POV Estevão

Maria estava internada no hospital, o médico não me deixou ficar perto dela desde que chegamos. Faz horas que Maria estava longe de mim, e eu não suportava a idéia de que ela estivesse sentindo dor e eu aqui, longe dela.

—Estevão, venha. —O médico me chama e me leva para o quarto onde Maria estava repousando. Quando entrei no quarto eu vi que Maria estava dormindo.

—Eu alertei para ela quando soube da gravidez que não poderia ter nenhuma emoção muito forte nem ficar nervosa. Esta foi à causa dela ter tido o sangramento. —Ele me fala. —Felizmente conseguimos parar o sangramento e aliviar a dor que ela sentia.

—E o bebê? —Pergunto preocupado.

—Ele está bem agora. Mas, Maria precisa repousar durante toda a sua gestação. Ela não pode fazer nenhum esforço. —Fala. —Bom, os deixarei sozinhos. Espero que ela adormeça a noite toda. —Fala saindo do quarto.

—Maria. —Falo e seguro a sua mão. —Você precisa ficar bem. —Falo beijando a sua bochecha.

POV Maite

Eu adormeci depois que Lorenzo levou o nosso filho para o berçário junto com a enfermeira. Acabei acordando muito tempo depois com a chuva que caia fortemente. Eu amava a chuva, meus sentimentos e ela sempre estavam em sintonia.

—Mamãe? —Letícia entra no quarto com os olhos vermelhos de tanto chorar.

—O que aconteceu? —Pergunto assustada e ela deita sua cabeça em meu colo. —Me conte o que aconteceu, filha!

—Rafael, mamãe... —Fala soluçando. —Terminou comigo.

—Que pena, minha filha. —Falo alisando os seus cabelos.

—Mas sabe o que é pior? —Ela me pergunta soluçando e se ergue naturalmente para olhar nos meus olhos. —Eu estou grávida. —Fala e me deixa assustada. —Mamãe, não conte nada ao papai.

—Como diabos você vai esconder uma gravidez? —Pergunto brava e ela se assusta. —Me desculpe, fiquei um pouco nervosa.

—Eu não posso me desfazer desta criança nem muito menos reatar meu relacionamento com Rafael. Ele mesmo disse que nosso relacionamento estava frio e que quando fosse para o outro pais não poderíamos ter um relacionamento á distância. —Letícia fala chorando.

—Filha, daremos um jeito nisto. —Falo a abraçando.

POV Maria

O clima era agradável e estável. O verde do jardim entrava em contraste com o azul do céu. Era uma alegria sem fim, sem temer que ela fosse embora. Eu andava pelo jardim com flores vivenciadas pela natureza. As árvores balançavam seus galhos com total delicadeza fazendo o clima ficar perfeito. Até que ouço uma voz distante, uma voz infantil vindo de longe. Não me importei com aquela voz, apenas andei mais pelo jardim até notar que a voz desapareceu.

—Maria?—Escuto a voz de Estevão e abro meus olhos rapidamente. Assim que vejo o quarto do hospital em que eu estava percebo que tudo passou apenas de um sonho.

—Estevão. —Falo tentando me sentar na cama. —O que está acontecendo?

—Você e o nosso filho estiveram bem perto de não se conhecerem. —Estevão faça e eu sinto uma vontade enorme de vomitar. —Felizmente conseguiram parar a hemorragia e salvar nosso filho.

—Eu ainda não me sinto bem. —Falo tentando controlar a ânsia de vomito.

—Isso se deve aos medicamentos que te deram meu amor. —Estevão fala e alisa meu rosto. —Tente adormecer novamente.

—A causa desta hemorragia ter acontecido foi emocional, não foi?—Pergunto e ele me olha sério. —Estevão, fale a verdade. Eu estive a um ponto de perder o nosso filho porque eu não sei controlar as minhas emoções...

—Foi um susto, Maria. Tudo já acabou meu amor. Agora você vai precisar repousar até o nosso filho nascer. —Estevão fala e me beija. —Não fique mais preocupada.

—Eu tentarei. —Falo e suspiro.

POV Maite

Eu fiquei de falar sobre a gravidez de Letícia para Lorenzo depois que eu saísse do hospital com o meu filho. Lorenzo precisava saber o que aconteceu com Rafael e Letícia, o mais rápido possível. Fora este assunto, outra coisa me preocupava, Maria. Pelo o que soube ela estava no mesmo hospital, apenas em corredores diferentes. Eu queria poder ajudá-la de alguma maneira, mas não sei como.

Uma enfermeira entra em meu quarto e eu rapidamente tenho a idéia de pedir para que ela me leve ate Maria, mas êxito em pensar que minha atitude poderia ser de uma pessoa fora da realidade. Não importa, preciso ajudar.

—Você sabe onde a senhora Maria San Román está? O quarto onde ela está internada?—Pergunto e a enfermeira sorri.

—Bem próximo daqui. —Fala. —Mas, no momento ela não pode receber visitas, apenas dos familiares.

—Pode me dizer o estado dela?

—Ela teve uma hemorragia, é o que falam. O motivo aparentou ser emocional. Mas ela e o bebê estão bem. —Fala e me deixa um pouco aliviada. —Parente dela?—Ela me pergunta e eu sorrio envergonhada.

—Não, apenas acabamos de nos conhecer a pouco tempo. —Falo ainda vermelha de vergonha. —Poderia levar um bilhete meu para ela?—Pergunto.

—Claro. —Ela responde e eu pego o papel e a caneta para começara escrever o bilhete. —Só não escreva nada que altere o emocional dela, senhora.

—Mas é claro que não. —Falo sorridente.

POV Fabiana

—Quer dizer que iremos seqüestrar duas crianças?—Rodrigo pergunta incrédulo. —Teremos que dar um tempo para o filho desta tal de Maria ficar um pouco maior. Mas enquanto isso o filho da Maite já vai estar apegado aos pais, Fabiana.

—Eu sei, eu sei. Mas avise ao casal italiano que conseguimos a possível menina que eles já pensavam em adotar. Eles vão esperar, sei que vão.

—Você sabe se é menina, Fabiana? Não podemos arriscar. —Rodrigo fala bravo e eu perco a minha paciência.

—Tem que ser menina. E vai ser. —Falo. —Avise-os.

—Certo, supondo que seja uma menina, sabe se ela vai nascer bem de saúde? —Fala me lembrando da hemorragia de Maria. —A mãe já esta tendo complicações...

—Rodrigo, esta criança irá nascer perfeita. Acredite em mim. —Falo desligando o celular. —Agora, irei conhecer o meu sobrinho. —Falo pensativa. Desta vez eu iria ver meu irmão e a minha cunhada sofrer por tudo o que eles fizeram comigo. —Me rejeitaram, agora é a minha vez de dar o troco.