POV Letícia

Eu não sou uma Santisteban, não sou filha de Maite e Lorenzo. Eu passei a minha vida toda sendo enganada e ocupando o lugar de outra pessoa. Não sou do mesmo sangue que Maite, a mulher que eu sempre pensei que fosse minha mãe. Eu não sou filha deles...

—Eu não sou filha deles. —Falo chorando. Eu falava sozinha, minha voz ecoava pelo quarto e eu sentia repulsa de mim mesma.

Ela é uma criminosa, pode ter matado a filha dos meus pais e agora mente dizendo que a criança morreu. Ela atropelou Maite quando ela esperava um de seus filhos e sequestrou Leandro bem na nossa frente. Esse tempo todo eu me perguntando quem havia feito tal monstruosidade sem se quer imaginar que ela era a responsável. Fabiana é monstro, não é por acaso que ela não teve filhos. Uma mulher dessas não merece ser mãe.

—Espero que não se tormente mais com Fabiana. —Henrique fala me assustando. —Ela não merece o seu sofrimento.

—Henrique, as coisas estão mudando. —Falo me aproximando dele. —Não sei como ela também não te tirou de mim.

—Talvez por amor?—Henrique pergunta e eu fico sem entender.

—Do que está falando?—Pergunto e ele demonstra sua inquietação.

—Fabiana sempre olhou para a senhora com ternura, minha mãe. Sempre falou que para ela a senhora era como uma filha. —Henrique fala cruzando os braços. —Não suspeita de nada?—Ele pergunta sugestivo e eu me espanto.

—Não se deixe levar pelas fantasias, Henrique. —Falo com raiva e com vontade de dar as costas para o meu filho. —Henrique, as coisas mudaram para mim agora. —Falo me aproximando do meu filho e ele recua. —Ninguém jamais ouse me fazer chorar novamente. Ninguém.

POV Regina (Amara)

Depois de me consultar com um dos melhores médicos do pais eu fui realizar os exames transcrevidos. Passei o dia todo fora e quando cheguei em casa a minha presença não foi notada, a minha família estava intertida com algo.

Muitas coisas passam pela minha cabeça. A paixão que Fernando senti por mim, o amor proibido de Leandro e a minha saúde. Não tenho tempo para fazer o que eu fazia antes, não me envolvo com meu trabalho mais e nem me interesso. Sinto que minha vida está sendo jogada fora como lixo.

—Essa vida parece não ser minha. —Falo olhando para tudo em minha volta. Todo o meu quarto com luxo e conforto e eu me sentindo a pior das pessoas. Nada me preenche como antes e nem me satisfaz.

Não. Preciso organizar a minha vida antes que ela me deixe desnorteada. Preciso matar o meu amor por Leandro, ele é meu irmão. E tenho que aceitar que estou sendo uma louca ao ama-lo. Amanhã irei começar a trabalhar na empresa e ficarei próxima de Maria e Estevão. Algo dentre de mim me fala para ficar perto deles...

Se eu estiver doente de algo grave eu irei precisar dos meus pais, precisarei de muita ajuda. Tenho medo de que a minha doença me leve à morte, por que é dela que tenho medo. Tenho medo de morrer por que sinto que preciso saber de algo...

POV Fabiana

O tempo de arrastava enquanto eu ficava esperado ser interrogada. Faz frio e me sinto mal, meu estômago está embrulhado eu sinto muito sono. Estou nervosa, não por mim, mas por Letícia. A minha filha precisa tanto de um abraço e palavras que a ajudem a seguir em frente...

—Você?—Rodrigo fala entrando na sala minúscula e abafada. Eu o olho surpresa e ele é empurrado por Fernando.

—Vejo duas najas.—Lúcia fala irônica e entra acompanhada por outra mulher, a mesma que a acompanhou na hora de me prender.—Não acha que Fabiana está pálida, Dalila?—Lúcia Helena pergunta com deboche e Dalila fica próxima de Rodrigo.

—Ela é inabalável, Lúcia. —Dalila fala com algo em suas mãos. —Ela é um
demônio. —Dalila fala e eu a olho pensativa.

—O demônio que destruiu anjos.—Lúcia fala passando por trás de mim e eu sinto um frio na espinha.—E agora você pode começar a falar como você e Rodrigo arquitetaram o sequestro de Amara San Román e Leandro Santisteban...

POV Maria

—Jantar fora?—Pergunto assustada com o pedido de Estevão.

—Precisamos disso, Maria. —Estevão fala e segura as minhas mãos. —Precisamos esquecer os problemas. —Fala.

—Estamos passando maior parte do tempo com conflitos, não é mesmo?—Pergunto e ele responde com um sorriso.

—Aprovações. São apenas aprovações. —Estevão fala e me beija. —Hoje é um belo dia para se aproveitar.

—Aproveitar o que?—Pergunto enquanto arrumo a gravata dele.

—Aproveitar tudo, Maria. —Estevão fala radiante e eu o olho sem entender o motivo de tanto bom humor.

Faz muito tempo que eu não vejo Estevão assim. Alegre e fazendo planos com tanta atenção. Mas eu percebo que Estevão quer esquecer-se das nossas dores e impedimentos de sermos felizes. E eu farei isso junto á ele...

POV Lúcia Helena

Interrogar Fabiana e Rodrigo não está sendo nada fácil. Fabiana responde em poucas palavras e Rodrigo quase não fala nada. A verdade é que um está defendendo o outro com unhas e dentes.

—Estão se fazendo de difícil. —Dalila fala me dando razão.

—Eles vão falar. —Fernando fala se assegurando em algo. —As provas comprometem os dois. —Ele fala e Dalila sorri diabólica. Meu irmão tem razão, não preciso me preocupar tanto.

—Acha prudente revelar aos San Román e aos Santisteban que Amara e Leandro estão perto deles?—Dalila pergunta sugestiva e levamos um susto com reação de Fernando.

—NÃO!—Fernando grita eufórico e se recompõe ao ver as nossas
reações. —Perdão... —Ele fala e Dalila me olha estranho. —Eu, eu... Eu não acho bom revelar nada agora.

—Vai ser muita coisa na cabeça de todos, Dalila. —Falo tentando encobrir a euforia do meu irmão sobre a desconfiança de Dalila. —Você vai continuar no pais depois do julgamento de Fabiana e Rodrigo?—Pergunto para Dalila tentando despista-la.

—Sabe que sim. Minha família me aguarda. —Dalila fala sorrindo.

—Fernando, vem aqui comigo?—Chamo meu irmão e distraio Dalila. Meu irmão caçula me olha entendendo o recado e eu aceno para ele disfarçar.

Saímos da sala e andamos até o final do corredor. Quando vejo que estamos distante da sala onde Dalila está.

—Eu sei que você conhece Regina Gutierrez. Sei que a conheceu sem saber que ela é a verdadeira Amara, Nando. —Falo e ele me escuta com atenção. Ele respira fundo e desaba na cadeira do corredor. —O que foi que aconteceu entre vocês dois?—Pergunto e ele passa a mão ferozmente pelo cabelo.

—Eu me apaixonei pela senhorita Gutiérrez-San Román. —Fernando fala fazendo trocadilho dos sobrenomes de Amara. Eu o olho incrédula e puxo pelo braço. —Calma!

—Você vai me matar um dia, garoto!—Falo dando tapas nas costas deles.
Meu Deus, por que meu irmão tinha que se apaixonar justo por ela?—Falou dos seus sentimentos para ela?

—Já falei. E levei um belo ‘’não’’ dela. —Fernando fala triste e eu sinto pena dele. —Não sei o que vai ser dela quando souber de toda a verdade, Lúcia. E também não sei qual será a reação dela ao saber que eu, Fernando Montenegro, estava envolvido com a investigação do sequestro dela. —Ele fala demonstrando seu nervosismo. —Ela não querer nem olhar para mim!

—Parece que desde que chegamos neste pais ganhamos problemas.—Falo tentando confortar o meu irmão, mas nada adianta.

—O amor é um problema, Lúcia. —Fernando fala me olhando com olhos esbugalhados. Meu irmão não merece sofrer, me sinto péssima ao ver ele com problemas. —Eu nunca terei Regina e nem Amara... —Fernando fala deixando uma lagrima cair.

A ultima vez que vi meu irmão chorar foi por uma mulher muito importante na vida dele. Fernanda, a nossa mãe. Ela foi à única mulher pela qual Fernando chorou, e depois de muitos anos o vejo chorando por Amara San Román. Ela realmente está mexendo com ele...

—Se você realmente ama Amara ou Regina, seja lá como ela for ser chamada depois de saber da verdade... —Falo pausadamente olhando nos olhos dele. —Lute por ela. —Falo e ele se surpreende comigo. —Eu vou te ajudar a conquistar essa mulher, Fernando. —Falo forçando um sorriso e ele me abraça como um filho abraça uma mãe.

POV Francisco

O meu maior medo é perder meus filhos, mas vejo que esse meu medo não me impede de ocultar a verdade. A noticia de que Fabiana foi presa por sequestrar Amara/Regina e Leandro se espalhou por todos os cantos da cidade, e isso me faz pensar em como vou impedir que meus filhos saibam da verdade. Em breve Regina será chamada de Amara e voltara para a sua família biológica. E isso me dói muito.

Regina... A filha de Estevão e Maria San Román leva o nome e sobrenome da minha mãe. Apesar dos pesares eu sempre soube que esse nome, Regina Gutiérrez, era um nome com uma energia negativa e pesada para um anjo que é minha filha. E à medida que ela foi crescendo entre famílias nobres na Itália que conheceram a minha mãe, eu vi que ela nasceu para honrar o nome de um monstro.

Amara San Román chegou na minha vida para levar o nome de Regina Maria Gutiérrez e honra-lo. Todos tiveram receio quando minha filha foi apresentada para a minha família e amigos, pensaram que ela seria igual a ‘’primeira Regina Gutiérrez’’. Mas ela mudou a opinião de muitos e calou a boca de todos. Mas agora ela está prestes a ir embora e eu não posso prendê-la, nem posso prender Leandro. A única filha que me restará será Daniela...

“Enquanto o sol iluminar os dias na terra eu te amarei. Enquanto
existir fé eu te deixarei segura. Você nunca irá cair, você nasceu
para permanecer nas alturas.” —B.