Doce Fruto de um Passado Amargo escrita por XxLininhaxX


Capítulo 4
POV Valéria/ POV Milo


Notas iniciais do capítulo

Yooo pessoinhas ^^/

Gente, eu tenho até vergonha de voltar a postar... huahauahuahauahauhau XD
Demorei tanto q deve ser até difícil de acreditar q estou de volta XD
Mas eu sou meio de lua assim msm, viu? Non estranhem e nem me condenem, onegai XD

Depois de ser ameaçada pela Sarinha Myuki (ameaçada de uma forma mto doce, diga-se de passagem XD), voltei a escrever XD
Vou tentar conter minhas loucuras e ser alguém mais presente... até pq essa fic vai ficar GIGANTE... hauhauahuahauahauahau XD
Mas non prometo nada pra vcs pq a vida non tá fácil pra ninguém XD

Bom, lá vai o cap enton...
Sei q faz mto (MUUUIIITOOOO XD) tempo, mas esperem q gostem XD

=**
^^v



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Era um dia triste, mas feliz. Eu olhava para aquela jovem a minha frente e pensava o quanto ela devia estar feliz. Depois de tanto tempo, finalmente voltaria para os braços de quem ela amava. Pelo menos era isso que ela esperava. Quando ela me contou sobre o rapaz por quem se apaixonou, pensei que ela havia tirado de um livro de contos de fadas. Com todos esses anos de vida, sei muito bem o que a paixão pode fazer com alguém. Mas era a primeira vez que eu via um sentimento tão forte. Isso me preocupava um pouco, mas conhecendo a jovem a minha frente, sabia que ela era forte o suficiente para enfrentar qualquer problema. Sorri para ela e ela sorriu de volta. Seus olhos brilhavam e imagino que os meus também. Era como uma filha para mim. A filha que nunca tive. Sentia muito orgulho por quem ela se tornara e torcia para que ela finalmente pudesse encontrar a felicidade.

— Nem acredito que realmente estou voltando. – ela disse para mim.

— Nem eu, Natássia. Nem eu. – eu disse sorrindo de forma mais melancólica.

Se estava feliz por ela, também estava triste por mim. Perderia minha melhor companheira e seria a velha solitária de sempre.

— Não fique assim. Quando tudo estiver resolvido, eu virei lhe buscar. Eu prometo! Só peço que tenha um pouco de paciência. – ela falava tentando me animar.

— Oh meu bem! Eu já estou velha e doente. Quando você voltar eu, provavelmente, já terei partido para junto de meu marido.

— Nem brinque com isso! – ela segurou em minhas mãos e olhou bem dentro dos meus olhos. – Eu voltarei e lhe encontrarei exatamente como hoje. Você vai ver! Camus vai lhe ajudar, ele sempre foi o melhor da turma. Com certeza hoje é um médico de prestígio.

— Eu realmente desejo que tudo que você fala se torne realidade.

— E vai! Você vai ver!

Não tinha como duvidar com ela me olhando com tanta determinação. Mas por que eu sentia aquele em incômodo em meu coração? Desde aquela manhã eu estava com um mau pressentimento. Não fazia sentido! As coisas estavam se acertando. De onde eu poderia ter tirado aquele sentimento estranho? Talvez fosse apenas o meu problema de coração mesmo. Eu já estava velha, talvez fosse a dor de voltar a viver sozinha. Sentia muita falta do meu marido e agora estava vendo minha menina indo embora. Devia ser isso mesmo.

— Mamãe! Olha isso que legal! – um garotinho gritava em nossa direção.

— Hyoga, não vá muito perto do mar! É perigoso! – Natássia gritava de volta.

— Tá bom mamãe! – ele saiu de perto do mar e veio correndo abraçar a mãe.

— Meu filho, não corra assim. – Natássia abraçou o menino e o pegou no colo. – Ai, ai, ai! Se você ficar muito levado, seu pai logo dará um jeito de cortar suas asinhas. – ela dizia bagunçando o cabelo do menino.

— Deixe-o, Natássia. Você vai sentir falta dessa fase. – falei sorrindo para meu pequeno “neto”.

— Você que não sabe como Camus é rígido. Disciplina é o segundo nome dele. – Natássia falava, mas não parecia preocupada.

— Tenho certeza que ele vai amar o filho. – falei.

— Espero que sim. Pelo menos o filho eu espero. – ela pareceu um pouco triste ao dizer isso.

— Você também. Não faça essa carinha. – falei, acariciando seu rosto.

— Já faz muito tempo. Eu sei que o que eu fiz foi muito errado. Ele pode não me perdoar, isso é uma grande possibilidade. Ou pior, pode ter encontrado outra pessoa nesse meio tempo. – ela deu uma pausa, apenas para suspirar. – Mas eu sei que ele vai aceitar o Hyoga. Camus tem um senso de responsabilidade muito forte e sei que não daria às costas para o próprio filho. Mesmo que ele não me aceite de volta, se ele for um bom pai para Hyoga eu já ficarei feliz. – ela beijou o filho que olhava para ela sem entender.

— Se tudo que você me contou sobre o Camus é verdade, tenho certeza que ele ainda a ama, mesmo que não tenha a perdoado. Você só precisa explicar tudo. Imagino que ele tenha se machucado muito, mas quando ver você e Hyoga, tenho certeza que vai esquecer tudo. – tentei consolá-la, embora eu também tivesse minhas dúvidas.

Natássia olhou agradecida para mim e colocou Hyoga no chão, que voltou a correr para longe. Ela ficou olhando para ele por um tempo, como se estivesse perdida em pensamentos. Sentia-me extremamente compadecida por sua situação. Era algo extremamente delicado. Ela foi muito corajosa de fazer o que fez. Não concordava com sua atitude, mas se ela a tomou era porque sabia que não havia outra forma. Natássia não era uma jovem inconsequente. Sabia muito bem o que fazia. Só esperava que aquele amor, do qual ela tanto me falava, fosse realmente verdadeiro. Caso contrário ela ficaria arrasada.

Fiquei olhando na direção de Hyoga também. Ele corria atrás de uma borboleta e pulava para tentar pegá-la. Fisicamente ele era muito parecido com Natássia, mas ela tinha certeza que ele ficaria parecido com o pai quando crescesse. Não fisicamente, pois era impossível. Mas em personalidade. Não sabia por que ela pensava assim, mas não duvidava. Hyoga tinha um brilho diferente nos olhos. Diferente do brilho de Natássia. Não saberia explicar se me perguntassem.

— Preciso te pedir um favor, Valéria. – Natássia falou séria, chamando-me a atenção.

— Diga, querida. O que você quiser.

— Se alguma coisa acontecer comigo, prometa-me que levará Hyoga até Camus. – ela olhou fundo nos meus olhos e me perturbei com aquilo.

— O que quer dizer? Não vai acontecer nada! Vocês vão ficar bem! – falei tentando amenizar aquele clima tenso que se instalou.

— Não sei porque estou pedindo isso. Talvez eu apenas queira uma garantia que Hyoga não ficará sem conhecer o pai. – ela voltou a segurar em minhas mãos. – Por favor, preciso que me prometa isso. Você já sabe todas as informações possíveis de Camus para encontrá-lo. Tenho certeza que ele se tornará cada vez mais reconhecido dentro da medicina. Não será difícil encontrá-lo, mesmo que ele tenha mudado de cidade até lá.

— Querida...

— Por favor. – ela me interrompeu, aflita. – Apenas me prometa que o levará até Camus. Sei que o que estou pedindo é incômodo, mas você é a única em quem confio. Sei que também quer o melhor para Hyoga.

Aquele pedido me incomodava muito. Eu ainda estava com aquela sensação estranha, aquele sentimento esquisito. Por que ela estava me pedindo algo assim? Tudo ficaria bem! Tudo ficaria bem! O que poderia acontecer de ruim? Eu não sabia, mas esperava que tudo aquilo não significasse nada. De qualquer forma, Natássia continuava me olhando como que esperando uma resposta. Suspirei. Não me custaria nada apenas prometer.

— Tudo bem. Eu prometo que se algo acontecer, me certificarei de levar Hyoga até o pai. – falei resignada.

— Obrigada Valéria! Muito Obrigada! – ela falou me abraçando. – Eu te amo, mать.

Senti meu coração falhar por um momento antes de responder.

— Também te amo, дочь.

Ouvimos o barulho que indicava a hora de partir. Olhamo-nos de maneira significativa. Senti meu coração se apertar ainda mais. Naquele momento eu sabia que não deveria deixá-la partir. Naquele momento senti que seria a última vez que veria minha menina. Mas eu me travei. Não conseguia me mover. E ela foi se afastando e afastando. Vi-a entrando naquele navio e meu corpo voltou a se mover, mas era tarde demais. Gritei por ela e corri em direção ao cais, mas quanto mais eu corria, mais distante ele ficava. E tudo que vi foi o navio afundando e o grito doloroso e profundo da minha pequena.”

 

Acordei assustada e ofegante. Um pesadelo! Estava muito velha para passar por esse tipo de situação. Meu coração estava disparado e dos meus olhos escorriam lágrimas. Minha filha, minha menina me abandonara.  Quanta falta ela fazia. Um pedaço do meu coração fora junto com ela. A única coisa que ainda me dava razão para viver era a promessa que fizera a ela. E agora que a tinha cumprido, sentia que estava pronta para me encontrar com ela novamente. Cada vez que pensava nisso, via o rosto de Hyoga aparecer automaticamente em minha mente. Aquele garoto tornara-se tão especial quanto a mãe. Ele tinha tanto cuidado para comigo, tanto carinho. Era como ver Natássia novamente em outro corpo. E ao mesmo tempo em que eram parecidos, também eram tão diferentes. Tudo que eu sabia é que amava ambos da mesma maneira. Hyoga fez com que aqueles dias escuros após a morte de Natássia se tornassem menos dolorosos e mais calorosos. Eu olhava para aquele pequeno garoto, sem ninguém no mundo e pensava quanto sofrimento para alguém que sequer entendia porque estava vivo. Ele precisava de proteção, de carinho, de alguém que lutasse por ele, pois ele havia perdido uma batalha que sequer pedira para lutar. Tirei forças de onde achei que não tinha mais nada e vivi até aquele momento, para aquele momento.

Passei a mão nos cabelos e olhei para o lado em busca de horas. Seis e meia da manhã. Já poderia levantar sem problemas. Poderia fazer o café da manhã para todos. Já que o senhor Camus disse que eu poderia ficar, pelo menos seria útil naquela casa. Tenho certeza de que eles precisavam de alguém para cuidar da casa, pareciam ser muito ocupados. Com esse pensamento em mente, levantei-me. Sabia que meus dias estavam contados. O senhor Camus dissera que tomaria controle da minha atual situação e faria o possível para me ajudar, mas eu não sentia que sobreviveria muito mais. Queria aproveitar aquele tempo ao lado do meu neto e tentar fazê-lo o mais feliz possível. Ele estava com aquela ideia idiota de culpar o senhor Camus pelo que acontecera, mas eu sabia que não era bem isso que ele pensava. Alguma coisa mais profunda o incomodava. Algo que ele nunca me confidenciara. E eu não sabia o que fazer para descobrir. Mas eu queria partir em paz, sabendo que cumpri minha missão. Assim poderia me encontrar com Natássia sem nenhum peso na consciência. Só esperava que eu ainda tivesse tempo suficiente para isso.

Peguei minhas coisas e comecei a tirar algumas roupas de dentro da mala. Hyoga as organizara muito bem. Sorri. Aquele garoto era realmente muito especial. Peguei um vestido longo de cor cinza. Roupa de velha. Peguei minha escova de dente e segui para o banheiro. Era velha, mas ainda tinha dentes e higiene era algo com o qual me preocupava muito. Acredito que todos estavam dormindo naquele horário. Pelo que eu entendi, o senhor Camus e o senhor Milo estavam de férias. Fiquei reparando na casa enquanto me dirigia para o banheiro. Não sabia qual dos dois ou se os dois, mas alguém tinha muito bom gosto naquela relação. A decoração era impecável, rústica, sóbria e elegante. Dei uma risada de leve. Parecia mais com o senhor Camus. Senhor Milo parecia mais despojado e descontraído.

Tratei de parar com os devaneios e me concentrar no que precisava fazer. Camus parecia ser do tipo que levantava cedo, então precisava me apressar para conseguir terminar o café antes que ele acordasse. Entrei no banheiro e fiquei deslumbrada. Estava impecavelmente limpo, todo branco e com alguns detalhes em azulejos azuis bem claros. Era difícil manter o foco se a cada cômodo que entrava, ficava encantada como uma criança descobrindo o mundo. Mas estava tão silêncio que eu duvidava que algum deles estivesse sequer pensando em levantar da cama. Escovei meus dentes e lavei meu rosto. Olhei-me no espelho e sorri melancolicamente. Eu estava com a idade já bem avançada, com várias rugas no rosto, olhos cansados, cabelos desalinhados; minha aparência já estava longe de ser algo belo aos olhos dos outros. Nunca fui de importar com isso e ficou pior ainda depois que meu marido morreu. Foi como se parte de mim tivesse desaparecido e já não fizesse mais sentido me preocupar com determinadas coisas. Reconheço que acabei me descuidando demais, mas fiz o que pude por aqueles a quem amava.

Troquei de roupa e saí do banheiro em direção ao meu quarto para deixar o pijama e guardar a escova. Não demorei muito e desci em direção à cozinha com bastante cuidado. Até andar parecia um suplício. Entrei na cozinha e me surpreendi.

— Senhor Camus? Já está acordado? – perguntei olhando para ele, sentado à mesa lendo jornal.

— Ah! Bom dia, senhora Valéria. Eu costumo acordar muito cedo para ir trabalhar, então mesmo de férias eu acabo não conseguindo dormir até muito tarde. – ele disse com um leve sorriso no rosto.

— Ah! Desculpe-me! Já saí te questionando sem nem dar bom dia. Que maneiras as minhas. – disse envergonhada e ele riu de leve.

— Não se preocupe com isso. Imagino que tenha assustado você. Como foi a noite? Dormiu bem?

— Dormi sim, graças ao remédio que você me deu. Fazia tempo que não dormia tão bem assim.

— Que bom! Bem, vou fazer o seu café. O que deseja comer? – ele falou se levantando de seu lugar.

— Não se incomode comigo, por favor. Eu mesma preparo. – disse me apressando.

— Imagina, não é incômodo algum. Por favor, sente-se e já lhe servirei. Algum pedido especial?

— Qualquer coisa está bom para mim. Obrigada pela gentileza.

— Quem tem que te agradecer sou eu.

Ele me sorriu de leve e voltou-se para a bancada para ajeitar tudo. Ele mexia nas coisas com bastante cuidado, fazendo o mínimo de barulho possível. Era elegante em cada movimento. Conseguia ver com clareza porque Natássia se apaixonara com ele. Era como um príncipe. Raro de se encontrar nessas últimas gerações.

— Diga-me, senhora Valéria. – ele começou. – O que mais está escondendo do Hyoga?

Fiquei surpresa com a pergunta. Natássia tinha me dito que ele era muito competente em tudo que fazia, mas não imaginei que seria a esse ponto. Fiquei em silêncio por tempo demais, sem saber como reagir ou responder. Então ele se manifestou.

— Peço perdão pela indiscrição, mas como passarei a tratar do seu caso pessoalmente, preciso estar a par de tudo. Se quiser manter segredo de Hyoga, não tem problema. Mas acredito que não tenha porque você esconder nada de mim, já que eu descobriria qualquer anormalidade através de exames. – ele falava de forma polida e bastante profissional.

— Creio que está certo. Apenas me surpreendi com sua competência. – nesse momento ele se virou para mim e colocou uma xícara de café em minha frente, juntamente com alguns croissants, presunto, queijo e alguns biscoitos. – Bom, devo lhe contar tudo então. Mas peço que mantenha segredo pelo menos por enquanto. Hyoga não me perdoaria se soubesse disso.

— Você tem minha palavra.

POV Milo

Droga! Quem foi que ajustou esse maldito despertador? Agora não conseguiria voltar a dormir. Camus e essa mania de acordar cedo até nas férias. Levantei-me preguiçosamente. Vesti um short e já me preparava para descer e tomar o café, que provavelmente já estava pronto. Ao chegar na escada lembrei-me que já não era somente meu marido e eu na casa. Não sabia que alguém mais já tinha levantado, mas achei melhor não arriscar. Voltei para o quarto e vesti uma camisa qualquer. Dirigi-me novamente para a cozinha, onde encontrei Camus e Valéria conversando descontraidamente.

— Bom dia! – disse sorrindo abertamente.

— Bom dia, mon ange. – meu Camus me respondeu. Fui até ele e lhe dei um selinho, enquanto ouvia Valéria me cumprimentando.

— Bom dia senhor Milo.

— Ah! Por favor! Sem essa de formalidades comigo. Pode me chamar apenas de Milo. – disse em tom brincalhão, me sentando à mesa também. – Hyoga ainda está dormindo?

— Parece que sim. Estou até estranhando, porque ele costuma acordar bem cedo. – disse Valéria.

— Vocês tiveram uma longa viagem. Ele deve estar cansado. Deixe que durma até a hora que ele quiser. – disse Camus.

Comecei a me servir, quando ouvimos a campainha tocando. Camus e eu nos entreolhamos sem saber quem poderia ser. Não me lembrava de ter combinado nada com ninguém e não estávamos esperando visitas, ainda mais àquela hora da manhã. Camus parecia não saber de nada também, pois parecia confuso.

— Deixe que eu atendo. – levantei-me e dirigi-me até à porta.

Quando a abri, fiquei surpreso.

— Não acredito que ainda não está pronto!

Continua...


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