Things we lost in the ice escrita por FAR


Capítulo 33
Capítulo 13




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–Pessoas com dons? –perguntei confusa.

–Pessoas com dons. –ele repetiu, mas logo continuou –Pessoas capazes de fazer coisas magnificas, coisas divinas, apenas com o dom que foi lhe dado.

–Que tipos de dons? –perguntei ainda sem entender sobre o que exatamente ele estava se referindo.

–Pessoas com poderes.

–Poderes? –as palavras dele foram firmes e rápidas, sem hesitação que demonstrasse que ele estava mentindo ou apenas falando de algo que ele não tinha 100% certeza. Mas ele parecia certo do que dizia.

–Quando nascemos, nascemos praticamente humanos. –ele começou antes de começar sua explicação. –Vivemos nossas vidas como pessoas normais, vamos à escola quando crianças, fazemos amizades e temos uma vida como a de qualquer um. Até que a névoa nos encontre e nos mude para sempre.

–O que a névoa faz? –perguntei com o breve silêncio dele, que parecia estar apenas esperando a pergunta.

–A névoa assusta muitos, a maioria de nós. –ele começou a andar pela sala enquanto balançava suas mãos ao explicar, me surpreendi ao ver que ele não se esbarrava em nenhuma das camas. –Quando a névoa, que é como chamamos esse fenômeno, a parte que esteve dormindo dentro de nós é acordada, trazendo como consequência coisas maravilhosas. Transforma as pessoas normais em criaturas divinas, carrega de poderes que, com o tempo, aprendemos a usar.

–Eu não tenho poderes, se é isso o que você acha.

–É por isso que seus braços estão brilhando? –disse ele, olhei para meus braços e vi que o ele dizia era verdade, meus braços estavam brilhando, mas como que...

–Como você viu isso? –perguntei sem me preocupar com a educação.

–Com o tempo, aprendi que há outros meios de se ver. –ele se aproximou de mim e virou sua cabeça para meus braços, se ele tivesse olhos, poderia dizer que estav olhando para os pequenos fios que brilhavam e cor de ouro. –Mas nesse momento, estou mais interessado em descobrir quais são os seus dons.

–Quais são os seus? –perguntei sem ter muita certeza se deveria acreditar em alguma palavra que ele dizia. Ao terminar de falar, ouvi um clique como o de antes de várias ondas de luzes roxas se formaram ao redor dele antes de ele desaparecer e aparecer novamente ao outro lado da sala. Por incrível que pareça, essa cena fez muito sentido para mim, como se fosse um fato normal que eu havia visto pela primeira vez.

–Foi assim que você entrou aqui... –eu disse achando que as palavras haviam ficado em meus pensamentos, sem perceber que estavam na minha boca até ele complementar.

–Foi assim que encontrei você. –ele disse do outro lado da sala, e com outro som e mais luzes, ele voltou para o exato lugar onde estava, me assustando um pouco com tanta rapidez na qual ele poderia se transportar de um lugar para o outro. –Mas sabe, você foi um caso interessante.

–Por que?

–Meus poderes fazem com que eu localize todos as pessoas como eu, é como uma ligação entre essas pessoas e eu, não importa onde eles estão, se eles me chamarem, posso saber exatamente onde eles estão e ir ajuda-los. Consigo saber quando uma pessoa é como nós antes mesmo de passar pela névoa, mas vou até elas apenas depois que ganham seus poderem, então os levo comigo.

–Mas com você foi diferente. –ele continuou. –Nunca houve sinal algum de você, só consegui sentir que havia mais um de nós há alguns dias, eu acharia você onde quer que estivesse, você poderia estar no espaço ou no subsolo, eu saberia. Mas só agora consegui encontra-la e eu estou realmente curioso em descobrir o que você pode fazer.

Continuei em silêncio e ele também, até que uma pergunta me veio à mente:

–Você disse que leva essas pessoas com você... para onde?

–Não posso dizer a localização correta, mas é um lugar magnifico. Muitas famílias moram lá, pais que já passaram pela névoa e que esperam seus filhos passar pela mesma benção, pessoas que também esperam por isso, descendentes. Lá é onde levamos as pessoas como nós para que possam aprender quais são seus poderes, assim que descobrimos, ensinamos como usa-lo sem prejudicar os outros à sua volta e a si mesmo. Chamamos esse lugar de Afterlife.

–Se onde for esse lugar, eu não posso ir. –ele inclinou a cabeça como se tentasse entender o porque de eu não querer ir com ele. –Tenho coisas para resolver e muita história para descobrir antes de fazer qualquer outra coisa.

–Bom, quando estiver pronta... apenas me chame. –ele disse se levantando e arrumando seu sobretudo. Ele se dirigiu até perto da porta e se virou quando eu chamei sua atenção.

–Se eu sou como você... e há pessoas como você, como nós. Como elas chamam umas as outras? –ele sorriu com a minha pergunta, provavelmente contente com a resposta que daria antes de desaparecer novamente.

–Inumamos, nos chamamos de Inumanos.


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