Chocolate e Sedução escrita por Arthur Araujo


Capítulo 5
Capitulo Cinco




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Tento entrar em casa sorrateiramente, porem ao colocar a caixa do MacBook sobre a mesa percebo que Witija esta atrás de mim.

– Parece que o encontro com o Isaac acabou bem...

Viro-me rapidamente, já estou acostumada a ver minha amiga de camisola, pois para quem faz faculdade de psiquiatria ela passa tempo demais usando pijamas.

– Eu não... Estava com o Issac. – Digo gaguejando.

Ela caminha em silencio, parece estar me analisando, vira o pescoço de um lado para o outro, depois começa a rir.

– Eu sei que você estava com o Sr. Harris. - Estranho o nome, e me pergunto como essa sabe dessas coisas. - Ele mandou uma mensagem e o Yamaha me contou que vocês tava juntos.

Ela possui o sorriso malicioso mais fofo do mundo, aperto suas bochechas desarmado-o. Sorrio feliz por deixá-la sem palavras.

Pego a caixa do notebook e vou para o quarto.

– não vai me contar o que vocês fizeram lá?

Faço não com a cabeça. Rindo.

– rolou pelo menos algum beijo?

Antes de empurrar a porta coloco o dedo indicador na frente dos lábios.

"Segredo" sussurro para ela e desapareço para dentro do quarto.

Esforço-me pra montar o computador, tiro-lo da caixa com o máximo de cuidado, coloco o carregador sobre a mesa assim como o outros itens.

Ligo a máquina de dinheiro, assim a chamarei Apartir de agora, minhas obras primas de redação saíram daqui e espero ter um emprego fixo na American Show.

Começo a digitar ferozmente, até que meus olhos parecem começar a enferrujar, releio duas vezes para consertar os erros e ver se esta realmente bom.

“I’m not a slave for you” “Eu não sou sua escrava”

Por influencia machista na sociedade, muitas mulheres acabam se privando e cedendo, desistindo daquilo que antes fora importante para elas. Eu sou uma dessas que acabam parando no meio do caminho. Pelo menos eu era.

Acredito que todas nos precisamos de uma “chave”, se continuares a ler descobrirá tudo que eu encontrei no Homem do Sofá Suíço.

[...]

Abro o email e envio o texto completo para a Chocolate & Seduction, em seguida desligo o notebook e vou dormir.

Acordo com o telefone tocando, a musica “Animals” entra em minha cabeça deixando meu sonho com o Peter ainda mais sensual, ele beija meu pescoço e sussurra em meu ouvido “Acho que nós não vamos dormir esta noite.” O cheiro de carne assada some e abro os olhos.

“Alo?”

“Julietta! Esta definitivamente contratada!”

A voz feminina no telefone soa estranha, um sotaque não americano chama-me atenção.

“O que?”

“Mesmo se o correio ainda não entregou, eu sugiro que passe aqui na empresa para discutirmos o seu salário.”

Minha cabeça gira como seu eu tivesse levado uma surra, lembro-me da pimenta e das coisas que fiz noite passada. Antes mesmo deu pensar no que responder a mulher desliga.

Levanto-me devagar, e vou para o banheiro, escovo os dentes , e luto contra meu cabelo para poder deixá-lo liso ou ao mesmo prende-lo em um rabo de cavalo. Quando saio na sala Witija aproveita o nosso sofá novo assistindo Bob Esponja na Nickelodeon.

Penso em perguntar por que ela não esta na faculdade hoje, até lembrar que é sábado, quando me vê ela se levanta pra ir até a estante da TV.

– Chegaram duas encomendas para você esta manha.

Ela pega uma grande caixa e um envelope, em seguida coloca-os sobre a mesa da cozinha. Minha curiosidade me leva até ao item maior, com embalagem da Amazon.

Rio incrédula, minhas mãos tremem ao ver um box com todas temporadas já lançadas de Lei & Ordem.

Pego o Bilhete ali presente e o leio rapidamente.

“NÃO PENSE QUE EU ESQUECI DA MINHA FUTURA ADVOGADA”

– Peter Harris.

Abro o outro envelope, e fico tão feliz quando antes, é um exemplar da revista. Sua capa é vermelha, há um morango sendo molhado no chocolate como o famoso fondue. Começo a folhear e vejo que minha redação é a matéria de capa.

– Você tem que sair, me ajuda com a roupa? – Pergunto para Witija, ela sorri de um canto a outro dos lábios.

– Achei que você nunca fosse pedir isso.

+++

Após alguns minutos saio de casa vestindo um topete preto na altura do joelho com manga curta. Agradeço a Deus por que minha amiga não fez perguntas sobre o carro, pensei que ela não havia visto porem é quase impossível não perceber um Mustang vermelho no jardim.

Paro na American Show e desta vez nem falo com a moça da recepção subo diretamente para o escritório da Renata. Encontro-a na porta do elevador e ela me manda entrar na sua sala.

Lembro que ontem mesmo estive aqui, porem hoje me sinto diferente, tenho mas confiança sobre mim mesma.

– Não pensei que você escreveria tão bem, tanto que quando li seu texto postei no twitter “Preciso de um Homem do Sofá suíço.” Será que até o fim do mês conseguiremos uma entrevista com ele?

Sorrio.

– Terei que conversar com ele, o HSS é muito ocupado.

Enrolo a ponta do cabelo entre os dedos.

– Amei o final da sua redação, ela me deu fome e ao mesmo tempo dizia que eu deveria tomar uma atitude.

Fico surpresa por alguém realmente ter gostado do que eu escrevi.

– Essa parte foi fantástica: “É tão quente. Chego a delirar pelo sabor. Isso é bom para mim, eu espero, Ele é bom para mim. Eu quero mais, eu posso mais. Nós podemos.”

Não me lembro muito bem o que estava pensando mas foi isso mesmo que digitei, a imagem do Peter cozinhando em seguida me mandando fechar os olhos me dar agua na boca.

Renata tira uma folha da gaveta e me entrega. Leio o contrato de emprego. Parece bom, e é mais simples que aquele que o Sr. Harris me propôs. Assino e devolvo o papel para ela.

Levanto-me e ela aperta minha mão.

– Espero que tenhas muito mais desse homem por ai. – Ela diz. Sorrio e retiro me.

Chego na Torre em pouco tempo, antes de entrar no elevador mando uma mensagem para o Peter, e ele avisa para eu estar no andar quarenta e dois. O famoso andar branco.

Assim que a porta se abre vejo-o me esperando, noto que a mão dele treme. Seu cabelo, seu terno e ainda por cima ansioso.

– Esta nervoso, senhor?

– Um pouco. – Ele responde desarmado.

– Pelo menos não sou a única.

Ele sorri com minha resposta e oferece o braço, entrelaço-me com ele e seguimos para a sala.

Ao contrário das minhas expectativas a sala não é "branca". Ha somente uma mesa com dez lugares, e uma parte dividida em três partes, entre os lustres dos teto a uma máquina que projeção holografia.

– Sente-se. - Ele diz se referindo uma das cadeiras da ponta, espero ele se encaminhar, e quando ele repousa-se na cadeira faço o mesmo.

Fico morta de vergonha quando um som suave do ar sai de minha parte traseira.

Peter estatela de rir, chega a soluçar ele respira um pouco e diz:

– comeu algo que lhe fez mal, senhorita?

– Tenho quase certeza que foi sua sopa. - Digo.

Peter enrubesce, seu corpo fica rígido e desta vez eu que caio na gargalhada, tenho medo de ser expulsa do prédio dele, mas logo se junta a mim no riso.

Levando o bumbum e retiro um balão plástico debaixo dela que estava sobre a cadeira. Ponho-o do chão e ergo o dedo indicador, parabenizando Peter pela pegadinha.

– podemos começar?

– Primeira pergunta, você realmente vai me "treinar", disciplinar e essas coisas?

– sim.

Reviro os olhos.

– Dias da semana... É opcional, correto?

– Sim, mas não acho que você resistiria a mim.

Ele diz lotado de confiança.

– Os exames... Quando eu o farei?

– Na segunda-feira.

Ele abaixa a cabeça para anotar algo no papal, seus dedos logos brigam entre si para manter a caneta firme.

– higiene, a que isso está se referindo?

– Sua pergunta quer dizer se eu me importo com a fato de você ter pelos no corpo?

Fico constrangida e sinto minha face corar. Tento falar mas nada sai da minha boca a não ser grunhidos. Peter ri da minha vergonha.

– Estou brincando. Higiene é por minha conta, e me certificarem que comeremos em um local limpo.

Sorrio gratificada pela explicação.

– Eu quero uma lista das suas alergias, precisamos tomar cuidado. Não quero machucar você. - Peter diz, usa.

– sobre as comidas, pode retirar, saliva, carne crua, se for sushi tudo bem, insetos, não. Muito menos Animais vivos, jiló nem Alho.

Ele abaixa a cabeça e risca os nomes da lista.

– tudo correto. - ele diz e faz a folha voar sobre a mesa. Pego-a parando o contrato com a mão, o tempo que abaixo os olhos é o suficiente para eu ser acertada por uma caneta, espero que minha testa não fique vermelha.

– desculpa.

Seguro-a entre meus dedos e assino onde está pedindo.

– Acho que finalizamos. - digo. Estico o braço, empurrando o contrato para frente, estou prestes a me levantar quando Peter fala:

– Tenho uma surpresa pra você. - não sei o que esperar desde homem, ainda mais depois de ter assinado este estranho contrato. - Eu preparei minutos antes de você chegar, as garotas devem ter esquentado espero que você aprove.

Duas garotas loiras entram na sala com bandejas tapadas de prata, vejo meu reflexo em meio a tanto brilho, pergunto-me o que há debaixo daquela armadura. Uma das garotas com terno grafite carrega duas das bandejas, enquanto a outra carrega trás duas taças e uma garrafa de vinho, está põe o objeto de vidro primeiro a frente de Peter, em seguida a minha, depois enche ambas até a metade, minha boca saliva com a essência da uva roxa. Penso em esticar a mão e pegar a taça levando-a até próximo de meus lábios para saciar a minha vontade, mas sou advertida.

– Não faça isso, o vinho só deve ser bebido após a degustação.

Penso em ser rebelde mas agora ele tem esse direito sobre mim. Volto a observar a bandeja de prata com a cabeça de João, não lembro de estar na bíblia nem de ter pedido algo assim.

A garota abre o primeiro recipiente, meus olhos captam a imagem deixando meu cérebro incrédulo. A mistura faz com que eu tenha ânsia de vomito. Tento pensar em unicórnio e coisas fofas mas somente o saber do macarrão instantâneo e a manga tem lugar em minha cabeça.

– É serio isso? – Pergunto incrédula.

– Minha mãe ensinou a nunca brincar com comida. – Ele disse serialmente.

Preparo-me, estalo os dedos, e encaro o prato.

– Quero saber se você tem a capacidade de comer por conta própria, ou terei que ajudá-la sempre.

Estou revoltada, pego o garfo com força, e enfio-o sobre o macarrão, as finas cordas de miojo ficam entre as garras, giro a mão com objetivo que enrolar o alimento, estico o garfo, erguendo-o até sobre minha cabeça.

Mordo os fios irregulares, e sinto um gosto salgado em minha boca, mastigo a massa e engulo. Desço o garfo para pegar um pecado de manga sobre o prato.

Preparo-me para morder, começo a mastigar o miojo até que meus dentes amassam um pedaço de manga, fazendo com que sabor doce e azedo se espalhe por minha boca, misturando com o gosto salgado do macarrão sobre minha língua. Estou dividida em duas partes, uma que quer vomitar, outra que se controla para que eu não faça isso. Engulo.

Respiro fundo, passo as costas da mão sobre a testa, percebo que estou suando, preparo para outra garfada, enrolando mais uma porção de miojo e levando-a até meus lábios, desta vez mordo primeiro a manga, o gosto da fruta de espalha, agora está melhor, parece até ser bom.

Começou a mastigar de verdade, o macarrão esmagado por meus dentes descem minha garganta abaixo, resisto aos olhares curiosos de Peter, a final ele é um bom cozinheiro.

Meu cérebro anota a dica, primeiro come a manga em seguida come o macarrão, inteiramente juntos, isso acabaria um líquido nojento saindo de minha boca.

Cruzo os braços, vitoriosa, Peter me olha com um grande sorriso na cara, acho que ele vai ficar assim pra sempre.

– Acabei. - Digo.

Seu riso de felicidade se converte facilmente em algo malicioso, lembro que outro prato me espera, minha alma clama para que eu descubra o padrão antes de sofre mais.

Se eu soltasse que deveria morder a manga antes do macarrão a primeira vez não seria tão agonizante.

– Parabéns - Ele bate palmas pra mim, e o som eca por toda sala, fico corada, me sinto corajosa. - No começo até achei que você não agüentaria, mas eu errei, e você limpou o prato.

Peter se levanta e caminha até mim.

– Aqueles que conseguem encarar algo novo, de tal maneira sem desistir merece ser recompensada por isso.

Penso que ele vai me dar dinheiro, penso até em anotar o número da minha conta no banco para ele depositar, mas acredito que ele já saiba.

Seus dedos longos seguram a parte de cima da bandeja, começo a gargalhar.

– Por que está rindo? - Ele pergunta.

– Isso é...

– Pudim e sorvete de creme. - Peter responde olhando para mim como se estivesse algum problema mental.

– nunca esperei ver algo normal. - Finalizo dizendo.

– Aproveite que esse não é o meu estilo.

Sinto o que ele diz em tom de ameaça, estico meus braços pra pegar a sobremesa, em uma tigela de vidro.

Como devagar, entre o sorvete e o pudim posso sentir o gosto de maracujá, gosto disso.

Termino meu prato e estou satisfeita, acho que não agüentaria nem mais um copo de água.

– Pronto, segundo o nosso contrato, você deve dizer o que achou da comida. - Peter Diz Grosseiramente, mas por minhas caretas ele já deveria saber.

– Eu acho que você terá que esperar para ler minha matéria na revista.

Ele parece ter ficado vermelho.

– Você está falando de mim na sua revista? Isso deveria ser segredo, Julie.

– Calma. - Digo. - Não mencionei seu nome, apenas como você é delicioso. "Homem do Sofá Suíço" pode procurar no Google.

– Comprei assim que possível...

Meu celular vibra na bolsa, atendo rapidamente, sem nem mesmo pedir lisçenca para Peter nem olhar quem é.

– Srta. Zaneze, preciso de você urgente na editora.

– Como assim?

– Estarei lhe esperando para explicar. Tenho um servido especial pra você.

Então desliga, pela voz e pelo contexto foi Renata minha chefe brasileira.

Levanto-me, e Peter corre até mim, segura minhas mãos.

– Você já vai?

– Sim, hoje é sexta mas eu tenho que trabalhar.

Ele sorri.

– Gostarei de saber sua opinião sobre a comida o mais rápido possível, e lerei sua outra critica.

Sorrio, e abraço-o ele parece pego de surpresa.

Quando me afasto ele ainda ela em transe, beijo o cantões sua bochecha e encaminho-o para fora da sala.

– Sonhe comigo está noite.

– Se eu fizer isso você estará de quatro comendo ração na minha cozinha.

Rio e respondo na minha medida.

– Achei que comida de animais estava abolido do contrato, talvez eu tenha que retirar minha assinatura.

Ele parece tenso mas começa a rir também.

Das outras vezes que sai dele prédio Peter era apenas meu chefe, e agora ele chega a ser tão próximo talvez um... Namorado.

Peter

Assim que a Julie se vai, eu sigo novamente para meu escritório, não consigo fazer nada apenas pensar no beijo no canto da minha mochila, será que eu deveria beijá-la de verdade, mais vezes?

Mando Yamaha comprar um exemplar da revista, estou curioso, ela é tão... mágica. Enquanto ele não chega procuro no Google, aparece várias coisas, fico surpreso em saber que estou no top 5 do Twitter, lei algumas frases até enjoar de ver "Homem do Sofá Suíço", Sujo de Sopa. Completo mentalmente.


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