Killian acordou de um sonho, estava confuso com aquilo. No sonho ele não sabia quem Emma e de mais nada, todos tentavam ajuda-lo, mas ele recusava. Quando ele acordou, Emma ainda dormia, ele levantou em silencio e abriu a janela, ainda estava escuro, era a hora perfeita de sair do quarto sem que ninguém perceba o que aconteceu ali. Ele colocou sua roupa íntima, vestiu sua calça, sem o cinto mesmo, e colocou sua camisa, com o máximo de silencio possível, dobrou o resto da roupa, depositou um beijo na bochecha da loira e foi para o seu quarto, com muito cuidado e em total silencio, suas botas estava sendo levadas pelo seu gancho, não poderia fazer nenhum tipo de barulho. Chegou ao seu quarto e ninguém o percebeu.
Na hora do café, todos estavam descendo, inclusive o pirata, ele se deparou com Liam quando saiu do seu quarto.

–Ei, Hook! Bom dia! -Essa voz veio de trás do homem, era o garoto, ele se virou e agachou para ficar da altura do menino. Ele olhou nos olhos dele, agora tinha certeza de quem era esses olhos, eram dele, eram de Killian, azuis e o mesmo olhar. A vontade que sentia era de abraçar e dizer que é seu filho, que quer ama-lo como um pai deve amar seu filho, mas ele não podia fazer isso, tudo o que fez foi bagunçar seu cabelo e sorrir.

–Bom dia!

–Meu pai esta de volta! -com "meu pai" o garoto se referia a August e não a Killian, o coração do pirata sentia uma dor, como a vez que Swan o deixou, deixou-o por August. Hook nunca sentiu inveja, mas com certeza esse sentimento existia por August, a vida que ele sonhou com Emma, ele roubou. O pirata apenas sorriu para Liam e desceu as escadas para o café, estavam todos sentados, inclusive August ao lado de sua amada, cumprimentou e se sentou. Quando todos terminaram de comer, August, que já estava conversando a tempos com todos ali, falou como foi a sua visita ao seu pai e até gostaria de voltar a vê-lo, por causa da maldição que assustava a todos, chamou o capitão.

–Hook! -o mesmo deu toda atenção ao homem -bem, eu achei isso -ele estendeu a mão e nela continha um colar, o colar de Killian.

–Estava procurando isso, obrigado! -disse sorridente, gostava tanto daquilo e não estava achando. -Onde achou? -Pegou o colocar e já o vestiu.

–No meu quarto, que por a caso é o mesmo de Emma -Killian paralisou, olhava fixamente a ele, não sabia o que fazer. O sorriso de August sumiu junto com o de Killian. Todos pararam de comer e não sabiam o que dizer, estava claro a todos ali o que tinha acontecido, talvez até Liam soubesse. Emma encarou Jones e como ele estava sem reação.

–Não tenho a mínima ideia de como isso pode ter aparecido lá -Foi a primeira coisa que passou na cabeça do capitão, que estava engolindo seco.

–ah, é? Pois eu tenho uma ideia, infelizmente, bem clara do que pode ter acontecido para isso ter aparecido lá. -August humilhava sua esposa na frente de todos, ela não sabia o que fazer, era um choque enorme que ainda continuava paralisada. -Talvez vocês tenham terminando de resolver o "assunto do baile" lá -August estava alterado, não podia acreditar que sua esposa o traiu, ainda mais com o homem que a sequestrou, que tamanha vagabundagem! Tudo embaixo do teto dos pais dela! E ele ainda lembrava do baile, aquela cena passou várias vezes em sua cabeça durante a visita até a casa de seu pai. Ele explodiu de raiva, ia continuar a dizer mais coisas, mas Emma bateu suas duas mãos na mesa, fazendo ter a atenção de todos voltada para si.

–Chega! August, você passou dos limites. -Deu um tapa em seu marido e subiu para o seu quarto correndo, havia lágrimas em seus olhos, nunca tinha passado tamanha humilhação.

–Sua vagabunda! -gritou para que ela pudesse ouvir. Charming e Snow continuavam paralisados, sem reação nenhuma, o rei e a rainha se levantaram e deixaram a sala de jantar, não sabiam o que fazer, poderiam melhorar ou piorar a situação. Após tudo isso ter acontecido, August se viu sozinho na sala de jantar. "A maldição esta chegando, mas para mim, já começou", pensou. Ele amava sua mulher, sempre a amou, mas talvez não suportaria tamanha traição. Sentia raiva dela agora, dela e daquele pirata nojento.

Emma estava sentada no quarto dela, estava chorando agarrada de um travesseiro. Que humilhação! Como August, alguém que dizia ama-la, faz isso? Ouviu alguém bater na porta, pegou um castiçal de velas, que estavam apagadas, para ver quem estava batendo, estava com medo de August. Abriu uma fresta da porta e era seu filho, ela deixou o castiçal cair no chão e abriu a porta a ele, ele abraçou a sua mãe e ela retribuiu, era tão sentir ele. Emma fechou a porta e a trancou, o menino entrou junto a ela no quarto e os dois se deitaram na cama, ele colocou sua cabeça na barriga dela e ela fazia carinho em Liam.

–Mãe, o que há entre você e Hook? -o menino era curioso e observava muito bem o que acontecia, a princesa apenas respirou fundo e não disse nada. -eu sei que há algo. -o menino insistiu.

–Ah, meu filho, o que você vê? -A mãe queria ver a visão do menino sobre aquilo tudo.

–Eu vejo que vocês dois se gostam. Você fica muito mais feliz ao lado dele, já vi vocês dois conversando e você gosta disso e ele fica feliz. Eu me sinto muito melhor ao lado de Hook que o de meu pai. -o menino tinha observado tanta coisa nesses dias, um sorriso tinha brotado, finalmente, no rosto de Emma, que ainda estava vermelho e com algumas lágrimas. -O que aconteceu com meu pai lá embaixo? Ele te insultou!

–Filho, o que eu fiz foi errado. Ele me ama, estava me protegendo. -mentia para o seu filho, claro, a única parte que dizia a verdade foi que August a ama.

–e você? você o ama? -ela se surpreendeu com a pergunta do menino, como ele podia entender tanto ela com apenas nove anos de idade?

–filho, é diferente -ela não achava certo contar a verdade ao seu filho e nem queria mentir mais.

–como assim mãe?

–são coisas de adulto

–Amor é coisa de adulto? Mãe, eu quero saber e tenho que saber! -o menino queria ajudar sua mãe, mas precisava entender o que passava na cabeça da mesma, que não se abria.

–algumas coisas são melhores não saber ou só depois descobrir. -ela beijou a cabeça do garoto que estava perto de sua boca. Ele aceitou isso como resposta, mesmo sabendo que tem muitas coisas por trás.

Killian e August se encontraram pelo castelo. Killian o encarava com ódio, não dizia nada a ele, igualmente August. O clima era de tensão.

–Você tem que respeitar mais ela! -Killian iniciou a conversa. Ele se lembrava de August chamando sua esposa de "vagabunda".

–Ela tem que se dar ao respeito! -falava alto, praticamente o castelo inteiro poderia escutar. O sangue do pirata ferveu, a vontade era de dar um soco naquele homem em sua frente.

–Você nunca deu um filho ou filha a ela! -as palavras foram cuspidas para fora, ele nem conseguia raciocinar direito, foi a primeira coisa que veio a cabeça. August, claro, não entendeu, estava confuso com as palavras que ouviu.

–Ei! -uma voz feminina surgiu atrás de Killian. Era a rainha, Snow tinha escutado tudo. -Nunca mais fale isso de Emma! -os três entraram em silêncio. Killian estava refletindo sobre o que disse, se arrepende, viu o quão errado foi dizer tal coisa. August sentia uma raiva maior ainda, tentava entender, mas pelo pouco falado já entendia. Liam nunca foi seu filho, toda vez que olhava seu filho não era seu, sempre foi desse filho de uma puta, esse pirata nojento tinha a coisa que mais amava nesse mundo, Liam. Liam tinha sangue de Killian, tinha os cabelos de Killian e os olhos dele, não dele, não eram de August. August fechou o punho, a vontade de socar era enorme. Snow percebeu o que tinha saido da boca de Hook, só iria piorar a situação. -August, Charming o espera na sala privada dele. -Snow se lembrou o que realmente tinha que fazer ali e acabou aliviando a situação. O homem foi até o lugar chamado, Snow e Hook se entreolharam, a rainha tinha um olhar de reprovassão. Ela caminhou até o quarto de Emma. Ela abriu a porta devagar e encontrou sua filha e seu neto abraçados na cama, os dois levantaram e Liam saiu do quarto deixando as duas conversarem. A rainha se sentou na cama e Emma logo a abraçou e começou a chorar, sem dizer nada, pois aquele momento já dizia muito para elas.

–Mãe, por que eu não consigo ser feliz? -Emma falou e Snow não tinha reação a isso, as duas se afastaram e a mãe limpou as lágrimas que escorriam de sua filha. -Não digo apenas de Killian ou August. Mãe, eu não gosto de ser princesa, eu vivo presa nesse castelo, eu nunca me senti livre, nunca. -sua mãe escutava isso com uma dor em seu coração. -A culpa não é nem sua e nem de meu pai. Então eu preciso casar e caso com August, nunca fui feliz ao seu lado. As vezes eu acho que eu me apaixonei por Killian, pois ele foi o primeiro a me mostra que existe outro mundo fora desse castelo.

–Me desculpa, minha filha. Por tudo -Snow queria deixar sua filha se sentir melhor -Logo que essa crise passar, prometo focar em sua felicidade. Nunca percebi que minha filha foi infeliz.

–Não é culpa sua. Eu amo você e meu pai, vocês sempre pensaram no meu melhor. Rainhas devem se sacrificar pelos seus reinos -a expressão no rosto de Emma mudou, estava séria. Nunca pensou em ouvir algo desse tipo da boca da princesa -Farei o possível.

Charming recebeu August em sua sala. Não foi nada receptivo, estava furioso do jeito que tratava sua filha.

–Como ousa tratar a minha filha, futura rainha desse reino, daquele jeito? -As palavras saiam da boca do rei como um dragão cuspia o fogo, a raiva era perceptível em seus olhos.

–Como ousa me enganar por dez anos? Vocês acharam que eu não iria saber que Liam é fruto da aventura amorosa de Emma? Que está de volta. -August tinha descoberto o segredo que Emma e Snow guardaram por anos. O homem de cabelos pretos ralos saiu. O castelo estava em caos, ninguém estava se entendendo, não bastava a maldição, isso complementava. Pior, a maldição estava mais perto do que imaginavam.