Things we lost in the ice escrita por FAR


Capítulo 18
Capítulo 17




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/596100/chapter/18

A primeira coisa que me veio a mente foi a Hydra. Mas isso não teria sentido, a guerra havia acabado, os alemães já não lutavam mais, o tão chamado de Caveira Vermelha se fora, por que razões a Hydra ainda estaria de pé?

Por que havia um elevador secreto na qual levavam pacientes em um hospital cheio de lugares vazios para quem precisava de cuidados? Nada fazia sentido.

Ouvi passos vindos em minha direção e um médico logo apareceu no corredor a minha frente, rapidamente eu me virei e apoiei as costas na parede como se estivesse apenas descansando sobre ela. Ainda não havia conhecido tal homem, ele era alto e usava um terno preto por baixo do jaleco branco, no rosto óculos redondos de armadura fina e no braço direito carregava um arquivo.

Assim que ele se aproximou, hesitou por menos de um segundo ao ver que eu estava onde deveria ser um elevador, ele entraria ali se eu não estivesse no caminho. Continuei na parede, ele me deu um breve sorriso que foi retribuído e andou para o corredor seguinte, sem olhar para trás. Logo seus passos não foram mais ouvidos.

Então me dei conta de que eu não sabia o mesmo que nada sobre o lugar na qual trabalhava, toda semana aparecia novos pacientes, soldados da guerra, mas já se fazia meses desde o fim da guerra, por que eram tratados apenas agora?

Lembrei-me onde Peggy trabalhava, talvez essa pudesse ser uma missão melhor que arrumar arquivos, descobrir algo útil sobre onde eu estava. Talvez a Agente Carter pudesse voltar em ação. Andei até onde ficava guardada as bolsas dos funcionários e de lá peguei minha bolsa.

Não havia nada de muito útil em minha bolsa, talvez a única coisa de valor fosse o pouco dinheiro que carregava comigo. Mas o que realmente valia mais que o dinheiro era minha pequena caixinha de lata cheia de memórias, eu à carregava para todos os lados, aonde eu ia, ela ia comigo.

Tire-a da bolsa e de lá tirei o cartão da S.S.R, Agente Carter. Como ela havia dito, o número aparecia no calor, agora era isso que eu deveria arranjar. Guardei minha caixa de volta na bolsa e a coloquei no lugar, tentei abrir cada um dos armários em busca de algum que estivesse aberto, com sorte com um esqueiro dentro.

Quando já estava nos armários da parede leste, ao abrir o armário, pude ver que ele parecia ser maior que os outros, que diferente desse, estavam trancados. Nesse não havia prateleiras, mas no fundo dele havia um pequeno botão quase que invisível, na qual eu pressionei.

Assim que apertei tal botão, foi como se a parede se abrisse e os armários de moveram junto dela, assim que aquilo se abriu, tudo o que vi foi um corredor completamente deserto e pouco escuro, apenas duas lâmpadas ali estavam acesas. Parece que nem todas as entradas são tão secretas, pensei comigo mesma.

Mas eu não poderia apenas entrar, nem sabia no que estava entrando, assim como podia ser apenas uma sala na qual eu não poderia saber da existência, apenas um lugar onde funcionários novos como eu não chegavam, poderia ser a Hydra. E seu eu entrasse no caminho da Hydra, sabia que poderia sair sem vida.

Com o cartão ainda em minha mão, voltei para trás e alguns segundos depois as portas se fecharam e em seu lugar estava os armários novamente, como se não tivesse um gigante corredor atrás dele. Sai da sala dos armários e fui até os fundos do hospital, onde eu sabia que algumas enfermeiras costumavam fumar, mas não havia ninguém.

Fui até o homem alemão na qual havia conversado mais cedo, Sr. Sheklr, era o nome dele. Ele ouvia com os olhos fechados o programa que passava na rádio, mas assim que entrei em seu quarto, ele abriu os olhos.

–Algum problema?

–Sr. Sheklr, o Senhor por acaso tem um isqueiro? –perguntei tentando demostrar calma, assim que terminei de falar ele sorriu e afirmou com a cabeça.

–Em minha bolsa. –ele apontou para a bolsa que estava jogada na cadeira ao lado de sua cama. Fui até a cadeira e entreguei-lhe a bolsa, de lá ele tirou um pequeno isqueiro e me entregou ainda sorrindo. –Não sabia que damas como você fumavam.

Dei um sorriso como se confirmasse o que ele dizia e peguei o isqueiro da mão dele.

–Lhe entregarei em um segundo. –sorri e logo sai do quarto. Fui em direção aos fundos, graças a Deus ainda estava vazio, acendi o isqueiro e coloquei o fogo perto o suficiente do cartão para que apenas fosse o calor e o cartão não queimasse. Pude ver que os números já começavam a aparecer, então apaguei o isqueiro.

Voltei até a bancada com esperança de que ali houvesse um telefone, mas não. Lembrei-me de que havia um na qual os funcionários podiam usar, perto da portaria do hospital, então foi pra lá onde me direcionei. Assim que cheguei próxima á porta, vi que dois médicos entravam com arquivos na mão, eles pareciam mais cientistas do que médicos.

Ao cheguei ao telefone, coloquei o número da S.S.R e esperei por ela atender, o que logo aconteceu.

–Agente Carter?

–Sim? –respondeu ela.

–Graças a Deus, Peggy, é a Emma. –eu disse respirando fundo.

–Emma! –ela disse alegre, mas logo notou que minha respiração falhava e logo perguntou. –Aconteceu alguma coisa?

–Sim, Peggy tem alguma coisa errada aqui.

–Algo como o que? –ela respondeu tornando seu tom mais sério.

–Eu estava cuidando de um paciente, quando ouvi passos e quando fui ver, havia alguém sendo levado para algum lugar numa maca, o problema é que eles abriram uma porta secreta numa parede no fim de um corredor, assim como era na nossa base na Inglaterra. E eu estou com essa sensação de que é a Hydra.–respirei ao ver que havia dito as palavras um pouco rápido demais. Esquecendo que talvez não fosse uma boa ideia mencionar a Hydra por um telefone soviético.

–Tenho certeza de que não é Hydra, Emma. Destruímos todas as bases deles no fim da guerra, acabou. Deve ter outra explicação, mas não podem ser eles, a Hydra se foi. –respondeu ela com calma, como se tentasse me convencer de que a Hydra havia realmente acabado.

–Peggy... –ela me interrompeu assim que comecei a falar.

–Emma, me escute, não se preocupe. Posso falar com alguém que possa descobrir o que está acontecendo, vai ficar tudo bem. Apenas se concentre em seu trabalho, posso cuidar disso por você, se for realmente a Hydra você estaria em uma grande - a ligação foi interrompida de algum modo e já não era mais possível ouvi-la falar.

–Alô? –pergunte, mesmo sabendo que a ligação havia caído. Tentei ligar novamente, mas o telefone não parecia mais funcionar.

–Droga. –eu disse para mim mesma. Eu sabia que deveria esperar pela Peggy, esperar que ela descobrisse o que quer que tivesse para descobrir, mas eu não podia, tinha de ver por mim mesma o que quer que fosse aquilo por mim mesma.

Apertei o mesmo botão que antes havia encontrado no armário e logo a mesma porta enorme se abriu, criando uma passagem para um grande correr iluminado, mas vazio. Havia colocado o cartão da S.S.R de volta na caixa e coloquei a bolsa –que na verdade era uma mochila- nas costas e entrei. Assim que meus pés tocaram o chão do corredor, o mesmo sentimento de que Bucky estava ali me preencheu e aquilo me deixou nos nervos.

Comecei a andar e vi que meus saltos faziam barulho demais e que isso poderia chamar a atenção de alguém, então os tirei, andando sem sapato algum. Cheguei perto de uma porta e pude ouvir duas pessoas conversando, um deles soava americano, portanto falavam em minha língua.

–O que devemos fazer com ele? –disse alguém com sotaque russo.

–Preparem-no para a cirurgia, estabilizem o soldado e o coloquem no gelo. Então esperaremos por novas ordens. –disse o americano.

–Sim, senhor. –disse o russo. Logo ele abriu a porta na qual eu estava, com rapidez me coloquei por trás dele assim que ele abriu e ele seguiu seu caminho sem olhar para trás. Respirei em alívio, ele não me vira.

Logo eu o segui, tentando continuar em silêncio, ao entrar no corredor seguinte, vi que ele já não estava ali e nem mesmo no corredor segundo, mas antes de entrar no próximo, vi ele sair de uma sala com um arquivo na mão, essas pessoas são cheias de arquivos...

Assim que ele sumiu em outro corredor, entrei pela porta na qual ele havia saído e era sala de cirurgia enorme, pude ver que do outro lado da sala, haviam algumas pessoas preparando coisas para o que parecia ser uma cirurgia e havia alguém em uma maca.

Então eu me aproximei e congelei. Eu estava certa, aquela droga de sensação estava certa, ele estava vivo. Esperando ser salvo, ele estava ali. Meu Bucky estava ali. Olhei em direção as pessoas que estavam ali e elas ainda não notaram minha presença, então me aproximei.

Você está vivo. Bucky está vivo. Era o que eu repetia para mim mesma num sussurro que somente eu era capaz de ouvir, assim que me aproximei, vi que ele ainda estava com as mesmas roupas da que as do dia em que ele me deixou, como ele ainda estava aqui? Por que estava aqui?

Cheguei ao seu lado e toquei seu braço direito, ele era real. Eu não estava louca, isso era real, ele estava aqui, eu estava aqui. Senti a falta do ar nos meus pulmões e me controlei tentando não ter um ataque ali mesmo. O olhei de cima à baixo, ele parecia inteiro e bem, a não ser pelo braço esquerdo... o braço já não estava mais ali, literalmente era apenas um pedaço dele perto do ombro.

–Ai meu deus... –eu disse em um sussureo. Eu já havia visto coisas assim na guerra, até mesmo nesse hospital, em vários soldados e isso nunca me afetou, mas nele. Nele a coisa era totalmente diferente.

–Bucky... –eu tentei acorda-lo, mas ele mal respirava. Toquei o rosto dele e logo os cabelos, era como se o mundo sumisse por alguns segundos, eu achava que nunca mais tocaria em seu rosto novamente e lá estava ele, só não era da forma que eu esperava.

Tentei acorda-lo novamente, mas não havia sinal dele acordar. Foi então que um dos homens que estavam ali se virou para mim e logo viu que eu não deveria estar ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!