Doce Fruto de um Passado Amargo escrita por XxLininhaxX


Capítulo 15
POV Milo


Notas iniciais do capítulo

Yooo pessoas ^^/

Desculpem a demora... dei umas travadas para escrever, mas aí vai mais um cap XD!!
Eu queria tentar escrever mais um cap hj, mas o sono está me vencendo XD!!
Vou tentar pelo menos começar e amanhã eu posto ^^

Gostaria de agradecer cada review que tem me mandado xD
ShalaNala, Cidoka Cullen, Natsumi Fuiuka, RafaPalhano e agora Anne Yoo ^^/
Nem preciso comentar da Sarinha, que msm ocupada e sem pc, tem feito um esforço para me apoiar XD!!
Agradeço de coração a vcs q se manifestam e me incentivam com seus comentários XD!!
Como vcs sabem, eu respondo todos, msm q demore um pouquinho XD!!
Gostaria de continuar pedindo para aqueles q acompanham essa fic q postem seus comentários tbm XD!!
Quem escreve sabe o quanto isso ajuda a gente XD!!

Bom, sem mais delongas...
Boa leitura ^^/

=**

^^v



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Eu estava me sentindo mal. Eu não consegui perceber a profundidade da dor de Hyoga. Eu era tão bom nesse tipo de coisa. Sempre me diziam o quanto eu era sensitivo, empático. Era uma das minhas qualidades mais perceptíveis e eu não consegui usá-la. Sentia-me inútil. Talvez eu estivesse exagerando, como sempre, mas nem vontade de comemorar os bons resultados eu tinha mais. Tudo que eu queria era entrar naquele quarto e consolar aquele garoto. Parecia tão estranho algo assim partir de mim. Eu não era de recusar uma comemoração. Ainda mais com meus melhores amigos. Kanon viera da Grécia apenas para festejarmos. Como eu poderia recusar algo assim por causa de um garoto que conhecera no dia anterior? Hyoga nem sequer estava pensando em me considerar como pai. Então por que me preocupar tanto? Eu sabia bem a resposta. Hyoga era a encarnação do meu sonho de paternidade. Ele era filho biológico do meu marido e eu não queria me sentir um intruso naquela relação. Eu também queria ser aceito. Mas não queria ser o marido do pai dele. Eu queria que ele também me visse como um pai. Talvez eu estivesse querendo demais, mas eu não conseguia evitar. Eu sabia que Camus, provavelmente, jamais adotaria uma criança. Ele não tinha desejo algum de ser pai. Eu queria respeitar a vontade dele, mas meu sonho sempre foi dar para alguém aquilo que eu nunca tive na vida, amor paterno. Meus pais me abandonaram quando eu ainda era um menininho. Morei alguns anos na rua, até encontrar um senhor já idoso que era muito solitário e perdera o filho em um acidente de carro. De algum modo que eu não sabia explicar, ele se afeiçoou a mim quando nos encontramos pela primeira vez. Foi estranho, porque eu tentei roubá-lo para comprar algo para comer. Ao invés de me entregar para a polícia ou algo assim, ele pagou um prato de comida para mim. Ele me ofereceu sua casa e disse que cuidaria de mim. Claro que aquilo era extremamente esquisito do meu ponto de vista, mas eu era um moleque de rua que não tinha dinheiro nem para comprar um buraco e cair morto dentro. Qualquer coisa que alguém me oferecesse era melhor do que a vida que eu levava. E assim eu comecei minha jornada. O senhorzinho me levou para casa, me alimentou, me matriculou em uma escola, cuidou de mim. Tínhamos uma boa relação, mas não era algo tão próximo assim. Ele era como um tio meio biruta. No início ele teve muita dificuldade comigo, já que eu não tive o mínimo de educação para saber me comportar. Mas depois as coisas foram se acertando e eu passei a respeitá-lo mais que tudo. E eu só cheguei aonde cheguei, porque um dia alguém teve uma ideia fora do comum e resolveu me dar uma chance. Eu era muito grato a ele. Claro que ele já havia falecido, mas o que ele fez por mim ficaria vivo para sempre. A questão toda é que, por mais grato que eu fosse, eu não tive o que mais precisava; o amor dos pais. Eu via as outras crianças abraçando o pai ou a mãe quando saíam da escola e sentia-me completamente rejeitado. E depois de ficar mais velho eu decidira que me tornaria pai de alguma forma e que eu daria ao meu filho todo o amor que eu não tive. Aquele era o meu sonho! E depois de várias discussões com Camus, finalmente eu conseguia ver o que eu sempre quis se tornar realidade. E eu não perderia aquela chance por nada!

Eu e Camus subimos para o quarto de Hyoga. Eu sentia a tensão de meu marido. Camus não era muito acostumado com demonstrações emocionais. Ele sempre ficava sem saber o que fazer. Muitos me disseram que eu era louco por estar com ele, mas eu achava charmoso o jeitão frívolo dele e todo aquele ar altivo que ele tinha. E quem o conhecia de maneira mais íntima sabia que ele não era um sem coração. Ele apenas demonstrava os sentimentos de uma maneira mais discreta. Por isso eu imaginava como devia ser difícil para ele, passar por toda aquela situação delicada, que envolvia muito mais sua capacidade em lidar com sentimentos do que sua razão. De qualquer forma eu sabia que Camus seria um pai excepcional. Mas não era hora de pensar naquilo. Hyoga precisava de nós.

Camus bateu na porta e a abriu devagar. Entramos no quarto e Hyoga estava jogado na cama, de barriga para cima com o braço por cima dos olhos. Eu e Camus nos entreolhamos preocupados. Eu havia sugerido que ele ficasse com nossos afilhados e Seiya, mas talvez não fosse a melhor ideia possível. Por mim eu enxotava aquele povo todo dali e ficava o resto do dia abraçado com aquele loirinho, apenas mimando ele. Mas Camus era educado demais para fazer algo daquele tipo e ele tinha razão. Por mais que Kanon, Saga e Aiolos fossem meus amigos, seria querer abusar muito que, após uma viagem da Grécia até ali, eu os expulsasse de nossa casa. Mesmo que eles fossem entender nosso lado, não seria justo. A única coisa em que pude pensar era em não deixar que Hyoga ficasse sozinho naquele momento. Ele precisava de algo para se distrair, pelo menor por enquanto. E eu acreditava que seria bom que ele se aproximasse mais de garotos da sua faixa etária. Até mesmo se acostumasse pelo menos com Ikki e Shun, que ele veria com mais frequência. Eu só torcia para que meu plano desse certo. De manhã ele parecia bem à vontade ao lado de Ikki. Eu esperava que continuasse assim.

Aproximamo-nos da cama e Camus tomou partido.

— Hyoga, como você já deve ter percebido, estamos com visitas em casa. Sei que você não está bem para ser o centro da atenção de nossos amigos, mas também não quero deixá-lo sozinho no quarto. Por isso vamos trazer os meninos para cá, enquanto conversamos lá embaixo. Tudo bem pra você? – Camus falava com um cuidado que até mesmo eu desconhecia.

Hyoga nos olhou com desânimo e eu senti meu coração se apertando. Parecia cruel pedir aquilo.

— Não existe a mínima possibilidade que vocês me deixem sozinho? – Hyoga perguntou, quase arrastando a voz.

— Infelizmente não, meu filho.

Hyoga suspirou. Seus olhos estavam muito vermelhos e tinha olheiras bem fundas, como Camus havia dito. Vê-lo naquele estado me dava vontade de colocá-lo em meu colo e nunca mais deixar que ele saísse. Droga! Definitivamente não era uma boa hora para que eu saísse com meus amigos para farrear. Se eu estava aflito daquele jeito, não conseguia nem imaginar como Camus estava.

Sentei-me na cama e Hyoga se levantou.

— Onde está sua avó? Seria bom se você pudesse ficar com ela também. – disse.

— Eu pedi para que ela fosse dormir. Minha avó está muito debilitada esses dias e achei que fosse melhor que ela descansasse. – ele disse com a voz cansada.

Camus e eu nos entreolhamos. Meu marido suspirou pesadamente antes de se sentar ao lado de Hyoga, mantendo-o entre nós dois.

— Meu filho, eu sinto muito por ter que pedir algo assim para você, mas será por pouco tempo. Eu gostaria de ficar aqui com você, mas eu não posso. Se preferir ficar comigo e o Milo lá embaixo, fica ao seu critério. – Camus disse, passando a mão no cabelo do loirinho.

— Quantas pessoas tem lá embaixo? – Hyoga perguntou.

— São seis amigos nossos mais três garotos mais ou menos da sua idade. – Camus respondeu.

— Acho que prefiro ficar no quarto. Não estou muito animado para ficar entre tantas pessoas.

— Tudo bem, eu entendo. – Camus se levantou. – Vamos trazer os meninos aqui para cima para que não fique sozinho.

Hyoga não disse nada, apenas abaixou a cabeça. Camus seguiu em direção à porta e a abriu. Ele olhou para trás, como que esperando que eu fosse com ele. Não quis dizer nada, apenas olhei para meu marido como que pedindo para ficar um pouco mais. Ele nada disse, apenas saiu do quarto. Ao ficarmos sozinhos, não consegui me segurar e abracei Hyoga. Ele não reagiu inicialmente, mas logo me abraçou de volta. Aos poucos eu sentia que ele me aceitava. Isso me deixava até emocionado. Não sabia se era porque ele estava muito sensível ou se realmente estava se aproximando por vontade própria. Mas naquele momento o motivo não importava tanto. Eu aproveitaria cada momento como se fosse o último, assim não me arrependeria depois.

Eu o soltei apenas para olhar dentro de seus olhos. Ele não chorava copiosamente como da última vez, mas de seus olhos caíam lágrimas silenciosas. Limpei seu rosto que já parecia bastante castigado com o choro.

— Eu sei que o que está sentindo deve ser extremamente doloroso. Só queria que você soubesse que estarei aqui do seu lado sempre que precisar. – tentei sorrir de forma amigável.

— Você é estranho. – ele olhava para mim com os olhos brilhando. – Você não ganha nada sendo tão amável comigo. Desde que não me tratasse mal, meu pai já ficaria feliz de ver você se dando bem comigo. Por que deseja ir mais longe do que isso?

— É uma pergunta complexa. Precisaria de mais tempo para respondê-la de forma satisfatória. Mas, resumindo, eu sempre quis ser pai. Sei que nunca poderei me comparar com Camus em seu coração, mas se você puder reservar um pedacinho para mim eu já ficaria extremamente feliz. – senti meu coração bater mais rápido ao dizer aquilo, como que esperando alguma resposta para algo que nem sequer estava perguntando.

— Eu não sei o que dizer pra você agora. Eu preferiria que você não nutrisse esse tipo de sentimento com relação a minha pessoa. – ele fez uma pausa.

Aquela declaração me deixou sem chão. Claro que eu sabia que seria difícil que ele pudesse ter sentimentos tão fortes assim para comigo. Uma relação fraternal não se criava do dia para a noite. Mas eu tinha esperanças de que ele tivesse o coração mais aberto. Eu sabia o que era ter uma vida difícil e sofrida. Nesse ponto nós éramos muito semelhantes. Porém, eu só fui conhecer algum tipo de amor depois de muito tempo. O senhor que cuidara de mim não me amava, apenas tinha uma enorme compaixão. Só fui conhecer algo profundo como amor quando conheci o Camus. E agora que eu conhecia, não queria mais ficar sem. Fora isso, eu não conhecera o amor de um pai ou de uma mãe. Mas Hyoga conheceu. E aí estava a diferença. Hyoga perdera um dos amores mais puros e incondicionais que um ser humano pode ter e foi privado do outro por anos. Para mim já era difícil imaginar ficar sem Camus, não conseguia imaginar qual era o tamanho da dor de Hyoga, então. Ter o amor e depois perdê-lo devia ser algo insuportável de carregar, principalmente para alguém tão jovem como aquele loirinho. E de alguma forma eu queria devolver um pouco desse amor para ele. Eu sabia que jamais poderia competir com o amor que Natássia tivera por ele, mas eu também sabia que eu poderia amá-lo como a um filho. Mesmo que eu não tivesse conhecido o amor de um pai, eu sentia que era algo extremamente forte e era algo que eu guardara dentro de mim por muitos anos para que um dia pudesse doá-lo para meu filho. E agora que eu tinha um filho, apenas precisava que ele aceitasse aquele amor.

Ficou silêncio por um tempo. Eu não sabia o que dizer depois do que ele falou. Mas parece que ele ainda não tinha dito o que queria.

— Você parecer ser alguém sensacional. Quando eu olho para você, eu vejo alguém que sofreu muito na vida, mas venceu. – ele disse e eu o olhei um pouco surpreso.

— Como você...

— Quem já conheceu a dor sabe reconhecer isso nos olhos de outro. – ele me interrompeu, respondendo o que eu ia perguntar. – Eu fico um pouco sem graça de imaginar que alguém como você possa vir a gostar de mim ao ponto de me querer como filho. Eu não quero decepcioná-lo, por isso penso que não deveria nutrir algo assim por mim. Eu estou longe de merecer o amor de alguém que lutou e venceu na vida, porque eu não sou do tipo forte que saberia seguir esse exemplo.

Eu o escutei calado, mas não consegui conter o sorriso.

— Eu acho que você pensa demais, sabia? – baguncei o cabelo dele. – Sabe, Hyoga, eu demorei anos para chegar onde estou. Você é muito novo para pensar que fracassou na vida ou que não vai conseguir vencer todas as adversidades que tem vivido até hoje. E quer saber? Eu não ligo se você não conseguir. O que eu te garanto é que todas as vezes que você cair, eu estarei do seu lado para lhe dar a mão e ajudá-lo a levantar. O que quero dizer é que não me importo de que você não siga o meu exemplo. Tudo que eu quero é te dar todo o amor possível para que você possa seguir o seu próprio caminho. Mas sinto-me honrado de saber que você me considera um exemplo.

— Não entendo você. – ele me olhava confuso.

— Não precisa entender. Apenas aceite o que estou oferecendo. Pois se por um lado eu não tenho nada a ganhar com isso, como você disse, você também não tem nada a perder por me aceitar.

Ele ficou calado me olhando. De repente ele sorriu e começou a rir. Ele estava rindo? Eu o fiz rir? Não sabia o que tinha de engraçado no que eu dissera, mas vê-lo sorrir daquela forma não tinha preço. Era a primeira vez que ele ria daquela forma desde que chegara. E era assim que eu queria que fosse. Afinal, ele tinha um lindo sorriso.

— Eu não sei se tive sorte ou azar por ter conhecido você. Mas eu não menti quando disse que seria fácil considerá-lo como pai. – ele disse sorrindo.

Eu tinha ganhado o dia com aquela declaração. Abracei Hyoga sem pestanejar e lhe dei um beijo na testa. Naquele momento eu soube que aquele garoto se tornaria minha perdição. Levantei-me da cama e já ia saindo do quarto, quando ainda ouvi a voz do loirinho.

— Milo. – eu me virei para ele. – Obrigado por me fazer sorrir.

Eu apenas sorri para ele e saí do quarto.

Continua...


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