Chocolate e Sedução escrita por Arthur Araujo


Capítulo 1
Capítulo Um




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Quando pensei que meu dia não se tornaria pior, é quando quase sou atingida por um sofá que caiu literalmente do céu.

Eu tinha acabado de sair de mais um dia de estágio na Empresa Eagle Corporation e deveria estar me preparando para as provas finais, pois dentro de um mês estarei formada em direito na Seattle University School of Law Annex, entre tanto eu estava aqui, próximo das onze da noite trabalhado.

Peguei a bolsa com alguns arquivos que eu deveria revisar e comecei a caminhar para fora da Torre, como assim chamavam o grande prédio.

Estou com o celular em mãos, por motivos que nem eu mesma sei, no fundo acho que quero mostrar meu novo iPhone com capinha azul, como se fossem ligar para o meu celular, mesmo assim tenho medo de ser assaltada.

Tento me concentrar no caminho a minha frente para não cair sobre salto alto, quando estilhaços de madeira voam para todos os lados, fecho os olhos e protejo o rosto com as mãos, olho para cima, e para os lados, quero socar alguém, mas a única coisa que faço a gritar.

— MAS QUE MERDA!

Um casal que passa por mim, me encara feio, como uma criança dou língua para eles, pergunto-me que culpa eu tenho se um terrorista acabou jogando um sofá ao invés de uma bomba em uma cidade americana?

Uma mão gelada toca em meu ombro, aperto a bolsa debaixo do braço e me preparo para quebrar o nariz de quem quer que seja, quando me deparo com um cara alto, cabelo bagunçado, barba por fazer e lindo, muito lindo.

— De que planeta você saiu?

Ele esta com camisa recata branca do Duck Dodgers, shorts azul flanela que não lhe cobrem nem o joelho.

— Eu vim do centésimo quinto andar para ser mais exato... – Ele diz com tom irônico.

Reviro os olhos para ele, imagino que ele deve ser algum dos carinhas cheios da grana que trabalham comigo.

— Só porque você é rico, acha que pode jogar um sofá do alto de um prédio? - falo.

— Meu sofá, meu prédio, eu faço o que me der vontade.

Sinto vontade que lhe dar um chute onde mais dói, porém meu máximo é ficar desapontada sem saber como um homem tão bonito pode dizer coisas tão grosseiras.

Acelero os passos sem olhar para trás. Deixando-o falando sozinho, pulo por cima dos restos mortais do sofá. Chego em casa sem muita demora, pois é tarde e eu não optei por me arriscar em fazer uma longa caminhada noturna.

Pego pão, queijo e presunto na geladeira, faço um sanduíche, tento evitar as lágrimas ao pensar no Henry August, meu (ex-) marido, por que teve que me deixar? Ainda mais antes mesmo de me deixar ter a chance de terminar a faculdade. Sendo positiva, pelo menos agora tenho um emprego graças a ele, agradeço mentalmente a seu chefe, que me admitiu assim que o Gustin desapareceu.

Assim que eu termino de comer, procuro meu celular na bolsa. Droga. Eu devo ter o deixado cair com o susto, me arrependo por não ter dado um golpe baixo naquele homem. Penso em voltar até a "cena do crime", mas já é tarde.

Estudo um pouco, minhas notas estão boas, porém não são as melhores, e eu não quero repetir mais um semestre, sendo que todos que conheço estarão formados.

Não estou tão cansada, mas vou dormir assim mesmo assim, tento não sonhar com olhos, dedos longos, e dinheiro, me dou bem nessa tentativa, pois a única coisa que sinto é fome.

Umedeço os lábios com a língua, e tento sugar o canudo, mas é impossível, o gosto do Milk Shake fica na minha mente, e mastigo o ar dentro da boca como se fosse os flocos de ovomaltine, sinto ainda mais raiva do riquinho idiota que quase me matou e me fez deixar o celular cair, se não fosse o incidente agora eu poderia achar algum serviço que entregasse sorvete em domicilio.

No prédio onde faço estágio há cento e nove andares reforçados por janelas que vidro, até o trigésimo quinto são cargos públicos, a parte da papelada e os serviços técnicos, dali até o sexagésimo sétimo são utilidade extras, era onde o Gustin ficava, pois ali eles criavam novos aplicativos e surgiam novas ferramentas e até o centésimo nono são apenas apartamentos embutidos para que os mais importantes não se atrasem.

O Gustin era muito criativo então foi facilmente contratado, ele dizia que era uma espécie de Google-Caça-Talentos, então me pergunto o que eu, moça que se formará em direto no próximo mês, estou fazendo naquela empresa.

Saio de casa sem ver Witija, minha amiga com quem divido o aluguel, eu caminho pelas ruas de Seattle e compro um Milk Shake, aproveito e passo na delegacia com objetivo de denunciar aquele rapaz, será um milagre se acreditarem em mim.

 Conto a história para um policial que acaba rindo da minha desgraça, como eu já esperava, porém como eu e o Isaac fomos criados juntos ele diz que tentará fazer algo a respeito.

— Não gostaria de ir ao cinema comigo está semana? – Ele me pergunta, como todas as vezes que o vejo sou convidada para sair.

— Quem sabe, Isaac, o mundo é uma caixinha de surpresas. - digo antes de sair, aceno para os outros policiais, que riem e cutucam o velho amigo.

Passo no banco e vejo quanto tenho depositado caso seja necessário comprar um novo telefone, ainda assim antes de ir para empresa, passo na Loja da Apple para ver as ofertas procurando uma que se encaixe com minhas condições.

Estou na recepção da Torre, o choque é facilmente visível no meu rosto, assim como é possível ouvir o ronco em minha barriga. Sempre passo para dar bom dia à secretaria antes de subir para trabalhar, e hoje não foi diferente.

É ele. O cara rico e misterioso está aqui, reconheço seus cabelos, ele esta de costas para mim, não consigo deixar de encará-lo, parece diferente vestindo terno, mas tenho certeza, minha nossa.

Adianto meus passos e escuto Isaac dizer:

— Aqui está, está moça denunciou você.

Pergunto-me como Isaac e outros policiais chegaram tão rápido. O homem se vira para mim, vejo que há um crachá em seu peito, meus olhos ficam acesos ao ler o nome impresso nele.

PETER EAGLE.

Não pode ser, tento assimilar a idéia, mas uma interrogação paira sobre minha mente, meu chefe tentou me matar ontem a noite?

— Aqui está ela... – Merda, Isaac. Ele me entrega para o Chefe, meus olhos lagrimejam, apenas de pensar que haverá uma carta de demissão em minha mesa em alguns minutos.

— O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? - Ele grita

— EU TRABALHO AQUI- Grito em resposta. Meu corpo treme, já me imagino arrumando as coisas na minha mesa e colocando-as em uma caixa de papelão.

Naquele momento Peter parece não saber o que dizer, durante todas as suas entrevistas para jornais que eu havia assistindo, eu o ouvi dizer que o importante era conhecer seus funcionários, e será possível que ele nunca tinha me visto?

— Sinto muito - As palavras saíram tremulas da boca de Peter, fico ainda mais surpresa com o pedido de desculpas.

Posso ver seus olhos seguindo por meu rosto, e minhas roupas, do terminho para os meus dedos, aqui esta a aliança dourada que brilhava em minha mão, temo que ele está tão desnorteado quanto eu.

— Com licença, posso fazer-lhe uma pergunta?

Ele põe a mão em meu ombro, e a mesma energia na noite anterior corre por meu corpo, confirmo com a cabeça. Esse homem tem efeito sobre mim.

— Henry August, era seu marido, correto?

— Sim - digo com os olhos cheios de lágrimas ao me lembrar do ex-funcionário da Torre, agora falecido.

— Me perdoe, meus erros começaram quando joguei aquele sofá, fui tão imprudente, ainda não sei o que estava pensando, não sei como eu poderia me redimir... – Ele me olha nos olhos, sua pupila esta dilatada, deixando seus olhos, cor de mel, ainda mais lindos.

— Você me contratou assim que meu marido faleceu, eu deveria agradecer. – Passo a mão no cabelo, desajeitada, não quero perder meu emprego, não agora. Tento ser sensual para me manter no cargo.

O silêncio fica entre nós dois, penso em pedir um estoque de comida infinita, mas no momento só preciso do meu celular.

— Eu tenho uma condição, se você me comprar um celular novo, eu retiro a queixa, assim tudo fica bem. – Digo tão rápido quanto o Eminem cantando suas musicas de Rap.

Ele sorri, e eu faço o mesmo.

— Não será preciso comprar outro, apesar de que você merece ser recompensada por sua beleza.

Sussurro em agradecimento. Eu aceito um aumento! Penso em dizer, mas fico calada.

Ele tira um celular do bolso e começa a digitar. Reconheço minha capinha azul, merda, eu sabia não deveria deixá-lo sem senha, ele me entrega o celular com a tela bloqueada, mordo os lábios de curiosidade.

Peter volta a conversar com os policiais, esforço-me para ouvir, mas não é possível, ele se despede e segue andando para o elevador e dando uma ultima olhada para antes de entrar.

Assim que ele se vai, respiro fundo e olho o que está escrito no bloco de notas.

"ME DESCULPE POR TUDO, ADORARIA PAGAR-TE UM JANTAR, ME LIGA"

 

Peter

Nunca me achei parecido com o príncipe, nem mesmo agressivo como a Fera, porém logo após um dia altamente chato, com as queixas já Isabela e suas ameaças, eu queria matar a primeira pessoa que vejo pela frente.

Demorei séculos para cozinhar minha mais nova receita, e acabei derramando a sopa mexicana no sofá que veio diretamente da Suíça.

Fiquei surtado e acabei abrindo a janela de vidro que ia do chão ao teto, usei parte da minha força para empurrar o sofá até deixá-lo cair embaixo. Tão impossível quando o móvel continuar inteiro, era ouvir um grito estando acima do centésimo andar. Gostaria de parabenizar a moça por ter um fôlego tão potente.

Desci o mais rápido que consegui, e lá estava a garota em nervos, assim como eu, porém ambos não fomos piedosos, e ela parecia querer me matar, até que acabou correndo.

Fico mal por isso. Antes a Isabela, minha ex namorada, louca em questão de negócios, agora eu tenho o talento de afastar as mulheres de onde quer que elas venham.

Vejo que a jovem Cinderela não deixou o sapatinho cair, mas eu acabará de ganhar um celular de presente.

Ligo a tela e vejo uma foto dela, muito bela por sinal, porém acompanhada de um homem que me parece familiar.

Voltei para dentro, e fiquei pensando quem seria aquela jovem, porém a idéia de um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro a tira de minha cabeça.

 

Julie

Por incrível que pareça os olhos puxados de Witija estão arregalados, será que suas orações tinham dado resultado? Ela me abraça assim que abro a porta. Mal cheguei em casa e minha companheira de aluguel já estava a parte de todas as novidades.

Sei que é meio feio trocar mensagens durante o expediente, mas não resisti e tive que contar cada detalhe importante da minha manhã.

— Eu juro que não é nada de mais - digo ao colocar a bolsa sobre a mesa da cozinha.

— Ele é rico! E apesar de que eu odeio essa história de chefe pegando funcionário, com certeza vai rolar uma boca livre, e você tem que me levar.

Começo a rir e pego duas fatias de pão no armário. Amarro o saco e guardo no lugar, tenho que me lembrar de comprar mais, pois na velocidade que comemos aqui em casa em duas semanas é preciso estar de volta ao super mercado para outra feira do mês.

— Talvez se você não matá-lo de tédio, podem até se casar.

Passo manteiga e coloco o pão na torradeira.

— Não é culpa minha se eu amava o Gustin.

— Mas é culpa sua ter se casado com 19 anos! Julie isso é loucura.

— E dai que só passamos três anos juntos antes dele morrer?

— E quem disse que ele morreu? Até então nunca acharam o corpo, quem sabe ele não simplesmente fugiu de você?

Por um minuto, eu não sei o que fazer, porque tudo tinha que ser tão ruim? O Gustin "desapareceu", eu fui demitida e precisei conseguir um novo emprego de estágio, isso graças a sua morte, caso contrario não sei se estaria trabalhando na Eagle e com apenas vinte e dois anos quase fui acertada por um sofá que caiu literalmente do céu.

Agora não sei se estou sendo zoada pelo destino quando o dono da empresa onde trabalho é lindo, gato, e gostoso, e acabou deixando uma mensagem em meu celular convida-me para sair.

— Perdi a fome... - digo, e vou pra o quarto, os olhos de Witija, minha melhor amiga japonesa, me observa ir e voltar pra buscar o prato com a torrada. - Sei lá, não consigo perder a fome, mas isso não quer dizer que eu não esteja brava com você!

Aponto o dedo indicador para ela como se fosse uma arma, chego ao meu quarto e termino de comer o pão quente, porém a preguiça em meu corpo não me permite fazer mais nada, penso em estudar um pouco, mas isso faz com que eu revire os olhos.

Deito-me na cama e procuro o celular dentro da bolsa. Meu Deus, os dedos aquele gostoso tocaram na tela do meu celular!

Será que ele tem alguma rede social? Abro o Facebook e procurou "Peter Eagle." Estou esperançosa, imagino qual seria a cara dele ao ver que eu, sua empregada, enviei lhe uma solicitação de amizade.

És que surgiram milhares páginas sobre ele e nada de um perfil próprio. Merda. Será que ele tem algum contato pessoal?

Menina burra... Canta meu subconsciente.

Vá tomar no c*, respondo a mim mesma e volto para o bloco de notas.

 Olho para o numero escrito e contornado por uma fonte azul. Clico sobre o contato, a tela do celular passou a ficar escura e logo uma voz masculina disse:

“Alô? Quem esta falando?”

Merda! Droga! Apertou incontáveis vezes no botão para que a ligação fosse desligada. Imagino-o rindo da burrada de quem quer que seja que ligou errado.

— Com quem você esta falando? – Perguntou Witija do outro lado da porta. Mas o que? Ela ta escutando minha conversa?

— Com ninguém, querida amiga japonesa. – Não que eu tivesse uma amiga de cada canto do mundo, mas gostava de chamá-la assim, como uma piada particular que não possuía graça.

+Nova Mensagem

Reviro os olhos de desgosto ao imaginar o que uma operadora de telefone queria às oito horas da noite mandando email para falar de alguma promoção fajuta.

“OLA, FUNCIONARIA QUE EU NEM SABIA QUE EXISTIA!”

Se controla, Julie. Seu chefe gostoso acabou de mandar mensagem. Lembre-se de respirar.

Abro novamente o chat e começo a digitar.

“Por que esta gritando comigo? Desligue o caps lock, que ainda não lhe dei essa intimidade”

Isso mesmo! Seja uma garota difícil!

“Eu quase lhe matei ontem a noite, acho que já temos esse nível de intimidade kkkkkkk”

Ai. Meu. Deus. Ele riu com 7k’s.

Estava pensando que tal você vir até o meu prédio e jantar comigo?”

“Agora?”

“Sim!”

“Não sei o que dizer, apenas perguntar: Sr. Eagle, por acaso és viciado em trabalho?”

“Srta. Zaneze (sobrenome estranho por sinal) não que eu seja viciado somente pelo fato de morar em um dos prédios da minha empresta”

“kkkk entendo”

“Es que preciso de sua resposta”

“Sim”

“Sim oq?”

“Vou jantar com você!”

“Ótimo, agora preciso saberqual seu carro favorito?”

“Mustang, porq?”

“Estarei lhe esperando na sua porta em 15min”

Sr. Eagle esta offline.

— EU TENHO UM ENCONTRO DAQUI A QUIZE MINUTOS!! – Grito. – Preciso postar isso no twitter.

  

Peter

“Seguir. Curtir. Seguir. Favoritar.” Digo, minha pernas aceleravam a velocidade sobre a esteira.

— Será que é muito vulgar segui-la em todas as redes sociais? – Pergunto para meu motorista e melhor amigo.

— Não, senhor.

— Eu já disse para não me chamar de “senhor”. Se eu tiver afim te dou metade da minha grama e nos dois ficamos ricos, quer dizer, eu continuo rico.

Yamaha ri.

— Posso pedir um favor?

— Sim.

— Tem como você ir buscar a Julie? Acabei de chamá-la pra jantar aqui... Sei que fiz você investigar a vida dela durante todo o dia, mas esse é o ultimo favor da noite.

Yamaha riu novamente.

Pego uma das chaves do pote e jogo para ele.

— Pegue o Brad na garagem, o endereço dela esta no GPS, não demore.

 

Julie

Eu nunca imaginaria que teria um encontro, muito menos que acabaria espancando um cara com uma bolsa.

Meus olhos brilharam por algo que não era mastigável, havia um Mustang vermelho sem nenhum arranhão me esperando, abro a porta e entro, meu susto foi recorrente, há um homem com olhos puxados me encarando.

Antes que ele diga alguma coisa, começo a bater em sua cabeça com minha bolsa, até que o carinha com o crachá escrito “Yamaha” abre a porta e sai correndo, esforço-me ao pular para o banco do motorista, e piso fundo do acelerador.

 “Ai que merda” Grita Yamaha, definitivamente isso não estava na minha lista de dias normal, Ótimo, acabei de atropelar um japonês! Bem que eu sempre confundo a ré com o acelerador.

Agora piso no pedal correto, e o carro avança, saindo da minha rua e deixando o homem deitado no chão cada vez mais para trás, vejo que Witija foi socorrê-lo.

“Vire à direita” Diz uma voz feminina e roca saindo da tela do mini televisor do automóvel.

Reviro os olhos, será mesmo possível que aquela vaca do GPS estava tentando me ensinar o Caminho do meu trabalho?

O tempo de quase meia hora que levo andando é rapidamente percorrido pelo Mustang de Peter. Assim que chego na Torre, sigo para o estacionamento subterrâneo, o segurança sorri para mim.

— Parece que alguém esta de caso novo com o chefe.

Sentindo-me ofendida mostro o dedo do meio para ele. Que fica sem reação e abre o portão.

Após travar o carro, me dirijo ao elevador.

Ligo a tela do celular para ver as notificações.

Peter Harris começou a seguir você

P.H curtiu sua foto.

Peter Harris começou a seguir você

Peter Harris favoritou o seu tuite. “Eu tenho um encontro”

Meu Deus, que vergonha; Espera. Como ele descobriu meu Instagram?

Aperto o botão cento e cinco do elevador, lembro-me de sua voz falando de que planeta ele havia saído. Estou acostumada com esse elevador, porem agora parece tudo diferente, sento na poltrona lateral.

Aproveito o tempo para lixar, pintá-la com um esmalte vermelho que combina com meu vestido justo da mesma cor, dou uma ultima retocada na maquiagem, e depois de cinco minutos chegou no andar do Sr. Harris Eagle.

Julietta Harris Eagle. Até que ficaria legal. Para falar a verdade. Qualquer coisa era melhor que Zaneze.

A porta se abre e me encontro no apartamento dele, o lugar é bem grande, na verdade grande é pouco. Posso ver da porta do elevador uma sala enorme, uma cozinha colada com a sala, e uma grande televisão com um sofá em formato de ‘U’, há controles remotos de Xbox sobre a mesa de centro. Peter se aproxima e fala comigo.

— Geralmente os caros ricos têm um piano...

Ele ri.

— Eu optei por comprar uma ótima TV e um bom videogame.

— Espero que tenha aproveitado o tempo do elevador. Da pra fazer muitas coisa em cinco minutos.

— Eu pintei as umas unhas. – Digo.

— Eu sei, estava vendo, por isso mesmo me questionei se não deveria ter esperado mais alguns segundo e lhe esmagado com meu sofá.

Sinto vontade de chorar, porque um homem rico estaria apaixonado por mim ou seria tão frio?

— Eu sei o que está pensado... E talvez, só talvez eu ainda não esteja amando você senhora Zaneze.

Fico quieta, não me atrevo a dizer nada, apenas me questiono se ele tem o poder de ler mentes.

— Então, o que vamos comer?

Tento prestar atenção nele porem só consigo focar na grande janela.

Maldito/Sortudo sofá.

Peter pega em minha mão, sinto um choque e algo como uma surpresa relacionada aquele homem arrogante.

— Não esta curiosa para saber o motivo de ter jogado um sofá pela janela?

— Você deve ter tido um dia ruim e pensou “nossa que tal me livrar desse móvel já que eu posso comprar outro, melhor ainda, posso comprar uma fabrica de sofás?”

— Não sou tão metido assim.

Reviro os olhos.

— Não revire esses olhos para mim, Julie, se fizer de novo tirarei uma foto sua e postarei no instagram para que seus amigos lhe zoem.

Não consigo evitar e sorrio.

— Tudo bem, és que eu aprendi uma receita de Sopa mexicana, e assim que comecei a comer deixei-a cair...

— Acho que entendi, mas se toda vez que eu derramasse algo no meu sofá eu jogasse ele fora... –Começo a rir. – Esquece, eu nem tenho um sofá.

Peter me encara com a testa enrugada se perguntando “Será que ela usou algum tipo de droga no caminho?”

Ele caminha até a cozinha e abre o microondas, de lá tira dois pratos.

— Surpresa! Vamos comer sopa mexicana, eu que fiz!

— Jura? Aquelas embalagens em cima da pia dizem o contrario.

— Affs.

Naquele momento meu telefone toca, arrasto o botão para o lado, atendendo a ligação, sinto vontade de jogá-lo no chão, porque tem que atrapalhar meu encontro? Peço licença para atendê-lo.

“Alo?”

“JULIA! Não sei o que deu em você mais obrigado pelo presente.”

“O que?”

“Primeiro, lembra que eu pedi alguém para cuidar, assim eu saberia se estava indo bem no curso de enfermagem?”

“Lembro”

“Então... Que Japa gato, minha nossa, e ele beija muito bem”

“O que?”

“Socorrooo” Foi possível ouviu a voz do Yamaha pedindo socorro no fundo.

Witija desligou.

— Algum problema?

— Acho que não, apenas seu motorista que arranjou uma namorada.

— Tudo bem, agora podemos comer.

Ambos sentamos nas cadeiras ao redor da mesa. Seguro a colher com a mão direita, mas antes de por a sopa da boca não consigo resistir.

— Você tem chocolate?

— Que tipo de pergunta é essa? Claro que eu tenho, esta no pote, pegue uma barra.

Levanto-me para pegar e volto para sentar.

— Que falta de educação mexer no celular quanto estamos em um encontro? - Digo

— Você acha que isso é um encontro?

Já era tarde para responder, uma mão acerta minha cabeça, jogando-me no chão. Meus olhos piscam e vêem uma mulher corpulenta e esbelta ali, ela é alta e loira, seu cabelo é quase branco de tão claro, e seus olhos azuis como água.

— Quem é essa? – Perguntou colocando a mão na testa, por causa da dor.

— Isabela. – A mulher disse.

— Minha ex-namorada. – Completou Peter.

Não consigo pensar, temo que seja por causa da pancada na cabeça, levanto-me, ainda com a dor latejante.

Como reflexo olho para o prato de sopa, a fumaça que sai dele, pego a tigela, os poucos segundos que seguro-a em minhas mãos são suficientes para queimar-me.

Arremesso a sopa mexicana quente na tal de Isabela, que grita pelo arder do liquido em contato com sua pele.

— Pronto! Que tal jogar a Isabela pela janela agora, ela pode não ter vindo da Suíça, mas suponho que não preste mais.

Olho para Peter, mas ele continua imóvel, parece ser a primeira vez que ele observa uma briga de mulheres.

— Quer saber de uma coisa? Eu me demito.

Penso em ir até a porta do elevador, mas antes vejo o pote cheio de balas de café, barrinhas de chocolate e cereal, caminho até la, tiro a tampa de vidro e despejo tudo dentro da minha bolsa.

— Agora eu posso ir embora!

Vou até o elevador, e Ele me segue.

— Me desculpe.

Não respondo.

— Julie, não vá embora.

Antes da porta se fechar digo:

— Adeus, Peter.


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