Nem Todo Mundo Odeia o Chris - 3ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 18
Todo Mundo Odeia DFN


Notas iniciais do capítulo

Apenas uma coisa: capítulo gi-gan-te!!!!!!!!!!
No final, vocês finalmente verão a Lizzy. Pelo menos como eu imaginei ela.
Enjoy!
o/



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POV. CHRIS (Brooklyn - 1986)

Sabe aquela frustração profunda que você tem quando quer ir a um show mas ou não tem o dinheiro ou os ingressos acabaram? Pois é. A frustração piora consideravelmente quando as duas coisas acontecem. Meu grupo de hip hop favorito ia fazer um show na cidade e os ingressos tinham esgotado em 6 horas, mas mesmo que ainda estivessem disponíveis, eu não tinha o dinheiro. As últimas “economias” que eu tinha, acabei usando para pagar minha carteira de motorista no mês anterior. Resultado: liso. Pelo menos eu não era o único frustrado porque não iria ao show.

“Porcaria”, Greg, de braços cruzados e encostado em seu armário, tinha um bico gigante, e eu até compreendia. A casa dele ficava muito perto do local de venda dos ingressos, mas mesmo assim ele não conseguiu um.

“A gente arruma um jeito”, Lizzy tentava nos consolar, mas ela também estava frustrada. Run DMC era um dos poucos grupos de hip hop que ela gostava.

“Que jeito, Liz?”, perguntei, incrédulo. “Sem ingressos nós não entramos.” Ela fez uma careta, concordando, mas logo retrucou.

“É que eu ouvi umas coisas lá no bairro.”

Encarei-a interessado; Greg me acompanhou.

“Que coisas?”

“Parece que o Perigo está com alguns ingressos. Eu sei que não é a melhor opção,” ela se apressou em dizer quando eu e o Greg fizemos caretas, “mas é nossa última opção. O que acham?” Considerei.

“Por quanto ele está vendendo?”

“200 dólares”, ela disse com cara de culpa.

“O QUÊ?!”, eu e o Greg dissemos juntos.

“Pelo menos sabemos que ele tem os ingressos.” Passado o choque do preço, pensei melhor.

“Isso resolve um dos nossos problemas, mas ainda falta o dinheiro. Eu e o Greg não temos”, falei gesticulando para nós dois, e ela sorriu.

“Essa é a parte mais fácil de se resolver: eu empresto para vocês.”

A primeira coisa que veio na minha cabeça foi não aceitar. Se antigamente eu já não era muito fã de pedir dinheiro emprestado a ela, depois que ela recebeu a herança do pai minhas reservas aumentaram. Podia ser hipócrita e machista da minha parte, mas eu não me sentia bem com aquilo. Eu sabia que se contasse isso a ela, uma briga era bem certa. Lizzy sempre foi independente e não aceitaria ser tratada dessa forma. Além disso, quando ela recebeu o dinheiro, seu objetivo era guardar todo ele. Eu não estava nem um pouco a fim de interferir nisso, seja por 20 dólares ou 200. Mas, pela paz entre nós e porque eu não tinha mais de onde tirar o dinheiro, eu assenti quando o Greg aceitou a proposta, mas coloquei na cabeça que faria o possível para devolver o mais rápido que pudesse.

“Ok, então”, ela disse. “Eu pego os ingressos hoje com o Perigo. Entrego o seu amanhã, Greg, e entrego o seu hoje à noite, Chris.” Assenti, e ouvimos o sinal tocar, indicando o começo da aula.

 

Depois de almoçar, eu desci a rua na direção do Doc’s lentamente, com as mãos nos bolsos. Tentava pensar em um jeito de devolver logo o dinheiro a ela. Detestava dívidas. Duas pessoas me vieram a cabeça: meu pai e o Doc. Logo descartei meu pai, pois ele jamais me daria 200 dólares para um ingresso de show, e eu não queria mentir. Pouco depois descartei pedir ao Doc. Ele não acharia que era um motivo válido, e eu não estava a fim de levar um não na cara. Torci o nariz ao ver que iria demorar a devolver o dinheiro. Mas isso até acontecer uma surpresa.

Quando eu estava limpando algumas prateleiras, ouvi a campainha da porta da loja tocar. Ergui a cabeça e vi o sr. Omar entrar e conversar com o Doc. Ele trazia algo que me interessou bastante.

 

POV. LIZZY

Pouco depois do almoço, fui até onde o Perigo ficava para pegar os ingressos. Fiz ele me garantir que eram verdadeiros e que os lugares eram bons. Na volta para casa, encontrei algo bastante interessante. Dona Rochelle e Drew subiam as escadas para casa: ele andando esquisito e ela com o braço em uma tipoia. Analisei a cena por um segundo e sorri. Acho que sei o que aconteceu ali. Me aproximei dos dois para cumprimentá-los.

“Boa tarde, dona Rochelle. Drew.” Ele acenou levemente para mim, mas dava para ver seu desconforto no quadril.

“Oi, fofa.”

“O que houve com seu braço?” Ela deu um olhar assassino para o Drew, que aproveitou a deixa para entrar em casa, nos deixando sozinhas na calçada.

“Eu torci. Nem sei como.” Sorri internamente, sabendo exatamente como ela tinha torcido.

“O que o Drew fez?” Ela se entregou.

“Quebrou meu vaso chinês! Custou 50 dólares aquele vaso, e eu gostava dele!” Sorri involuntariamente. Dona Rochelle era uma comédia.

“Vai precisar de ajuda?”

“Não precisa se incomodar. Eu consigo subir sozinha.” Neguei com a cabeça.

“Não é disso. É que a senhora faz tudo em casa, e com o braço imobilizado não vai mais conseguir fazer nada. Acho que vai precisar de ajuda.” Como eu sabia que ela faria, ela recusou.

“Não se incomode, eu dou um jeito.”

“Que jeito, dona Rochelle? E uma ajudinha não faz mal a ninguém.” Ela me olhou sem saber como recusar de novo. Vendo que não tinha jeito, cedeu.

“Tudo bem. Mas não quero que se esqueça de fazer as suas coisas pelas minhas.” Sorri.

“Não se preocupe. Vou só trocar de roupa e vou aí.” Ela entrou e eu também.

Fui no quarto e troquei de roupa rápido. Enquanto fazia isso, eu pensava. Minha relação com ele melhorou bastante. Estamos nos falando normalmente, como se nada tivesse acontecido mesmo. E parece que agora eu arranjei um jeito de me aproximar de verdade. Me enfiando na casa dele. Imagino sua reação… Vai ser divertido… Eu sorri, sentindo meu coração acelerar.

 

“Pronto, dona Rochelle. Eu já terminei”, disse, depois que tinha terminado o jantar e as demais coisas da casa. A tarde havia se passado e eram quase seis da noite.

“Obrigada, querida. Desculpe por te dar tanto trabalho.”

“Imagina.”

“Você já deve estar cansada e ainda tem que fazer as suas coisas.” Fiz uma careta, mas sorri logo em seguida.

“Não tem problema.”

“Mesmo assim, quero fazer algo por você. Por que... você não fica aqui?” Quase engasgo.

“A-aqui? Dormindo a-aqui?”

“É. Assim você faz suas refeições aqui e não fica cuidando de duas casas.” A proposta era tentadora, mas...

“Ah... eu não vou atrapalhar?”

“Imagina. Está ajudando até demais. Drew pode dormir no sofá.” Quase engasgo².

“Eu vou d-dormir no quarto d-do Chris?” Ela fez cara de compreensiva.

“Sim. Não há espaço suficiente no quarto da Tonya. Espero que não tenha problemas.” Ah meu Deus…

“A-acho que n-não tem problema.”

Ela sorriu e levantou, me guiando ao andar de cima. Eu fui em estado de choque. Onde foi que eu vim me meter? Passar uma semana dormindo no mesmo quarto que ele... Eu vou pirar antes da semana acabar. No quarto, ela me disse onde ficava tudo para que eu pudesse arrumar a cama do jeito que eu queria.

“Obrigada, dona Rochelle. Isso ajuda bastante. Eu vou em casa pegar umas roupas então.”

“Tudo bem.”

Fui lá em casa e coloquei umas roupas em uma mochila e voltei para arrumar o quarto. Dei o melhor de mim para não pensar em como as coisas ficariam entre mim e ele. Não era como se nunca tivéssemos dormido no mesmo quarto, mas agora era diferente. Muita coisa tinha mudado desde a última vez que havíamos dormido tão próximos um do outro. Mas apesar de todas essas coisas na minha cabeça, a reação dele era o que despertava minha curiosidade. Será que ele ficará feliz? Imagino que sim. Mesmo levando em conta apenas nossa amizade, eu fiquei muito feliz quando ele teve que passar aqueles dias na minha casa quando sua família estava doente.

Dona Rochelle disse que eu podia usar uma gaveta desocupada da cômoda para colocar minhas roupas. Agradeci, deixando ela descansando na poltrona da sala, e subi. Quando entrei no quarto, Drew estava lá. Ele me cumprimentou alegremente.

“Ei, vai ficar aqui mesmo?” Assenti.

“É. Acho que vou roubar sua cama por uma semana. Invenção da sua mãe.” Ele pulou, festejando.

“Eu adoro quando isso acontece. Fico na sala assistindo TV até de madrugada, e a mãe não pode falar nada.” Reprimi o riso ao ver a alegria genuína da criatura que ia tinha acabado de fazer 15 anos. Mentalidade de 12…

“Que bom que você fica feliz. Me faz sentir melhor. Assim eu não me sinto invadindo.”

“Ei, você e o Chris estão… menos… brigados?” Paralisei de susto. Estava tão óbvio assim? Ok. Estava.

“Ah... a-acho que sim. Estamos bem agora...” Dei um sorriso amarelo.

“Eu notei. Vocês estão melhores desde aquele dia que fomos atrás do autógrafo do Gretzky.” Desde quando esse garoto é tão observador? Felizmente eu não precisei responder porque...

“DREEEEEEEEWWWWW!!!!! DESCE AQUI! PRECISO QUE VOCÊ FAÇA UMA COISA PARA MIM!” Santa dona Rochelle! Suspirei de alívio quando ele desceu resmungando e comecei a arrumar a cama. Tenho que tomar cuidado com o que falo e como ajo perto do Drew. Ele pode acabar descobrindo meus sentimentos pelo Chris. E como ele não consegue manter a boca fechada...

Balancei a cabeça para clarear os pensamentos e organizei minhas coisas na cômoda antes de arrumar a cama.

 

POV. CHRIS

Admito que me sentia aliviado ao voltar para casa à noite. A proposta do sr. Omar veio muito a calhar. Eu só precisei convencer o Doc a me liberar do trabalho no sábado e na segunda. E em menos de 5 dias eu teria como devolver o empréstimo a ela. Melhor impossível… Pelo menos foi o que eu pensei.

Subi as escadas de casa e entrei na cozinha. Poucos instantes depois, Drew apareceu, indo até a geladeira. Ele me olhou e começou a rir. Resisti à vontade de revirar os olhos.

“O que foi? Tenho cara de palhaço agora?” Ele negou, parando de rir.

“Não é isso. É que tem uma surpresa para você lá em cima.” Surpresa? Estreitei os olhos, desconfiado.

“Se isso é alguma brincadeira sua…”

“Não é. Tem uma surpresa muito bonita esperando por você lá no quarto”, ele falou com certa malícia na voz.

Mesmo desconfiado, bebi água e subi até o quarto. Me aproximei com cuidado, ainda imaginando se não seria alguma brincadeira do Drew, quando escuto uma voz familiar murmurar:

“Pronto. Acho que terminei.”

Sentindo o coração acelerar feito louco, alcancei a porta do quarto e vi a Lizzy terminando de arrumar a cama do Drew. Minha voz ficou presa em minha garganta; meu corpo começou a formigar, me dando arrepios.

“L-Liz?”, consegui sussurrar.

Ela virou para mim com uma expressão assustada, mas logo sorriu. Esse sorriso…

“Oi.”

“Então você está mesmo aqui? Pensei que Drew estava me zoando.”

“Vim ajudar sua mãe. Ela está com o braço imobilizado por causa do Drew. Vou ficar até que ela se recupere.”

“E quando será isso?” Ela sorriu, sem graça.

“Em uma semana.” Meu coração parou uma batida.

“Ah… Eu…” Seu sorriso vacilou, e ela baixou os olhos para o chão.

“Você não gostou--”

“Não! Quer dizer, sim, claro que eu gostei.” Senti meu rosto esquentar, como se eu tivesse acabado de dizer a ela o que sentia. “F-fico feliz que esteja a-aqui.” Nossos olhos se encontraram, e um leve sorriso surgiu em seu rosto.

“Eu também.”

Ela se aproximou lentamente e me abraçou pela cintura. Após alguns segundos de choque, pus os braços ao seu redor, escondendo o rosto em seus cabelos. Havia sentido saudade daquilo; do seu calor, do seu carinho. Mas como sempre algo acontecia…

“CHRRRIIIIIIIIIIIIIIIISSSSSSSSSSSSS!!!!!!!” Suspirei de frustração, afastando-a um pouco e à contra-gosto.

“Droga.” Ela riu e se afastou de mim.

“Continua muito solicitado.” Rolei os olhos, mas ri também.

“Você não faz ideia. Isso tudo é para eu ajeitar a mesa para o jantar, sabia?”

“Ah, quer dizer que você vai ser meu subordinado?”

“Como assim subordinado?”

“Quem você acha que vai mandar na cozinha enquanto sua mãe estiver incapacitada?”, ela me perguntou, com as mãos na cintura.

“Ah, é você?” Ela assentiu.

“À propósito, a louça é sua. Eu fiz o jantar.” Senti meu estômago roncar de leve. Eu adorava a comida dela.

“Sério? O que é?”

“Desça para ajeitar a mesa que você vai ver.” Pisquei para ela e saí correndo em direção à cozinha, ouvindo ela gritar meu nome atrás de mim.

Quando entrei na cozinha, estranhei. Não tinha panela nenhuma em cima do fogão. Ela chegou logo depois e se encostou na porta, balançando a cabeça.

“Desesperado.”

“Cadê?” Ela negou com a cabeça.

“Descubra. Está sentindo cheiro de quê?” Me concentrei e comecei a sentir um cheiro muito bom, embora fraco. Dando uma de detetive, cheguei perto do fogão e vi que estava limpo, mas a louça na pia não estava lavada ainda e não tinha panela no meio. Forno. Me abaixei e ela riu. “Ótimo. Você descobriu onde está. Agora, o que é?” Antes que eu pudesse falar, minha mãe apareceu na porta.

“Que correria foi aquela que eu escutei?”

“Desculpa, dona Rochelle. O Chris está tentando adivinhar o que eu fiz para o jantar.” Ela riu.

“Conseguiu?” Neguei.

“Mas eu tenho um palpite.”

“O quê?”

“Lasanha?” Lizzy fez uma careta, mas logo sorriu.

“Nariz de farejador.”

“É, mas só vai comer se puser a mesa.” Levantei com a cara azeda.

“Golpe baixo, mãe. Golpe muito baixo. Vai negar um prato de lasanha para o seu filho faminto. Isso dá processo!” Ela me olhou com cara de ‘me poupe do seu drama’ enquanto Lizzy se torcia de rir.

“Eu vou correr o risco. Se a Lizzy não contar, não vai ter testemunhas.”

“Eu não conto nada.” O QUÊ????

“Traidora!” Elas riram, e eu fui pegar os pratos para pôr a mesa.

 

“Quer ajuda com os pratos?”, ela perguntou, trazendo o último copo.

“Não precisa. Você já fez demais hoje. Pode ir.” Ela sorriu e afagou meu braço.

“Vou ver se o Drew já desocupou o banheiro.” E subiu.

Quando eu subi para tomar banho, ela já tinha saído. Deve estar no quarto. Tomei um banho rápido, mas quando fui me vestir percebi que tinha deixado a camisa no quarto. Me senti automaticamente constrangido por ter que ficar sem camisa na frente dela. Não era exatamente a primeira vez, mas era a primeira vez desde que eu descobri que gostava dela. Eu não posso dormir no banheiro, então…

Respirando fundo, vesti a calça de moletom e saí. Entrei no quarto enxugando o cabelo - tentando ser o mais natural possível - e a vi sentada na cama com um livro. Ela ergueu os olhos quando entrei, e eu parei na porta, sentindo a boca secar. Que roupa é essa?

Ela vestia uma camisa branca diferente das outras que eu já tinha visto: as alças eram mais largas, mas o decote era maior. O short azul claro era mais frouxo e um pouco maior do que os que ela costumava usar, mas não fazia muita coisa para esconder as pernas grossas. Apesar do frio, senti meu baixo ventre esquentar com aquela visão. Imagens dela usando pouca ou nenhuma roupa começaram a aparecer na minha cabeça. Ela me beijando e encostando o corpo quente no meu; eu finalmente descobrindo seu gosto enquanto sua língua deslizava pela minha boca e minhas mãos passeavam pelas curvas do seu corpo…

Um leve suspiro saiu da minha boca antes que eu pudesse evitar. Tive que me forçar a falar alguma coisa porque ela estava me olhando com uma cara estranha. Não quero que ela pense que eu estou pensando besteira...

 

POV. LIZZY

É impressionante como um bom banho sempre relaxa a gente. Ainda bem que o Drew já tinha saído, porque eu nunca vi um garoto para demorar tanto no banheiro. Parece mulher... Dona Rochelle me encontrou no corredor para perguntar se eu tinha tudo o que precisava, e eu disse que sim.

“Não precisa se preocupar, dona Rochelle. Descanse e repouse o braço. Qualquer coisa eu pergunto ao Chris.” Ela assentiu e foi para o quarto do casal.

Como eu morava sozinha, não tinha que me importar muito com as roupas que dormia, mas naquela semana procurei usar minha roupa de dormir mais decente possível. Sem sono como eu estava, peguei um livro e fui ler até o Chris vir para o quarto. E quando ele entrou... Achei que tivesse esquecido de respirar. Por que ele está sem camisa?

O calor que se iniciou no meu rosto, se espalhou pelo resto do meu corpo. Meu coração acelerou a um nível alarmante; meu fôlego completamente perdido. Não era exatamente um tanquinho, mas era muito agradável de olhar. Deve ser de tanto carregar caixas pesadas no Doc’s... Eu o olhava descaradamente e mal estava me dando conta disso. Por instinto fechei minha mão bem forte porque eu jurei que fosse estender o braço para tocá-lo. Inconscientemente passei a língua pelos lábios, já imaginando coisas indecentes. Eu só queria que ele me desejasse também…

De repente a imagem dele me prensando na parede e me beijando invadiu minha cabeça, e junto com essa vieram várias outras. Ele deitado sobre mim na cama – nossas roupas esquecidas no chão – sua boca passeando por todo o meu corpo, suas mãos me apertando e me puxando para mais perto enquanto eu gemia de satisfação com seus carinhos... Me tirando do meu sonho acordado, ele falou:

“Drew te viu vestida assim?” Meu cérebro voltou a funcionar, saindo do estado de torpor.

“Nem vem implicar. É minha roupa de dormir mais decente.” Ele sorriu com malícia e caminhou na direção de sua cama.

“Depois me mostra a mais indecente então. Fiquei curioso.” Me arrepiei com a proposta, mas fiz cara de ofendida e joguei o travesseiro nele, que desviou e ficou rindo da minha cara. “Boba. Você viu minha camisa branca?”

“Uma manga longa?”

“É.”

“Acho que coloquei para lavar junto com as roupas do Drew.” Ele gemeu de frustração.

“Sério? Se você misturou com as meias do Drew eu nunca mais vou poder vestir aquela camisa.” Ri do exagero dele. “Falando sério, aquela estava limpa.”

“Desculpa. Sua mãe disse para juntar a roupa suja, e ela estava jogada em cima da cama.” Ele fez uma careta.

“Culpa minha.” Ele foi na direção da cômoda para procurar outra. “Então acho que não vou achar nenhuma manga longa se você colocou elas para lavar...” Mal escutei o que ele falou depois disso.

Quando ele ficou de costas, por vontade própria, meus olhos percorreram as costas largas e foram descendo, descendo, até... Meu rosto esquentou novamente, e eu desviei os olhos ao mesmo tempo que duas palavras invadiam minha cabeça: grande e apertar. Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Como eu posso estar pensando essas coisas? E, ainda mais, olhando para…

Fechei os olhos bem forte e depois abri em tempo de ver ele virando para mim outra vez. Meu rosto devia estar muito vermelho ou muito pálido porque ele tinha uma expressão confusa.

“Tudo bem, Liz?” Assenti, incapaz de falar.

Ainda desconfiado, ele se aproximou. Não consegui manter o contato visual e desviei os olhos. Ofeguei ao sentir sua mão em minha testa.

“Não está quente”, ele murmurou, pegando minhas mãos logo em seguida e colocando meu livro fechado na cama. “Mas está gelada. Você tomou banho frio?”

“Quando eu já estava saindo a água ficou um pouco fria.” Ele balançou a cabeça com uma expressão preocupada.

“Vem cá.”

Aproveitando sua mão nas minhas, ele me puxou para ficar de pé e me abraçou. O calor era reconfortante, mas mesmo assim retesei o corpo pela surpresa e fiquei sem graça, sem saber onde pôr as mãos. Agora que eu podia tocá-lo, não sabia como fazer. Devagar, espalmei as mãos em suas costas e as acariciei, ouvindo ele suspirar. Trouxe as mãos para frente, colocando uma pequena distância entre nós e afaguei sua barriga com as mãos trêmulas. Ele retesou levemente o corpo, e eu senti suas mãos apertarem minha cintura. Criando coragem, levantei os olhos. Ele me olhava com a boca entreaberta e os olhos escuros; seu peito subia e descia rápido, sua respiração irregular.

Chocada com a ousadia da minha atitude, tentei me afastar, mas ele me prendeu forte pela cintura. Senti suas mãos quentes deslizarem pelas minhas costas nuas enquanto ele beijava meu pescoço. Arqueei as costas, e um súbito gemido de prazer escapou da minha boca quando senti sua língua traçar um caminho de fogo pelo meu pescoço e finalizar com uma mordida na minha orelha. Meu baixo ventre esquentou, e minhas pernas ficaram fracas. Eu ansiava por um beijo dele, um único que fosse. Naquele momento eu não liguei para insanidade que seria me entregar daquele jeito, já que ele não gostava de mim como eu gostava dele. Mas eu queria um momento com ele, nem que nunca mais acontecesse. Então simplesmente fechei os olhos e me deixei levar pelo calor do momento.

POV. CHRIS

Por que o cheiro dela é tão bom? Por que eu perco a sanidade quando ela me toca? Eu sinto meu corpo esquentar e corresponder a cada movimento que ela faz. Cada abraço, cada beijo me faz querer mais dela.

O toque de suas mãos pelo meu corpo era o que faltava para acabar com meu controle. Depois que eu havia descoberto meus sentimentos, ser controlado perto dela era quase uma missão impossível. Vê-la vestida daquela forma e logo depois sentir seu toque… Meu corpo estremeceu de desejo. Ela era a garota mais linda que eu já tinha visto, e o fato de ela estar sempre perto de mim já me fazia querê-la. Toda vez que ela se aproximava, seu cheiro me envolvia, seu sorriso me enfeitiçava, e eu sentia vontade de provar sua boca. Naquele momento eu estava sem uma única gota de racionalidade, então, quando dei por mim, eu estava deitado sobre ela na cama; minha boca a milímetros da sua, seus gemidos como música nos meus ouvidos.

Por um segundo, jurei que a beijaria; eu desejava tanto aquilo… Mas ouvi passos se aproximando. Mesmo odiando a ideia, respirei fundo, recuperando meu controle, e me afastei dela. Os passos se aproximaram, e um Drew sonolento entrou no quarto.

“Droga. Esqueci a porcaria do relógio”, ele disse, bocejando e coçando os olhos.

Então abriu uma de suas gavetas da cômoda, pegou o relógio e virou as costas, voltando para a sala.

“Boa noite”, ele falou antes de descer, e eu resmunguei em retorno.

Sentei em minha cama, olhando para o chão; não conseguia olhar para ela. Tomando coragem, ergui os olhos e a vi olhando o chão como eu fazia há poucos segundos atrás. Mesmo que ela não olhasse para mim, eu podia identificar aquele olhar: era decepção. Senti meu peito apertar e me forcei a me desculpar.

“Liz, eu sinto muito--”

“Tudo bem”, ela me interrompeu, ainda sem me olhar. Mantive o silêncio, odiando cada segundo daquilo. Por que eu não consigo fazer nada certo para ela? Droga! “É melhor a gente ir dormir. Nós dois levantamos cedo amanhã.”

Ergui os olhos, já com um aperto no peito, pensando que ela estava me afastando de novo, mas a expressão em seu rosto me acalmou. Ela sorria levemente para mim. Seguindo um impulso, me ergui, fui até ela e a abracei. O aperto em meu peito sumiu quando ela me abraçou de volta. Pouco depois eu a ouvi rir de leve.

“Vai vestir uma camisa ou vai ficar resfriado.” Assenti e me afastei dela com os ombros mais leves do eu tivera em semanas.



Como eu já esperava, o estágio com o sr. Omar conseguiu me deixar entediado em menos de cinco minutos. Afinal, eu não estava nem um pouco interessado em aprender sobre caixões ou morte. O que me interessava era o dinheiro. Por isso, procurei fazer tudo rápido e bem feito para me livrar logo e ele não ter porque não me pagar. Mesmo assim, foi o sábado mais tedioso da minha vida, e eu já havia passado muitos sábados na lavanderia com Drew e Tonya.

Passei o fim de semana inteiro com o sr. Omar. No sábado, tive que ir a uma convenção chamada de “O Jubileu da Morte”, onde vários donos de funerária se encontravam para o que me pareceu ser um festival de caixões. Fiquei em pé, panfletando o dia todo. Ele inventou tanta coisa para eu fazer que até hoje não me lembro se almocei ou não. Pelo menos eu não estava sozinho lá. Tinham vários outros garotos: estagiários das outras funerárias. Obviamente a ideia de exploração trabalhista não tinha surgido só na cabeça do sr. Omar. Cheguei em casa quase na hora do jantar e sem sentir os pés por ter ficado tanto tempo em pé. Meu consolo: Lizzy estava lá. Ela e minha mãe pareciam se dar melhor do que nunca, o que me deixou feliz. Até Tonya estava menos enjoada com a presença da Lizzy lá em casa.

O domingo foi outro martírio, mas felizmente só fiquei lá até o meio dia. Tentei manter meu bom humor, já que o show do Run DMC seria na segunda, mas estava difícil. Sr. Omar insistiu em me dar uma aula teórica sobre funerais e “o mundo da morte” como ele chamou. Passei a manhã toda ouvindo ele falar mais especificamente sobre todas as viúvas que ele já tinha conhecido. A lista era infinita. Eu estava a ponto de dormir e quase cochilei inúmeras vezes, mas me forcei a escutar. Quando deu meio dia, resisti à vontade louca de sair correndo dali. No caminho para casa me chutei mentalmente por ter aceitado aquele maldito estágio. Havia tomado o meu tempo de ficar com a Lizzy agora que ela estava na minha casa. E, eu jamais admitiria para ela mas, agora eu não via mais uma necessidade enorme de pagá-la logo. Eu só queria ficar perto dela. Só. Pelo menos pudemos ficar um bom tempo juntos.



Na segunda, o Greg estava a todo vapor.

“Cara, eu estou tão ansioso.” Troquei olhares com a Lizzy, e rimos discretamente.

Greg estava uma pilha de nervos; vez por outra ele tirava o ingresso do caderno e olhava.

“Te acalma. Já está tudo certo. Nos encontramos lá às 19h, ok?” Ele assentiu.

“Ok. Não se atrasem.” Eu e Lizzy assentimos, e ele se despediu de nós, indo para casa.

“Você ainda tem que ir para a funerária?”, Lizzy perguntou enquanto entrávamos no carro dela.

“Tenho”, respondi, revirando os olhos. “Vou ficar lá até às 18h para o caso de alguém aparecer.” Ela assentiu e deu partida no carro.

Meia hora depois, ela me deixava na frente da funerária e combinávamos que íamos nos encontrar no show às 19h.

Como sossego era uma palavra que eu não conhecia, quando entrei na funerária lá estava o sr. Omar com uma viúva - mais uma. Ignorei esse fato e logo perguntei o que eu ainda tinha que fazer. Maldita pergunta. Antes de sair com a viúva, ele me mandou polir todos - sim, TODOS - os caixões da funerária. E eram muitos. Tipo, uns 12. Respirei fundo e observei-os sair. Ok. Só preciso fazer mais isso e ficarei livre. Vamos, Chris. Pensamento positivo. Mais tarde você estará no show do Run DMC com a Lizzy…

E foi pensando nisso que eu poli caixão após caixão sem abrir a boca para reclamar. Pouco antes das 17h30 eu já tinha terminado e me larguei na cadeira do sr. Omar para descansar. Ninguém tinha aparecido no final das contas, pelo que eu era muito grato. Então, quando faltavam menos de cinco minutos para as 18h, eu comecei a fechar tudo, mas para o meu desespero entrou uma senhora para falar da gravata do marido. Expliquei para ela que eu só estava ali para fechar e que ela podia falar com o sr. Omar no dia seguinte, mas ela era insistente. Convoquei toda a minha educação - afinal, ela tinha acabado de perder o marido e era uma senhora - e escutei o que ela tinha a dizer.

Quanto mais eu tentava encerrar a conversa, mais ela puxava assunto, contando histórias sobre o falecido marido. Olhei para o relógio: 18h55. Ah, droga! Vou chegar muito atrasado… Eu dava claros sinais de impaciência, mas não conseguia me forçar a dizer nada diretamente à senhora. Ela devia estar precisando falar com alguém, como minha vó uma vez precisou depois da morte do meu avô. Mas ela percebeu minha impaciência.

“Está atrasado, querido? Você está olhando repetidamente para o relógio. Deveria estar em outro lugar?” Antes que eu pudesse responder, a voz de Lizzy se fez ouvir.

“Chris?” Pouco depois ela apareceu na sala da funerária.

Me permiti perder o fôlego por um instante. Com uma calça jeans clara, uma camiseta preta solta, uma bota feminina, o cabelo preso e quase nenhuma maquiagem, ela estava linda.

“Liz? O que veio fazer aqui?” Ela sorriu.

“Parece que adivinhei que você iria se atrasar.”

“Ah, querido”, disse a senhora, entrando na conversa, “se tinha um encontro com sua namorada deveria ter me falado. Não teria tomado tanto o seu tempo.”

Meu olhar surpreso cruzou com o da Lizzy. Ela estava vermelha e não me olhava mais, e nenhum de nós dois corrigiu a mulher que achava que éramos namorados.

“Eu devo ir para casa”, a mulher disse, se levantando. “Divirtam-se vocês dois.” Ela acenou um ‘tchau’ para mim e tocou o ombro da Lizzy quando passou por ela, murmurado algo sobre lembrar de quando namorava seu marido.

Olhei ainda mudo para a Lizzy e notei um embrulho em sua mão.

“O que é isso?”

Ela olhou de relance para o embrulho e jogou-o para mim, que peguei.

“Isso? É sua roupa. Quando me arrumei e voltei para sua casa, vi que você não tinha chegado. Então trouxe uma roupa para você trocar.” Assenti, sorrindo.

“Obrigado.”

“É melhor ir rápido ou o Greg vai comer nosso fígado.” Concordei e fui me trocar.



Chegamos em cima da hora, quase esperando o Greg realmente comer nosso fígado, mas ao acharmos ele, vimos que ele não estava realmente sozinho.

“Meggie?”, eu e Lizzy dissemos juntos.

Os dois viraram para nos olhar e sorriram.

“Ah, oi, Lizzy, Chris. Acabei encontrando o Greg aqui. Não sabia que vocês viriam ao show. Podíamos ter combinado.”

“Verdade”, Lizzy assentiu. “Não pensei que você viria.”

Só tivemos tempo de explicar rapidamente o porquê do nosso atraso, e o show logo começou.

Posso seguramente dizer que foi um dos melhores que já fui. Eles cantaram todas as músicas do Raising Hell, o novo CD que eu tinha adorado. Mas o ponto alto foi “Walk this way” com o Aerosmith. Lizzy era obcecada por eles. Vi a hora ela pirar. E pelo que eu puder ver, Meggie também era bem obcecada. Teve um momento que eu não soube o que fazia: curtia a música ou ria delas. Greg me olhava com a mesma cara de indecisão. Acabamos optando pelos dois.

Na opinião de todos o show acabou cedo demais, mas como todos - fora a Meggie - tínhamos escola no dia seguinte, voltamos assim que terminou. Nos separamos no estacionamento; Lizzy e eu viríamos juntos e Meggie ficou de deixar o Greg em casa, afinal eles moravam para o mesmo lado.

Lizzy e eu falamos sobre o show o caminho inteiro até em casa e até a hora de irmos para a cama. Parecia que o assunto não tinha fim.

Depois de dizermos boa noite um para o outro e de apagar a luz, percebi qual a melhor sensação sobre aquele show. Tudo tinha sido incrível, mas a melhor parte foi ter ido com ela.

 

POV. LIZZY

Me surpreendi ao ver um Chris emburrado entrar no quarto. Era terça, depois do almoço, e eu estava sentada na cama do Drew, recostada na cabeceira, fazendo alguns exercícios de Álgebra para a aula do dia seguinte. Ergui os olhos do livro e observei ele entrar e se largar deitado na cama. Resisti à vontade de rir; ele sempre ficava muito fofo emburrado.

“O que foi? O sr. Omar não te pagou?”

“Pagou sim”, ele disse em tom de resmungo e sentou na cama. “Olha o pagamento”, disse, me estendendo um papel do tamanho de um ingresso.

Peguei, curiosa, e li em voz alta.

“‘Vale-compra de US$ 250 em livros na Community Bookstore’.” Tive certeza que meus olhos brilhavam enquanto eu lia.

“Vou ter que achar outro jeito de te pagar agora. Fiz aquele maldito estágio para nada.”

“Não é verdade. Adorei o meu pagamento.” Ele me olhou, surpreso, e eu sorri. “Achou que eu ia recusar um vale-compra de uma livraria? Você me conhece melhor que isso.”

“Não, eu sabia que você iria gostar, mas não achei que aceitaria como pagamento.”

“Pois aceito. Já estou pensando em que livros vou comprar.” Ele me encarou por dois segundos e depois sorriu.

Levantou de sua cama e veio sentar perto de mim, com o sorriso um pouco morto. Afaguei seu rosto, preocupada.

“O que foi?”

“Nada. É que… eu acho que precisamos conversar.”

 

POV. CHRIS

Eu tinha aquelas palavras na minha cabeça por dias. Me sentia mal por nunca ter dito a ela que foi horrível vê-la chorar por causa do meu egoísmo. Mesmo que ela não correspondesse ao que eu sentia, não queria que ela sentisse mágoa de mim por causa daquilo. Foi um erro, e eu não pretendia cometê-lo novamente.

Seu rosto demonstrou curiosidade e receio ao mesmo tempo.

“Conversar sobre o quê?”

“Sobre o que aconteceu duas semanas atrás.” Pude ver sua tristeza quando ela desviou os olhos dos meus e encarou o livo em seu colo. Eu detestava deixá-la daquele jeito, mas era necessário. “Desculpe… por ter escondido coisas de você.” Ela ergueu novamente os olhos para mim. “Sei que não é desculpa, mas… eu realmente não sabia o que estava fazendo. Eu só segui a onda e não acabou bem.” Desta vez fui eu quem desviou os olhos. “Sinto muito ter te feito chorar. Me sinto horrível por isso, mas sei que você me conhece o suficiente para saber que essa nunca foi minha intenção. Eu não quero mais te fazer chorar… só sorrir. Eu não sei o que aconteceu depois daquilo ou por que você de repente está falando comigo de novo depois do que eu fiz, mas eu estou muito feliz em ter você de volta.” Apesar do constrangimento, me forcei a olhar para ela; sua expressão era neutra e isso me machucou. “Sei que pode ser até cínico da minha parte, mas… me dá mais uma chance?” Seus olhos se arregalaram por um segundo, e eu me forcei a continuar. “Você é muito importante para mim.”

Observei-a, esperando sua reação. Lentamente um sorriso apareceu em seu rosto. Paralisado, senti sua mão afagar meu rosto novamente, e ela assentiu. Sem pensar direito, abracei-a forte, sentindo seu cheiro me deixar zonzo. Ela podia não saber, mas aquele abraço significava muito para mim. Sentindo paz outra vez, deixei que um pouco do que eu sentia saísse.

“Achei que te perderia, Liz. Senti tanta saudade...”


***

 

Então....

Aqui está Lizzy Rodriguez...


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Notas finais do capítulo

Então...??????
Reviews?????
Gostaram da Lizzy????

Próxima leitura: O Coração de um Nerd - Capítulo 5



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