Anjo De Cristal escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 37
Época Teatral




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POV Dálila

Maldita foi a hora em que Amara nasceu, maldita foi a hora em que Fernando e Lúcia encontraram ela e revelaram que ela era filha de Estevão e Maria. Mas eu consegui me divertir um pouco com a sua desgraça, me diverti pouco, muito pouco, mas este pouco me fez quase ter o que eu tanto quero, Fernando. Eu não entendo como Amara, ou melhor, Angélica conseguir fugir daquela clínica na França, mas ela conseguiu! E de cara procurou e encontrou Fernando, o meu Fernando!
Eu poderia ter conseguido algo com ele, mas Fernando era devoto á memória de Amara.

—DALILA! —Ouço alguém me chamar e entrar em minha sala, era Maite. —Preciso de ajuda.

—Quem você vai matar agora? —Pergunto com ironia. —Seu marido?

—Não vou mandar matar ninguém! —Maite exclama brava. —Tem uma pessoa que desconfia que eu matei Fabiana.

—É incrível como Fabiana , mesmo morta, consegue ser lembrada como se estivesse viva. —Falo pensativa. — Vou tentar ser como ela. Memorável...

—Se você conseguir fazer metade das coisas que ela fez. —Maite fala ingênua. Se ela soubesse que eu raptei Amara desmemoriada e que, agora, ela pensa ser Angélica Lafaiete. —Minha prima, Zara, voltou para o país e agora está, juntamente, com Lorenzo, tentando entender o porquê de Fabiana ter se matado.

—E eles suspeitam de você? —Pergunto.

—E eu quero que você evite ao máximo a possível investigação que Letícia irá fazer...

—Como eu vou evitar isso se Letícia está na França? Ou será Itália? —Me pergunto confusa.

—Ela irá voltar. —Maite revela. —E irá se juntar à Zara e Lorenzo e serão os três patetas em ação. —Maite zomba.

—Nada que um bom veneno não resolva.

—Não vou matar o pai do filho. —As palavras de Maite me fazem rir.

—Você matou a tia do seu filho, querida. Quem mata uma vez, pode muito bem matar outra. —Falo deixando Maite sem saída.

—Você vai me ajudar ou não? —Maite pergunta quase suplicando.

—Atrapalho? —Uma mulher pergunta ao entrar na sala. Era Leticia que adentrava eufórica e observadora, ela parecia séria, retumbante e desconfiada de algo. Eu pensava que ela fosse demorar mais para retornar...

POV Letícia

"Você matou a tia do seu filho, querida. Quem mata uma vez, pode muito bem matar outra."

As palavras de Dalila para Maite me fizeram cambalear. Maite matou Fabiana? Sim ela matou! Eu não acredito que ela teve coragem de sujar suas mãos com o sangue de Fabiana, eu realmente não acredito. E pior, ela teve a ajuda de Dalila para fazer com que todos nós pensássemos que Fabiana cometeu suicídio. Sei que Fabiana não era nenhuma santa, mas eu sinto uma revolta maior que eu sinto nesse exato momento.

—Atrapalho? —É a única coisa que falo ao entrar na sala de Dalila. As duas assassinas me olham assustadas e surpresas, mas eu não sou recebida com abraços, sou recebida com maus olhares. —Vejo que sim. —Falo encarando Dálila.

—Eu pensei que você... —Maite começa a falar, mas eu a interrompo.

—Quando se trata de Fabiana, eu sou capaz de tudo. —Me desconheço ao falar tal coisa.

—Você realmente deu créditos ao que seu pai disse? —Maite pergunta com hipocrisia.

—Ele não é meu pai. —Falo. —Nem você é minha mãe.

—Por favor, vão brigar sobre o parentesco de vocês daqui para fora! —Dálila exclama sem paciência.

—Você deveria ser grata por todos esses anos em que nunca desconfiei de nada. —Maite alerta. —Hoje você não passa de uma mal amada que fugiu do pais para não ver o grande amor de sua vida se casar com outra mulher.

—Antes mal amada do que assassina. —Falei próxima ao seu rosto. —Por quê se Lorenzo suspeita de você, é por quê boa índole você não tem...

POV Henrique

—Então, você está noivo de Daniela Gutiérrez? —Zara pergunta curiosa. —Meus parabéns.

—Se você ficar até o casamento, está mais do que convidada. —Falo ao ver o trânsito caótico da cidade através do vidro do restaurante.

—Que gentileza sua, rapaz! Claro que irei! —Zara exclama contente. —Mas eu soube que ela não gosta de Leandro...

—Eles cresceram juntos como dois irmãos, Zara. Depois quando toda a verdade veio à tona e Amara morreu, Daniela se rebelou contra Leandro. —Explico. Um sorriso diabólico se estampa no rosto de Zara e eu me pergunto o porquê ela está rindo.

—Não suspeita de nada? —Zara pergunta, agora, com a mão abaixo do queixo, apoiando-o e sorrindo para mim. —Essa implicância toda tem um nome.

—Ódio.

—Amor. —Ela rebate sorridente. —Está certo que pode ser ódio. Até por que quem um dia amou pode muito bem odiar a pessoa amada...

—Está dizendo que a minha noiva tem um amor platônico por ele?

—Várias coisas fizeram com que ela odiasse Leandro. Ele amava Amara, o destino poderia ser outro. —Zara explica. —Leandro poderia ter se apaixonado por Daniela ao invés de Amara. E, se assim a vida permitisse, Amara estaria hoje casada com Fernando.

—Daniela não pode estar me usando, Zara. —Rebato.

—Uma mulher que foi rejeitada é capaz até de matar. —Ela fala e nos faz lembrar do possível envolvimento de Maite na morte de Fabiana e da revolta de Fabiana por ser esquecida pelo irmão. —A morte de Amara é apenas uma desculpa de Daniela para odiar Leandro.

—E o que sugere que eu faça? —Pergunto.

—Apresse este casamento...

POV Maria

Eu respiro fundo ao ver Angélica apontar seu dedo indicador até um livro da prateleira de livros. A biblioteca estava entregue ao relento, mas após a sua chegada este lugar voltou a ter vida. Soube rapidamente qual era o livro escolhido por Angélica, se tratava de "O Direito De Nascer". Será que ela, uma mulher tão irrelevante, conseguiria gostar de tal livro? Uma história que é plena de espiritualidade?

—As pessoas mais loucas são as mais sábias. —Angélica me surpreende com tais palavras. —Elas podem desacreditar no paraíso, mas sabem muito mais sobre ele do que as pessoas que se dizem de boa fé. —Ela se sentou na mesa e cruzou as pernas. Em suas mãos estavam o pequeno livro com grande história.

—Vai mudar de opinião por causa do livro. —Desafio.

—Maria, abortos existiram antes de você nascer e irão acontecer até depois da minha morte...

—Você fala isso por quê nunca carregou um filho no colo. —Falo indo direito ao ponto. —Por isso se sente aliviada ao ver que destruí o resultado do teste de DNA.

—Se eu for ou não a sua filha, saiba que não me orgulho de você. —Angélica muda bruscamente de expressão ao falar tais palavras.

—Você precisa saber quem é. —Falo e ela respira fundo. Angélica pula de cima da mesa e caminha lentamente até ficarmos frente a frente.

—Eu sei quem eu sou. —Angélica fala destinando seu olhar obscuro para mim. —Se eu for mesmo sua filha, se eu for mesmo Amara, então saiba que esta é a minha melhor versão. —Ela me dá as costas. —A doce Amara não foi o suficiente, então virei Regina Gutiérrez, ou melhor... —Angélica fala mostrando seu lado teatral. —Fabiana fez por onde. —Me assusto ao ver Angélica subir na mesa e ficar de pé com as mãos na cintura. —Eu posso ser Amara, Regina ou Angélica, se preferir posso ser o que eu quiser, Maria. Eu só não posso ser feito você.

—Você daria toda a sua vida para ser quem eu sou. —Falo friamente. Angélica sorri e ergue o rosto para o alto como se não quisesse me olhar, todavia ela olhou.

—E passar vinte anos choramingando por dois filhos e anos mais tarde perder a filha mais nova duas vezes? —Angélica pergunta irônica. —Você não nasceu para ser mãe, Maria.

—Você muito menos. Desafortunado será a criança que for sua filha. —Falo e dou as costas para Angélica. Eu a amo por ser idêntica á Amara, mas ao mesmo tempo a enojo pelo seu jeito de ser.


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Notas finais do capítulo

Agora é guerra!