Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 45
Vitamina D.


Notas iniciais do capítulo

Oi, voltei. Eu nunca volto no dia certo né, mas quando demoro um pouco é porque estou escrevendo mais, então hoje teremos dois capítulos. O que vocês estão achando da Liese e do Jacob? E tem alguém com saudades do Edward? Ansiosos pelo reencontro deles? rs
Bem, sem mais delongas, boa leitura! :)



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Trailer

"Não é da sua conta,
Você não devia ter ficado espionando.
Tudo o que você faz é falar
Enquanto eu peço para se afastar.
Vá dar uma volta no quarteirão e espalhe suas mentiras.
Você falou como se tivesse sido verdade
E agora tem que repensar seus atos,
Estou lhe mandando relaxar, chega de fofocas.
Você não devia ter se intrometido,
Tem que aprender a respeitar minha privacidade,
Vá em frente como um soldado,
E pare de olhar por sobre seus ombros.
Tudo o que você diz todos os dias,
Não disfarce, escute aqui,
Eu não estou brincando,
Você está invadindo meu espaço"

Eavesdroppin' – The Slumber Party Girls

~*~

Eu ainda tinha dificuldade para dormir, era vítima de pesadelos todas as noites e neles havia criaturas velozes e frias, a floresta e uma grande mansão. Não tinha problemas para interpretar o significado. Era estranho ficar sozinha, o que quer que arrumasse permanecia arrumado, qualquer coisa que esquecesse fora do lugar, permanecia fora do lugar... Isto de certo modo me fazia ser mais responsável.

Depois da véspera só havia ido dormir após ter plena certeza de que meu despertador estava ativado, tinha me deitado muito cedo, antes das nove horas da noite e passara tanto tempo adormecida que ao acordar meus músculos estavam rígidos. Do dia anterior a única coisa que eu definitivamente não consegui deixar para trás fora a mensagem de Bella, sua sugestão de que eu voltasse para casa parecia tão propícia. Durante toda a manhã enquanto me arrumava ponderei meus prós e contras e até agora meu antigo país levava vantagem quanto ao atual. Estar em um lugar conhecido com pessoas que me amavam podia ser algo banal, mas agora era só o que me importava, eu estava cansada de travar batalhas contra o mau.

Fiquei pensando no que seria necessário para minha partida, quando viera parecera que acordara de um sonho, porém sabia que não fora assim, eu seguira todos os procedimentos necessários, me recordava de ter estado em um avião e Charlie viera me buscar no aeroporto. O que eu teria de fazer para voltar? Será que seria fácil? E Bella não mencionara nada sobre Forks ou Phoenix, ela planejava continuar no Brasil?

Me distraí tanto com o assunto que sequer me dei conta de que já havia chegado ao colégio.

– Sinceramente isto é muito inesperado.

– É mesmo, mas é ótimo!

Estávamos no intervalo, Angela, Jessica e eu havíamos parado próximas a uma das janelas do refeitório admirando o dia de sol, de manhã não chovera, mas ainda estava nublado, portanto quando os primeiros raios despontaram entre as nuvens foi impossível não se impressionar.

– Nossa Liese como é que você foi abrir mão de um país tropical pela cinzenta cidadezinha de Forks?

Me virei de imediato.

– Porque está dizendo isso?

Jessica me olhou com estranheza.

– Por nada ué, foi só um comentário.

Sim, havia sido, mas para mim tivera muita importância, pois hoje eu não parara um minuto de pensar nisso.

– Está tudo bem, Liese?

– Está Ang, eu só ando pensando muito em minha casa.

– Você deve sentir saudades, não é?

– Um pouco – suspirei. Acontece que até a poucos dias eu tinha motivos de sobra para deixar este sentimento de lado.

Compramos nossos lanches e voltamos para a mesa, todos os estudantes conversavam animados.

– Cara é uma pena que hoje eu tenha que trabalhar. – Queixou-se Mike, ao que parecia a vontade geral era fazer uma visita a La Push, mas ninguém estava livre de compromissos.

– É verdade, justo hoje prometi ao meu pai que o ajudaria a limpar a garagem – informou Tyler.

– Eu estou livre, mas não tenho a mínima vontade de ir lá.

– Sorte sua Jess.

– E você Liese?

Mordia meu sanduíche e terminei de mastigar antes de responder.

– Vou ver Charlie e depois não sei, mas provavelmente também terei planos.

– Sozinha.

A voz de Lauren nunca soava baixo o suficiente, ela gostava de se fazer ouvir, era óbvio que soubera e se rejubilara com o término de meu namoro, eu só procurava ignorá-la como sempre.

– Para onde será que os Cullen se mudaram? – Questionou um garoto de quem eu sempre esquecia o nome.

Houve breve silêncio, eu continuei fazendo minha refeição fingindo que o assunto não tinha a ver comigo.

– Não sei, mas com certeza eles estão bem – comentou Mike com clara inveja em sua voz.

– Disso ninguém duvida, sem dúvida era a família mais rica da cidade. Eu nunca nem sequer vi a casa deles – fungou Jessica.

– Mas a Liese viu. Com certeza era de cair o queixo, não é? – Perguntou Tyler.

Olhei para os rostos como sempre esperando respostas, respostas que eu não queria dar, devia ter visto que me envolver com os Cullen só me colocava em evidência, eles eram populares à sua forma – mistério fascina as pessoas mais que qualquer coisa.

– Era bonita – falei brevemente.

– E bem mobiliada?

– Sim – murmurei antes de tomar um gole de suco.

– Algumas pessoas tem mais sorte do que merecem – debochou Lauren.

Ela pensava que ser próxima a um Cullen podia ser considerado sorte, talvez antes eu chegasse a concordar, mas agora meu pensamento se transformara muito.

– E algumas pessoas falam mais do que devem – repliquei monotonamente.

Eu não tinha medo de Lauren, nem de sua língua venenosa e muito menos paciência para lidar com ela, já havíamos nos confrontado uma vez e o final não fora nada bonito, mas ela era incapaz de perder uma oportunidade de me irritar.

– Liese, você nunca deixou claro porque você e Edward terminaram...

– Jess – interveio Angela.

– Está tudo bem Ang. Foi bom a Jessica ter perguntado assim já respondo de uma vez por todas. Escutem todos vocês: Edward e eu tivemos nossos motivos para nos separar e por sorte ele não está aqui para enfrentar a inquisição espanhola, desde que voltei não houve qualquer respeito à minha privacidade e isto me aborrece muito. Independente do que pode ter acontecido não é da conta de nenhum de vocês e sinceramente eu não me preocupo nenhum pouco se minha franqueza os incomoda. Se alguém quiser manter amizade comigo deverá deixar a curiosidade de lado, pois eu não direi sequer mais uma palavra sobre a minha vida. Entenderam? – Por fim eu finalizara meu almoço e me levantei para me retirar. – Com licença – pedi com pouca tolerância e saí para o pátio exterior sem dizer mais nada.

Talvez estivesse deixando as coisas ruins me afetarem demais, depois do acontecimento desagradável no horário de almoço eu passara a me focar somente nos estudos, tranquila por finalmente ter conseguido uma trégua dos comentários e isto acabara por me sair muito bem. Ao final do período caminhei preguiçosamente até a picape, o sol continuava cobrindo toda a cidade com seus raios dourados e isto era uma delícia.

– Ei Liese!

Mike se apressou ao meu encontro.

– O que foi? – Perguntei com menos educação do que gostaria.

– Só queria lhe pedir desculpas pelo que houve. Você estava certa, então desculpe – sorriu.

Eu o olhei com suspeita, Mike Newton jamais dava ponto sem nó e achei incrível sua capacidade de ainda me perseguir, de todo modo ao menos ele viera se desculpar e isto contava como alguma coisa.

– Deixa para lá – me virei para abrir a porta do carro.

– Isto quer dizer que estamos bem?

Não, isto quer dizer que quero que você me deixe em paz.

– Claro – respondi rapidamente, qualquer coisa para poder ir logo embora.

– Ótimo.

Ele se retirou aparentemente muito satisfeito consigo mesmo e eu suspirei. Avistei ao longe Jessica e ela conversava com Lauren, quando se virou em minha direção e me pegou olhando-a desviou o rosto de imediato, claramente chateada.

– Engraçado, ela me irrita até a morte e eu é que sou a vilã – comentei debilmente.

Não me importei nenhum pouco, se ela ou qualquer outro estava disposto a levar meu comentário para o lado pessoal isto não era problema meu, pelo contrário, ter um tempo sozinha com meus pensamentos viria muito a calhar.

Verdadeiros amigos não se afastam facilmente.

Entrei na picape, liguei o motor e a acelerei ruidosamente sem sequer me importar com o barulho que chamou a atenção dos estudantes ao redor.

Amores verdadeiros também não, concluiu minha mente inoportuna enquanto eu acelerava pela pista.

Todo o aborrecimento havia sido deixado de lado quando cheguei ao hospital e encontrei o xerife sentado fazendo sua refeição com ar saudável e alegre. Era uma grande melhora desde a véspera, se continuasse neste ritmo logo ele estaria de volta em casa.

– Eu não aguento ficar aqui – grunhiu quando lhe elogiei por estar bem.

Eu ri.

– Mas tem de ser bonzinho e seguir as recomendações médicas, acredite ou não esta é a maneira mais rápida de você conseguir o que quer.

À tarde apenas eu havia vindo visitá-lo, mas Charlie me informou que pela manhã o quarto ficara movimentado com alguns de seus amigos da delegacia.

– Temos muito trabalho a fazer, não posso ficar perdendo tempo preso aqui. – Suspirou pesadamente e seu semblante ficou sério. – Uma das enfermeiras me informou que Carlisle se desligou do hospital sem motivo aparente. Você sabe de alguma coisa sobre isto, Aneliese?

O olhei por um minuto.

– Não.

– Entendo. Mas ainda assim você não tem mais qualquer contato com a família, não é? O filho do doutor não fora buscá-la em casa um dia desses?

– Sim, ele foi.

– E vocês eram apenas amigos?

Eu não respondi, fingi estar muito interessada no programa que era exibido na televisão.

– Olhe Liese, você não tem obrigação de me contar nada, não sou seu verdadeiro pai e não tenho como convencê-la a fazer algo que não queira. Apenas me assegure de que ficará bem, porque a vejo muito triste. Você não tem nem dezoito anos, é muito nova para se abalar por essas coisas do coração.

Ou eu era incrivelmente fácil de ler ou todos haviam se tornado peritos em sentimentos.

– Eu estou bem – já perdera a conta de quantas vezes usara esta sentença, estava começando a ficar gasta.

– Espero que esteja. Esse Edward não a machucou, não é?

Eu evitava olhar seu rosto, soube pelo seu tom que se revelasse a verdade - a parte de que ele se esquecera - Charlie teria imediatamente a mesma reação que antes e seus atos o trouxeram até essa cama de hospital. Por mais que considerasse que Edward devia responder pelo que fez eu não estava disposta a pagar o preço alto que seria tê-lo de volta em minha vida.

Então me esforcei ao máximo para soar convincente.

– Não Charlie, nós terminamos porque ele ia sair da cidade e isto pareceu o mais sensato a fazer, não se preocupe, eu estou bem.

Neste instante uma funcionária pediu licença e adentrou o cômodo para retirar os recipientes de comida. Quando estávamos a sós outra vez Charlie tornou a falar, mas agora não parecia exaltado.

– O que planeja fazer hoje?

Dei de ombros.

– Não sei, não estamos tendo lição de casa, pois os professores estão fazendo revisão para a semana de provas que será em breve, então talvez eu lave roupa ou faça faxina.

– Não vai fazer nada disso.

O encarei sobressaltada.

– Porque não? Tem alguma coisa errada?

– Aneliese, pelo amor de Deus, você é jovem e hoje é um dia de sol em Forks. Por favor, vá se divertir, saia com seus amigos, passeie um pouco, você não tem que fazer nada dessas coisas hoje, preocupe-se com isso amanhã.

– Mas Charlie...

– Não quero saber, saia!

Cruzei os braços, irritada.

– Olhe, nem que quisesse poderia fazer isso, não tem ninguém disponível e sinceramente não estou com ânimo para farrear.

Ele fez uma carranca.

– Ninguém mesmo? E Jake? Você já falou com ele?

Ergui uma sobrancelha.

– O que Jacob tem a ver com isso?

– Eu não sei, foi só um palpite. – Claro que foi. – Porque não vai a La Push?

– Charlie, eu não sei...

– Vá Aneliese, deixe esse velho se virar sozinho ao menos uma vez na vida, detesto pensar que você está agindo desse jeito por minha causa.

Eu abri e fechei a boca duas vezes, mas por fim não soube como dialogar, sabia que ele continuaria a tentar me convencer e que isto acabaria se estendendo pelo restante da tarde.

­– Está bem – concordei vencida.

Charlie não sorriu, mas por conhecê-lo bem foi fácil ver que ficara contente. Fiz-lhe companhia até finalizar o horário de visitas e depois me retirei resignada, passaria primeiro em casa, tinha de aproveitar a pausa da chuva para verificar se o tapete havia secado e também tomaria um banho e comeria alguma coisa antes de ir. Logicamente que pensara em inventar qualquer desculpa para fugir do passeio, mas o xerife ameaçara ligar para Billy mais tarde. Em todo caso ele estava preocupado comigo e não queria lhe dar mais motivos para ficar assim.

Talvez ir a praia não fosse uma coisa ruim.

Enquanto dirigia refletia sobre nossa conversa, Charlie não se recordava de nada, nem mesmo do importante ultimato que dera a família de Carlisle, os proibindo de retornar a Forks. Pensei se devia alertá-lo sobre isto, mas a probabilidade de voltar a ver qualquer um dos Cullen era tão remota que não me pareceu realmente uma ameaça.

Eu estava bem em minha pequena missão de deixar o passado para trás e continuaria levando-a em frente. Cheguei à residência e desliguei o motor da picape, saindo para o ar morno de um raro dia de sol na Península Olympic.


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