Growing back escrita por kelly pimentel


Capítulo 13
Capitulo 13




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Estamos nos tornando um casal cada dia mais próximo do normal. Fora as breves idas de Peeta ao doze, normalmente quinzenais, estamos sempre próximos e até nos aventuramos em algumas primeiras saídas. O cinema foi reinaugurado e Peeta insistiu e ver algumas sessões, são filmes antigos, filmes de muito antes da criação dos jogos, conservados na fortaleza dos Snows por muitos anos. Imagino que Prim adoraria aquilo. Minhas sessões de terapia têm ajudado, não tenho mais tantos pesadelos ou pensamentos ruins, Peeta tem ainda menos crises. Ele também tem feito algumas sessões.

Nosso retorno começou a ser amplamente conhecido e passamos a ser convidados para eventos políticos, embora eu não pudesse muito bem entender porque gostariam que uma pessoa instável e assassina prestigiasse tais eventos. Sempre negamos os convites até que de fato tivemos um que nos pareceu importante, um memorial aos heróis revolucionários. Abri o convite e vi a enorme lista de nomes, muitos nomes que lutaram ao meu lado. “Nós deveríamos ir” Peeta disse quando o mostrei aquilo na semana passada. Eu concordei.

Então aqui estamos. Numa festa de gala, uma festa que não chega aos pés do padrão da antiga forma do Capitol, mas uma festa onde pessoas não vomitavam para comer mais enquanto pessoas passavam fome nos distritos e se matavam por sacas extras de grãos, então essa já era uma festa na qual eu não me sentia horrível só por estar naquele ambiente. Ellfie, que nos acompanhava havia me posto num vestido bonito e discreto, eu tinha exigido que minha roupa não chamasse atenção, já havia sido espetáculo circense por mais tempo do que pretendia em minha vida, não seria novamente. Peeta estava elegante em um terno de preto, a camisa azul bem clara e a gravata também azul, mas cintilante, ambas combinavam com seus olhos.

Peeta e eu procuramos pelos outros sobreviventes dos jogos, encontramos Annie rapidamente. Ela estava muito bonita com uma roupa amarela de tom discreto e flores em seu cabelo presos ao lado em um coque, parecia deslocada. Ela e Peeta conversaram sobre o pequeno filho de Annie que agora estava com quase dois anos, eu não dei muita atenção embora adorasse Annie estava ocupada procurando por Beettee, mas principalmente por Johanna. Gostaria de vê-la, não tínhamos tido muitas notícias delas depois de tudo que aconteceu.

— Annie enviará material para o livro. – Peeta me diz sorrindo.

Eu não havia notado que Annie já havia se afastado de nós. Peeta me puxou pela mão para perto dele e beijou meu rosto carinhosamente.

— Você está bem?

— Ótima. – respondo. – Viu Johanna?

— Não Kat, mas não acho que ela viria.

Não quis transparecer minha decepção então tentei um sorriso meio torto e continuei me fortalecendo através de nossas mão dadas enquanto caminhávamos pelo salão.

Em seguida encontramos Enobaria e Beette que agora faziam parte do novo governo. Enobaria como representante política do distrito dois nas decisões tomadas pelo conselho do Capitol, embora ela fosse uma grande guerreira eu não conseguiria entender como as pessoas conseguiam confiar a elas melhorias de seu distrito. Já Beette era uma espécie de especialista tecnológico. Também conversamos bastante até que ele pediu licença e levou Peeta para conhecer algumas pessoas que estavam “entusiasmadas com a presença dele no Capitol” eu não parecia bem-vinda então disse que Peeta deveria ir e eu voltaria para Annie ou Elffie, mas na verdade fiquei vagando sozinha observando aquelas pessoas, a maioria agia como se nada tivesse acontecido como se a guerra tivesse acontecido há milhões de anos, pra mim, o sangue daqueles heróis ainda estava fresco.

— Você fica melhor em chamas. – Ouço uma voz atrás de mim. É Johanna. Me viro rapidamente e vejo sua figura magra e de cabelos curtos trajando um revelador vestido branco.

— Eles queriam me ver. – ela diz seguindo meus olhos. – Resolvi mostrar que a tortura só levou o meu juízo, meu corpo continua ótimo.

Estou sorrindo. E ela sorri também, embora seja um sorriso de satisfação ácida.

— E bom te ver.

— Também é bom te ver Katniss. Achei que você estava numa camisa de força. Eu sei que eu deveria estar.

—Estive perto. – Digo sorrindo. Johanna é uma daquelas pessoas que você gosta mesmo que não goste de você, leva tempo pra gostar dela, eu sei que demorei, mas agora sou fascinada como o modo como ela consegue continuar ela mesma - Como você está?

— Depende do dia. Hoje a resposta é bem o suficiente para engolir essa festa. E você? Achei que não viria.

— Eu estou morando na Capital por um tempo, justamente por não estar muito bem. Acho que se estivesse em casa não viria. Peeta achou que você não viria.

—Ele veio? Isso realmente é uma festa então. Onde está meu querido companheiro de prisão e tortura? – Ela disse vasculhando com os olhos o local. - Talvez nós possamos saudar os companheiros rebeldes que demoraram para nos libertar e que, se não fosse por você, nos teriam deixado morrer.

— Ele está conversando com alguns dos nossos novos líderes de governo. –Digo tentando não parecer impressionada pelo que ela acabou de dizer. Temi que pudesse incentivá-la se desse atenção.

— Hum... – ela diz.-  Eles deixam a arma mentalmente modificada falar sobre política mas excluem a mulher louca que matou a presidente? Eu apontaria o machismo, mas parece obvio.

— Bom, nesse caso é um favor que me fazem. Eu não chegaria perto deles de forma nenhuma, eu nunca quis ser uma figura política, um estandarte de alguma coisa, mas já fui, então realmente não tenho interesse.

— Não esperaria outra coisa Katniss. Você precisa estar pessoalmente insatisfeita e querer algo pra lutar, certo? Você nunca quis lutar. Só vingança te move.

Lembrei por alguns segundos porque eu costumava odiá-la, ela era sempre cruelmente verdadeira. Eu nunca quis lutar, isso era verdade. Talvez nem mesmo o fato de estar pessoalmente insatisfeita fosse mesmo uma razão pra mim, afinal de contas, todos nós estávamos. Eu sempre lutei por vingança, embora chamasse a vingança de esperança em alguns momentos. Mas eu lutei pelo que eles fizeram com pessoas que eu gostava, por Prim, por Rue, pelo meu pai, por tantos outros.

— Qual é mesmo o nome dela? – Johanna pergunta me despertando dos meus pensamentos. E indicando uma mulher próxima de Peeta, ela usa um vestido verde decotado, e tem cabelos vermelhos, pele branca sorri falando com Peeta.

— Não sei. – Tento parecer desinteressada. Mas Peeta olha para os lados como se estivesse conferindo se alguém o vê. Ela parece intima dele, toca em seu braço algumas vezes. Johanna continua sabendo quais botões apertar, continuava ela, era bom saber disso.

— Ele não te apresentou a ex-namorada? Uma pena, ela me pareceu adorável quando estivemos juntos aqui meses atrás. Mas devo confessar que seu nome não ficou guardado. Talvez comece com B ou seria D? – Ela fala. Como se conversasse consigo mesma. – Vamos descobrir.

De repente me sinto tonta. Uma sensação de embrulho se move em meu estomago eu me viro para Johanna e seguro em seu braço “me leve pro jardim” digo, “agora”. Ela perde o tom de brincadeira e liga o conhecido modo guerreira. Em minutos estamos sozinhas no jardim da mansão da festa. Eu digo ela pode voltar pra dentro se desejar, mas Johanna permanece ao meu lado enquanto eu vomito excessivamente. Sento num dos bancos de granizo depois disso e tento cuspir o gosto azedo da boca.

— Você está bem?

— Estou. – respondo. – Agora estou.

— Me desculpe. – ela diz séria. – Já tive ataques de pânicos assim, me desculpe. Não deveria tê-la provocado.

—Tudo bem. – respondo. Não a culpava de verdade. – Nos estamos juntos. Peeta e eu.

— Eu sei. – ela responde - Elffie se encarrega de espalhar essa notícia.

Ambas rimos um pouco.

— Você quer que eu o chame?

— Não. Ele ficaria preocupado à toa. Vamos entrar e você conversa com ele enquanto eu vou ao banheiro.

Quando saio do banheiro Peeta e Johanna não estão mais na companhia da ruiva que supostamente o havia namorado. Talvez ela fosse a mulher com quem ele se envolveu durante sua reabilitação, mas eu não queria pensar nisso no momento. Assistimos a cerimônia e voltamos para casa, eu estava tão exausta que Peeta precisou me guiar para a cama.


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