não tinha ninguém além dos dois no ponto de ônibus

Quis bater em si mesma e em Eloi, como assim ele não a vira? Aí Lilian lembrou que James estava exatamente a sua frente, e que ele cobria com facilidade seu minúsculo corpo.

Bufou de frustração.

–Ainda vai recusar minha carona?

...

O sorriso de James não poderia ser maior enquanto atravessava a rua com uma ruiva ao seu lado.

–Senhorita- James abriu a porta para A ruiva que não evitou um sorrisinho para o cavalheirismo dele e entrou no carro sendo seguida pelo moreno.

James riu quando viu o queixo de Lilian no chão, ela olhava para todos os cantos, como se não conseguisse assimilar que tudo aquilo estava dentro de um carro.

O banco de couro preto onde estavam sentados seguia em L pela limusine quase inteira, logo a frente havia aparelhos de som profissionais, logo a frente da parte maior do "L" um pequeno bar com taças de todos os tamanhos e bebida que iam de Coca-Cola à Whisky champanhe importado. No chão um tapete peludo no qual dava vontade de deitar, e no teto, um enorme teto solar dava visão privilegiada do céu de fim de tarde.

Assim que Lilian voltou ao normal, James perguntou qual era o seu endereço. Ela respondeu em voz baixa, ainda deslumbrada com o carro

–Rua dos Marceneiros N° 4

James repetiu o endereço para Vargas, que fechou o vidro fumê que separava o motorista dos passageiros.

James e a Ruiva caíram num silêncio pesado

–Aceita algo? Tem Coca, água, salgadinhos, chocolate... - James levantou e seguiu em direção ao armário embaixo das bebidas

–Tem Manteiga de Amendoim?- Perguntou a ruiva, os olhos brilhando, ela mal tocara no sanduíche pela manhã, e estava morrendo de fome.

...

Sirius precisava pensar. A morena da aula de artes realmente o confundia.

Então mandou um "Não me espere" para James e Remo, pegou sua moto e saiu pela cidade. Sentia-se completamente livre enquanto zigue-zagueava entre os carros e via o ponteiro que marcava a velocidade subir

80km/h, 90km/h, 100km/h...

Quando o ponteiro estava prestes a chegar a 110km/h algo chamou sua atenção. Pelo vidro da "J&L Galerias" se encontrava a morena da aula de artes. Ela sorria para uma senhora que falava animadamente e gesticulava muito. Sirius observou por alguns instantes a cena até a senhora abraçar forte a Morena e sair da loja com um sorriso de orelha a orelha.

Sirius estacionou a moto e entrou na loja. Nunca gostou desse tipo de arte, tudo o que realmente via era um monte de rabiscos coloridos e sem sentido. Sentiu o ar frio, quase desagradável, proporcionado por ar-codicionado e fez uma careta. Sempre gostou mais de calor

Mas a morena virada de costas, se esticando para pegar um objeto numa prateleira alta, não parecia se incomodar em nada com a temperatura

–Não dá pra aumentar a temperatura desse lugar não? Está um frio da porra aqui

Por um instante a morena parou o ato de tentar pegar um vaso de cerâmica, e prendeu a respiração. mas foi tão rápido que Sirius achou que fosse sua imaginação

–Não, não podemos. Para manter o estado de conservação das peças a temperatura não pode passar dos 10 graus- Se esticou um pouco mais para pegar o vaso porém apenas roçou os dedos nele- Além do mais, gosto de frio.

Sirius apenas sorriu com o esforço da garota para pegar a peça e se aproximou por trás, colando seu corpo no dela

–Não posso dizer que estou surpreso. Combina com você, o frio. mas não há gelo que não derreta com um pouco de fogo. -sussurrou ao pé do ouvido da morena. E se estava certo. (sempre estava) ela se arrepiou.

Sirius sorriu. Agora foi confirmado. Ele a afetava sim, só faltava descobrir por que ela o odiava.

Esticou a mão e entregou o vaso à morena que o fuzilava.

–O que veio fazer aqui? Está me seguindo?- a morena virou de costas novamente e se dirigiu a vitrine, colocando o vaso lá

–Não! Óbvio que não, sou apenas um admirador de Arte

Ela o encarou incrédula

–Quer realmente que eu acredite? Você disse "saúde" quando a professora citou Botticelli. Saia da loja antes que eu ligue pra polícia e te denuncie por perseguição.

–Okay- Sirius levantou os braços em sinal de rendição- Não se nada de arte. Só acho que começamos com o pé esquerdo e vim me redimir.

–Perdeu seu tempo Black. Não vai ter sua redenção, nem hoje nem nunca- ela cruzou os braços em frente ao peito e o encarou desafiadoramente.

Estranhamente tudo o que Black pensava era o quão sexy ela ficava com aquela expressão.

Black gastou um minuto encarando a garota a sua frente, tentando desvendá-la. Sabia que a afetava, mas o desprezo dela por ele era quase palpável. A pergunta era: por quê?