“Estou escondido, perdi a cabeça
Eu farei isso tudo por você a qualquer hora
E, dentre todas essas coisas que fiz
Eu acho que te amo melhor agora, agora.”

Lego House – Ed Sheeran

O sofá tornara-se pequeno para nós dois. A sala tornara-se pequena para nós dois. Ou será que nos tornamos grandes comparados ao resto? O que sentíamos um pelo outro era mágico. Era algo que transbordava e que não tínhamos dimensão, eu acho que nunca teremos.

Algo que começou sem querer e que hoje era voraz. Que depois de muito tempo separados, hoje suplicava para que ficássemos juntos, tornando-nos um só ser. Eu não pensava em nada, éramos só nós dois e nada mais. Era só amor e nada mais.

Depois do sofá, o chão fora a nossa próxima parada. Ainda envoltos em um beijo profundo, puxei Pedro de onde estávamos, parei apenas para afastar um pouco a mesa de centro. Já no chão, nossos lábios encontraram-se, e ao se tocarem, um arrepio percorrera toda e cada parte de meu corpo.

Aproximei meu corpo do dele, ficando sentada sobre o seu, sentindo algo próximo às minhas pernas. Nossos corpos encaixavam-se perfeitamente, como se fossem feitos sob medida.

Pedro deslizava suas mãos em minhas costas, chegando até a borda do short e subindo novamente. Aquilo estava me deixando enlouquecida. Resolvi então entrar no jogo dele, depositando beijinhos em seu rosto, descendo até o pescoço e dando algumas mordiscadas, senti-o contorcer-se e soltar um gemido rouco.

Ele, num movimento rápido, levantou-se comigo no colo, passando agora a estar por cima. Encaramo-nos, e um sorriso brotara em nossos lábios simultaneamente. Foi então que ele, calmamente, tirou a camisa, e agora notei seu corpo. Notei que, apesar de ser magro, ele tinha os músculos definidos. E que sua pele ficava ainda mais linda com suas pintinhas.

“K? Tá tudo bem?” Ele perguntara assustado, talvez por eu estar encarando-o por muito tempo.

“O-oi. Tá-tá sim.” As palavras pareciam fugir. Eu estava fascinada por ele. Pausei e respirei antes de continuar. “Pê, vamos pro quarto?”

“Essa frase era pra ser minha, Esquentadinha.” Bufou e rimos juntos.

Levantamos e ele apanhou sua camisa, colocando-a sobre os ombros. Peguei em sua mão, guiando até o quarto. Parei quando entramos, era inevitável pensar no caminho que isso nos levaria e no caminho que eu quase tomei com o Zé. Engoli a seco, tentando desfazer o nó que formara-se em minha garganta.

“K, não precisamos fazer isso. Não estou queren-...” Interrompi-o, tapando seus lábios com meu dedo indicador.

“Não fala nada.” Ele assentiu. “Vem aqui.”

Apaguei as luzes, deixando apenas um abajur aceso, isso me dera coragem para prosseguir. Puxei-o para um beijo delicado, e aquilo levara todos os meus medos e preocupações para bem longe. Pedro me fazia bem, talvez ele não soubesse disso, mas esse era um dos seus efeitos sob mim.

Fui guiando-o até a minha cama, pelo caminho fomos deixando nossos calçados, e ao chegar afastei-me do beijo. Fiz para que ele deitasse, não sendo obedecida. Pedro desabotoara sua calça, que caíra, deixando sua cueca à mostra. Corei com a visão.

Agora fora ele que aproximara-se para um beijo, agora rápido. Sentamos na cama, e a medida que o beijo tornava-se mais intenso, mais vontade de entregar-me a ele eu tinha. Num rompante, levantei-me, e sob o olhar atento dele, desabotoei meu short, tirando-o e deixando Pedro com a boca entreaberta.

Pedro levantara, nossos corpos próximos novamente. Agora, não só eu, mas ele também estava arrepiado com a proximidade. E voltamos a nos beijar, Pedro segurava-me pela cintura e com a outra mão, acariciava minha nuca, arrepiando-me cada vez mais. Mordi seu lábio inferior, como resposta.

Voltamos para a cama, ele sentara, apoiando seu dorso na cabeceira na cama, e eu sentei-me em seu colo. Ajeitei-me e Pedro gemera novamente com o movimento. Agora os beijos eram rápidos e profundos, e quando parávamos para recuperar o fôlego, Pedro dava selinhos em meu pescoço.

Seu hálito quente, assim como seus lábios, desciam até a borda do top, dando mordidas no mesmo. Resolvi, então, tirá-lo. E quando ousei fazê-lo, Pedro segurou minha mão, tomando o lugar delas.

“Deixa eu fazer isso...” Disse segurando o top.

Sua voz rouca fez com que eu fechasse os olhos. Segurei meu cabelo, ajudando-o. Pedro desamarrava o pedaço de pano delicadamente, deixando as alças caírem. Soltei o cabelo, deixando-o cair também, e levantei os braços, para que ele retirasse o que restara do top.

Agora com os seios à mostra, apenas sendo cobertos por algumas mechas do meu cabelo, abri os olhos e procurei pelos dele. Ele nada disse, apenas passou uma mecha por trás da minha orelha, descobrindo meu ombro, onde agora ele beijava delicadamente, enquanto eu acarinhava suas costas.

Entre beijos e carinhos, fomos deitando sem perceber na cama, cobrindo-nos com um cobertor que já estava na mesma, já que entrava um arzinho frio pela janela. Agora eu estava por baixo dele, minhas pernas puxaram-no para mais perto, e isso fizera-me ficar com desejo de tê-lo cada vez mais. Beijávamos com intensidade, e quando perdíamos o fôlego, eu dava-lhe mordidas no pescoço, sendo recíproca a ação.

“Esquentadinha...” Chamou-me, sem fôlego.

“Oi...” Respondi com o que pareceu ser um gemido.

“Eu queria te falar uma coisa...”

“Fala, Pê...”

“Eu te...”

“Karin-...” Não podia acreditar no que estava acontecendo.

Paramos assustados, entreolhamo-nos antes de virarmos para o convidado surpresa.

“Pa-pai, não é nada disso que você está pensando.”

Pedro jogara-se para o meu lado, cobrindo-se com o cobertor, deixando apenas seus olhos aparecendo.

“Pai, eu posso explicar. A gente só ta-...”

“Paizinho, vem dormir.” Bianca aparecera, puxando meu pai. “Deixa eles...” Lançara uma piscadela, agora trancando a porta. Respirei aliviada.

Ficamos em silêncio, assustados com o que acontecera. Por segundos eu achei que meu pai mataria Pedro e depois a mim. Mas nada disso teria acontecido, se eu tivesse lembrado o básico: trancar a porta do quarto. Perdida nos pensamentos de culpa, fui notar que Pedro não estava mais ao meu lado quando o vi procurando pelas calça e blusa.

“Aonde você vai?”

“Acha que descer por este poste é uma boa?” Disse analisando-o pela sacada. “Se eu for pela sala acho que o mestre sogrão me esfola vivo.”

“Deixa de ser bobo, Pê. O pior já passou.” Levantei-me, enrolada na coberta. “Fica aqui comigo.” Segurei-o, não deixando colocar a roupa. “Dorme hoje aqui comigo.” Pedi manhosa.

“Não vamos fazer nada?”

“Acho que não tem mais clima, né?”

“Então veste uma roupa, porque eu não vou me segurar se dormirmos desse jeito juntos.”

“Como você é bobo, moleque!” Ri, dando-lhe um soco de leve no ombro.

Virei-me de costas para ele, deixando o cobertor cair e em seguida tirei a calcinha. Olhei-o de rabo de olho, rindo da cara que ele, com toda certeza, estaria fazendo.

“Vem, moleque.” Estendi-lhe a mão.

“Pra-pra onde?”

“Precisamos de um banho...”

“Você não tem jeito, Esquentadinha.” Pegou a minha mão que estendi, e caminhamos para o box.

Após o banho, dei a Pedro uma muda de roupa que era de Cobra. Ele esquecera numa das últimas vezes que dormira aqui em casa, e que coubera perfeitamente em Pedro. Dessa vez optei por colocar apenas uma camiseta soltinha para dormir.

Pedro ajeitara a cama, logo deitando e aguardando para que eu fizesse o mesmo. Eu penteava o cabelo, para que no dia seguinte ele não ficasse como uma juba de leão. Olhei-o pelo espelho.

“O lado direito da cama é meu, Pedro Ramos!” Virei-me para ele, apontando-lhe a escova de cabelo.

“ Você tem dessas coisas, Esquentadinha?” Riu.

“Eu tenho meu lado favorito, apenas isso.”

“E sabe qual o meu lado favorito?”

“O esquerdo, porque eu durmo no direito.” Disse cruzando os braços e batendo o pé no chão.

“Errado.” Riu, indo para o lado oposto. “O meu lado favorito é ao seu lado.”

Nesse momento eu desfiz toda a minha marra. Mesmo em discussões pequenas ou sem fundamentos, ele sabia perfeitamente o que falar. Terminei de arrumar o cabelo, apaguei as luzes, caminhando até o lado esquerdo da cama, deitando e afastando-o para o outro lado.

“O que é isso, Esquentadinha? Você não dorme do lado direito?”

“Agora eu só quero dormir de um lado.” Beijei seus lábios. “Do seu lado.”

Aninhei-me em seu peito, passando uma perna por cima das suas e entrelaçando nossas mãos. Ele beijara minha testa, retribui levando meus lábios até os seus.

“Boa noite, Pê.”

“Boa noite, meu amor!”