Era sábado e eu não iria trabalhar, mas Emma sim, e ainda estava dormindo. Me revirei na cama e a encarei dormindo tranquilamente, com parte do corpo coberta apenas.

–Emma. – a chamei, mas nada. – Amor. – a balancei, ouvi um resmungo e ela virou de barriga para baixo. – Emma, acorde. – puxei sua coberta, me olhou e afundou a cabeça no travesseiro. – Levante amor, você tem que trabalhar. – quando terminei de falar ela me abraçou, deixando sua cabeça entre meu ombro e meu pescoço.

–Me deixa dormir, dorme você também. – falou com a voz rouca e se aconchegando ainda mais em mim.

–Emma, você tem um trabalho. – falei, mas não ousei a empurrar dali.

–Morena, quem manda lá sou eu e além do mais a previsão é de chuva, é só olhar pela janela pra confirmar. – ainda com a voz rouca, e sem mover um dedo se quer. Decidi que não iria mais teimar com ela, já que pelo visto ela estava certa, as cortinas estavam fechadas mas de repente ouvi um estrondo, certamente de um trovão, me acolhi a Emma e puxei as cobertas.

–Ok, você venceu. – falei e deixei um beijo em sua testa. Não demorou e eu voltei a dormir.

...............................................

–Lana. – chamei minha cachorrinha e ela veio ao meu encontro. – Está com fome não é? Venha aqui. – virei um pouco de ração em seu pote, logo ela o atacou, devorando mais da metade do que eu havia servido, depois bebeu sua água e veio lamber minhas mãos em forma de agradecimento.

–Morena, vai cozinhar? – Emma apareceu com uma calça larga de moletom e uma regata, secando seus cabelos com uma toalha.

–Único jeito. – falei me levantando do chão e indo ao seu encontro.

–Não posso comer besteiras né? – torceu o nariz.

–Aposta é aposta Swan. – falei rindo de sua cara, me sentei na bancada e pousei a mão sobre minha barriga.

–Tudo bem, semana que vem vou fazer você cozinhar tudo que eu quiser. – me mostrou a língua e se virou, saindo da cozinha.

Abri a geladeira e procurei opções do que eu poderia cozinhar, por sorte encontrei peixe congelado, iria inventar algo com ele, enquanto separava alguns ingredientes e algumas saladas Lana estava sentada sobre suas patas me observando.

–O que vai fazer? – Emma voltou, com os cabelos já secos.

–Vou grelhar esse peixe e fazer alguma salada para acompanhar. – vi que ela torceu o nariz novamente.

–Pode fazer um pouco de massa? – me olhou com aqueles olhos verdes pidões.

–Faço, mas sem molho. – revirou os olhos e abaixou a cabeça na bancada onde estava sentada.

–Precisa de ajuda? – pediu depois de um tempo em silencio.

–Pode cortar algumas coisas aqui. – falei e ela veio sorrindo, depositou um beijo em minha bochecha e me ajudou a preparar tudo.

...............................................................

Depois de almoçarmos e limparmos a cozinha, fomos para a sala, a chuva caia lá fora, o mar estava agitado e havia uma ventania. Me sentei no sofá, logo Emma deitou com a cabeça nas minhas pernas e agora conversava com minha barriga.

–Temos que decidir os nomes. – falei e ela me encarou com um sorriso de orelha a orelha.

–Eu pensei em Liv para a menina, geralmente é uma abreviação de Olivia, mas eu não gosto de Olivia, então só Liv mesmo. – falou de uma forma engraçada e eu ri de sua explicação.

–Gostei de Liv, e para menino eu pensei em Henry. – falei animada, e ela abriu um sorriso maior ainda.

–Henry e Liv. – falou pensativa. – Perfeito. – sua expressão séria deu espaço para olhos brilhantes e um sorriso mais lindo ainda. – Vocês vão se chamar Henry e Liv então. – voltou a conversar com a minha barriga. Eu sorria feito uma boba para aquela cena. Paralisei por alguns instantes e Emma também, trocamos olhares e então sorrimos.

–Voce sentiu isso também? – falei com meus olhos já lacrimejando.

–É claro, alguém se mexeu ali dentro. – assentiu e se sentou.

–Oh meu Deus Emma. – não conseguia tirar minhas mãos da minha barriga, assim como minha loira. – Mexe de novo para nós. – falei diretamente para minha barriga.

–Morena, espere. – falou e saiu em disparada, assim como foi ela voltou muito rápido com seu violão em mãos. – Aurora falou que é bom cantar para eles desde agora e que isso pode estimular os movimentos. – apenas assenti e ela começou a tocar algumas musiquinhas infantis, confesso que estava achando uma graça, algumas lagrimas escorriam pelo meu rosto e meu sorriso não se desfazia em nenhum momento, depois de umas quatro musicas que ela havia tocado ela parou e me encarou.

–Sentiu algo de novo? – neguei.

–Infelizmente não, mas calma amor, foi a primeira vez, vão ter varias vezes, ainda mais que são dois. – ri calmamente e ela deixou o violão de lado.

–Ok, é bom que se mexam apenas quando eu estiver por perto. – ela estava de joelhos de frente para minha barriga, distribuiu vários beijos por ali e voltou a se sentar no sofá. – Agora deixem eu namorar a mãe de vocês. – puxou minhas pernas pra cima, deixando sobre as pernas dela, me beijou calmamente, assim que nossas bocas se desgrudaram ela deixou um beijo na minha testa. – Eu amo você. – um selinho foi roubado. – e vocês. – passou a mão na minha barriga.

–Nós também amamos vocês. – foi minha vez de roubar um selinho e sorrir. – Emma, como esta a escola? – pedi, pois ela raramente falava sobre isso.

–Não vou mentir. – me olhou séria. – Já teve uma época em que estava bem melhor, não sei se fiz certo em investir nisto. – me olhou decepcionada. – Vou tentar mais um tempo, se eu ver que não vai pra frente eu paro, não quero levar prejuízo, ainda mais que agora nós temos uma família. – beijou minha bochecha.

–Vai melhorar. – sorri pra ela. – E não se preocupe se não der certo, eu ainda recebo o aluguel do meu apartamento em Nova Iorque. – a lembrei.

–Mas logo teremos que mudar pra um lugar maior. – falou preocupada.

–Até la nós temos tempo para pensar, meu salário no aquário é uma grande ajuda você sabe, e eu ainda tenho um pouco da minha herança como garantia pra qualquer imprevisto. – falei na tentativa de despreocupá-la, pois a alguns dias eu vinha percebendo que ela andava tensa e preocupada.

–É temos tempo pra pensar, mas eu quero ajudar com as despesas também. – sorriu sem jeito.

–Emma, nós estamos casadas agora, iremos ajudar uma à outra sempre. – falei e entrelacei nossas mãos. – Mas não desista da escola, você adora seu trabalho.

–Eu sei, mas temos que ser realistas, isso não é um ramo de sucesso, e eu quero que meus filhos cresçam tendo de tudo, nada pode faltar. – me arrancou um sorriso e mais algumas lagrimas. – Você sabe, eu assumi um compromisso com você, e vou cumpri-lo a todo custo, se precisar eu farei uma faculdade, o que for preciso pra garantir o nosso futuro, não quero a responsabilidade só em você. – falou com tanto orgulho na voz que eu poderia morder ela a qualquer momento. Eu sabia que eu podia contar com ela pra tudo, Emma apesar de ter seus momentos “criança”, ela era uma mulher muito adulta e decidida, ela batalhava por tudo que queria, e isso me fazia ama-la ainda mais, se é que é possível. Ela era extremamente protetora quando se tratava de sua família, que agora era formada por Dona Elena, eu e nossos filhos, e claro nossa inseparável Lana, que agora estava deitada em cima da minha barriga enquanto minha loira jogava videogame, sentada no tapete da sala.

–HÁ GANHEI, MAIS UMA VEZ. – Emma gritou, levantando e fazendo uma dançinha no tapete da sala, não me segurei e gargalhei daquela cena, Lana pulou do meu colo e começou a pular e latir para minha loira, que logo se deitou no tapete rindo de si mesma.