Estávamos comendo doces tranquilos naquela casa quando Beth diz:
– Vamos brincar de alguma coisa? Sei lá a gente poderia brincar de eu nunca ou de outra coisa.
– Eu nunca? - Eu pergunto pra ela.
– Sim, nunca brincou disso? Bom, meus amigos faziam com bebidas, mas a gente pode fazer com os dedos.
– Eu nunca precisei de um jogo pra beber.
– Engraçado, foi exatamente isso que seu irmão me disse.
– Eu não to afim de brincar disso não, nós devíamos é ir buscar o Crazy Cheese da Michonne e ir embora antes que Rick mande um grupo de busca.
– É eu também acho isso - Carl diz se levantando.
– Mas onde nós achamos isso? - Beth diz.
– Ah nos supermercados normalmente tem uns.
– Vamos logo! - eu me levanto pegando a mochila e todos fazem o mesmo.
Seguimos até o que parecia ser uma feira local, onde tinha um mercado no meio, por enquanto nenhum problema com zumbis, estava bom de mais. A feira estava toda destruída, pedaços de madeira pelo chão, barracas de vendas viradas, era estranho tentar imaginar como era ali antes, ou as pessoas que frequentavam o lugar, seguimos atentos e mudos até o mercado.
– Eu estou com um mal pressentimento...- Beth diz um pouco assustada - eu acho que não deveríamos entrar ai.
– Beth, fica calma vai dar certo. - Carl diz confiante, ele força porta para dentro com força, ele empurra mais um pouco e quando a merda da porta abre, temos uma surpresa bem desagradável, uma horda com centenas e centenas de errantes estava lá dentro, e claro, como são loucos por carne humana vão desesperadamente passando um por cima do outro e rapidamente saindo de dentro do mercado.
– CORRE! - Carl grita para nós, eu tento correr, mas me lembro que tomei um tiro na perna direita, e caio de cara no chão, vários zumbis caem em cima de mim, e me cercam dos lados, em quanto eu tentava resistir, não posso morrer, não vou desistir, não vou virar uma dessas coisas, em hipótese alguma posso deixar eles me arranharem, eu forçava com toda a minha força os vários errantes que caíram sobre mim, não tinha tempo de pegar a faca, e muito menos o arco, minhas forças estavam se esgotando, meus braços começavam a tremer e quererem ceder, o bicho estava cada vez mais próximo do meu rosto.
– DROGA!! - eu não iria pedir socorro, eu me recuso a fazer isso, sim eu tenho muito orgulho e me recuso a feri-lo, assim que meus braços cederam, vejo Beth matando o ultimo andarilho me deixando livre, Carl a ajudava dando cobertura dos que vinham de trás.
– Vamos Dixon! Vamos se levanta!
– Eu não...eu...- as palavras não saiam da minha boca, parecia que doía falá-las, mas Carl entendeu, e me pegou no colo, e saiu correndo com Beth logo atrás, eu odiava estar ali, como eu disse, eu odeio depender de alguém, ainda mais dele, mas naquele momento eu realmente não podia andar. Eles correm o mais rápido possível, conseguimos despistar o bando, assim que chegamos na estrada Carl me coloca no chão.
– Tudo bem? - ele diz me examinando- nenhuma mordida? Ele te arranhou?
– Não - eu respondo rouca por conta da dor, ele me abraça e eu não correspondo, mas não tirei ele dali, eu não conseguia, assim que ele me tocou eu me arrepiei toda, é como se eu tivesse levado um choque.
– Hm...o que é isso? - eu digo sem jeito, e ele imediatamente me larga, e fica sem jeito também.
– Gente vamos, o pessoal devem estar quase infartando. - Beth diz e vem até mim, me deixando apoiar nela para conseguir andar, andamos alguns minutos, quando eu sinto algo se mexer na minha perna e depois una dor horrível, insuportável, quando olhei pra baixo vi que minha calça estava começando a se manchar de sangue, eu não aguento a dor, me desapoio de Beth e caio no chão gritando de dor, Beth me faz sentar e se senta ao meu lado preocupada, enquanto olho Carl abrir minha calça no lugar do tiro e desenfaixando-o.
– Seus pontos abriram! Aguenta, vou te levar para o Hersh...- ele se interrompe, Beth o olha triste, e ele desvia o olhar do dela, me pega novamente no colo e vai andando para a igreja, minha perna sangrava muito, eu estava perdendo a visão, estava cedendo, não, não posso morrer, não vou morrer, não vai ser isso que vai me matar.
– Me põe no chão. - eu digo para Carl que me olha com duvida.
– O que?
– Me põe no chão!
– Por que?
– Só me põe no chão! - ele obedeceu, me pois no chão, assim que eu pisei no chão, senti mais dor do que estava sentindo, Beth veio correndo para me ajudar, e novamente me deixou apoiar em seu ombro. Minha visão falhava, eu não tinha mais forças pra continuar, mas do mesmo jeito me sentindo esgotada eu continuava andando, sem parar, ja estava anoitecendo novamente. Finalmente chegamos a igreja, eu continuava do mesmo jeito, minha calça ensanguentada, minha visão falha, e eu estava pálida, Carl vendo minha situação abriu a porta da igreja sem mais nem menos, todos levaram um susto e
Nos olharam, mas quando perceberam, Rick veio correndo até seu filho e o abraçou.
– Estão todos bem?!
Assim que Rick diz eu caio no chão desmaiada,minha visão ainda oscilando, eu vejo Daryl, Rick e Beth ao meu redor, depois apago de vez.
Flashback on
Eu estava em casa, em casa? Daryl parecia ter nove anos, Merle não estava em casa, ele estava parado na frente da porta de casa, e me chamava, eu fui até ele, ele desajeitadamente, me pegou no colo e me levou para brincar com as crianças da vizinhança que tinham bicicletas, depois de um tempo as crianças começar a correr com suas bicicletas, e um barulho de sirene começou a se aproximar, Daryl novamente me pegou no colo e começou a correr atrás das crianças, quando nós chegamos, todos olharam para nós, o bairro inteiro, nossa casa tinha pego fogo. Daryl me abraçou e se ajoelhou no chão chorando, tinham bombeiros e policiais na casa, eu não estava entendendo nada, mas ver Daryl daquele jeito me deixava desesperada.
Flashback off
Acordei assustada e toda suada, eu estava com a respiração rápida, eu estava sentada no sofá e sentia alguém fazendo carinho nas minhas costas, olhei para lado e era Daryl quem estava lá.
– Ta tudo bem? - ele me pergunta.
– Foi...foi só...foi só um sonho ruim.
– Tem certeza?
– Sim! Para de ser gay! - eu tirei a mão dele das minhas costas.
– Você não parece bem, e eu não sou gay.
– eu já disse que eu estou bem caralho, e sim você esta uma princesinha.
– opa desculpa ai mini Merle.
– Eca. - ele deu um sorriso meio de lado, depois de um tempo, Beth, Judith e Carl entram na sala, Daryl logo pega Judith no colo, eu ja tinha percebido que ele tinha uma ligação muito forte com ela, ela dava risadas enquanto ele sorria fazendo cosquinha na barriga dela.
– Melhorou? - pergunta Beth agachando ao lado do sofá junto com Carl.
– Sim. - Carl abriu um sorriso, do qual eu não conseguia parar de olhar, seus olhos azuis me olhavam com alivio, e por mais que eu me forçasse não conseguia desviar meu olhar do dele, eu dei um sorriso de lado meio desajeitado, eu sentia um frio na barriga enquanto o olhava sem graça, até que consegui desviar o meu olhar, o que eu estava sentindo? É tão estranho, mas pera ai, eu sou uma Dixon, eu não sinto esse tipo de coisa, nunca senti, e não vai ser agora que a merda acertou o ventilador que eu vou me dar o luxo de sentir.