Anjo De Cristal escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 18
O Cristal


Notas iniciais do capítulo

Me segura que estou muito feliz e resolvi postar capitulo novo hoje!



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POV Maria

A grande noite chegou, faltava muito pouco para eu conhecer os Gutiérrez. Eu estou muito ansiosa, andando de um lado para o outro esperando o tempo passar rápido. É tudo o que eu mais quero, que o tempo passe rápido. Não me agrada em nada essa família, eu desejo mais é que sumam.

—Eles chegaram. —Estrella fala se colocando ao lado de Heitor. Poucas pessoas ficaram presentes neste jantar, o mínimo possível. Apenas meus filhos, eu, Estevão, Lorenzo, Maite e Fabiana. Fabiana veio no lugar de Letícia por que ela se sentiu indisposta.

Assim que me virei fui surpreendida pelos Gutiérrez. Eles estavam bem na minha frente, e eu já não suportava a presença deles. Francisco e Ana Rita estavam do lado esquerdo, enquanto um rapaz alto e loiro e uma mulher estavam do lado direito, os que separavam os quatro era uma mulher muito bonita. Certamente aquela do centro que dividia os dois casais era Regina, a temível Regina...

Mas ela não tinha a expressão de má, nem um olhar fatal como muitos falaram. Ela apenas me encarou, eu fazia o mesmo. Seus olhos são negros como os diamantes negros que enfeitavam seu colar. Seu rosto era como uma porcelana. Ela era doce e meiga, não tinha nada para temer nesta mulher. Estevão fez uma breve apresentação, mas quando chegou a vez de me apresentar para Regina eu senti algo completamente estranho. Senti-me completa.

—Regina Maria Gutiérrez esta é Maria San Román. —Estevão nos apresenta e damos um breve aperto de mãos.

—Que ironia as duas serem "Maria”. —Leandro, o filho mais velho de Ana Rita e Francisco fala. Logo percebo que Maite o encara por vários minutos.

—Temos mais uma rainha esta noite. —Ana Rita fala sendo simpática. —Muito prazer, Maria.

—O prazer é todo meu, querida Ana Rita. —Falo ficando ao lado de Estevão.

—Nos acompanha Regina?—Estevão pergunta para Regina lhe oferecendo o seu braço esquerdo.

—Claro que sim. —Regina fala e assim todos seguem para a sala de jantar. Estevão comigo e Regina, Leandro com Fabiana e Daniela, Lorenzo com Maite e Heitor com Estrella. —O senhor não tem netos?—Regina pergunta para meu marido.

—Apenas dois senhorita. —Estevão fala. Por uma fração de segundos percebi os olhos de Estevão se prender aos de Regina, era como imã. Eles não notavam a minha presença por aquela fração de segundos.

—Tome cuidado. —Fabiana fala no meu ouvido enquanto passa por mim com Daniela e Leandro. Ela me lançou um olhar para que eu ficasse em atenta, principalmente por causa da troca de olhares de Estevão com Regina.

Assim que fomos para a mesa Estevão puxou a cadeira para Regina se sentar. E por nenhum motivo os dois pararam de se olhar. Algo em Regina esta mexendo com Estevão. Mas comigo também... Assim que ela foi apresentada para mim me senti completa. Como se eu estivesse na frente da minha filha perdida, como se Regina fosse Amara.

Sentei ao lado de Estevão, e Regina ao meu lado. O que foi estranho. Por etiqueta ela deveria se sentar do outro lado, com a família. Não devemos dar espaço para os Gutiérrez, mas Regina estava mudando os pensamentos de Estevão.

Vi nos rostos de Ana Rita e Francisco sorrisos de vitórias. A guerra estava para acontecer, agora eu estava de volta. Meu Deus preciso dar um jeito em tudo isso. Logo que me viro vejo Regina sorrindo para os pais e evitando o olhar de Estevão.

—Podem servir o jantar. —Falo e rapidamente os empregados começam a servir o jantar. Enquanto Regina era servida eu pensei por um momento em desejar que em sua refeição tivesse veneno. Mas logo algo dentro de mim me pediu para não desejar esse tipo de coisa. —Espero que gostem. —Falo sendo simpática e olho para Maite.

Maite ainda encarava Leandro que encarava Fabiana. Fabiana se sentia incomodada, mas ao mesmo tempo desafiava Ana Rita e Francisco. Lorenzo me olhou pedindo uma explicação, mas logo o repreendi.

Maite não se cansava de olhar para Leandro, talvez por que ele tem o mesmo nome do seu filho perdido. Mas eu já começava a desconfiar, talvez Maite estivesse vendo o primogênito de Francisco com outros olhos. Assim como Estevão com Regina.

—Você tem uma família grande, Francisco. —Lorenzo começa a conversar. —Grande e simpática.

—Muito obrigado. —Francisco fala e sorri. —Estevão, você tem apenas dois filhos?—Ele pergunta e eu me arrepio. Amara...

—Não, tenho mais uma. —Estevão responde e olha para mim pela primeira vez. —Assim como Lorenzo e Maite tem mais um filho.

—E onde eles estão?—Francisco pergunta e vejo Fabiana ficar pálida. Ana Rita lançava um olhar misterioso para Fabiana neste momento.

—Foram sequestrados e até hoje não sabemos o paradeiro deles. —Maite responde tirando o seu olhar de Leandro. —Mas agora que despertei do coma irei ajudar as autoridades a procurar os anjos de nossas famílias.

—Quantos anos eles podem ter agora?—Ana Rita pergunta com a voz um pouco tremula.

—Leandro era mais velho que Amara seis meses. Os dois acabaram de completar dezessete anos. —Lorenzo responde e Ana Rita fica sem reação. O silêncio toma conta da sala, ninguém se alimenta ou se olha.

—Não me sinto bem. —Regina fala respirando fundo.

Ela estava com falta de ar e logo se levantou. Seus pais e Leandro foram ajuda-la, e logo Estevão fez o mesmo. Ao me virar vi Fabiana ainda pálida, ela não estava nada bem. Levei minhas atenções para Maite que passava bem na frente de Leandro, seus olhares se prenderam.

—Você. —Leandro balbuciou quando Maite ficou bem na sua frente. —É a mulher do sonho...

—E você tem a voz do homem que me chamou, e logo em seguida acordei do coma...

POV Maite

É ele. A voz dele ainda ecoava na minha cabeça, a mesma voz que me chamou e depois acordei do coma. Leandro Gutiérrez é o homem que eu preciso para me sentir completa, é o que faltava para eu me sentir mais viva. É ele... Seus olhos são a fonte de energia que me deixa de pé, algo nele é meu. E eu quero para poder viver.

—Sente-se melhor?—Escuto Estevão perguntar para Regina. A pobre moça estava mal, não sentia muito bem.

—Pode ter sido a emoção ao saber que temos duas pessoas desaparecidas... —Fabiana fala e eu a olho curiosa.

—Esta tudo bem?—Maria pergunta me olhando e logo em seguida olha para Leandro.

—Claro. Acho que sim... —Leandro fala travando uma duvida em mim com seu olhar. Ele se retira e vai ajudar Regina.

—O que aconteceu?—Maria pergunta me olhando seria.

—Nem eu mesma sei Maria. Este rapaz tem algo no olhar. Algo que é meu... —Falo sentindo um calor imenso envolver meu coração. Respiro fundo para não desmaiar, o que só provoca Maria.

—Vou ver como Regina esta. —Maria me fala e encosto-me à parede para me manter de pé. O clima parecia estar pesado, confuso e fraternal ao mesmo tempo.

—Também esta passando mal?—Lorenzo pergunta enquanto me puxa para nos afastarmos de todos. —Esta tão estranha.

—Estou preocupada, querido. —Falo e ele beija o topo da minha cabeça. Meu Deus ou estou louca, ou ainda irei enlouquecer.

POV Fabiana

Agora sim eu estou perdida, completamente perdida. Ana Rita agora sabe que Amara e Leandro são os bebês sequestrados. Ela não é burra, percebeu bem o meu jeito e ligou os fatos. Entre Ana Rita e Maite eu não sei quem mais odeio! As duas poderiam muito bem morrer agora mesmo!

—Você ainda vai pagar caro. —Francisco fala nos distanciando. Eu arregalo meus olhos ele me olha bravo. —Regina é uma San Román assim como Leandro é um Santisteban, Fabiana. —Fala baixo e entre os dentes. Na medida em que ele falava também apertava o meu braço, e eu me contorci para não gritar.

—Me solta, seu idiota! Você não pode fazer nada contra mim. —Falo tentando ser forte. Merda!

—Fabiana, eu vim com boas intenções e sem querer manter contato contigo. Mas depois desta eu irei destruir sua família e os San Román, e se um dia me perguntarem o porquê direi que é sua culpa!—Francisco exclama e depois se recompõe. —E dai você terá que explicar tudo.

—Sei que pode destruir todos financeiramente. Mas sempre vai saber que Regina, a sua rainha idolatra terá a família biológica arruinada e na lama. E isso irá te massacrar para sempre. —Falo o desfiando. Nada pode me abalar agora, nada.

POV Regina (Amara)

Uma grande falta de ar tomou conta dos meus pulmões. Eu conseguia respirar com a mesma facilidade, meu nariz começava a arder. Estevão tentava me manter sóbria, enquanto meus pais tentavam fazer algo para que eu não piore.

—Beba um pouco. —Minha mãe fala oferecendo a taça para mim. Bebi um pouco de vinho, talvez algo forte me faça melhorar.

—Nos desculpe se a história de Amara e Leandro tenha te deixado abalada. —Maite fala e eu sorrio. —Não quer descansar enquanto Estevão, Lorenzo e Francisco conversam?—Pergunta sendo simpática. Ela era tão amorosa, tão doce.

—É uma boa ideia. —Estevão fala enquanto Maite me leva para o primeiro andar. Meu pai, Estevão e Lorenzo foram para o escritório. Meu pai parecia estranho, sem paciência talvez.

—Quer beber mais vinho?—Maria pergunta me acompanhando junto com Maite. Eu me sentia tão bem ao lado delas...

—Está muito pálida. Acho melhor voltarmos para casa, Regina. —Daniela fala me olhando de uma forma estranha. Minha mãe estava me olhando diferente e fazia o mesmo com Daniela.

Logo voltei ao normal, minha respiração estava regulando. A ardência em minhas narinas parava de incomodar. Senti-me mais leve ao terminar de beber o vinho que me foi oferecido.

—O que aconteceu comigo?—Pergunto ainda sem entender nada.

—Cansaço, Regina. Você acabou de chegar de viagem e não descansou. —Minha mãe fala e eu me dou conta da comitiva que estava atrás de mim.

Olhei para Heitor e Estrella San Román de longe, eu estava no primeiro andar e eles no andar de baixo. Meus olhos estavam presos com os de Heitor, apenas com os olhos dele. Mas Estrella me chamava à atenção, algo nela me puxa para esta casa...

Esta casa. O lar dos San Román esta se parecendo com o meu lar, o que é estranho. Estevão San Román me transmitiu respeito, honra amor, fraternidade, lealdade e compaixão. Os olhos dele... Meu Deus! Os olhos de Estevão são tão... Meus. Eles são meus? Oh Deus, estou louca!

—É este quarto?—Pergunto para Maria e ela força um sorriso.

—Este é o quarto de Amara. —Maria fala e eu me sinto indelicada. Deu-me uma vontade enorme de entrar neste quarto...

—Me desculpe. —Falo e a olho. A fico encarando por alguns segundos e sinto uma corrente elétrica passar pelo meu corpo, me fazendo perder as forças em minhas pernas. —Sinto muito pela sua filha. —Falo tentando ser gentil com Maria. —E pelo seu filho, Maite. —Falo e ela sorri ao segurar as minhas mãos.

—Você e seus irmãos chegaram em nossas famílias para amenizarem a ida de Amara e de meu filho. —Maite fala e olha para a minha mãe. —Você não tem filhos, tem anjos. —Fala emocionada.

—Eu sou muito grata por ter eles comigo, Maite. —Falou a minha mãe. —E espero que você e Maria encontrem seus filhos. —Fala. Conhecendo bem a minha mãe, vi que no fundo ela estava sendo falsa. Mas ela só é falsa quando esta com medo...

Minha mãe estava estranha, não estava sendo ela mesma desde que descobrimos o final trágico dos bebês das famílias. Meu Deus... Será que a pequena Amara morreu? E Leandro? Será que ele também morreu?


POV Leandro

Me senti estranho ao saber que o nome do filho de Lorenzo era’’ Leandro’’. Maite, a incrível mulher que me olhava enquanto jantávamos, era a mesma mulher do sonho estranho que tive há alguns dias. Mas o que ela tinha haver com Regina? Não entendo mais nada desde que Regina passou mal...

Regina passou mal. Isso me leva a confirmar que Regina esta mais doente do que eu imagino, muito mais. Ela vinha tendo esses mal estares a muito tempo, e depois sofreu aquele acidente com Daniela. Regina... O que é que te aguarda?

—Ela não esta nada bem. —Daniela fala como se tivesse acabado de ler meus pensamentos. —Regina vive passando mal. - Fala.

—Ela me prometeu ir se consultar com um médico quando chegássemos aqui. Espero que vá... —Falo preocupado. Eu tento achar algo para explicar o mal dela, mas não encontro.

—Duvido que ela vá, Leandro. —Daniela fala e nossos olhares caem em nosso pai que saiu do escritório primeiro.

—Vamos?—Meu pai pergunta. Lorenzo e Estevão com cara para, poucos amigos.

—Não vão. Ainda é cedo... —Lorenzo fala simpático e Estevão o fuzila com os olhos.

—Quero muito ficar, mas amanhã temos muito trabalho. —Meu pai fala. —Daniela, chame sua mãe e sua irmã.

—Regina melhorou?—Estevão me pergunta enquanto Daniela sobe as escadas.

—Sim. Foi emocional. —Falo e vejo Fabiana entrar na sala. —Você também estava pálida no jantar...

—Não foi nada. —Fabiana fala desconfiada assim que meu pai a olha. —Um pequeno mal estar. Não gosto de lembrar o que houve com meu sobrinho. —Fala e meu pai transmite um olhar de deboche para ela. Ele estava se expressando de forma inadequada.

—Tem certeza de que não quer ficar aqui hoje?—Escuto a voz de Maria e também escuto passos na escada.

Eu observava a maneira de meu pai olhar para Fabiana. Ele queria gritar algo, falar aos quatro ventos algo sobre ela. Fabiana o olhava esnobe o que me deu nojo. Ela estava me fazendo sentir nojo pela sua forma de olhar.

—Eu me sinto melhor, Maria. —Escuto Regina falar. —Obrigada pela atenção. —O que é isso? Regina agradecendo por algo?

Minha irmã é boa, mas não é de agradecer algo para uma pessoa que acaba de conhecer. Na verdade, eu não a conheço.

POV Regina (Amara)



Despedi-me de todos com um imenso peso no coração. Eu senti em Maria uma tristeza muito maior que ela, uma decepção com a vida, impotência como mãe e muita falta de fé. Seus olhos transmitiam tristeza mesmo ela sorrindo, o que deixava claro a falta que Amara faz para ela.

Estevão San Román era infeliz, não gostava de falar sobre a filha perdida. Senti nele o que nunca senti antes em uma pessoa, isso me deixou abalada. Eu não suportava ver Estevão sem um sorriso no rosto, muito menos sentir o que senti nele. Ele foi a primeira pessoa que eu acabo de conhecer e já me preocupo. Ele é especial, assim como Maria.

—Eu vou para o meu quarto descansar. Amanhã, com certeza, irei dormir até tarde. —Falo e minha mãe beija a minha bochecha.

Subo a escada espiral e vou para o meu quarto. Meu belíssimo e confortável quarto. O enorme espelho que preenchia toda uma parede me assustava em alguns momentos, mas eu irei me acostumar.

Eu colei algumas fotografias por todo o espelho. Ele era muito exagerado, seu tamanho e seu significado. Assim que eu me acordar se manhã irei me deparar com meu rosto horrível e amassado. Meu pai não perde uma oportunidade de ser cômico comigo.

A porta do meu quarto se abriu bravamente eu me assusto com Leandro. Seu semblante era de arrependimento ao entrar no meu quarto, mas ele se aproximou de mim e eu fiquei parada, esperando ele falar algo. Mas ele não falou, ele me puxou para um beijo.

Um beijo doce e cheio de ternura como o nosso primeiro beijo. Não adiantava relutar para ele me soltar, ou brigar e chutar ele para fora do meu quarto. Merda! Eu o amo, por isso estou retribuindo o beijo. Eu o amo! Amo! Eu amo meu próprio irmão!

—Me desculpe. Mas eu não consigo ficar longe de você. —Leandro interrompe o nosso beijo para se desculpar o que me deixa irritada. —Regina, eu... —Leandro começa a se afastar e eu o puxo pelo colarinho com desejo.

—Pare de falar, pelo amor de Deus. —Falo e o beijo, e ele retribui. Envolve-me em seus braços e gira comigo. Não sei o que esta acontecendo comigo, apenas sei que o amo.

‘’E haverá dias que quem me repudiou irá me idolatrar... ’’ —Maria Fernanda Beorlegui


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Notas finais do capítulo

Me desculpem pelos erros e...comentem bastante, meus amores *__________*