Sins of Our Fathers escrita por Catherine


Capítulo 6
Arthur


Notas iniciais do capítulo

Olá olá, peço desculpa pela demora, mas tenho chegado estremamente cansada do trabalho e o tempo para escrever tem sido pouquíssimo - sei que prometi postar no fim de semana, mas arrastaram-me para passear e não consegui dizer que não.
Espero que gostem do capítulo e espero que estejam a gostar, infelizmente os comentários diminuiram e não sei se estão contentes com o rumo :(



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Em algum lugar no grande labirinto de pedra de Winterfell um lobo uivou. O som pairou sobre o castelo como uma bandeira de luto. Arthur observou Tyrion Lannister erguer os olhos dos seus livros e estremecer, enquanto Rhaegar parecia ligeiramente incomodado. Há algo no uivar de um lobo que tira um homem do seu aqui e agora e o deposita numa floresta escura da mente, correndo nu à frente da matilha.

Quando o lobo gigante voltou a uivar, Tyrion fechou o pesado livro encadernado a couro que estava a ler, um discurso com cerca de cem anos de um Meistre qualquer. Cobriu um bocejo com as costas da mão e olhou na sua direção. A lanterna de leitura bruxuleava, com o óleo quase gasto, enquanto a luz da madrugada se esgueirava pelas janelas elevadas da biblioteca. Tyrion passara a noite a ler, mas Rhaegar desistira ao fim das primeiras horas e Arthur apenas estava ali para protegê-lo. O anão era o único Lannister que ambos pareciam suportar.

– Ser Arthur, por favor, acorde Chayle e diga-lhe para pôr os livros de volta nas prateleiras – disse-lhe Tyrion, saindo para o exterior. Arthur revirou os olhos, mas não reclamou. Aproximou-se do jovem septão que ressonava baixinho.

– Chayle – ele ergueu-se num salto, pestanejando, confuso, e com o cristal de sua ordem balançando vigorosamente na ponta de sua corrente de prata.

– Lord Tyrion solicitou que colocasse os livros novamente nas prateleiras – Chayle olhou-o, ainda meio adormecido. Arthur suspirou, paciência era uma virtude que começava a fugir-lhe com a idade, mesmo assim, repetiu as instruções e voltou-se na direção do rei pouco depois – Talvez devêssemos ir quebrar o jejum.

Rhaegar ergueu os olhos na sua direção, aborrecido, mas assentiu e levantou-se. Arthur seguiu-o para o exterior, enchendo os pulmões com o ar frio da manhã e começou a descida dos íngremes degraus de pedra que se enrolavam em torno do exterior da torre da biblioteca. O sol nascente ainda não iluminava os muros de Winterfell, mas os homens já estavam muito ativos no pátio, lá embaixo. A voz áspera de Sandor Clegane vagueou até seus ouvidos.

– O rapaz leva muito tempo para morrer. Gostaria que se fosse logo.

Olhou para baixo de relance, vendo Rhaegar repetir o gesto. O Cão de Caça estava em pé, ao lado do príncipe Joffrey, enquanto escudeiros formigavam em redor.

– Pelo menos morre em silêncio – respondeu o príncipe – É o lobo que faz barulho. Quase não consegui dormir esta noite.

Clegane lançou uma longa sombra sobre a terra bem batida quando seu escudeiro levantou o elmo negro sobre sua cabeça – Posso silenciar a criatura, se o agraciar – disse, através do visor aberto. O ajudante colocou-lhe uma espada na mão. Clegane testou o seu peso cortando o ar frio da manhã. Atrás dele, o pátio ressoava com o som estridente de aço a bater em aço.

A ideia pareceu encher o príncipe de prazer.

– Mandar um cão matar um cão! – exclamou – Winterfell está tão infestado de lobos que os Stark nunca se darão conta da falta de um. Rhaegar saltou do degrau para o pátio e Arthur seguiu-o, dando um longo suspiro.

– Os Stark são capazes de contar até seis, ao contrário de certos príncipes que eu poderia citar. E um dos lobos é o do seu irmão, Joffrey, tenha mais respeito – o príncipe teve pelo menos a educação de corar. Clegane parecia aborrecido e prestes a falar, mas um olhar do rei calou-o de imediato – Já é mais que tempo de ir falar com Lord Eddard e sua senhora para lhes oferecer seu consolo.

Joffrey pareceu tão petulante como só ele podia ser.

– E que bem lhes faria o meu consolo?

– Nenhum – respondeu Arthur, irritado, antes que Rhaegar respondesse ao filho – Espera-se que faça isso. Sua ausência foi notada.

– O rapaz Stark não me é nada – disse Joffrey – Não consigo suportar os choros das mulheres – Rhaegar ergueu a mão e deu no filho uma forte lambada na cara. A bochecha do rapaz começou a corar.

– Uma palavra – disse – e bato outra vez.

– Vou contar à minha mãe! – exclamou Joffrey. Era mentira.

Rhaegar bateu-lhe de novo. Arthur evitou um sorriso, nunca tinha gostado do jovem príncipe, e saber que agora ambas as bochechas lhe ardiam dava-lhe um pequeno grau de satisfação.

– Vai lá contar – disse – Mas primeiro vá falar com o Senhor e a Senhora Stark, ponha-se de joelhos e diga-lhes o quanto lamenta e que está a seu serviço se houver alguma coisa que possa fazer por eles nesta hora desesperada, e que lhes dedica todas as suas preces. Compreende?

O rapaz fez cara de quem ia chorar. Mas, em vez disso, deu um fraco aceno com a cabeça. Depois, virou-se e fugiu correndo do pátio, com as mãos cobrindo o rosto. Ficaram a vê-lo correr e depois rumaram na direção da Casa de Hóspedes. Tinha sido servida uma refeição fria e triste. Tyrion já se encontrava sentado, junto dos irmãos e das crianças, Tommen e Myrcella. A rainha olhou para ele com visível desagrado, mas Rhaegar sentou-se e fez-lhe gesto para tomar o lugar ao seu lado. Um servo aproximou-se.

– Traga pão, alguma cerveja preta e bacon.

O homem fez uma reverência e afastou-se.

Príncipe Tommen falou:

– Tem notícias de Bran, pai?

– Passei ontem à noite pela enfermaria – anunciou Rhaegar – Não havia alterações. O meistre acha que é um bom sinal – e talvez fosse, embora Arthur não tivesse assim tanta esperança. Vira homens perecer por menos.

– Não quero que Brandon morra – disse Tommen timidamente. Era um bom rapaz, o único dos filhos machos de Cersei de que Arthur realmente gostava. Suspeitava que Rhaegar sentisse o mesmo.

– Lord Eddard tinha também um irmão chamado Brandon – meditou Jaime. Rhaegar apertou o maxilar e olhou na direção do homem com um aviso mudo – Morreu – disse, não se alongando mais no assunto – Parece ser um nome sem sorte.

– Não é assim tão desafortunado – disse Arthur. O servo trouxe-lhes os pratos, e ele partiu um bocado de pão. A rainha observou-o com prudência.

– O que quer dizer Ser?

Deu-lhe um sorriso torto vendo o seu desconforto – Tommen pode ver o seu desejo realizado. O meistre pensa que o rapaz pode sobreviver – bebeu um trago de cerveja, enquanto Rhaegar fazia o mesmo. Myrcella fez um arquejo de contentamento e Tommen sorriu nervosamente, mas Arthur reparou que o rei não observava as crianças. O olhar que Jaime e Cersei trocaram não durou mais que o segundo, mas não lhes passou despercebido. Então, a rainha deixou cair seu olhar sobre a mesa. Fazia meses que ele e Rhaegar desconfiavam da relação de proximidade entre os dois.

– Não é nenhuma misericórdia. Estes deuses nortenhos são cruéis ao deixar que crianças passem por tamanha dor.

– Quais foram as palavras do meistre? – perguntou Jaime.

O bacon estalou ao ser mordido. Rhaegar mastigou por um momento, pensativo, e disse:

– Ele pensa que se o rapaz fosse morrer, já teria acontecido. E já se passaram quatro dias sem nenhuma alteração.

– Acha que Bran ficará melhor, Ser Arthur? – perguntou a pequena Myrcella, que tinha toda a beleza na mãe, mas felizmente nada da sua natureza.

– Ele quebrou a coluna, princesa – informou – O meistre só tem esperança.

– Seria capaz de jurar que é aquele lobo que o mantém vivo – comentou Tyrion, mastigando um pouco do seu pão – A criatura fica junto à sua janela dia e noite uivando. E sempre que o afugentam, ele volta. O meistre disse que uma vez fecharam a janela, para abafar o barulho, e Bran pareceu ficar mais fraco. Quando voltaram a abri-la, seu coração bateu com mais força.

A rainha estremeceu. Arthur pensou na sobrinha e na pequena loba que enviara para Porto Real, seria ela capaz de criar o mesmo tipo de ligação com o animal? Esperava verdadeiramente que sim, a capital era um ninho de cobras e Alysanne estaria protegida na sua ausência.

– Há qualquer coisa que não é natural nesses animais – disse Cersei, voltando-se para Rhaegar – São perigosos. Não quero que Jon leve o dele para o Sul quando for visitar.

Jaime interveio – Teremos dificuldade em impedir o lobo de ir. Ele segue-o para todo o lado – o rei concordou.

– O lobo faz parte de Jon. A sobrinha de Ser Arthur inclusive tem uma pequena loba na sua companhia neste momento. – a rainha focou-se nele com desagrado, mas assentiu – Pensam partir em breve?

– Não será breve o suficiente – respondeu Cersei.

O rei ignorou-a – Irei partir para a Muralha dentro de dias. Talvez pudesse levar a filha mais velha de Lady Catelyn para o Sul, Cersei – disse – Se ela irá casar com Jon terá que aprender a viver na corte, e tenho certeza de que Sansa se irá adaptar na perfeição.

– Lord Stark não consentirá em abandonar Winterfell com o filho pairando sob as sombras da morte – interrompeu Jaime, antes que a irmã pudesse responder.

– Ele consentirá se ordenar – disse – E irei fazê-lo caso me desafie. De qualquer forma não há nada que Lord Stark possa fazer pelo filho, e necessito dele Para-lá-da-Muralha.

– Poderia pôr fim ao seu tormento – respondeu Jaime – Era o que eu fazia se fosse meu filho. Seria um ato de misericórdia.

– As crianças não precisam ouvir – disse a rainha, levantando-se – Tommen, Myrcella, venham – saiu da sala de estar em passo vivo, seguida pela cauda do vestido e pelas crias.

– Aconselho-o que não sugira essa ideia ao Lord Stark, Lannister – disse Arthur – Ele não a receberá de bom grado.

– Mesmo que o rapaz sobreviva, ele será um aleijado. Pior que um aleijado. Uma coisa grotesca. Preferiria uma morte boa e limpa – disse Jaime torcendo o nariz.

Tyrion encolheu os ombros, acentuando o modo como eles eram torcidos – Falando em nome das coisas grotescas – disse – permito-me discordar. A morte é terrivelmente final, ao passo que a vida está cheia de possiblidades – levantou-se, inclinando a cabeça na direção de Rhaegar – Com a sua licença – dirigiu um sorriso na direção do irmão – Espero que o rapaz acorde. Vai ser interessante ouvir o que ele pode ter a dizer.

Jaime sorriu, observando o irmão sair e levantando-se quase que em seguida – Se me permite Sua Graça, devo zelar pela segurança da Rainha neste momento tormentoso – Rhaegar assentiu.

Arthur permitiu-se revirar os olhos, olhando na direção do rei – Eles escondem alguma coisa.

– Estão envolvidos, Tyrion foi suficientemente inteligente para deixar escapar as suas suspeitas, creio que ele detesta a família tanto quanto eu – respondeu-lhe Rhaegar, a sombra de um sorriso pairando sob os lábios finos – Deixo que descubra de que forma eles participaram na queda de Brandon, e o porquê. Coloque Ser Gerold à porta do rapaz.

Mais tarde, depois de se certificar que o rei estava seguro nos seus aposentos e de dar instruções a Oswell, dirigiu-se na direção do quarto de Brandon Stark. Lá fora, a neve rodopiava através dos portões do rasteio, e o pátio era um lugar de barulho e caos, mas dentro das espessas paredes de pedra ainda havia calor e silêncio. Muito silêncio para o seu gosto. Gerold estava à porta, com a mão sobre o cabo da espada. Deu-lhe um aceno e entrou. A Senhora Stark estava lá, junto à cama. Estivera ali, noite e dia, ao longo de quase quinze dias. Nem por um momento abandonara a cabeceira de Bran. Ordenara que as refeições lhe fossem trazidas, e também os banhos e uma pequena cama dura para dormir, embora se dissesse que quase não tinha dormido. Ela própria o alimentava com a mistura de mel, água e ervas que lhe sustentava a vida. E talvez fosse melhor assim, se a suspeita de Rhaegar sobre o envolvimento dos Lannister fosse real.

Parou à porta, fechando-a atrás de si. A janela estava aberta e lá embaixo, um lobo uivava. A Senhora Stark olhou para ele. Por um momento não pareceu reconhecê-lo. Por fim, pestanejou.

– Que está fazendo aqui? – perguntou numa voz monótona e despida de emoção.

– Vim ver o estado do rapaz – respondeu – É do interesse do rei que a sua saúde melhore.

– Ou da sua que piore? – respondeu azeda. Os seus longos cabelos ruivos estavam opacos e emaranhados. Parecera ter envelhecido vinte anos – Ouvi os rumores. Como não poderia ouvir após a sua permanência em Winterfell? Todos os criados comentam que Ned tem uma bastarda.

Arthur controlou-se – Alysanne é uma Dayne, e não tem qualquer interesse no Norte, tampouco sabe sobre quem é o seu pai.

– Assim me diz, Ser – retorquiu – Criados falam, se ouvi os rumores, em breve também ela os irá ouvir em Porto Real, se é que já não os ouviu – o seu sorriso era algo distorcido – Com Bran fora do caminho, apenas terá que se livrar do resto das minhas crianças. Talvez Robb seja o próximo. Ou Rickon.

– Se está a insinuar alguma coisa...

Ela interrompeu-o – Vá embora. Não o quero aqui.

– Ele é irmão da Alys.

Algo frio se moveu nos olhos dela – Ele não é nada a essa bastarda! Agora fora!

Arthur olhou de relance para o corpo imóvel da criança e depois para a mãe. Cerrou os punhos e saiu, batendo a porta com força e passando por Gerold sem qualquer palavra. Pouco importava que ele tivesse ouvido a conversa, estava na hora de Lord Stark fazer algo a respeito da filha.


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